Metadados do trabalho

Tons Da Língua Indígena Ticuna: Uma Análise Prosódica

Antonio Marcos Feitosa Gomes

Este artigo pesquisa a tipologia fonológica e a prosódia na língua ticuna. O objetivo geral é analisar a prosódia e identificar a tipologia desse idioma. Os objetivos específicos são: mapear em que região é falada a língua indígena e analisar as vogais orais e nasais da língua ticuna, verificar os alofones da língua ticuna  e identificar o mais relevante marcador prosódico na língua ticuna.
A justificativa é compreender os estudos fonológicos sobre os tons de uma língua indígena ainda falada no Brasil, sua relação prosódica, e a influência do PB sobre aquele idioma trazem mudanças de sentido de uma mesma palavra conforme a altura do tom. O referencial teórico, baseou-se numa revisão de literatura em andamento, que coletará dados com esses povos originários no decorrer da investigação. A metodologia consistiu no uso software Praat em que verificou por meio de vídeos de falantes da língua ticuna os tons em enunciados neste idioma. Os resultados mostraram que a língua possui dois níveis fonéticos de altura, alto e baixo. Identificamos os parâmetros fonológicos diferenciados em perguntas “qu” e enunciados declarativos na mudança dos tons nos contornos inicial, médio e final da frase, bem como a existência de alongamentos nas sílabas tónicas médias.

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Como citar este trabalho

GOMES, Antonio Marcos Feitosa. Tons da Língua Indígena Ticuna: Uma Análise Prosódica. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2023 . ISSN: 1982-3657. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/602-tons-da-l%C3%ADngua-ind%C3%ADgena-ticuna-uma-an%C3%A1lise-pros%C3%B3dica. Acesso em: 16 out. 2025.

Tons da Língua Indígena Ticuna: Uma Análise Prosódica

Este trabalho tem como objeto de estudo a prosódia na Língua Ticuna. Trataremos não apenas de aspectos prosódicos, mas também identificar a Tipologia fonológica desta língua. Há poucos estudos sobre esta língua e, por isso, pouca literatura científica que detalhe os estudos prosódicos deste idioma indígena. Sendo assim, buscando ampliar o estudo linguístico da Língua Ticuna, até porque é uma língua falada no Brasil, e por esta razão, justifica-se essa investigação mediante a relevância científica e social no contexto fonológico, especificamente a prosódia e, portanto, seguiu-se o rigor científico na investigação do corpus.

Além disso, trará importantes contribuições futuras não apenas a relevância científica, mas também, a social que poderá auxiliar nos estudos de uma língua falada também no Brasil, com traços latinos, mas, com pouca semelhança com o Português Brasileiro-PB, conforme enfatiza, Soares (1985). É a partir desta especificidade da Língua Ticuna que apesar de ser falada em território nacional, assemelha-se mais com idiomas de origem africana.

Em razão dessas circunstâncias regionais e características prosódicas diferenciadas que justifica a investigação desse idioma falado não apenas no Brasil, mas também no Peru e Colômbia.

No território Brasileiro os falantes deste idioma estão situados na região do Rio Solimões e do Rio Amazonas localizada na parte oeste do Estado do Amazonas. Essa língua indígena é considerada a mais falada no Brasil, conforme, Rodrigues (1993).

 

Os Ticuna (ou Tikuna) são provavelmente o maior grupo de descendentes de uma única tribo que ainda vive no Brasil. O número de pessoas que pertencem a esta tribo é da ordem de 11 . 000, distribuídos em um território de 181.500 km2. Os limites de sua distribuição podem ser estabelecidos entre 2° e so S e entre 66° e 71° O. Há indicações de que, no início do século 17, eles se restringiam à região que circunda o rio Putumayo, na fronteira entre a Colômbia e o Peru . Com a extinção de seus inimigos tradicionais, os Omagua, que resultou da expansão da sociedade néobrasileira, os Ticuna foram ocupando gradualmente o território onde vivem atualmente. (SALZANO; JACQUES; NEEL, p.79)

 

Diante dos dados apresentados por Salzano, Jacques e Neel (1979) justifica-se que essa comunidade indígena possui o idioma indígena mais falado no Brasil.

Logo, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a prosódia e a tipologia da Língua Ticuna. São nossos objetivos específicos: Mapear em que região é falada essa Língua Índigena, analisar as vogais orais e nasais da Língua Ticuna, verificar os alofones da Língua Ticuna e indicar o mais relevante marcador prosódico na Língua Ticuna.

Para alcançar tais objetivos, é necessário fazer uma ampla pesquisa bibliográfica. O método utilizado para a análise da prosódia deste idioma utilizamos o software Praat para fazermos a análise do pitch e assim verificarmos a entonação dos enunciados falado por um indígena falante do Ticuna.

No entanto, devido às dificuldades de deslocamento para gravarmos a fala in locu, utilizamos como referencial enunciados do cotidiano que estão disponíveis em vídeos num canal do youtube em que o próprio indígena explica em português e em seguida fala no idioma ticuma. Foi a partir desses vídeos que fizemos as gravações no Praat e analisamos a prosódia desta Língua.

2 JUSTIFICATIVA

Por que é importante estudar prosódia? Qual a relação do estudo da prosódia para o falante no cotidiano? Quando conversamos, de forma espontânea, em vários dos nossos enunciados há frases declarativas e perguntas, estas últimas podem ser do tipo total e Qu. Isso implica mudanças de sentido nos enunciados sob o prisma da prosódia, que nesta pesquisa defende o conceito de prosódia em conformidade com Barbosa ( 2019) ao afirmar que aos

estudos de prosódia cabe a análise fonética e fonológica das relações entre unidades silábicas, que são a base de constituição de relações  entre unidades superiores, no intuito de moldar um modo de falar para determinado fim. Assim, o estudo da prosódia não considera diretamente o conteúdo segmental, ou o “que se diz”, e sim a forma sonora e sua função ao “como se diz”. (BARBOSA, 2019, p. 20)

 

 O mesmo autor aprofunda sua definição, “confirmando que  a prosódia é o componente de nossa fala que organiza nossos enunciados, que se manifestam acusticamente em unidades prosódicas. Essas, organizam nossa fala em níveis, que vão da sílaba ao enunciado entonacional.”

Diante disso, nossa investigação mostrará a importância de saber a tipologia da Língua em Ticuna, pois isto, muda toda a compreensão do enunciado, como veremos mais adiante.

Portanto, este trabalho tem sua relevância científica para os estudos fonológicos sobre tons de uma língua indígena ainda falada no Brasil, a Língua Ticuna. E por que isso é importante? A resposta para esta pergunta sairá da relação entre a prosódia e a tipologia da língua Ticuna, bem como a influência do PB sobre aquele idioma no sentido mudanças de sentido de uma mesma palavra conforme a altura do tom.

Tal fenômeno fonológico não ocorre no Português Brasileiro – PB, sendo assim, é necessário investigar por que a influência do Português Brasileiro  não descaracterizou a especificidade do idioma Ticuna, que é uma língua tonal. Sendo que ambas as línguas são de origem latinas. Não apenas isso, mas também ela se distingue das demais línguas indígenas no Brasil por ser uma língua isolada, conforme afirma Soares (1995) “os tikunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena.”

 

 

 

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Nossa investigação é uma pesquisa bibliográfica em que procura analisar dentro do rigor científico, por meio de estudos já realizados o que foi já foi apurado sobre o tema em questão. Neste entendimento, Alyrio (2009) confirma que “a pesquisa bibliográfica é o passo inicial na construção efetiva do processo de investigação, quer dizer, após a escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema apontado”. Essa pesquisa faz uma escolha de um método mais apropriado, ao utilizar o software praat, que legitima o caráter científico na análise dos tons em determinados enunciados de uma língua indígena tonal.

No que se refere ao arcabouço teórico nosso trabalho trouxe os teóricos Soares ( 1995) Rodrigues (1993), Lambert (1992) e Montes (2000). Aos quais se dedicam, principalmente nos construtos axiais  no estudo da prosódia e a tipologia da Língua Indígena Ticuna.

Justificamos a opção pela  pesquisa bibliográfica, devido à grande dificuldade de deslocamento para uma pesquisa in locu com falantes indígenas e não encontrar vídeos suficientes e com diálogos entre os falantes do idioma Ticuna que são necessários ao que se propõe a metodologia deste trabalho, como veremos na próxima sessão, procedimentos metodológicos.

Por esta razão, este estudo, pretende inicialmente, contribuir e complementar a literatura dos estudos prosódicos de um idioma tonal. Sendo assim,   para  alcançar os objetivos propostos é necessário apontar as características dessa língua, bem como indicar o campo territorial, situando a Língua nas regiões onde são faladas, a saber, Brasil, Colômbia e Peru.

A priori, vamos definir, sucintamente, o que é prosódia e Tipologia de um idioma. A primeira defendemos o entendimento conforme assevera, Barbosa (2019) em que  a “prosódia é o componente de nossa fala que organiza nossos enunciados, que se manifestam acusticamente em unidades prosódicas. Essas, organizam nossa fala em níveis, que vão da sílaba ao enunciado entonacional.”

A posteriori, além da prosódia, temos na literatura dos estudos fonológicos a concepção da tipologia de uma língua, que se classifica em tonal, entonacional e Pitch-accent. Esta pesquisa faz um recorte e irá analisar uma Língua indígena Ticuna, considerada Língua Tonal, assim definida, segundo Yip (2002) “é todo aquele idioma em que a entonação faz parte da sua estrutura semântica, isto é, uma mesma palavra pode assumir diferentes significados, dependendo do tom de suas sílabas.”

Em seguida, mostraremos as características da Língua Indígena Ticuna, como já dito anteriormente, é uma língua tonal, isolada. É o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros, conforme, Rodrigues (1993). O mesmo autor, assegura que há complexidades peculiares em sua fonologia e sintaxe, além de enfatizar que a característica principal é o uso de diferentes alturas na voz, nosso objeto de estudo.

Igualmente, Montes (2002) também apresenta características no que se refere aos fonemas consoantes da língua Ticuna, conforme indicado no quadro abaixo:

QUADRO 1 – FONEMAS CONSONÂNTICOS DA LÍNGUA TICUNA

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_ticuna

Dessa forma, a autora defende que,

as consoantes oclusivas sonoras são nasalizadas e executadas como [m], [n], [ɳ], [ŋ] quando estão no início de uma sílaba com vogal nasal. Porém, há uma tendência de enfraquecimento da regra de nasalização, de forma que além das sílabas orais e nasais, surgem as sílabas nasais-orais, o que provoca alterações, principalmente no caso do alofone [ŋ] que torna-se um fonema /ŋ/ o qual pode ser seguido por uma oral vogal, característica que era exclusiva das falas ribeirinhas do leste e agora se estende. A substituição da sequência fonológica / k + u / antes das vogais anteriores / e /, / i / e até / a /, por / f /, também avança. (MONTES,2002)

Por outro lado, é necessário mostrar um comparativo na fonologia e na escrita da língua Ticuna em relação ao Português Brasileiro-PB. É o que apresentamos no quadro a seguir:

QUADRO 2: COMPARATIVO FONOLOGIA/ORTOGRAFIA NO PORTUGUÊS/TICUNA

 

Esta pesquisa se propõe apresentar também as vogais da língua Ticuna e indicar quais são nasalizadas e quais são orais, iremos demonstrar didaticamente, conforme os quadros 3 e 4 abaixo:

QUADRO 3: AS VOGAIS DA LÍNGUA TICUNA

 

 

 

 

 

 

Fonte: Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_ticuna

 

 
   

 

QUADRO 4: AS VOGAIS DA LÍNGUA TICUNA

 

 Observando os quadros 3 e 4 respectivamente, é possível afirmar que ocorre a nasalização nas vogais a, i, u. Nota-se também ü [w] uma vogal posterior não labializada. Nesta breve análise, confirma-se o que diz estudos anteriores que na América do Sul os idiomas possuem muita nasalização, a língua Ticuna não é diferente, acreditamos devido ela ter origem em matriz latina.

Finalmente, falaremos sobre os tons da língua Ticuna:

De um lado, Anderson (1959) é contundente que os tons na língua Ticuna possui cinco tons de altura, a saber, alto, médio-alto, médio, médio-baixo e baixo. Ele defende a classificação que atende os parâmetros do IPA. Neste aspecto, concordamos com a classificação de Anderson. Logo, é a que adotamos como referência para as análises no software Praat dos enunciados gravados no canal do Youtube de um Nativo que fala a língua Ticuna.

Por outro lado, Soares (2021) assevera que tal idioma indígena possui uma característica peculiar, dessa forma, esse idioma registra seis níveis fonéticos de altura (alto, médio-alto , médio, médio-baixo, baixo e extra baixo), porém, tal classificação não se sustentou fonologicamente, dessa maneira, ela reduziu os tons fonológicos a dois (alto e baixo).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa inicialmente, procurou fazer o estado da arte, em virtude da localidade onde o pesquisador se encontra e dessa maneira impossibilitou o deslocamento para uma comunidade indígena no Norte do país. Tal deslocamento seria necessário pois iríamos entrevistar falantes nativos falantes da língua Ticuna com perguntas totais e perguntas Qu. Assim, um estudo com prosódia, permite  analisarmos a altura do pitch nos enunciados declarativos e perguntas. Por esta razão a pesquisa, ficou limitada devido a condições orçamentárias para fazermos esse deslocamento e realizarmos as entrevistas.

Posto essa justificativa sobre não realizarmos a pesquisa in locu, vamos ao que realmente podemos apurar para analisar sobre a prosódia do idioma em estudo. Para análise no software Praat, é necessário gravar a fala ou o som.

Nesta pesquisa, devido a limitação já mencionada, utilizamos dois vídeos do youtube, que é um canal chamado Oziel Ticuna. Neste canal, o indígena, ensina como se pergunta qual o seu nome na língua Ticuna, saudações, boas maneiras, nosso recorte para a análise prosódico é o vídeo sobre a pergunta qual o seu nome e o segundo vídeo em que Oziel fala sobre boas maneiras.

Diante desse material selecionamos dois vídeos com perguntas Qu, não foi localizado nenhum vídeo com perguntas totais, então, restringimo-nos a analisar a entoação dos enunciados declarativos em perguntas Qu numa língua tonal, o idioma Ticuna.

Logo que, definimos o método que seria utilizado nesta pesquisa, prosseguimos para a análise de dois vídeos de um indígena falante do ticuna no software Praat, e assim identificarmos os contornos tonais e a sílaba proeminente e constarmos os marcadores prosódicos da língua indígena mais falada no Brasil.

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A análise destacada nos espectogramas desta sessão, começa com a pergunta do vídeo, qual o seu nome?  Posteriormente, analisamos o segundo vídeo no espectograma 2 apresentado logo abaixo, considerando a abordagem de uma língua tonal. E conforme (Scarpa 1976; Cagliari 1981; Morais 1993 e 1997) “a preocupação em descrever a entoação [...]  sendo [...] a atenção centrada sobre o elemento tónico nuclear.”

Diante disso, percebeu-se que ao analisarmos as descrições do contorno inicial da pergunta qual é o seu nome em língua Ticuna? No espectograma 1, o enunciado começa com um tom alto, típico da prosódia do Norte e nordeste, e vai se desenvolvendo para um tonema descendente no contorno final, seguido do principal  marcador prosódico, ü = [w] vogal posterior não labializada, mediada por uma pequena pausa, antes do último contorno da frase, que é baixo. Sendo assim, é possível identificar três tons, nesta pergunta: alto, médio alto e baixo.

Por outro lado, ao confrontarmos o espectograma 2 em relação ao espectograma 1, é necessário salientar que o espectograma 2 temos um enunciado declarativo, sendo assim, verificamos uma outra notação fonológica da prosódia para frases declarativas, neste caso, há um contorno descendente nuclear baixo, que progride para o contorno intermediário prolongado entre a subida inicial e a descida final. Neste ponto, o contorno tonal, torna-se médio e progride para um tom alto.  Portanto, o contorno final no enunciado 2 é médio-alto. Logo, temos neste segundo enunciado, três tons, a saber inicial baixo, médio e o último contorno da frase é alto.

Destarte nos dois exemplos que foram apresentados pode extrair-se que em cada grupo prosódico há pelo menos um padrão tonal ligado a uma sílaba tónica nuclear.

Espectograma 1 – Qual é o seu nome em Língua Ticuna.

Fonte: gravação realizada no software praat pelo próprio autor de um indígena falante do Ticuna.

 

Espectrograma 2 – Boas maneiras: Boa tarde em Língua Ticuna.

Fonte: gravação realizada no software Praat pelo próprio autor de um indígena falante do Ticuna.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 JUSTIFICATIVA

Por que é importante estudar prosódia? Qual a relação do estudo da prosódia para o falante no cotidiano? Quando conversamos, de forma espontânea, em vários dos nossos enunciados há frases declarativas e perguntas, estas últimas podem ser do tipo total e Qu. Isso implica mudanças de sentido nos enunciados sob o prisma da prosódia, que nesta pesquisa defende o conceito de prosódia em conformidade com Barbosa ( 2019) ao afirmar que aos

estudos de prosódia cabe a análise fonética e fonológica das relações entre unidades silábicas, que são a base de constituição de relações  entre unidades superiores, no intuito de moldar um modo de falar para determinado fim. Assim, o estudo da prosódia não considera diretamente o conteúdo segmental, ou o “que se diz”, e sim a forma sonora e sua função ao “como se diz”. (BARBOSA, 2019, p. 20)

 

 O mesmo autor aprofunda sua definição, “confirmando que  a prosódia é o componente de nossa fala que organiza nossos enunciados, que se manifestam acusticamente em unidades prosódicas. Essas, organizam nossa fala em níveis, que vão da sílaba ao enunciado entonacional.”

Diante disso, nossa investigação mostrará a importância de saber a tipologia da Língua em Ticuna, pois isto, muda toda a compreensão do enunciado, como veremos mais adiante.

Portanto, este trabalho tem sua relevância científica para os estudos fonológicos sobre tons de uma língua indígena ainda falada no Brasil, a Língua Ticuna. E por que isso é importante? A resposta para esta pergunta sairá da relação entre a prosódia e a tipologia da língua Ticuna, bem como a influência do PB sobre aquele idioma no sentido mudanças de sentido de uma mesma palavra conforme a altura do tom.

Tal fenômeno fonológico não ocorre no Português Brasileiro – PB, sendo assim, é necessário investigar por que a influência do Português Brasileiro  não descaracterizou a especificidade do idioma Ticuna, que é uma língua tonal. Sendo que ambas as línguas são de origem latinas. Não apenas isso, mas também ela se distingue das demais línguas indígenas no Brasil por ser uma língua isolada, conforme afirma Soares (1995) “os tikunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena.”

 

 

 

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Nossa investigação é uma pesquisa bibliográfica em que procura analisar dentro do rigor científico, por meio de estudos já realizados o que foi já foi apurado sobre o tema em questão. Neste entendimento, Alyrio (2009) confirma que “a pesquisa bibliográfica é o passo inicial na construção efetiva do processo de investigação, quer dizer, após a escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema apontado”. Essa pesquisa faz uma escolha de um método mais apropriado, ao utilizar o software praat, que legitima o caráter científico na análise dos tons em determinados enunciados de uma língua indígena tonal.

No que se refere ao arcabouço teórico nosso trabalho trouxe os teóricos Soares ( 1995) Rodrigues (1993), Lambert (1992) e Montes (2000). Aos quais se dedicam, principalmente nos construtos axiais  no estudo da prosódia e a tipologia da Língua Indígena Ticuna.

Justificamos a opção pela  pesquisa bibliográfica, devido à grande dificuldade de deslocamento para uma pesquisa in locu com falantes indígenas e não encontrar vídeos suficientes e com diálogos entre os falantes do idioma Ticuna que são necessários ao que se propõe a metodologia deste trabalho, como veremos na próxima sessão, procedimentos metodológicos.

Por esta razão, este estudo, pretende inicialmente, contribuir e complementar a literatura dos estudos prosódicos de um idioma tonal. Sendo assim,   para  alcançar os objetivos propostos é necessário apontar as características dessa língua, bem como indicar o campo territorial, situando a Língua nas regiões onde são faladas, a saber, Brasil, Colômbia e Peru.

A priori, vamos definir, sucintamente, o que é prosódia e Tipologia de um idioma. A primeira defendemos o entendimento conforme assevera, Barbosa (2019) em que  a “prosódia é o componente de nossa fala que organiza nossos enunciados, que se manifestam acusticamente em unidades prosódicas. Essas, organizam nossa fala em níveis, que vão da sílaba ao enunciado entonacional.”

A posteriori, além da prosódia, temos na literatura dos estudos fonológicos a concepção da tipologia de uma língua, que se classifica em tonal, entonacional e Pitch-accent. Esta pesquisa faz um recorte e irá analisar uma Língua indígena Ticuna, considerada Língua Tonal, assim definida, segundo Yip (2002) “é todo aquele idioma em que a entonação faz parte da sua estrutura semântica, isto é, uma mesma palavra pode assumir diferentes significados, dependendo do tom de suas sílabas.”

Em seguida, mostraremos as características da Língua Indígena Ticuna, como já dito anteriormente, é uma língua tonal, isolada. É o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros, conforme, Rodrigues (1993). O mesmo autor, assegura que há complexidades peculiares em sua fonologia e sintaxe, além de enfatizar que a característica principal é o uso de diferentes alturas na voz, nosso objeto de estudo.

Igualmente, Montes (2002) também apresenta características no que se refere aos fonemas consoantes da língua Ticuna, conforme indicado no quadro abaixo:

QUADRO 1 – FONEMAS CONSONÂNTICOS DA LÍNGUA TICUNA

 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_ticuna

Dessa forma, a autora defende que,

as consoantes oclusivas sonoras são nasalizadas e executadas como [m], [n], [ɳ], [ŋ] quando estão no início de uma sílaba com vogal nasal. Porém, há uma tendência de enfraquecimento da regra de nasalização, de forma que além das sílabas orais e nasais, surgem as sílabas nasais-orais, o que provoca alterações, principalmente no caso do alofone [ŋ] que torna-se um fonema /ŋ/ o qual pode ser seguido por uma oral vogal, característica que era exclusiva das falas ribeirinhas do leste e agora se estende. A substituição da sequência fonológica / k + u / antes das vogais anteriores / e /, / i / e até / a /, por / f /, também avança. (MONTES,2002)

Por outro lado, é necessário mostrar um comparativo na fonologia e na escrita da língua Ticuna em relação ao Português Brasileiro-PB. É o que apresentamos no quadro a seguir:

QUADRO 2: COMPARATIVO FONOLOGIA/ORTOGRAFIA NO PORTUGUÊS/TICUNA

 

Esta pesquisa se propõe apresentar também as vogais da língua Ticuna e indicar quais são nasalizadas e quais são orais, iremos demonstrar didaticamente, conforme os quadros 3 e 4 abaixo:

QUADRO 3: AS VOGAIS DA LÍNGUA TICUNA

 

 

 

 

 

 

Fonte: Site: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_ticuna

 

 
   

 

QUADRO 4: AS VOGAIS DA LÍNGUA TICUNA

 

 Observando os quadros 3 e 4 respectivamente, é possível afirmar que ocorre a nasalização nas vogais a, i, u. Nota-se também ü [w] uma vogal posterior não labializada. Nesta breve análise, confirma-se o que diz estudos anteriores que na América do Sul os idiomas possuem muita nasalização, a língua Ticuna não é diferente, acreditamos devido ela ter origem em matriz latina.

Finalmente, falaremos sobre os tons da língua Ticuna:

De um lado, Anderson (1959) é contundente que os tons na língua Ticuna possui cinco tons de altura, a saber, alto, médio-alto, médio, médio-baixo e baixo. Ele defende a classificação que atende os parâmetros do IPA. Neste aspecto, concordamos com a classificação de Anderson. Logo, é a que adotamos como referência para as análises no software Praat dos enunciados gravados no canal do Youtube de um Nativo que fala a língua Ticuna.

Por outro lado, Soares (2021) assevera que tal idioma indígena possui uma característica peculiar, dessa forma, esse idioma registra seis níveis fonéticos de altura (alto, médio-alto , médio, médio-baixo, baixo e extra baixo), porém, tal classificação não se sustentou fonologicamente, dessa maneira, ela reduziu os tons fonológicos a dois (alto e baixo).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa inicialmente, procurou fazer o estado da arte, em virtude da localidade onde o pesquisador se encontra e dessa maneira impossibilitou o deslocamento para uma comunidade indígena no Norte do país. Tal deslocamento seria necessário pois iríamos entrevistar falantes nativos falantes da língua Ticuna com perguntas totais e perguntas Qu. Assim, um estudo com prosódia, permite  analisarmos a altura do pitch nos enunciados declarativos e perguntas. Por esta razão a pesquisa, ficou limitada devido a condições orçamentárias para fazermos esse deslocamento e realizarmos as entrevistas.

Posto essa justificativa sobre não realizarmos a pesquisa in locu, vamos ao que realmente podemos apurar para analisar sobre a prosódia do idioma em estudo. Para análise no software Praat, é necessário gravar a fala ou o som.

Nesta pesquisa, devido a limitação já mencionada, utilizamos dois vídeos do youtube, que é um canal chamado Oziel Ticuna. Neste canal, o indígena, ensina como se pergunta qual o seu nome na língua Ticuna, saudações, boas maneiras, nosso recorte para a análise prosódico é o vídeo sobre a pergunta qual o seu nome e o segundo vídeo em que Oziel fala sobre boas maneiras.

Diante desse material selecionamos dois vídeos com perguntas Qu, não foi localizado nenhum vídeo com perguntas totais, então, restringimo-nos a analisar a entoação dos enunciados declarativos em perguntas Qu numa língua tonal, o idioma Ticuna.

Logo que, definimos o método que seria utilizado nesta pesquisa, prosseguimos para a análise de dois vídeos de um indígena falante do ticuna no software Praat, e assim identificarmos os contornos tonais e a sílaba proeminente e constarmos os marcadores prosódicos da língua indígena mais falada no Brasil.

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A análise destacada nos espectogramas desta sessão, começa com a pergunta do vídeo, qual o seu nome?  Posteriormente, analisamos o segundo vídeo no espectograma 2 apresentado logo abaixo, considerando a abordagem de uma língua tonal. E conforme (Scarpa 1976; Cagliari 1981; Morais 1993 e 1997) “a preocupação em descrever a entoação [...]  sendo [...] a atenção centrada sobre o elemento tónico nuclear.”

Diante disso, percebeu-se que ao analisarmos as descrições do contorno inicial da pergunta qual é o seu nome em língua Ticuna? No espectograma 1, o enunciado começa com um tom alto, típico da prosódia do Norte e nordeste, e vai se desenvolvendo para um tonema descendente no contorno final, seguido do principal  marcador prosódico, ü = [w] vogal posterior não labializada, mediada por uma pequena pausa, antes do último contorno da frase, que é baixo. Sendo assim, é possível identificar três tons, nesta pergunta: alto, médio alto e baixo.

Por outro lado, ao confrontarmos o espectograma 2 em relação ao espectograma 1, é necessário salientar que o espectograma 2 temos um enunciado declarativo, sendo assim, verificamos uma outra notação fonológica da prosódia para frases declarativas, neste caso, há um contorno descendente nuclear baixo, que progride para o contorno intermediário prolongado entre a subida inicial e a descida final. Neste ponto, o contorno tonal, torna-se médio e progride para um tom alto.  Portanto, o contorno final no enunciado 2 é médio-alto. Logo, temos neste segundo enunciado, três tons, a saber inicial baixo, médio e o último contorno da frase é alto.

Destarte nos dois exemplos que foram apresentados pode extrair-se que em cada grupo prosódico há pelo menos um padrão tonal ligado a uma sílaba tónica nuclear.

Espectograma 1 – Qual é o seu nome em Língua Ticuna.

Fonte: gravação realizada no software praat pelo próprio autor de um indígena falante do Ticuna.

 

Espectrograma 2 – Boas maneiras: Boa tarde em Língua Ticuna.

Fonte: gravação realizada no software Praat pelo próprio autor de um indígena falante do Ticuna.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 JUSTIFICATIVA

Por que é importante estudar prosódia? Qual a relação do estudo da prosódia para o falante no cotidiano? Quando conversamos, de forma espontânea, em vários dos nossos enunciados há frases declarativas e perguntas, estas últimas podem ser do tipo total e Qu. Isso implica mudanças de sentido nos enunciados sob o prisma da prosódia, que nesta pesquisa defende o conceito de prosódia em conformidade com Barbosa ( 2019) ao afirmar que aos

estudos de prosódia cabe a análise fonética e fonológica das relações entre unidades silábicas, que são a base de constituição de relações  entre unidades superiores, no intuito de moldar um modo de falar para determinado fim. Assim, o estudo da prosódia não considera diretamente o conteúdo segmental, ou o “que se diz”, e sim a forma sonora e sua função ao “como se diz”. (BARBOSA, 2019, p. 20)

 

 O mesmo autor aprofunda sua definição, “confirmando que  a prosódia é o componente de nossa fala que organiza nossos enunciados, que se manifestam acusticamente em unidades prosódicas. Essas, organizam nossa fala em níveis, que vão da sílaba ao enunciado entonacional.”

Diante disso, nossa investigação mostrará a importância de saber a tipologia da Língua em Ticuna, pois isto, muda toda a compreensão do enunciado, como veremos mais adiante.

Portanto, este trabalho tem sua relevância científica para os estudos fonológicos sobre tons de uma língua indígena ainda falada no Brasil, a Língua Ticuna. E por que isso é importante? A resposta para esta pergunta sairá da relação entre a prosódia e a tipologia da língua Ticuna, bem como a influência do PB sobre aquele idioma no sentido mudanças de sentido de uma mesma palavra conforme a altura do tom.

Tal fenômeno fonológico não ocorre no Português Brasileiro – PB, sendo assim, é necessário investigar por que a influência do Português Brasileiro  não descaracterizou a especificidade do idioma Ticuna, que é uma língua tonal. Sendo que ambas as línguas são de origem latinas. Não apenas isso, mas também ela se distingue das demais línguas indígenas no Brasil por ser uma língua isolada, conforme afirma Soares (1995) “os tikunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena.”

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Nossa investigação é uma pesquisa bibliográfica em que procura analisar dentro do rigor científico, por meio de estudos já realizados o que foi já foi apurado sobre o tema em questão. Neste entendimento, Alyrio (2009) confirma que “a pesquisa bibliográfica é o passo inicial na construção efetiva do processo de investigação, quer dizer, após a escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema apontado”. Essa pesquisa faz uma escolha de um método mais apropriado, ao utilizar o software praat, que legitima o caráter científico na análise dos tons em determinados enunciados de uma língua indígena tonal.

No que se refere ao arcabouço teórico nosso trabalho trouxe os teóricos Soares ( 1995) Rodrigues (1993), Lambert (1992) e Montes (2000). Aos quais se dedicam, principalmente nos construtos axiais  no estudo da prosódia e a tipologia da Língua Indígena Ticuna.

Justificamos a opção pela  pesquisa bibliográfica, devido à grande dificuldade de deslocamento para uma pesquisa in locu com falantes indígenas e não encontrar vídeos suficientes e com diálogos entre os falantes do idioma Ticuna que são necessários ao que se propõe a metodologia deste trabalho, como veremos na próxima sessão, procedimentos metodológicos.

Por esta razão, este estudo, pretende inicialmente, contribuir e complementar a literatura dos estudos prosódicos de um idioma tonal. Sendo assim,   para  alcançar os objetivos propostos é necessário apontar as características dessa língua, bem como indicar o campo territorial, situando a Língua nas regiões onde são faladas, a saber, Brasil, Colômbia e Peru.

A priori, vamos definir, sucintamente, o que é prosódia e Tipologia de um idioma. A primeira defendemos o entendimento conforme assevera, Barbosa (2019) em que  a “prosódia é o componente de nossa fala que organiza nossos enunciados, que se manifestam acusticamente em unidades prosódicas. Essas, organizam nossa fala em níveis, que vão da sílaba ao enunciado entonacional.”

A posteriori, além da prosódia, temos na literatura dos estudos fonológicos a concepção da tipologia de uma língua, que se classifica em tonal, entonacional e Pitch-accent. Esta pesquisa faz um recorte e irá analisar uma Língua indígena Ticuna, considerada Língua Tonal, assim definida, segundo Yip (2002) “é todo aquele idioma em que a entonação faz parte da sua estrutura semântica, isto é, uma mesma palavra pode assumir diferentes significados, dependendo do tom de suas sílabas.”

Em seguida, mostraremos as características da Língua Indígena Ticuna, como já dito anteriormente, é uma língua tonal, isolada. É o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros, conforme, Rodrigues (1993). O mesmo autor, assegura que há complexidades peculiares em sua fonologia e sintaxe, além de enfatizar que a característica principal é o uso de diferentes alturas na voz, nosso objeto de estudo.

Igualmente, Montes (2002) também apresenta características no que se refere aos fonemas consoantes da língua Ticuna, conforme indicado no quadro abaixo:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Esta pesquisa tem como propósito inicial analisar a prosódia e identificar a tipologia da Língua indígena Ticuna, cuja principal característica é um idioma de tipologia tonal, no qual uma mesma palavra pode assumir diferentes significados, dependendo do tom de suas sílabas. Neste aspecto conseguimos alcançar os objetivos  propostos e identificarmos os parâmetros fonológico diferenciado em perguntas Qu e enunciados declarativos na mudança do tom de acordo com contornos inicial, médio e final da frase. Bem como, existência de alongamentos nas sílabas tónicas médias.

Nesta investigação procuramos mostrar as contribuições teóricas já estudas e o que podemos acrescentar aos estudos prosódicos dos tons desta língua. Não apenas isto, mas também a contribuição social, que considera a reconstrução do ideário linguístico de uma língua indígena isolada mais falada no território nacional pouco divulgada.

Espera-se com isso, futuros produções de material didático para as escolas, e dessa forma tornar mais acessível aos falantes brasileiros a importância da língua Ticuna para formação não apenas do nosso léxico, mas também nossa cultura e regionalidade, característico dos povos indígenas brasileiros. Além de como  eles relacionam o português PB com a língua nativa. Por fim, as implicações práticas do estudo por meio de análise do falante indígena do idioma Ticuna.

REFERÊNCIAS

ALYRIO, Rovigati Danilo. Métodos e técnicas de pesquisa em administração. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009.

ANDERSON, Lambert. «Ticuna vowels with special regard to the system of five tonemes». Série lingüística especial1. Rio de Janeiro: Publicações do Museu Nacional. pp. 76–119.1959.

BARBOSA, Plínia A. Prosódia. 1ª ed. São Paulo: Parábola, 2019.

MONTES, María Emilia. Fonología del ticuna. In: María Stella González de Pérez. Lenguas indígenas de Colombia. una visión descriptiva. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo. pp. 289–312. ISBN 958-611-083-4.2000.

SALZANO, M. Francisco; JACQUES, Sidia M. Callegari; NEEL, James V. Demografia genética dos índios Ticuna da Amazônia. Acta Amazônica. 1979.

SOARES, Marília Facó. Língua Ticuna (ou Tikuna). Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 14 de outubro de 2021.

TICUNA, Oziel. Boas maneiras. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=12jeI96x1EY. Acesso em 12 de dezembro de 2022.

TICUNA, Oziel. Como é o seu nome? Disponível em https://www.youtube.com/shorts/p2OI-W23UZM. Acesso em 12 de dezembro de 2022.

YIP, moira. tom . Cambridge textbooks in linguistics. cambridge: Cambridge University Press. isbn 0-521-77314-8. isbn 0-521-77445-4.2002.

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