- Introdução
Esta pesquisa objetiva o levantamento de dados referente às produções acadêmicas dos egressos do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA/UFS) que foram defendidas entre o recorte temporal de 2018 a 2022, para fins de análise e comparação em favor do entendimento do conceito de Aprendizagem Histórica. Trata-se de uma pesquisa quantitativa-qualitativa e exploratória, sustentada pela parceria entre a Universidade Federal de Sergipe e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Os dados levantados foram consultados pelos sites oficiais do PROFHISTÓRIA/UFS, CAPES, BDTD e visitas na secretaria do Programa.
Primeiramente, é importante salientar que essa pesquisa faz parte de um projeto maior, “Alfabetização Histórica: em busca de um reposicionamento disciplinar diante das reformas curriculares”, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas “Ensino de História: Aprendizagem Histórica em espaços escolares e não escolares”. A primeira etapa teve como objeto “O Estado da Arte da Alfabetização/Literacia Histórica em eventos científicos, nacionais e internacionais na área do Ensino de História”, desenvolvida por Karoliny Silene Silva Matos. A segunda é “O Estado da Arte da Alfabetização/Literacia em eventos científicos, nacionais e internacionais na área da Educação”, desenvolvida por Ana Beatriz dos Santos Silva. A terceira, desenvolvida por Márcia Evangelista da Silva Santos, teve como foco a “Aquisição do conceito Alfabetização Histórica por docentes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental”.
No que se refere ao PROFHISTÓRIA, é um Programa de Mestrado Profissional inicialmente surgido em 2012 a partir de um grupo de professores do Rio de Janeiro, tendo como público alvo os professores que atuam nas escolas públicas. O objetivo do programa é proporcionar uma formação continuada e contribuir para melhorias na qualificação profissional.
- Metodologia
Inicialmente, para o levantamento do presente trabalho, consultamos o site oficial do PROFHISTÓRIA/UFS que se organiza em subtópicos: Programa, Ensino, Projeto de Pesquisa, Calendário, Processo Seletivo, Notícias e Documentos. Assim, para termos acessos às dissertações, pesquisamos a subseção Ensino e logo depois a seção dissertação/tese. Em seguida, levantamos as dissertações - um total de 56 produções -, especificando autor, título, orientador, ano de defesa e o resumo.
Depois desse levantamento no site do programa, necessitamos obter as dissertações defendidas completas para a consecução do projeto. Assim, recorremos tanto ao Repositório Institucional da Universidade Federal de Sergipe, quanto à Biblioteca Central (BICEN/UFS), quanto ao site da CAPES e à Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD); também à própria secretaria do PROFHISTÓRIA/UFS. Destas 56 dissertações, encontramos 30 no Repositório Institucional, 11 pela secretaria do Programa e seis produções através dos orientadores dos autores.
Por um lado, para a organização dessas obras, foi criada uma planilha pelo editor Excel (Microsoft) elencando as informações anteriormente mencionadas, além de adicionais, como: gênero do autor, linha de pesquisa, tipo de produto/experiência, palavras-chave, recorte da Educação Básica (de atuação do autor) e os fundamentos teóricos, sempre com o recorte cronológico abordado. Por outro lado, essa organização não se restringiu a levantar dados e somente constatar a quantidade de dissertações defendidas. Como citado anteriormente, o intuito foi fazer um levantamento com os dados obtidos para fins de comparação e análise das produções, primando por levantar contrastes significativos.
- Resultados e Discussão
O percurso investigativo desta pesquisa contou com um corpus diversificado e revelador, proporcionando um mapeamento dessa produção em nível de pós-graduação do Programa PROFHISTORIA/UFS, pelo qual levantaram-se dados acerca dos egressos, inclusive suas escolhas temáticas, área de atuação e teórico de referência para sua pesquisa. Os dados permitiram que se fizesse uma maior análise contrastiva em termos dessas informações e levou-nos a fazer inferências, até mesmo sobre de que forma os egressos desse programa estariam atuando na docência. Tal aprofundamento, porém, constará na sequência do projeto de pesquisa maior.
A coleta de dados procedeu das dissertações do PROFHISTÓRIA/UFS, no período de 2018-2022, gerando um montante de 56 obras, distribuídas assim: 14 em 2018, uma em 2019, 15 em 2020, dez em 2021 e 17 em 2022, correspondendo a 100% do total de dissertações defendidas durante esses 5 anos de oferta do Programa de Mestrado.
Vale salientar que a pesquisa se caracteriza de forma quantitativa-qualitativa com finalidade de analisar as obras presentes. Nesse sentido, os documentos estudados são de caráter primário, já que foram retirados do repositório da universidade, do site oficial e da secretaria do já mencionado programa de pós-graduação, além de outras entidades como BDTD, CAPES e mesmo de alguns orientadores. Segundo Santos e Silva (2020)
Os dados primários são aqueles coletados em uma pesquisa de campo, ou seja, são dados originais. Por exemplo: questionário, formulário, entrevista, etc. Contém trabalhos originais e publicados pela primeira vez pelos autores; Teses universitárias, livros, relatórios técnicos, artigos em revistas científicas, anais de congressos.
Dessa maneira, as coletas para construção do armazém de dados se deram a partir da leitura das publicações dessas produções, seja por meio dos sites, seja pela secretaria supracitada. Tais informações nos levaram a desenvolver o seguinte gráfico (IV), que trata da coleta das 56 dissertações defendidas.
QUADRO I- FONTES DAS DISSERTAÇÕES PESQUISADAS
Fontes das dissertações |
Quantidade |
BDTD |
2 |
CAPES |
0 |
Orientadores |
8 |
Repositório |
30 |
Secretaria do Programa |
11 |
Fonte: Elaborado pela discente (2023)
Observa-se que, das 56 obras, encontramos: 30 no repositório, uma no BDTD, nenhuma na CAPES, 11 enviadas pela secretaria do programa e oito pelos seus orientadores. É necessário sinalizar que as outras seis produções que não foram encontradas ficaram sem a análise proposta nesta pesquisa.
Para estruturação e identificação das informações coletadas, usamos coordenadas de linha e coluna que permitiram vislumbrar: seja cada trabalho, individualmente (leitura horizontal), seja cada tópico de informação (leitura vertical). Conforme o quadro abaixo, temos uma amostragem de coleta de dados do trabalho realizado:
QUADRO II- AUTORES, TÍTULO E ANO DE DEFESA.
Autores(as) |
TÍTULO |
ANO |
Joelma Santos Franca |
O Ensino de História por meio do uso de Imagens em Aulas Oficinas: uma Experiência em Malhador /SE. |
2018 |
Monaquelly Carmo de Jesus |
Desvendando a História por meio do Forró em Sequências Didáticas: Laboratório a partir da Prática em Turmas de Ensino Fundamental. |
2018 |
Luciano Dos Santos Ferreira |
HQ: Caminhos de Uma Escrava da África a Sergipe |
2018 |
Ana Silva Conceição de Oliveira |
Caderno de Ensino de História e Educação Patrimonial. volume 1 - Museu da Gente Sergipana. |
2018 |
Marcelo Santos |
Ensino de História e Internet: uma experiência com o caso da Segunda Guerra Mundial. |
2018 |
Andréa Teixeira dos Santos |
Ensino de História, Memória e Identificação Quilombola na Escola Estadual Quilombola Gilberto Amado - Estância/SE |
2018 |
Fernanda Correia Cavalcanti |
O Negro Á Luz do Cinema no Ensino de História: As Filhas do Vento e Quando Vale ou é por Quilo |
2018 |
André Luís Silva Moraes |
Análise dos Fenômenos dos Fascismos nos Livros Didáticos do PNLD/Ensino Médio. |
2018 |
Jeudene Eufrásio Araújo de Queiroz |
A Aplicabilidade da Lei 10.639/03 no Processo de construção identitária numa Escola Quilombola em São José da Tapera - Alagoas. |
2018 |
Wendel Mota dos Reis |
O uso da História do lugar como ferramenta de ensino de História para o Ensino Médio. |
2018 |
Ana Ligia Rodrigues de Faria |
Rompendo O Silêncio: História Local no Ensino de História na Educação de Jovens e Adultos. |
2018 |
Josimari Viturino Santos |
O 13 de Maio na Imprensa Sergipana do Século XIX. |
2018 |
Ary Leonan Lima Santos |
Utilizando o cordel como suporte para o Ensino de História: conceitos, refeitórios e experiência. |
2018 |
Manoel Henrique Santos S. Junior |
Ensino de História e a Construção Identitária Afrodescendente em Escolas no Baixo Cotinguiba Sergipano. |
2018 |
Moises Santos Reis Amaral |
História Local Fatimense: uma Construção da aprendizagem significativa em Ausubel. |
2019 |
Katia Patricia Santos Seixas |
Um olhar sobre o outro: estimulando a empatia por meio de contos no Ensino de História. |
2020 |
Elaine Dias Ferreira Oliveira |
Ponteiro da Memória: Educação Patrimonial do Ensino de História de Sergipe |
2020 |
Mauro Firme da Silva Junior |
História e Imagem: o uso de cartuns no combate à desigualdade racial no brasil (2008-2014) |
2020 |
Elaine Santos Andrade |
O Fanzine como dispositivo auxiliar na investigação da Aprendizagem Histórica. |
2020 |
Adilson Nobre do Nascimento |
Invertendo a Aula de História: sequências didáticas com propostas de Ensino Híbrido utilizando o Google Sala de Aula para turmas do Ensino Médio. |
2020 |
Paulo Roberto Menezes Rêgo |
Cara e Coroa: um roteiro para o uso de moedas no Ensino de História do Brasil. |
2020 |
Fernanda Andrade Silva |
Os sons Tingui Botó: ebook multimídia para o Ensino de História Indígena em Alagoas. |
2020 |
Tatiane Santos Matos |
Sequência didática para Educação Patrimonial: uso da Praça São Francisco para o Ensino de História. |
2020 |
Amanda Monteiro Melo |
Projetar mulheres: o álbum de figurinhas como recurso pedagógico no ensino de história no seminário Alagoano. |
2020 |
Aglaene dos Santos Mendonça |
O pós-abolição em coleções didáticas de História dos anos finais do Ensino Fundamental-PNLD /2017: compreender para intervir por meio Construção de um caderno pedagógico |
2020 |
Bryon Anderson Costa Basto |
De Calíope para Clio: o uso da poesia no Ensino de História do Brasil oitocentista. |
2020 |
Mayra Ferreira Barreto |
Abordagem de temática da ditadura civil-militar por meio de Jornais Sergipanos (1964-1974). |
2020 |
João Batista dos Santos |
Manual didático de História Local com ênfase na culinária regional. |
2020 |
Egnaldo Ferreira de Souza Junior |
O uso da História Local na Terra das Conhas e dos Encantados de Alagoas, Brasil. |
2020 |
Susy Cléa Lisboa Melo |
O uso da arte escrita e não-escrita nas aulas de História de alunos dos anos finais do Ensino Fundamental na perspectiva da educação para as relações étnico-raciais. |
2020 |
Humberto Ferreira da Silva |
Lectio Imago: Ensino de História por meio das pinturas Históricas. |
2021 |
José Wilson Souza Santos |
A feira e o Ensino De História: caderno de sequências didáticas a partir da feira de Itabaiana/SE. |
2021 |
Erica Andrade de Jesus |
Aracaju na primeira metade do século XX: Operariado feminino e História Local. |
2021 |
Fernando de Souza Cruz |
Diálogo com as memórias da ditadura-militar: A construção de um Jogo, para Ensino de História do Nível Médio. |
2021 |
Ana Paula Silva |
Ocupar e resistir: vídeo de documentário como ferramenta pedagógica para a formação Histórica da juventude. |
2021 |
Ricardo Oliveira da Silva |
Uso de letra de samba-enredo como instrumento Auxiliar de Estudo de História em turmas do 9° ano do Ensino Fundamental - uma possibilidade. |
2021 |
Alexandro do Nascimento Macedo. |
Da Lama à Sala De Aula: Uso Da Festa Do Mastro De Capela-Se No Ensino De História. |
2021 |
Jairton Peterson Rodrigues do Santos |
A Dois Passos De Wakanda: Uma Proposta De Uso Do Cinema Com Tema Negra Para Ensino De História. |
2021 |
Edjan Santos Costa |
História De Capela: O Uso Da História Local Nos Anos Finais Do Ensino Fundamental. |
2021 |
Natalia Moura Borges |
V De Vingança, Jogos Vorazes E Fahrenheit 451: O Uso De Distopias No Ensino De História. |
2021 |
Lúcio Silva do Santos |
Memória da minha Terra: abordagem História Local em Escolas do Município Crisópolis (BA). |
2021 |
Leila Angelica Oliveira M. de A |
Entre a Prática e a Teoria: proposta de formação continuada em Aprendizagem Histórica para professores e professoras dos anos Finais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Estância/SE. |
2022 |
Jorge Douglas Vieira C. S |
O Ensino De História De Muribeca (Se) a partir do Patrimônio Imaterial. |
2022 |
Emanuelle Socorro G. de M. |
Educação Patrimonial: um olhar sobre as igrejas de Penedo/AL e a Distinção social no século XVIII. |
2022 |
Camillo Gustavo Xavier Costa |
O patrimônio material digitalizado: um circuito histórico a serviço do Ensino de História e do patrimônio locais |
2022 |
Ruy Moises Araújo Bispo |
O uso de sequências didáticas como proposta à aprendizagem significativa na educação básica de Itapicuru/Ba. |
2022 |
Danilo Assunção da Silva |
Resistência frente às investidas do projeto Escola Sem Partido. |
2022 |
Lauro Roberto Oliveira |
Educar pela pesquisa: uma abordagem a partir da Aplicação da História oral no Ensino de História. |
2022 |
Fabiana Mercia Souto S.M |
A História Local no currículo em Escolas Públicas Municipais de Porto Seguro (Ba). |
2022 |
Cleones Gomes dos Santos |
Pode a morte ensinar História? Uso de lego para entender cidadania nos cemitérios Santa Isabel e Cruz Vermelha (Aracaju/Se). |
2022 |
José Abraão Rezende Gouveia |
A festa do vaqueiro de Porto da Folha: cordelizando vamos ensinando a História e estudando o Alto Sertão Sergipano. |
2022 |
Jussara Correia da Silva S. |
Pontes entre a literatura e o Ensino De História: O romance Sharia e a saudade. |
2022 |
Lhara Leticia de Oliveira Santos |
Narrativas docentes sobre os caminhos da educação quilombola na comunidade Pau D’Arco em Arapiraca/Alagoas. |
2022 |
Simone de Freitas Gama |
Debate sobre empoderamento feminino e currículo a partir da organização das catadoras de Mangaba do município da Barra dos Coqueiros-SE. |
2022 |
Gabriela Rezende Silva |
Tempo Presente, Ensino De História e pandemia: O Podcast #Covid-19 memórias da Pandemia no Brasil (2020). |
2022 |
Claudivan Santos Guimaraes |
Projetos de vida pelo Ensino De História: caderno didático-pedagógico para o professor em seu diálogo com a juventude. |
2022 |
Fonte: quadro adaptado pela discente bolsista do projeto de pesquisa. (2022)
Analisando o quadro acima, são identificadas as dissertações dos 56 mestres. Se fizermos um recorte entre a coluna dos autores e o ano de publicação, verificamos os seguintes dados: em 2018, o número de obras defendidas foi 14 no total, enquanto no ano de 2019, somente houve uma produção. Em seguida, em 2020 e 2021, constata-se um total de 15 e dez obras, respectivamente. Adiante, no ano de 2022, notamos o número de 16 defesas que ocorreram no programa. Outra descrição possível diz respeito à divisão de gênero masculino e feminino, pela qual se verifica que 30 trabalhos pertencem a homens e 26 a mulheres - indicadores de que distorções de gênero poderiam ter sido minimizadas ao longo dos anos.
Para verificação do corte temporal dessas dissertações defendidas entre ambos os gêneros, organizamos um novo quadro que permitiu dissecar os seguintes dados:
QUADRO III- DEFESA POR GÊNERO
(FEMININO E MASCULINO)
ANO |
2018 |
2019 |
2020 |
2021 |
2022 |
Total |
Feminino |
7 |
- |
9 |
2 |
8 |
26 |
Masculino |
7 |
1 |
6 |
8 |
8 |
30 |
Fonte: Acervo adaptado pela discente (2022-2023)
Observa-se que nos anos de 2018 e 2022 existe uma proporcionalidade entre ambos os gêneros em obras defendidas. Em contrapartida, em 2019 o número de defensores foi quase nulo, sendo que somente uma produção foi defendida por autor de gênero masculino. No cômputo geral, constata-se que entre 2020 e 2021 houve uma alternância entre autoras e autores com mais produção. O contraste entre os gêneros masculino e feminino presente no quadro (II) de autores leva a dimensionar que, nesse recorte de 5 anos, constatamos que o grupo masculino até então apresenta uma porcentagem 53,6%, visivelmente maior do que a representatividade das mulheres - com 46,2%. Existe, então, uma diferença de 7,2%.
Outro percurso de constatações trilhado fez ressaltar que, para a construção dessas produções, ocorreu a escolha de determinadas linhas de pesquisa, condizentes com o perfil professores dessas mesmas linhas. Contudo, foi possível identificar trabalhos cuja linha de pesquisa não se associava à de seus orientadores - era de se supor que houvesse coincidência entre a área de concentração com a linha de pesquisa do grupo de origem do então mestrando no programa (antes da defesa).
De qualquer forma, o propósito de examinarmos a coluna de orientador se mostrou importante, logo, averiguamos um total de 14 responsáveis. Ao separarmos essa coluna em gênero feminino e masculino, constatamos que existem 11 homens e três mulheres exercendo tal função. Identificamos, pois, os pertencentes ao gênero masculino:
QUADRO IV- ORIENTADORES HOMENS E QUANTITATIVO DE TRABALHOS.
Orientadores |
2018 |
2019 |
2020 |
2021 |
2022 |
Total |
Claudefranklin Monteiro |
1 |
1 |
||||
Dilton Maynard |
1 |
|
2 |
|
1 |
4 |
Fabio Alves |
2 |
|
1 |
3 |
|
6 |
Itamar Freitas |
1 |
3 |
|
5 |
9 |
|
João Paulo Gama Oliveira |
1 |
1 |
||||
Joaquim Tavares |
1 |
|
1 |
1 |
1 |
4 |
Karl Schuster |
1 |
1 |
||||
Lucas Miranda Pinheiro |
1 |
2 |
1 |
3 |
7 |
|
Paulo Heimar Souto |
2 |
|
1 |
2 |
1 |
6 |
Petrônio Domingues |
1 |
1 |
Fonte: Acervo adaptado pela discente (2022-2023)
Identificam-se entre os nomes supracitados os professores Itamar Freitas, Lucas Miranda, Fabio Alves e Paulo Heimar como aqueles que estão no grupo dos que mais orientaram, com nítido destaque para o professor Itamar Freitas, responsável por nove dissertações.
Quanto às professoras orientadoras, levantamos também um quadro com os nomes e quantidade de dissertações no mesmo corte temporal do grupo masculino.
QUADRO V- ORIENTADORAS MULHERES E QUANTITATIVO DE TRABALHOS.
Ano |
2018 |
2019 |
2020 |
2021 |
2022 |
Total |
Andreza Santos Cruz Maynard |
1 |
1 |
2 |
3 |
6 |
|
Janaina Cardoso de Melo |
1 |
2 |
1 |
4 |
||
Marizete Lucini |
1 |
2 |
1 |
1 |
5 |
Fonte: Acervo adaptado pela discente (2022-2023)
Analisa-se pelos nomes supramencionados que houve relativa harmonia na distribuição dos trabalhos, sendo destacada a professora Andreza Maynard com seis orientações. Logo, verificamos por esses dois últimos quadros que das 56 dissertações defendidas 73,7% foram orientadas pelos homens e 26,3% pelas mulheres, caracterizando em uma discrepância na porcentagem por orientador/ gênero. Coincidentemente, essa disparidade dos números supramencionados é uma constante em termos de órgão acadêmico, ao se constatar uma quantidade maior de homens que de mulheres no departamento do PROFHISTÓRIA/UFS. Atualmente, o número de mulheres aumentou no programa com a entrada da Professora Doutora Mariana Bracks Fonseca, na linha de pesquisa Saberes Históricos em Diferentes Espaços de Memória.
Outro desdobramento à frente é a linha de pesquisa do PROFHISTÓRIA/UFS relacionada às obras. Sendo assim, ao ter acesso aos subtópicos do site do programa encontramos as três frentes seguintes: Linguagem e Narrativas Históricas: Produção e Difusão; Saberes Históricos no Espaço Escolar e Saberes Históricos em Diferentes Espaços de Memória. Por conseguinte, construímos um novo quadro comparativo conforme se segue:
QUADRO VI- AGRUPAMENTO DA LINHA DE PESQUISA
Linha de pesquisa |
Total |
Saberes Históricos no Espaço Escolar |
11 |
Linguagem e Narrativas: Produção e Difusão |
8 |
Saberes Históricos em Diferentes Espaços de Memória |
4 |
Não identificados |
33 |
Fonte: Quadro adaptado pela discente (2022-2023)
Um fato inusitado foi que das 56 obras defendidas somente 23 apresentaram as linhas de pesquisas a que foram submetidas, explicitamente, na folha de rosto. Podemos ilustrar tal ocorrência na produção de Jairton Peterson Rodrigues, orientado pela Professora e Doutora Andreza Maynard, intitulada “A dois passos de Wakanda: Uma proposta de uso do cinema com tema Negra para Ensino de História”, contemplando na sua folha de rosto Saberes Históricos no Espaço Escolar. Em contrapartida, como demonstra o quadro anterior, há 33 dissertações que não sinalizam identificação - sinaliza-se aqui uma ocorrência que pode interessar ao departamento em questão, de forma que haja maior rigor quanto à entrega do documento final da pós-graduação para o devido arquivamento.
Dentro dos resultados do confronto de dados, tal constatação de que não há identificação da linha de pesquisas em muitas dissertações (em especial, na folha de rosto) faz alertar quanto ao fato de que isso é primordial para a identificação da produção. Logo, elaborou-se o seguinte quadro (V) para a análise do quantitativo de dissertações por linha de pesquisa de forma a dar outra visibilidade à informação.
QUADRO VII- LINHA DE PESQUISA
Linha de pesquisa |
Quantidade |
Linguagem e narrativas: Produção e Difusão |
8 |
Saberes históricos no Espaço Escolar |
11 |
Saberes históricos em diferentes espaços de memoria |
4 |
Não identificados |
33 |
Fonte: Elaborado pela Discente (2023)
Ao detalhar a coluna das linhas de pesquisas caracterizamos que, do corpus em estudo, 11 pertencem à linha Saberes Históricos no Espaço Escolar, oito à linha de Linguagem e Narrativas: Produção e Difusão, ao passo que quatro se delimitam a Saberes Histórico em Diferentes Espaços de Memória e 33 não foram identificadas, sendo que, dentro dessas 33 contém linhas de pesquisa não estão no programa.
O Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História preconiza que cada futuro mestre apresente um produto pedagógico de aplicabilidade tal que sirva efetivamente como recurso didático - que não seja um simples trâmite para a produção textual acadêmica. Nas 56 produções elaboradas, foram encontrados os seguintes tipos de produtos: aulas-oficinas, aula-digital, cadernos de memória, jogos, projetos e roteiros pedagógicos, vídeo documentário e sequência didática - dentre outros denominados genericamente como: “criação”, “elaboração” ou “produção pedagógica”. Para computar os dados desses produtos foi elaborado o seguinte gráfico:
GRÁFICO VIII - AGRUPAMENTO DE TIPOS DE PRODUTOS
|
|
Aulas-oficinas |
3,6% |
Caderno de memoria |
5,4% |
Elaboração |
5,4% |
Jogos |
3,6% |
Projetos |
8,9% |
Produtos |
7,1% |
Produções |
10,7% |
Sequencia didática |
35,7% |
Fonte: Elaborado pela discente (2023)
Imediatamente, observou-se que todas as obras atenderam à norma do programa ao elaborar um tipo de produto que trabalhasse o Ensino de História de forma a envolver cultura, cotidiano e tradições. A amostragem do caderno de sequência didática produzida pelo autor José Wilson Moura, por exemplo, teve como finalidade trabalhar o Patrimônio Imaterial da feira na cidade de Itabaiana, partindo assim da realidade dos alunos. Dessarte, dos produtos citados anteriormente, a sequência didática consta na maioria das obras defendidas com o número total de 20. Em seguida, vem a criação pedagógica com oito e na sequência os outros produtos.
Notou-se também que os mestres estão implementados inovação nos produtos pedagógicos, ou seja, eles estão construindo materiais que envolvam mais a cultura, a realidade e informações acerca da comunidade dos estudantes que perfazem o público-alvo de seus trabalhos. Ademais, reparou-se outra novidade que é o uso da mídia trabalhada como produto pedagógico, a exemplo do Ebook Multimídia da autora Fernanda Andrade Silva, que tem como objetivo trabalhar em especial o audiovisual como metodologia para Ensino de História indígena.
Pela verificação do quadro (III), observamos que a sequência didática, com 35,7% dos resultados, se sobressai, sendo que se trata de uma atividade já trabalhada como procedimento de ensino. Contudo, o que poderia ser diferente da tradicional é a nova proposta de metodologia cuja consistência advém do adentramento cultural no cotidiano do aluno como mostraram os projetos dos autores. Percebe-se que, em seguida, a criação pedagógica vem em 14,3% dos trabalhos acadêmicos com a finalidade construção da aprendizagem na prática, pode-se considerar a criação de jogos e histórias em quadrinhos. Diante disso, resulta da análise desse gráfico que os mestres procuraram tanto inovar sua metodologia como também envolver o Ensino de História nos projetos, produtos, criação e sequência didática - tanto para aprendizado como para consciência histórica.
Outro dado referente a esses produtos é que os autores precisaram definir para qual público alvo seriam direcionados. Logo, averiguou-se com base nas obras que a área de aplicação primordial dos recursos é a Educação Básica nas instâncias de Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e EJA. Esse aspecto nos levou a dissecar a seguinte distribuição:
QUADRO IX- RECORTE PARA EDUCAÇÃO BÁSICA
Recorte Educação Básica |
Total de produtos |
|
|
Ensino Fundamental I |
- |
Ensino Fundamental II |
26 |
Ensino Médio |
18 |
EJA |
2 |
Não identifica |
10 |
Fonte: Elaborado pela discente (2023)
É perceptível que, em geral, o público alvo é o Ensino Fundamental II com a margem de 26 no total. Em seguida, temos o Ensino Médio com o total de 18 tipos de produtos direcionados para os estudantes. Já o Ensino de Jovens e Adultos é minimamente contemplado nesse processo - o que também poderá suscitar novas discussões.
É possível considerar que as temáticas das dissertações se concentram nas palavras-chave: sabe-se que se trata de um dos aspectos essenciais da produção acadêmica em análise. A partir do levantamento de dados, chamamos a atenção para os seguintes itens: Ensino de História, História local, Aprendizagem, Saberes Históricos, Consciência Histórica, Cinema, Cartilha, Livros didáticos, Educação Patrimonial, História, Literatura, Ditadura Militar, História em quadrinhos, Livros didáticos e Sequência. O gráfico a seguir nos dá um panorama da importância desses temas:
QUADRO X- DADOS DA PALAVRA-CHAVE
Palavras-chaves |
Porcentagem |
Aprendizagem Histórica |
6,9% |
Aprendizagem significativa |
2,3% |
cartinha |
2,3% |
Educação patrimonial |
4,6% |
Ensino de História |
41,4% |
História local |
16,1% |
Livros didáticos |
3,4% |
Literatura |
4,6% |
Sequencia didática |
4,6% |
Saberes Históricos |
2,3% |
Fonte: Elaborado pela discente (2023)
Constata-se que Ensino de História é a palavra-chave mais citada nos trabalhos, com a porcentagem de 41,4% de ocorrência nas produções acadêmicas. Em seguida, encontra-se a História local, com 16,1%. Logo depois apresenta-se a Aprendizagem Histórica, com 6,9% nas produções. O mesmo quadro (X) mostra o que termo Ensino de História aparece 36 vezes no material acadêmico, evidenciando-se, assim, que os pós-graduandos estão levando em consideração esse conceito. Outra expressão empregada é História Local, o que permite inferir que se deu bastante ênfase à cultura local que envolve cotidiano, tradições e costumes da comunidade escolar na qual o pesquisador (aluno do mestrado profissional em questão) se inseria. É significativo salientar que toda essa abordagem faz parte de uma Aprendizagem histórica que é a terceira palavra mais citada nas dissertações defendidas.
A continuidade do esmiuçamento dos trabalhos aqui citados nos levou à construção de um novo quadro: dos fundamentos teóricos/ autores de referência. Assim, propusemo-nos também a analisar os fundamentos teóricos que esses autores utilizaram como menção principal - constatada na apresentação do resumo. Por conseguinte, selecionamos os teóricos que mais se sobressaíram nas 56 dissertações defendidas, perfazendo o seguinte gráfico:
QUADRO XI- PORCENTAGEM DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Autores |
Porcentagem |
Auxiliadora Schimidt |
11,7% |
Circe Bittencourt |
13,3% |
Durval Albuquerque |
6,7% |
Isabel Barca |
6,7% |
Jorn Rüsen |
33,3% |
Paulo Freire |
11,7% |
Sandra Pelegrini |
5% |
Fonte: Quadro elaborado pela discente (2023)
O quadro acima coloca em evidência seguintes teóricos: Jorn Rüsen, Circe Bittencourt, Paulo Freire, Peter Lee, Auxiliadora Schmidt, Isabel Barca, Durval Albuquerque Jr e Sandra Pelegrini. Destaca-se com nitidez o historiador e filósofo alemão Jorn Rüsen, com uma porcentagem de 33,3% sobre o total de dissertações. É de se acreditar que isso se deve ao fato de esse teórico trabalhar o Ensino de História através do método da Consciência Histórica, temas caros às pesquisas desse gênero.
Ajudou-nos no entendimento dessa terminologia, a seguinte ponderação de Itamar Freitas (2019):
Consciência histórica é um modelo teórico (um tipo ideal) que serve para viabilizar o exame dos modos pelos quais os humanos se relacionam com o tempo, ou seja, os modos pelos quais as pessoas constroem suas identidades (individual e coletiva) e orientam as suas ações para enfrentarem a mudança ou realizarem seus planos de melhoria de vida. Assim, para abranger a diversidade de situações nas quais os humanos mobilizam presente, passado e futuro, Rüsen estabelece teoricamente quatro possibilidades ou quatro “formas” de consciência histórica (consciência de estarem no tempo).
Em termos estritamente estatísticos, além de Rüsen, temos Circe Bittencourt em 13,3% nas produções; em seguida, Lee, Freire e Schmidt em 7,7% das obras. Por fim, encontram-se Barca e Albuquerque Jr, 6,7%, e Pelegrini 5,0% nos trabalhos.
Como resultado da análise, revelou-se que o historiador Jorn Rüsen aparece como maior referência nas obras acadêmicas coletadas. Logo depois, aparece Bittencourt em segundo lugar e adiante surgem Freire, Lee e Schmidt nas produções. Por fim, Barca, Albuquerque e Pelegrini são utilizados em quatro e duas dissertações como referência, respectivamente. Ademais, verifica-se uma razoável proporção entre ambos os gêneros, destacando-se quatro mulheres e quatro homens.
- Conclusão
Nesta pesquisa abordamos os levantamentos das 56 dissertações defendidas ao longo do recorte temporal de 2018 a 2022 do Programa PROFHISTÓRIA/UFS. A partir da escolha de alguns dados essenciais a serem levantados - que caracterizam a produção e seus autores -, analisamos e comparamos as informações de modo que a coleta desses dados contribuiu tanto para a presente dissecação como também para a análise de como esses autores trabalham o Ensino de História nas suas produções.
Cumprimos, assim, os objetivos propostos na pesquisa, dentre os quais constava tanto identificar as obras mencionadas como também analisar os dados levantados. Outro objeto concluindo é o armazenamento desses dados na planilha do Excel para a verificação e confronto das informações ali contidas.
A partir dos resultados desta pesquisa, concluímos que do corpus de 56 dissertações,100% trabalham com o conceito de Alfabetização Histórica nas suas produções acadêmicas.
- Referência bibliográficas
SISTEMA DE BIBLIOTECA UFS. Repositório Institucional UFS. Disponível em: https://ri.ufs.br/. Acesso em: 2022-2023
BIBLIOTECA DIGITAL BRASILEIRA DE TESES E DISSERTAÇÕES. Acesso e visibilidade às teses e dissertações brasileiras. Disponível em: http://www.bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 2022-2023
EDUCAPES. Repositório de Teses e Dissertações. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/redirect?action=about. Acesso em: 2022-2023.
SANTOS, Camila Castelo Pereira; SILVA, Evelly Ledur. A PESQUISA QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO: REFLEXÕES INICIAIS SOBRE OS TIPOS DE PESQUISA, OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS. Santa Catarina: Revista Pedagógica, 2020.
FREITAS, Itamar. Teoria da História em Jorn. Rüsen: sentido e consciência histórica. Resenha Crítica, 2019. Disponível em: https://www.resenhacritica.com.br/todas-as-categorias/teoria-da-historia-em-jorn-rusen-sentido-e-consciencia-historica-itamar-freitas/. Acesso em: 06 ago. 2023.