Metadados do trabalho

Estudos De Gênero E Educação Infantil: Uma Análise Da Produção Científica Entre 2015 E 2018

Giceli Carvalho Batista Formiga

Resumo: Debates acerca do fim das desigualdades de gênero no âmbito da Educação desde os primeiros anos escolares tem produzido um campo de problematizações políticas, jurídicas e conceituais na sociedade. Torna-se imprescindível diante disto, compreender melhor a questão, para serem pensadas medidas que garantam a promoção da igualdade de gênero. Esta pesquisa teve o objetivo de compreender e mapear a produção de teses e dissertações produzidas no Brasil entre os anos de 2015 e 2018 que tenham como temática principal a questão das relações de gênero na Educação Infantil, identificando como, onde e por quem estes estudos estão sendo desenvolvidos, assim como o que eles apontam em seus resultados. O método empregado para a construção deste mapeamento foi uma revisão da literatura e a partir de alguns critérios foram selecionadas 13 (treze) dissertações e 2 (duas) teses. Após análise concluímos que os estudos nesta temática são produzidos predominantemente em universidades públicas, nos programas de Educação e são escritos majoritariamente por pessoas do gênero feminino. Conclui-se ainda que estes estudos reconhecem a dificuldade de transformação das relações de gênero no cotidiano dos primeiros anos escolares, ainda que apontem pequenas mudanças com intuito de promoverem igualdade de gênero na escola.

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Como citar este trabalho

FORMIGA, Giceli Carvalho Batista. Estudos de Gênero e Educação Infantil: Uma Análise da Produção Científica entre 2015 e 2018. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2021 . ISSN: 1982-3657. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/140-estudos-de-g%C3%AAnero-e-educa%C3%A7%C3%A3o-infantil-uma-an%C3%A1lise-da-produ%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica-entre-2015-e-2018. Acesso em: 16 out. 2025.

Estudos de Gênero e Educação Infantil: Uma Análise da Produção Científica entre 2015 e 2018

  1. Urgência e Produção Científica

No tocante à questão de gênero na Educação Infantil, no mês de abril ainda em 2015, esteve na pauta do Congresso Nacional, para ser acrescentado ao Plano Decenal de Educação, um projeto de Lei que defendia uma série de transformações no cotidiano escolar. As mudanças propostas tinham como objetivo atuar contra as práticas sexistas e as desigualdades de gênero na escola, entendendo gênero como uma construção político-cultural. Segundo o pensamento pós-estruturalista, a identidade de gênero não é um dado natural, mas sim o resultado de uma série de discursos que permeiam as relações de poder entre as pessoas. Pensar gênero é pensar processos culturais que atuam mediante relações de poder, as quais consolidam padrões hegemônicos a partir de corpos sexuados. Estes discursos hierarquizam grupos e validam o que é considerado normal a partir do que é estabelecido pela ordem dominante (Scott, 1995).

O plano retomava algo que já estava estabelecido na Constituição Federal de 1988 e em uma série de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, a saber: a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e do Adolescente, a Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino, a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, entre outros.

O projeto sofreu severas críticas de diversos políticos e entidades sociais, principalmente aquelas de caráter religioso, que o ridicularizavam nomeando de “Ideologia de Gênero”. Essa pauta não foi aprovada, ficando a encargo dos Municípios votarem a adesão ou não nas respectivas Câmaras de vereadores. De modo geral, destaca-se a grande dificuldade na aprovação de Projetos de Lei que busquem mudanças mais intensas na organização do espaço e das práticas escolares. Mudanças pautadas no paradigma que compreende o sexo e o gênero como uma construção político-cultural. A maior recusa estaria nos pontos que rompem com a naturalização das posturas sexistas.

Inúmeros estudos já realizados constatam que a escola opera práticas sexistas, reproduzindo hierarquias sociais entre indivíduos identificados como seres do gênero feminino e masculino. Os recursos estão presentes em diferentes dimensões que vão desde os materiais utilizados até as relações comportamentais padronizadas entre os sujeitos, inclusive, na abordagem dos professores para suscitar a participação dos alunos em atividades formais como apresentam Maia, Navarro e Fernando (2011):

Atividades físicas diferenciadas para meninos e meninas, o que reflete uma concepção dos professores de que as meninas são mais incapazes que os meninos na realização de atividades motoras. Além disso, a prática do futebol é uma constante referência à virilidade dos alunos [...] Outras formas de socialização sexista seriam as brincadeiras infantis e as escolhas de brinquedos em que também se manifestam nas relações de gênero [...], por exemplo, quando são oferecidos às meninas brinquedos que simulam atividades domésticas e a vaidade, enquanto são oferecidos aos meninos jogos que envolvem raciocínio lógico, força ou exploração do espaço físico (p. 27).

Este modelo adotado nas escolas, que consiste em distinguir as tarefas de acordo com os sexos, potencializando habilidades diferentes nos sujeitos, será um dos fatores que irá contribuir para a naturalização de papéis e funções a serem adotadas desde a infância à vida adulta.  Reforçar padrões sexistas na educação infantil pode gerar desigualdades de gênero na organização do mercado de trabalho, quando na vida adulta dos indivíduos. A exemplo da definição dos papéis supostamente femininos que irão dificultar a possibilidade de dedicação integral e de ascensão profissional das mulheres. Em pesquisa realizada com docentes do ensino superior em Sergipe constatou-se que: 

Atributos de gênero (idade, sexo, estado civil, número e idade dos filhos) interferem diretamente no desenvolvimento acadêmico das mulheres e em alguns momentos podem estagnar a sua carreira. Nossa cultura cria um contexto mais favorável para o processo de qualificação dos homens, enquanto as mulheres, principalmente as casadas, encontram maiores dificuldades na concretização de seus projetos de carreira (Cruz, 2012, p. 11).

De maneira geral, podemos dizer que a escola tenta adequar a criança ao suposto gênero que ela “pertence”, pedagogia corretiva comum dentro e fora dos muros dos estabelecimentos de ensino. As instituições de ensino atuam também punindo e corrigindo os corpos que fogem à lógica comportamental padrão, prevista para os corpos sexuados femininos e masculinos. Esta tecnologia de controle dos corpos segue a sequência sexo-gênero-sexualidade e também se efetiva a partir de uma imensa vigilância no que se refere a orientação sexual, com ostensiva observação e cuidados corretivos quando houver sinais de desvios (Maia, Navarro, & Fernando, 2011).

Todavia, o espaço escolar também pode funcionar como ferramenta de transformação das relações vigentes, reconfigurando os jogos de saber-poder e instituindo novos lugares para as experiências até então “invisíveis”, sendo palco importante para mudanças das instituições de gênero e educação. A escola tem uma função importante no processo de socialização dos indivíduos e também é importante por suscitar reflexões contínuas, com vistas à aprendizagem, que podem desencadear transformações sociais. 

Evidencia-se assim a complexidade da problemática que envolve a questão de Gênero e Educação Infantil. Esta pesquisa tem como objetivo verificar como se encontra a produção acadêmica referente à esta temática nos programas de pós-graduação stricto sensu nas Universidades brasileiras.

O quê e como vem sendo estudada a questão de gênero e educação infantil nos últimos anos, desde que os debates acerca da questão se acirraram na esfera política? Quais as regiões do país que mais concentram estudos nessa área? Quais as áreas de concentração acadêmica que mais realizam estudos dentro desta temática? Quais os problemas e recortes de pesquisa mais comuns quando se estuda gênero e educação infantil? Quais os métodos utilizados nos estudos? Quais as principais conclusões a que chegam estes estudos?

Deste modo, a partir do método de revisão de literatura buscamos responder os questionamentos construídos, mapeando estudos armazenados no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), produzidos entre os anos de 2015 e 2018. Esta base de dados foi escolhida porque reúne a mais vasta produção das mais importantes Universidades de todo o país, permitindo o acesso aos trabalhos completos.

Os descritores foram escolhidos a partir do tema central da pesquisa, que é identificar como se encontra a produção acadêmica nacional no que se refere às teses e dissertações que abordam a temática de Gênero e Educação Infantil. Para tanto, definimos como chave de busca ou string a composição: (gênero OR sexualidade OR meninas OR meninos) AND (educação OR educação infantil OR sala de aula OR escola)

Essa composição teve o interesse de nos permitir encontrar estudos que não necessariamente tenham como palavras-chave os termos gênero e educação infantil exclusivamente, mas que estejam tratando desta questão.

A pesquisa aconteceu no mês de abril de 2019 e com a utilização da chave de busca acima descrita, a princípio foram encontrados 1622 (mil seiscentos e vinte e dois) estudos entre eles 334 (trezentos e trinta e quatro) teses e 1222 (mil duzentas e vinte e duas) dissertações. Entretanto, considerando que muitos dos trabalhos encontrados são produções anteriores à existência da Plataforma Sucupira e não havia como obter as informações detalhadas dos estudos para a classificação dos mesmos, restringimos a partir do filtro de busca que os estudos seriam entre os anos de 2015 e 2018. Esta mudança nos dava um panorama mais atualizado da produção na área, quando os debates acerca da discussão de Gênero e Educação Infantil se tornaram mais frequentes em diferentes esferas da sociedade. Após a definição do intervalo de tempo restaram 486 (quatrocentos e oitenta e seis) estudos, dos quais 123 (cento e vinte três) eram teses e 363 (trezentos e sessenta e três eram dissertações).

A partir disto, iniciamos a leitura dos resumos dos trabalhos encontrados estabelecendo os critérios de inclusão e exclusão. O critério para seleção de trabalhos, a partir da leitura criteriosa dos resumos, foi manter aqueles que tinham como temática central ou correlata a questão do gênero na educação infantil e que tivesse o arquivo do trabalho completo na plataforma do catálogo de teses e dissertações da CAPES. Deste modo, dos 486 (quatrocentos e oitenta e seis), apenas 15 (quinze) estudos foram selecionados, 02 (duas) teses e 13 (treze) dissertações.

Foram excluídos 471 (quatrocentos e setenta e um) estudos, 121 (cento e vinte uma) teses e 350 (trezentas e cinquenta) dissertações, os trabalhos foram excluídos porque muitas vezes tratavam das questões de gênero e infância, mas não no âmbito da educação, ou tratavam de gênero e educação, mas não no âmbito da educação infantil, ou ainda tratavam de infância e educação, mas não tinham o recorte da temática gênero como questão central.

2. Descrição e Análise da Produção Científica

 Na segunda fase do levantamento, os trabalhos selecionados foram lidos na íntegra. Ao realizar essas leituras construímos uma tabela de classificação em que analisamos os estudos em dez categorias diferentes. Catalogamos e avaliamos categorias mais simples que nos permitem ter um panorama da produção científica referente a temática de gênero e educação infantil no país, a exemplo das categorias tipo (tese ou dissertação), ano, cidade/estado, autor, orientador, programa e título. Assim como também catalogamos categorias mais complexas com objetivos, métodos e resultados, as quais nos oferecem a possibilidade de avaliar o conteúdo dos trabalhos encontrados.

2.1. Panorama

Diante dos dados catalogados começamos analisando o tipo de estudo, encontramos quinze estudos realizados entre 2015 e 2018 que abordavam a temática de gênero e educação infantil, destes, dois eram teses e treze dissertações. Esta diferença quantitativa entre o número de teses e dissertações deve-se provavelmente ao fato de termos um número significativamente maior de Programas de Mestrado que de Doutorado no Brasil.

Analisando estudos por período de produção, observamos que no ano de 2015 foram encontradas apenas duas pesquisas, em 2016 tivemos cinco pesquisas produzidas e em 2017 também, em 2018 foram desenvolvidas três. Esse aumento no número da produção em 2016 e 2017 pode ter sido consequência da proporção assumida pelo tema a partir de 2015 quando os Projetos de Lei começaram a ser votados e avaliados.

É interessante destacar nesta catalogação que nos tópicos de análise orientador e autor, apenas quatro dos orientadores eram do gênero masculino, oito eram do gênero feminino. Uma das orientadoras esteve à frente da orientação de quatro estudos aqui pesquisados, um em cada ano. Quanto aos autores, apenas três eram do gênero masculino o que corresponde a 20% do total. Isto nos faz concluir que 80% dos estudos produzidos na área de gênero e educação infantil cadastrados no banco de teses e dissertações da CAPES, no intervalo entre 2015 e 2018, foram realizados por pessoas do gênero feminino. Surge então um questionamento, por que as pessoas do gênero feminino se interessam mais pela investigação da questão de gênero na educação infantil que os indivíduos do gênero masculino? Seria porque esta é uma área histórica e predominantemente ainda ocupada por profissionais do gênero feminino?

Quanto às áreas de concentração e programas onde estas pesquisas se desenvolveram, a maior parte delas, se desenvolveu em Universidades públicas. Isto destaca a importância da produção científica governamental no Brasil, que contribui também para produção de estudos que podem fundamentar o aprimoramento da oferta do ensino e os avanços legais na garantia de direitos aos cidadãos.

Os estudos quanto à temática de gênero e educação infantil em cerca de 60% dos casos estiveram atrelados a Programas de Pós-Graduação em Educação, entretanto a outra parte distribuiu-se em uma diversidade de áreas como Programas de Pós-Graduação em Psicologia, Serviço Social, Educação Sexual e Programas Interdisciplinares.

Regionalmente observa-se que a maior produção científica dentro da temática se concentra na região Sudeste, cerca de 80%. Só o estado de São Paulo concentrou o número de cerca de 50% dos estudos somados a mais 20% dos estudos desenvolvidos no estado de Minas Gerais, que deste modo, concentram aí um total de 70 % da produção. Apenas dois estudos eram da região Nordeste e um era da região Norte o que somado corresponde a 20% apenas do total.

2.2. Analisando Conteúdo

Neste tópico serão apresentadas as informações levantadas quanto ao conteúdo dos estudos aqui catalogados, descreveremos e analisaremos os estudos quanto aos objetivos propostos por cada um deles, os métodos utilizados e os resultados encontrados.

2.2.1. Objetivos

No que se refere aos objetivos apresentados pelos estudos aqui catalogados, de acordo com o que o que foi encontrado, os objetivos foram organizados em quatro categorias: 1. Estudos que procuram compreender as relações ou representações de gênero na infância a partir da percepção das crianças; 2. Estudos que buscam compreender as relações ou representações de gênero na infância a partir da concepção dos familiares e educadores; 3. Estudos que buscam compreender até que ponto a família e os educadores influenciam nas relações de gênero na educação infantil; 4. Estudos que buscam compreender práticas e discursos presentes na organização dos espaços escolares que organizam as relações de gêneros dispostas como dispositivos disciplinares.

 

TABELA.1 CATALOGAÇÃO DO OBJETIVOS

CLASSIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS DE PESQUISA

Categorias

Objetivos

  1. ESTUDOS QUE OBJETIVAM COMPREENDER A PERCEPÇÃO DAS CRIANÇAS ACERCA DAS RELAÇÕES DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Analisar os sentidos produzidos pelas crianças de cinco anos de idade sobre as relações de gênero por elas vivenciadas em uma instituição pública de Educação Infantil (Santos, 2016)

Olhar para os desenhos de meninas e meninos, ouvir o que nos contam sobre as representações de gênero (Pimenta, 2016)

Compreender as relações de gênero nos modos como as crianças interagem no contexto da Educação Infantil (Souza, 2015)

Observar quais as a principais formas de transgressão no binário de gênero propostas pelas próprias crianças (Zago, 2016)

  1. ESTUDOS QUE OBJETIVAM COMPREENDER A PERCEPÇÃO DOS FAMILIARES OU/E EDUCADORES ACERCA DAS RELAÇÕES DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Identificar e analisar as concepções de mães, pais e educadoras de crianças de dois e três anos de idade a respeito do desenvolvimento infantil e das relações de gênero na infância (Vasconcelos, 2017)

 

Identificar as condutas de professoras quando percebem, entre seus alunos, alguma tendência a apresentar comportamentos que não são os culturalmente indicados para seu gênero, como escolher brinquedos e brincadeiras tradicionalmente orientados para o sexo oposto (Caldeira, 2018)

Identificar os combates cotidianos travados pelas professoras de educação infantil em torno da sexualidade das crianças (Motta, 2017)

Identificar os estímulos presentes na atuação do professor na educação infantil em relação ao gênero, associados a sexualidade infantil, discriminação social e relações de poder (Reis, 2016)

Averiguar como é desenvolvido o trabalho pedagógico em instituição de educação infantil no tocante a questão de gênero. Qual a percepção dos pedagogos e como isso perpassa o planejamento pedagógico? Identificar se as atividades pedagógicas propostas para as crianças contribuem para as diferenças sociais de gênero entre meninos e meninas? (Zago, 2016)

  1. ESTUDOS QUE BUSCAM COMPREENDER A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA OU DOS EDUCADORES NAS RELAÇÕES DE GÊNERO NA INFÂNCIA

Compreender as diferentes funções sociais desempenhadas pelos membros da família na sociedade contemporânea, a forma como são enxergadas pelas crianças e como a instituição de Educação Infantil tem acolhido estas transformações familiares (Gibim, 2017)

 

  1. Estudos que buscam compreender práticas e discursos presentes na organização dos espaços escolares que organizam as relações de gêneros dispostas como dispositivos disciplinares.

Compreender o processo de construção social dos corpos de meninas e meninos na Educação Infantil, buscando identificar as normatividades de gênero e as formas que as crianças as ressignificam (Inoue, 2018)

 

Compreender quais as práticas, discursos e eventos são utilizados no processo de constituição das identidades de meninos e meninas nos primeiros anos escolares (Dácio, 2018)

Identificar como a educação pública, em Mossoró/RN, estabelece os brinquedos e brincadeiras para as crianças, segundo o sexo, compreendendo-os como um dos elementos preponderante na reprodução da divisão sexual do trabalho na educação infantil (Nascimento A. C., 2017)

Cartografar os dispositivos de gênero, sexualidade e suas interseccionalidades (Nascimento L. d., 2017)

Investigar a organização dos espaços na Educação Infantil e as suas intencionalidades, apontando a forma como influencia as relações estabelecidas entre as crianças, a partir das simbologias, das normas e dos valores que expressam mensagens de gênero (Silva, 2015)

 

Essa divisão tem um caráter didático e a análise mais criteriosa nos faz perceber que alguns desses objetivos estão perpassando mais de uma dessas categorias. Este é o caso dos objetivos descritos no estudo de Zago  (2016), que pretendia avaliar o trabalho pedagógico e a percepção dos professores, mas também pretendia observar como as crianças reagiam a esta lógica binária de compreensão e organização do gênero.

Podemos inferir a partir do exposto que os pesquisadores brasileiros estão voltados para as práticas desenvolvidas nos estabelecimentos atendendo para a percepção de gênero que orienta educadores, familiares e as próprias crianças ou pelas relações estabelecidas entre eles. Os estudos também objetivam compreender como a organização e o cotidiano dos espaços escolares produzem e reproduzem discursos de gênero e ainda que discursos seriam esses.

2.2.2 Métodos

Quanto aos métodos de pesquisa é importante destacar que os estudos, quase todos eles, são de caráter qualitativo. No entanto, observamos que um deles quantificava as respostas para então categorizá-las e operar uma análise que segundo as palavras do próprio autor estariam baseadas no método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin (1977).

É importante destacar que dez dos quinze estudos foram realizados em escolas de educação infantil públicas. Três dos estudos investigados trabalharam com entrevistas sem definição de um campo, definindo apenas como público participante professores de escolas públicas e privadas e, em um único caso, o público participante definido foram os professores e também pais e mães de escolas públicas e privadas. É importante destacar que um dos estudos é uma revisão bibliográfica.

A etnografia é o recurso metodológico mais presente, sete dos onze estudos de campo utilizam a etnografia como referencial ou inspiração metodológica. Segundo Pimenta (2016) é importante a observação e participação do pesquisador no cotidiano das práticas escolares, para assim efetuar análises mais consistentes acerca das questões de gênero no cotidiano da educação infantil.

Um, dentre os onze estudos de campo segue o método cartográfico, o autor  Nascimento (2017) defende a utilização da cartografia para melhor mapear os processos de pesquisa e as diferentes entradas no campo, o método indica muito mais o interesse de retratar um percurso no estudo e os atravessamentos imanentes. 

É importante destacar que os estudos cartográficos e etnográficos, além de contarem com a observação participante como importante instrumento de coleta de dados, contaram com diários de campo e registros fotográficos. Em quase todos foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os professores, exceto em dois deles. As crianças também foram entrevistadas em dois desses esses estudos por meio de desenhos e conversas informais com autorização prévia. Um dos três estudos de campo que não recorreu ao método da etnografia e nem da cartografia, recorreu as oficinas de brincadeiras com as crianças e entrevistas semiestruturada para os professores. Os outros dois estudos de campo empreenderam uma análise a partir da produção dos desenhos infantis e da oralidade.

De modo geral, observamos que o recurso da entrevista com professores esteve presente em treze estudos. Ouvir os professores ainda é para muitos pesquisadores uma forma de compreender melhor os processos de gênero na educação infantil, pode ser indicador ainda da dificuldade de alguns pesquisadores encontrarem instrumentos para levantar informações por meio de entrevistas com crianças entre três e cinco anos de idade. Apenas o estudo de Gibim (2017) tratava-se de um estudo de entrevistas com os pais, mas uma das etapas desta pesquisa também contava com entrevistas com os professores.

A observação das atividades escolares, em sua rotina cotidiana, esteve presente em onze dos 15 estudos, deste modo, destaca-se que há uma compreensão de que não apenas por meio da entrevista aos adultos haverá uma compreensão da dinâmica das relações de gênero na infância, é preciso observar como isso acontece no cotidiano e como as crianças identificam e reagem.

2.2.3 Resultados e Discussão

Identificamos a força da estereotipia do que seria a construção sexuada dos corpos e do gênero nas expectativas dos professores, pais e mães. Como afirma Vasconcelos (2017):

Mães, pais e educadoras definem meninas e meninos de forma antagônica, porquanto afirmam que as meninas são delicadas, disciplinadas e gostam de brincadeiras de meninas, e que os meninos são indisciplinados, ativos, agitados e gostam de brincadeiras de meninos (p.06).

Indivíduos que são identificados como do gênero masculino quando brincam de boneca são questionados, assim como crianças reconhecidas como do gênero feminino que jogam futebol também. São corpos que contrariam as expectativas e a escola não pretende ir de encontro ao que a família espera.

Professores da educação infantil atuam majoritariamente a estimular meninos e meninas tendo por base a diferenciação entre os sexos, o que não acontece de forma neutra, há segregação e marginalização do que é pertencente aos meninos e as meninas. A família atua motivando essa dicotomia em relação ao gênero e aos estímulos associados a sexualidade infantil, discriminação social e relações de poder (Reis, 2016, p. 250).

Vasconcelos (2017), mostra também que, ainda que os pais afirmem que não interferem nas brincadeiras dos filhos com crianças do gênero oposto, eles interferem nas atividades das crianças e delimitam a priori o que seria a brincadeira ou brinquedo para cada criança, o que desde muito cedo contribuirá para a segregação de gênero e a formação de relações de desigualdade e afastamento.

Isto estaria ainda relacionado a interação social futura das crianças no que se refere ao respeito que uns terão pelos outros quando adultos, ao reconhecimento da diversidade e da necessidade de serem considerados aspectos diferentes em cada sujeito. Não considerar isto pode acarretar no futuro a reprodução de discriminação no trabalho, na família e em diversos setores da sociedade.

Sendo assim, é fundamental reconhecermos que as práticas se estabelecem configurando um jogo de relações de poder onde não há neutralidade, ao contrário, os dispositivos de gênero, infância e sexualidade se intercruzam. Segundo Foucault (1988), compreender o poder enquanto dispositivo é compreendê-lo como disperso na microfísica das relações e que se efetiva a partir destas. Trata-se de um poder consolidado em pontos de tensionamento, sempre passível de resistência e caracterizado pela sua produtividade e positividade instituindo gestos, modos de ser e estar no mundo. 

Diversos gestos infantis estão sendo regulados, punidos, controlados, apagados e cristalizados, produzindo padrões de exclusão e preconceitos a serem executados desde infância até a vida a adulta. “As crianças, até mesmo as bem pequenas, são socializadas de forma a se apropriar de padrões masculinos e femininos, e elas mesmas acabam julgando as que fogem a esse padrão” (Caldeira, 2018, p. 121).

Identificando tais discrepâncias nas relações entre crianças do gênero masculino e feminino, na análise específica da interação com brinquedos, Nascimento (2017) infere que as consequências dessa divisão, se refletirá na vida adulta e na organização das relações socioeconômicas de modo geral.

Com o nosso estudo, constatamos que a divisão sexual dos brinquedos é legitimada ideologicamente e estruturada nas bases sociais pelo princípio da separação existente entre brinquedos de meninos e brinquedos de meninas, a qual é ancorada na divisão sexual do trabalho, que por sua vez, encontra nessa base, condições para garantir a produção e reprodução da força de trabalho, bem como a exploração e desvalorização do trabalho das mulheres, indispensável à lógica de acumulação do capital (p.08)

Seguindo a mesma perspectiva de identificar a construção das relações atravessadas pelos marcadores de gênero, Inoue (2018) irá apontar, em seu estudo, como esse processo se dá no que tange à corporalidade de meninas e meninos, o que se reflete nas vestimentas, nos adornos, brinquedos e fantasias marcados pelas expectativas socialmente estabelecidas de feminilidades e masculinidades.

O que se percebe é que não é apenas por meio das orientações que as crianças serão submetidas a uma normativa de gênero, mas também por meio da organização das atividades, das brincadeiras propostas, da organização das carteiras, da cor dos materiais e da organização dos espaços de modo geral. Neste sentido em sua pesquisa Silva (2015) aponta:

O espaço configura-se como um importante elemento de controle das crianças, a partir da lógica adulta, pautada pelas estruturas de poder. Identificando espaços de maior liberdade de interação, e espaços de maior controle e vigilância, foi possível perceber que a organização dos espaços apresenta-se carregada de mensagens e normas de gênero, sugerindo lugares, posições segregadas e opostas para meninos e meninas. A pesquisa mostra que a instituição legitima as normas de gênero quando não problematiza a organização e utilização dos espaços, criando espaços generificados, organizados de modo dicotômico, binário e segregados de acordo com o sexo (p. 06).

Ainda que a maioria dos estudos confirmem a força da normatividade de gênero presentes em diversos aspectos do cotidiano infantil controlado por adultos, haverá também  movimentos de resistência infantil quanto às normas de controle, o que transforma os espaços, como nos mostra Silva (2015):

Ao utilizarem os espaços, as crianças ora reproduzem as normas presentes nos espaços… ora as crianças tentam escapar das normas e criar formas próprias, criativas e lúdicas, burlam e buscam reajustar mensagens de gênero presentes nos espaços da instituição (p. 06).

Neste sentido, Inoue (2018) também afirma que a vivência de práticas culturais infantis na área externa do parque, espaço marcado por maior autonomia das crianças, possibilita a construção de corporalidades a partir de (re)significações de gênero. Ou ainda, como conclui Zago (2016) mesmo em um ambiente normalizador, as crianças subvertem as normas e criam formas inovadoras de estabelecer relações com o mundo e com os outros.

A resistência das crianças é algo que foi percebido em mais da metade dos estudos aqui levantados, muitos deles apontam diferentes formas de expressão infantil de transformar o que está dado. Segundo Souza (2015) apesar dos processos normativos de comportamento, existem situações em que crianças resistem ao que lhes é imposto por meio de disputas  e revelam que sempre há possibilidades para construir outros modos de ser. Dácio (2018), reconhece em seu estudo que os dispositivos de controle presentes, revelam também a atitude das crianças perante a isso, uma vez que as crianças não são passivas no processo, pois elas participam estabelecendo relações de negociação.

As crianças apresentam posicionamentos quanto às relações de gênero por elas vivenciadas. De acordo com Pimenta (2016) as crianças falam através dos seus desenhos sobre as relações de gênero. Para esta pesquisadora, os desenhos expressam marcas de permanência dos estereótipos de gênero, assim como, apontam uma recusa a manutenção das desigualdades. É importante perceber as interações das crianças, nas relações com os adultos e entre si, como algo muito mais complexo do que se afirma e que essa complexidade engendra novos modos, ainda que em muitos casos também os padrões tentem limitar outras respostas possíveis.

Destaca-se ainda em alguns estudos, que a formação e capacitação dos educadores quanto ao tema gênero interfere na atuação dos mesmos quando se trata desta questão. O que os impede de repensar determinadas práticas diante dos problemas cotidianos que surgem ou mesmo os fazem recorrer aos padrões e valores morais e pessoais para o enfrentamento de diferentes questões. Segundo Zago (2016), se não problematizarmos a necessidade de formação dos professores, o fazer pedagógico pode promover no cotidiano da educação infantil também desigualdades de gênero, quando poderia estar atuando contra isto.

De acordo com Motta (2017), que empreende um estudo específico acerca do posicionamento dos educadores frente a questão de sexualidade, ela entende que o silêncio aparece para muito educadores como uma alternativa possível, principalmente quando não há comportamentos que supostamente fujam aos padrões preestabelecidos. No entanto, este silêncio poderá ser quebrado com os questionamentos infantis ou com a expressão de gestos que fujam à norma.

As análises dos resultados dos estudos nos fazem perceber o quanto as relações de gênero também se organizam em função da convivência escolar considerando práticas como a utilização de brinquedos, as expectativas dos responsáveis e mesmo a partir das posições e atividades pedagógicas propostas de maneira diferenciada para indivíduos identificados como do gênero feminino e masculino. Apontam ainda o quanto as crianças são capazes de falar sobre como se percebem diante destas relações e como inventam novas dinâmicas relacionais, reagindo aos padrões impostos. É relevante também avaliar a importância da formação e capacitação dos profissionais do ensino quanto aos estudos de gênero o que auxilia na promoção das transformações e igualdades de gênero.

3. Conclusão

A pesquisa de levantamento da produção científica é importante para pesquisadores que estejam interessados em compreender esta temática e assim possam desenvolver melhor seus estudos, de modo a garantir a inovação e fundamentar-se nas produções já existentes.

Nesta pesquisa identificamos que os estudos sobre gênero e educação são produzidos predominantemente em universidades públicas e nos programas de Educação, mas não estão restritos a estas, o que indica a transversalidade da temática. Quanto a região da produção destes trabalhos a predominância é na região sudeste e nos aponta a necessidade dessa produção ser ampliada em outras regiões do país. Percebemos ainda que as pesquisadoras atuantes nesta temática são predominantemente do gênero feminino, assim como já acontece com os profissionais de educação que atuam na Educação Infantil.

Os estudos são na maioria das vezes pesquisas de campo com caráter qualitativo e o principal método de investigação é a etnografia. Isto estaria relacionado à necessidade de conhecer o cotidiano da Educação Infantil em constante contato com estes participantes, para melhor inferir aspectos da sua realidade, observando e entrevistando professores, pais, responsáveis e os próprios alunos.

Os objetivos destes estudos de modo geral é compreender como se dão os processos de construção de gênero da Educação Infantil e para isto, os pesquisadores recorrem a recortes diferentes atentando para práticas e discursos de grupos diferentes, mas considerando quase sempre a perspectiva dos professores.  

Os estudos reconhecem a dificuldade das escolas e educadores, assim como dos familiares em lidar com a necessidade de transformação das relações de gênero. Haveria entre os membros da comunidade, fortes concepções heteronormativas que representam uma barreira para a superação das desigualdades. Ainda que os estudos apontem práticas de resistência e mudanças tendo em vista a superação das desigualdades, principalmente por parte das crianças, as quais subvertem dispositivos disciplinares e tecnologias de controle, parece evidente a necessidade de discutir estratégias legais e de formação profissional para a transformação desta realidade de segregação.

 Concluímos esta pesquisa considerando importância de ampliarmos os estudos que tenham como campo temático o gênero e a educação infantil. É imprescindível que isto aconteça em nosso país nos anos que se seguem, em todas as regiões, de modo a auxiliar na argumentação política da construção de políticas igualitárias que envolvam gênero e educação.

 

 

Referências

Bardin, L. (1977.). Análise de conteúdo. Lisboa : Edições 70.

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