Introdução
As reflexões apresentadas neste texto surgiram da experiência formativa no campo da contação de histórias, a partir das ações de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no âmbito do Programa de Extensão, Observatório de Contação de Histórias em Espaços Etnoformativos da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Vale ressaltar que ao abordar a poética de contar ao encantar também, expressa valor emocional, ancorado na concepção de formação experiencial, defendida por Dominicé (1988), Nóvoa e Finger (1988), Josso (2004), Macedo (2010), entre outros. Compreendo que ao narrar sobre meus processos de formação atrelada à vida “revelam formas e sentidos múltiplos de existencialidades singular-plural, criativa e inventiva do pensar, do agir e do viver junto”. (JOSSO, 2007, p. 413).
Portanto, esta narrativa é embebida de impressões, compreensões e vivencias experienciais dos processos formativos na contação de histórias que me permitiram sair da zona de conforto e experimentar um novo saber-fazer, saber-sentir, saber-escutar, saber-pensar, desaguando no saber Ser no processo de aprender os fundamentos teórico- práticos da arte de contar histórias e assumir o desafio de viver a poética de contar ao encantar.
Desse modo, o texto objetiva refletir acerca da poética de contar ao encantar, no contexto do Observatório de Contação de Histórias/ObCH de uma universidade pública do estado da Bahia, entrelaçado a minha itinerância de contadora de histórias que aprende cotidianamente a arte de contar histórias, como aprendiz incansável na arte da palavra contada. Para fins didáticos, o texto está estruturado da seguinte forma: inicialmente, reflete sobre a formação, como caminhar para si, na arte de viver desdobrando-se na abordagem sobre a formação do contador de histórias, articulada ao processo formativo de si. Em seguida, explicita a origem do ObCH, com inspiração nas ideias de Macedo (2017) sua composição e ações articuladas ao ensino, pesquisa e extensão. Trata, logo após, sobre a arte de contar histórias transversalizada do escutar ao encantar, com foco no processo de contadora de histórias em constantes aprendizagens. Em seguida, versa sobre o poder do encantamento das histórias, tomando como referência estudos de Busatto (2003). E, por fim, apresenta algumas (in)conclusões acerca da poética do contar ao encantar.
FORMAÇÃO - CAMINHAR PARA SI, NA ARTE DE VIVER.
A formação, como caminhar para si na arte de viver, pauta-se em inspirações sobre a formação enquanto fenômeno que se compreende e não se explica, embasada na concepção da formação experiencial, em que a formação também é compreendida a partir do sujeito aprendente (JOSSO, 2004, DOMINICÉ, 1988, NÓVOA E FINGER, 1988, MACEDO, 2010). Em consonância com a concepção de que “a formação é experiencial ou então não é formação [...]” (JOSSO, 2004, p. 48), posso inferir que, ao assumir a responsabilidade no tocante à formação, requer compreender a experiência que nos atravessa com diferentes facetas e, na medida em que se reflete sobre a experiência, esta se constitui como atividade formadora. Assim, a formação pode ser entendida: [...] como o que acontece a partir do mundo/consciência do Ser ao aprender formativamente, isto é, transformando em experiência significativa (intencionada, com explicitada construção de sentidos e significados) acontecimentos, informações e conhecimentos que o envolvem. (MACEDO, 2010, p. 29).
A formação é entendida como atividade consciente do sujeito que aprende em situações, acontecimentos, que mobiliza e aciona saberes e conhecimentos que formam, na medida em que acontecem interações consigo mesmo e com os outros. Portanto, “a formação é inevitavelmente um trabalho reflexivo sobre os percursos da vida [...].” (NOVOÁ; FINGER, 1988, p. 116). Nesses termos, inspirada em Macedo (2010), a formação passa necessariamente pelo crivo da criticidade radicalmente democrática, por pontos de vista sobre o que é formativo.
A noção de formação surge na língua alemã, com profunda complexidade, Bildung (formação), no final do século XVIII, “um conceito de alta complexidade, com extensa aplicação nos campos educacional e da cultura, além de ser indispensável nas reflexões sobre o homem e a humanidade, a ética, a criação, a sociedade e o estado” (MACEDO, 2006, p. 151). No contexto da língua portuguesa, o termo formação contempla desse modo, diversos sentidos, bem como significados e significantes ampliam-se e aproximam-se da língua alemã.
O sentido da formação é pessoal e relacional, pois implica afirmar que toda formação é autoformação e heteroformação. Nesse sentido, trata-se da busca de sentidos como essência nessa arte de viver, tão viva e multifacetada, na relação com o mundo e com os outros. Pensar a narrativa de formação no contexto implicacional consiste em “recordações consideradas pelos narradores como experiências significativas de aprendizagens [...].” (JOSSO, 2004, p. 47).
As experiências formadoras “implica uma articulação conscientemente elaborada entre atividade, sensibilidade, afetividade e ideação”. (JOSSO, 2004, p. 48). A formação, nessa perspectiva, está entremeada por caminhos que estão prenhes de escolhas, saberes, afetividades, decisões, sensibilidades, opacidades, obscuridades entrelaçadas à vida do sujeito em formação.
O retornar/voltar-se para si, ou seja, o caminhar para si, nesse sentido, também envolve um complexo tecido sociocultural atrelado a nossa existência, a nossa condição humana, no convívio com as incertezas e as incompletudes implicadas nas experiências formadoras, vivenciadas na família, nos grupos sociais e nos espaços formais e informais.
Desse modo, conforme Pineau (2003), a compreensão de experiência implica no contato direto, íntimo mesmo com um reencontro, e, ao mesmo tempo, com um choque de identidades e de pluri realidades, com alteração de estados anteriores. A experiência é entendida então como uma [...] “confrontação com qualquer coisa nova para a pessoa, como ruptura no curso habitual das coisas”. (CAVACO, 2009, p. 23).
Portanto, a experiência é formativa na medida em nos transpassa no sentido de nos tocar, nos afeta e nos altera, enquanto sujeitos aprendentes nos processos experienciais ao longo da vida, na dinâmica implicacional, a partir das relações conosco e com o mundo. A formação ou a teoria da formação exprime desafios e possibilidades tanto epistemológicos quanto práticos, pois, é notório e reconhecido os diversos estudos e pesquisas no campo da formação no âmbito educacional.
Nos cursos de licenciatura, a formação constitui-se em uma pauta cotidiana, embebida de intencionalidades, concepções, perspectivas, epistemologias diversas, ancoradas nas especificidades de cada curso e também das políticas de formação, tanto na dimensão do instituído quanto do instituinte.
Ademais, as concepções e compreensões em torno da formação estão sustentadas e implicadas nos modelos de formação, assim, constata-se que muitos cursos de formação de professores ainda estão ancorados no modelo da racionalidade técnica, os quais se constituem na base do sistema produtivo capitalista, ao instituir uma forma de pensar e agir sobre o sujeito no mundo da produção e consumo presente nesse sistema. Nesse modelo, os professores são meramente restringidos a técnicos, responsáveis pela aplicação ou transmissão dos conhecimentos científicos, estes produzidos por sujeitos ditos mais qualificados. (GARCIA, 1999).
Importa, por isso, sublinhar que os tempos são outros e tal modelo se revela como incapaz de responder às novas demandas e necessidades educativas de sujeitos aprendentes, de saberes outros e, portanto, os processos formativos não se restringem apenas a um modelo, pelo contrário, as necessidades educativas encontram-se atrelada a aspectos concernentes à formação e/ou transformação dos sujeitos nas relações permeadas pela diversidade. Nessa perspectiva, sobressaem as ambivalências, opacidades, obscuridades, resistências presentes em todo processo de formação.
Nesse sentido, inspirada nos argumentos de Dominicé (2012), compreendo que a formação de professores não se limita a diplomas, programas e leis, mas que a experiência com as histórias de vida conta sempre como a formação se praticou no corpo a corpo com a vida. Josso (2004) compreende e teoriza sobre a formação experiencial, como um dos conceitos-chave das Histórias de Vida em Formação.
Assim, a narrativa que sustenta a metodologia das Histórias de vida em Formação deixa aflorar a singularidade e, assim, enxergar os tentáculos universais, perceber o caráter processual da formação e da vida, implicando tempos, espaços, experiências, diversas dimensões de nós mesmos, em busca de abrir perspectivas concretas e históricas de uma formação encharcada de sentidos e sabedoria[...] a história de vida restaura também a multiplicidade das facetas da vida, devolvendo a tomada de forma desta vida, o que lhe pertence de pleno direito, notadamente os valores de referência, a cultura e suas diferentes modalidades de expressão, a ética com suas recusas e suas escolhas. (DOMINICÉ, 2012, p. 33).
Seguindo essa perspectiva, a formação, sustentada pela história de vida, possibilita saber de nós, das nossas potencialidades, fragilidades. Forja, assim, a abertura para pensar a responsabilidade e o compromisso conosco e para com os outros, conhecimento indispensável para a formação de si, do caminhar para si, na arte de viver. É bom ressaltar que caminhar para si significa caminhar para a singularidade do sujeito, para autorizar-se a ser autor de si.
A construção da narrativa do vivido, experienciado, abre-se para brechas sobre a construção ou a constituição da formação do sujeito, ao considerar de forma profunda os processos pelos quais as pessoas se formam, como a referida autora destaca: “permite cada um caminhar para si e tornar-se formador”. (JOSSO, 2004, p.45).
FORMAÇÃO DO(A) CONTADOR (A) DE HISTÓRIAS
Passo a refletir sobre a formação do Contador(a) de Histórias, a partir das minhas impressões, estudos e experiências formativas neste campo, na condição de aprendente e apaixonada pela arte da narrativa oral, na qual a história africana de tradição oral assume lugar de destaque, uma vez que “os primeiros arquivos ou bibliotecas do mundo foram e ainda são os cérebros dos homens”. (HAMPATÉ BÂ, 1982, p. 181).
Assim, considero a oralidade um dos principais fundamentos na formação do(a) contador(a) de histórias. Em termos formativos, posso afirmar que a formação do(a) contador(a) de histórias, o desenvolvimento e valorização da oralidade constituem-se em uma prática social interativa, para fins comunicativos. (MARCUSCHI, 2005, p. 25)
[...] as nossas avós, as nossas babás, as velhas inesquecíveis contadoras de histórias que, no longo desfiar dos anos, encantaram a infância em suas narrativas mágicas e fantasiosas revelaram-se extraordinárias em sua arte e, no entanto, (direis certamente) nunca ouviram cursos, jamais consultaram os compêndios de Câmara Cascudo [...] (TAHAN, 1961, p.07).
As narrativas dessas contadoras de histórias que ainda povoam a nossa memória confirmam que o contador de histórias é ancestral, uma vez que estão nas memórias de muitas gerações.
A formação do(a) contador(a) de histórias é, pois, um processo artesanal e experiencial, “a experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram todos os narradores”. (BENJAMIN, 1994, p. 2). Esses bebem das tradições, das diversidades culturais, das próprias experiências interativas e, sem sombra de dúvidas, das histórias que ouviram de seus mestres:
E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se temos presentes esses dois grupos. "Quem viaja tem muito que contar", diz o povo, e com isso imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias e tradições. Se quisermos concretizar esses dois grupos através dos seus representantes arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro pelo marinheiro comerciante. (BENJAMIN, 1994, p. 2).
Desse modo, os contadores arcaicos, viajantes e camponeses, evidenciados por Benjamin (1994), propagaram as narrativas ao revelar o ato de comunicar, o poder da oralidade, ao envolver o ouvinte mediante a palavra grávida de emoções, memórias e perpetuar a cultura e a história, ao tecer os fios temporais e processuais articulados à vida
Na tradição africana, a figura do contador de histórias é carregada de diversas distinções, conforme a cultura que representam. Ademais, suas funções e prestígios sociais se modificam a partir dos conhecimentos e vivencias, dos ensinamentos que foram transmitidos pelos ancestrais. Por isso, a expressão griots, originariamente francesa, significa “guardiões da memória”, os responsáveis pela transmissão dos conhecimentos e sabedorias, pela preservação da palavra que ainda se fazem presente entre as nações modernas.
É necessário destacar que “fundada na iniciação e na experiência, a tradição oral conduz o homem à sua totalidade e, em virtude disso, pode-se dizer que contribuem para criar um tipo de homem particular, para esculpir a alma africana”. (HAMPATÉ BÂ, 1982, p.183)
O segredo do poder da influência [...] reside no conhecimento que têm da genealogia e da história das famílias. Alguns deles chegaram a fazer desse conhecimento uma verdadeira especialização. Os griots dessa categoria raramente pertencem a uma família e viajam pelo país em busca de informações históricas cada vez mais extensas. [...] O homem que viaja descobre e vive outras iniciações, registra diferenças e semelhanças, alarga o campo da sua compreensão. (HAMPATÉ-BÂ, 1982, p.205).
Essas viagens dos griots ancestrais contribuíram para a propagação das histórias, pelos diferentes continentes. Conforme Hampaté Bâ (1982), a oralidade antecede à escrita, no decorrer dos séculos e, também, no próprio indivíduo. Para o autor, “os primeiros arquivos ou bibliotecas foram os cérebros dos homens”. (HAMPATÉ BÂ, 1982, p.181) e com isso, nas sociedades orais, não só a memória é mais desenvolvida, como também o elo entre o homem e a palavra proferida é mais forte, tem mais comprometimento, pois a palavra é o “testemunho daquilo que ele é”. (HAMPATÉ BÂ, 1982, p.182).
Desse modo, a formação do contador de histórias começa pelo estudo e valorização das histórias de tradição, a valoração da palavra sagrada, encantada, a palavra carregada de segredos e mistérios.
Nesse sentido, “a narração é uma faculdade de intercambiar experiências”, (BENJAMIN, 1994, p. 215), pois conserva e renova o velho, também, resgata memórias, lembranças de uma dimensão coletiva, das histórias dos povos, da humanidade. As dimensões experiencial e artesanal estão presentes na narração do contador.
A formação do(a) contador(a) de histórias abrange o artesanal, uma vez que a narrativa é aprimorada no trabalho, quando mestres e aprendizes se unem, agregando a elas os gestos apreendidos e sustentados pela experiência do trabalho. Ao passo que “o narrador colhe o que narra na experiência própria ou relatada. E transforma isso outra vez em experiência dos que ouvem a sua história”. (BENJAMIN, 1994, p.60). Na perspectiva da experiência, a formação é vivenciada nessa via de mão dupla, contar e ouvir as histórias. Ao reconhecer que cada vez que se conta a história, conta-se de forma diferente.
Outro fundamento teórico-prático na formação do(a) contador(a) de histórias refere-se à implicação com a narrativa, isto é, a história que nos escolhe por motivos inimagináveis, ao tocar na alma, no inconsciente, “nos liga ao indizível e traz respostas as nossas inquietações” (BUSATTO, 2003, p. 9). Isto significa compreender a implicação com a palavra contada.
A implicação é um conceito que emerge dos estudos sobre a análise institucional, considero a implicação prenhe de sentidos no ato de narrar histórias e, desse modo à implicação constitui-se como um dos fundamentos epistemológicos no processo de formação de contadores(as) de histórias com base nos argumentos de Macedo (2015), principalmente, por configurar um potente arsenal de reflexão sobre as histórias contadas e vividas.
Pensar acerca da formação do(a) contador(a) de histórias também possibilita fomentar as bases epistemológicas da estética da recepção literária, a qual compreende o esqueleto, os músculos e o coração da história. As estruturas das histórias estão na relação direta com o corpo. O esqueleto consiste em ser rígido, mesmo que as possibilidades de flexões estejam presentes nas articulações.
Quanto aos músculos da história referem-se às imagens criadas para desenvolver sua trama, constitui-se um dos fundamentos imprescindíveis no processo formativo do(a) contador(a) de histórias. E o coração, trata-se das emoções que tocam o coração de quem conta e de quem a escuta.
Outro fundamento epistemológico indispensável na formação do(a) contador(a) de histórias diz respeito ao tripé do(a) contador(a) de histórias, a saber: a voz, o corpo e o olhar. A articulação da voz, do corpo e do olhar nutrem o imaginário de quem escuta a história, e também de quem a conta. Nesse sentido, a imagem alimenta o processo criativo da imaginação. Busatto (2003) compreende que na narração oral existem três categorias de imagens, a saber: imagens verbais, sonoras e corporais.
Chamo de imagem verbal a paisagem que se forma, nesse caso, na mente do contador de histórias, a partir de um texto dado e, ao ser verbalizada, se transforma em imagens para o ouvinte e provoca um estado de espírito que desperta emoções. [...] Já as imagens sonoras são pequenos recursos poéticos de encantamento, pingos de deleite para os ouvidos do espectador da história narrada. [...] paisagens sonoras nítidas que falam à vida da alma. [...] as imagens corporais, aquilo que é desenhado pelo corpo maleável do narrador. (BUSATTO, 2003, p. 112).
Assim, essas imagens acessam nossa memória afetiva, a qual consiste em revelar e reviver sensações que em algum momento nós vivemos, portanto, a memória afetiva, também chamada de memória emocional, constitui-se em um potente dispositivo de acionar sentimentos experimentados por nós.
As histórias carregam em sua essência sentidos e significados ancorados no contexto histórico social. Conforme Busatto (2003), o(a) contador(a) de histórias, ao verbalizar um texto dado, o transforma em imagens para o ouvinte e provoca um estado de espírito que desperta emoções.
É a partir da memória afetiva que deixamos fluir o(a) contador(a) que mora em cada um de nós. Além de possibilitar o diálogo profícuo com a diversidade, a subjetividade e com nós mesmos, as histórias mexem, curam e tocam cada um de forma diferente, revelando que os processos formativos do(a) contador(a) de histórias pode constituir-se em conhecimento de si e/ou em processo de (trans)formação de nós nas relações com nós mesmos ou com os outros.
Assim, a formação do(a) contador(a) de histórias é constituída também de singularidades, particularidades e processos criativos, capazes de alterar posicionamentos e modos de enxergar a si mesmo e ao mundo. Desse modo, cabe perguntar como se constitui o(a) contador(a) de histórias?
O processo de constituição de contador(a) de histórias implica pensar na minha itinerância formativa nesse campo, como inacabada, marcada por diversos desafios e, sem sombra de dúvidas, um voltar para si, encontrar minha identidade, construindo uma maneira própria de contar.
Estava arraigada em mim, a ideia de que um dia poderia vir a ser uma contadora de histórias. Muitas outras ideias foram caindo por terra, no momento em que deixei aflorar meus desejos e possibilidades para iniciar o processo de formação de contadora de histórias. Isso foi exatamente em 2014. A professora Luciene Souza, doutora em Contação de Histórias, estava ofertando um curso de extensão intitulado: Formação de contadores de Histórias: conta comigo! Naquele momento, decidi fazê-lo, com anuência da professora, uma vez que o mesmo era para estudantes dos cursos de Licenciatura da Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS.
Quando ouvi pela primeira vez que “em cada um de nós habita um(a) contador(a) de histórias” (SANTOS, 2014, s/p), despertou-me uma curiosidade e um desejo de destrancar as portas trancadas dentro de mim. Ademais, muitas das histórias contadas me comoviam, parecia que muitas delas se encontravam tão presentes e vivas, como por exemplo, a história da “Menina enterrada viva” - versão do Câmara Cascudo (2004, p. 302-203), cartografada como contos maravilhosos ou de encantamento.
Essa versão foi contada por Benvenuta de Araújo, em Natal, Rio Grande do Norte. Cascudo (2004), ainda destaca que é a versão brasileira do “figuinho da figueira”, muito popular em Portugal, a qual foi colhida por Teófilo Braga, no Algarve, nº 27. Conforme Cascudo (2004), o verso da cantiga da Menina enterrada Viva, em Português: “não me arranquem os meus cabelos. Que minha mãe os criou, minha madrasta me enterrou pelo figo da figueira”. (CASCUDO, 2004, p. 303).
Essa história me afetou profundamente, fui capaz de ouvir os sons do silêncio. O canto da menina, o pedido de socorro provocou tantos sentimentos. Eu podia sentir e ver a ternura daquela menina. Tudo isso me transportou para o mundo das minhas memórias da infância e adolescência. Tudo era muito mágico.
Pude ouvir outra versão, contada pelo Marco Haurélio (2019), a qual se encontra no seu livro Contos Folclóricos do Brasil (2010, p. 64), com o título Maria Borralheira, Versão contada por Valdir Fernandes Faria e Jacinto Faria Guedes- Serra do Ramalho, Bahia.
As duas versões das histórias de encantamento revelam aspectos culturais, históricos e, também, aspectos filosóficos que contam muito sobre as raízes das narrativas orais e suas versões que correram e que ainda correm o mundo. Com os efeitos de sentidos que essas duas versões provocaram, acesso a memória de outras histórias, canções e também, emoções e afetos. As descobertas não paravam de acontecer, todas às quartas-feiras, à tarde, horário do curso, eram regadas de muitos afetos e sentidos, pairava no ar uma atmosfera agradabilíssima.
Uma premissa fundante para o(a) contador(a) de história, conforme os fundamentos teórico-práticos do(a) contador(a) referem-se ao saber escutar, “para ser um bom contador de histórias, é necessário saber escutar”. (SANTOS, 2014, S/P). Aprender a escutar pelos poros me permitiu fazer deslocamentos, aproximações, distanciamentos reelaborar, construir, desconstruir. Para mim, escutar histórias, ultrapassa, extrapola os sentidos: audição, tato, olfato, paladar. A escuta sensível integra o ser em sua inteireza.
Fui descobrindo a minha identidade de contadora no ato de contar histórias, e uma pergunta passou a surgir em minha experiência, a saber: qual o papel do(a) contador(a) de histórias?
Embasada em estudos e pesquisas no campo da contação, verifico que é diversificado e amplo o poder das narrativas na nossa existência. Portanto, acredito que um dos papeis do(a) contador(a) de histórias é não deixar a arte de narrar morrer, sobretudo, porque o(a) contador(a) educa, por meio das narrativas orais, pautadas na tradição embebida de sabedoria, encantamento e ensinamentos. Assim, o(a) contador(a) de histórias, conforme Hampaté Bâ (1982), são guardiões da palavra que constroem e reconstroem, por meio das narrativas, imagens e ensinam questões socioculturais de um povo.
Compreendo que contar histórias é mesmo uma arte sem idade e, quando ela for efetivada a favor do(a) professor(a), tanto a sua relação afetiva com o seu estudante se estreita, quanto os processos de ensino e aprendizagem se desenvolvem pela via da sensibilidade e da ludicidade.
A criança e o adulto, o rico e o pobre, o sábio e o ignorante, todos, enfim, ouvem com prazer as histórias- uma vez que essas histórias sejam interessantes, tenham vida e possam cativar a atenção. A história narrada, lida, filmada ou dramatizada circula em todos os meridianos, vive em todos os climas, não existe povo algum que não se orgulhe de suas histórias, de suas lendas e seus contos característicos. (TAHAN, 1996, p.16)
Inspirada nas ideias de Matos (2005), os chamados “gente das maravilhas” estão vivendo um momento em que os corações e os ouvidos estão mais que abertos para o mundo mágico e poético, o protagonismo em contar histórias de homens e mulheres cada vez mais evidencia a abertura para o encantamento, para a fantasia e o imaginário por meio das histórias. “Assim, cuidam para que o bem maior dos seres humanos, a capacidade para se humanizar, não se perca”. (MATOS, 2005, p. 02).
Portanto, a formação do(a) contador(a) de histórias no mundo contemporâneo expressa outro movimento em que o encantamento, o poético e os fundamentos teórico-prático se articulam com o legado dos(as) contadores(as) de histórias, ao longo da história (do tempo) considerando as contribuições dos(as) contadores(as), no que que diz respeito às narrativas orais por meio das histórias, causos, fábulas, músicas, contos, performances, ou seja, na voz falada, contada e cantada, no cenário das artes.
A palavra torna-se para o(a) contador(a) e sua formação uma dimensão fundante. Para contadores(as) a palavra assume um caráter sagrado, para outros a palavra é nutritiva ou alimento substancial, ou ainda prazerosa, multicolorida, viva, transformadora, criativa, revigorante, intensa, curadora, motivadora ou desmotivadora.
Dessa forma, a arte de contar tem formas muito próprias e singulares de quem narra, as histórias nos escolhem, porque de alguma forma nos identificamos com algo que se encontra no nosso íntimo e muitas vezes a história fala de nós e para nós. Nessa experiência, foi possível perceber o elo entre as histórias e a formação, “o caminhar para si” por meio da memória ao puxar os fios das histórias que, muitas vezes, narram a nossa história de vida.
OBSERVATÓRIO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS EM ESPAÇOS ETNOFORMATIVOS
O observatório de Contação de História em espaços Etnoformativos constitui um potente dispositivo formativo, no âmbito da expressão e criação da palavra falada e cantada das narrativas orais. A origem do observatório emerge de uma experiência de ensino e extensão, a qual foi pensada a partir da ofertar um curso de extensão e em seguida do componente curricular optativo: Formação de Contação de Histórias: conta comigo!(EDU 925) de alcance multidisciplinar e educativo contribuindo no processo de formação dos licenciandos dos cursos de Licenciatura da Universidade Estadual de Feira de Santana na arte de contar histórias, em meados de 2014.
A partir dessa experiência formativa e, também, educativa surgiram alguns questionamentos, a saber: o que fazer com os estudantes que terminaram o componente curricular e querem continuar a formação de contadores(as) de histórias? Como se constitui um(a) contador(a) de histórias? Em que medida os contos de tradição oral contribuem para a formação do(a) contador(a) de histórias? O interesse crescente dos estudantes em continuar aprendendo sobre as narrativas de tradição oral desencadeou ações articuladas ao ensino, extensão e pesquisa, enfatizando os processos de formação do(a) contador(a) de histórias.
Com base nesses questionamentos, foi gestado o Observatório de Contação de Histórias, (ObCH) com a intenção de desenvolver práxis de contação de histórias e desenvolvimento de pesquisa em espaçostempos que ultrapassam e superam os muros da universidade, no tocante aos saberes culturais e políticos que constituem os espaços etnoformativos. A compreensão de observatório está ancorada nos estudos e pesquisas de Macedo (2013), ao entendê-lo como um potente analisador da práxis curricular formativa. Assim, o ObCH, inspira-se na perspectiva de lugar fecundo para Etnopesquisa-formação.
A ideia de observatório de contação de histórias em espaços etnoformativos está pautada nos estudos de Macedo (2007), o qual o compreende como um ato de currículo potente, pensado para ressignificar ou reorganizar a formação, enquanto processo dialético e dialógico em que ensinar e aprender consiste no desenvolvimento de práticas que envolvem observação, pesquisa, participação e/ou produção em distintos espaços etnoformativos.
Lugares onde se filtram e se criam saberes implicados sobre o que seria relevante para um currículo e para os processos formativos, os observatórios de currículo e formação podem se constituir num repositório de ideias e proposições curriculares e formativas capazes de nutrira escola ou qualquer organização educacional com informações que podem ser apropriadas, tanto para suas ações curriculares quanto para as pesquisas interessadas em reelaborar compreensiva e propositivamente uma Etnopesquisa-formação. (MACEDO, 2013, p. 147)
O ObCH configura-se como espaço e tempo de reflexão, de criação e expressão da palavra falada, contada e cantada na produção de sentidos, bem como o cultivo de saberes e pesquisas sobre o campo das poéticas orais. Desse modo, o ObCH torna-se um guarda-chuva de ações de ensino, de extensão e pesquisa tendo como centralidade as narrativas orais.
O Observatório de Contação de Histórias foi aprovado na Câmara de Extensão, como Programa, conforme resolução Nº 123/2017. Nesse sentido, é uma ação de extensão que tem como objetivo profissionalizar contadores(as) de histórias os residentes da UEFS/Bahia e, ao mesmo tempo, formar interessados na arte da narração oral para que possam desdobrar esse ofício na formação de outros sujeitos, tanto na ação artística quanto na formação e na pesquisa.
Desse modo, o referido Programa empreende dois Projetos de Extensão o qual trata da constituição de um grupo de contadores(as) de histórias formado por estudantes da graduação e membros da comunidade interna e externa da universidade, que já fizeram o curso de extensão na área ou a disciplina optativa EDU 925- Formação de Contadores de Histórias: Conta Comigo! O objetivo é desdobrar a arte de contar histórias na formação de outros interessados, tanto na ação de artística quanto na pesquisa sobre o tema em espaços Etnoformativos. Buscamos profissionalizar esses residentes para que possam se sustentar, por meio do ofício da narração oral, mediante aprendizagens colaborativas, conceito oriundo das tecnologias que tão bem se articulam com essa arte e, também, ampliem conhecimentos necessários para o crescimento pessoal e profissional desse grupo de narradores da palavra oral.
Outro projeto de extensão Ateliê de Narração Oral - Dois Passarinhos: Esse projeto cuida da formação de um grupo de crianças na faixa etária dos 07 aos 12 anos, oriundas do Centro de Educação Básica da (CEB) do município de Feira de Santana, Bahia, que desejam narrar oralmente. Esse grupo atua na Brinquedoteca da UEFS e em espaços etnoformativos, como disseminadores da formação de plateia, da cultura popular e do interesse pelo mundo literário.
E a pesquisa Cacimba de Histórias: Vidas e Saberes dos(as) Contadores(as) de Histórias Tradicionais de Cidades do Interior da Bahia: esta pesquisa tem como objetivo investigar e dar visibilidade a narradores orais tradicionais que se encontrem no interior da Bahia (Portal do Sertão e Litoral Sul), reconstituindo as suas histórias de vida e de formação como contadores(as) de histórias e, também, registrar seus repertórios, disponibilizando-os por meio de um repositório que se configure em conteúdo aberto na rede.
Por conseguinte, o ObCH, caracteriza-se como espaço-tempo formativo de pesquisa-formação, produção e práticas de contação de histórias em espaços etnoformativos (creches, sindicatos, associações, centro de cultura e arte, hospitais, comunidades rurais, quilombolas, ribeirinhas, entre outros) que busca formar um grupo de narradores da palavra oral, por meio da aprendizagem colaborativa, desdobrando-se na arte de contar histórias, na ação artística, estética e ética, e nos aprofundamentos teórico-metodológicos acerca da contação de histórias, no contexto do processo formativo.
Desse modo, o ObCH fomenta a arte de narrar, enquanto dimensão artística, estética e ética, constitutiva na potência das histórias que se vinculam ao imaginário popular e, ao mesmo tempo, à memória coletiva, às narrativas que constituem e também são constituídas, como nossa reserva simbólica. O ObCH institui uma ação colaborativa em espaços etnoformativos ao valorizar a narração oral como dispositivo de formação e, ao mesmo tempo, articula-se com a compreensão de formação que, conforme Macedo (2011) se constitui como “fenômeno que se realiza em meio às ações curriculares e na emergência valorada de aprendizagens significativas [...]”. (MACEDO, 2011, p. 15-16).
A formação do(a) contador(a) de histórias possibilita a produção de sentidos para a vida. Nessa perspectiva, a formação é entendida como experiência aprendente que se dá no sujeito em formação. As rodas de contação, estudo das histórias, definição de repertório, são umas das diversas atividades que são desenvolvidas. Essas atividades, oficinas, ateliês, tertúlias literárias, rodas de contação, mostras performáticas, entre outras são mediadas por duas professoras responsáveis pelo Observatório e contam ainda com a colaboração de outros profissionais, a exemplo da professora do Curso de Licenciatura em Música, colaboradora com a inserção da música nas práticas de contação de histórias. E, também, conta com a presença de outros contadores de histórias, para que os envolvidos compreendam que há vários modos de emprestar a voz ás narrativas tradicionais.
O observatório ainda tem a parceria da coordenadora da brinquedoteca da UEFS/BA que apresenta aos interlocutores-estudantes o universo lúdico dos brinquedos e brincadeiras, capazes de adentrar o espaço do brincante e acrescer o potencial das histórias narradas pelos envolvidos.
Contar histórias é mesmo uma arte sem idade e, quando aliada à práxis do professor ou professora, tanto a sua relação afetiva com o estudante se estreita quanto os processos de ensino e aprendizagem desenvolvem a convivência social e se aproximam dos saberes da vida.
A formação do(a) contador(a) de histórias é constituída também de singularidades, particularidades e processos criativos capazes de alterar posicionamentos e modos de enxergar a si mesmo e ao mundo.
A arte de contar histórias, no contexto do Programa de Extensão Observatório de Contação de Histórias em Espaços Etnoformativos, tem revelado as potencialidades artísticas dos nossos estudantes residentes e também a valoração em manter vivo o conto de tradição oral. Com as atividades desenvolvidas, os estudantes superam a timidez, tornam-se mais confiantes e altivos, além de mais afetivos e sensíveis.
Nesse sentido, a formação do(a) contador(a) de histórias começa pelo estudo e valorização das histórias de tradição, a valoração da palavra sagrada, encantada, a palavra carregada de segredos e mistérios.
Estamos e somos sujeitos em constantes processos intercríticos, porque, na relação com o outro, se possibilita “[...] alteração, isto é, o que implica a transformação em face da presença de um Ser singular na presença de outro Ser singular; a possibilidade de ser um outro” (MACEDO, 2010, p. 57). Penso esse fenômeno como autoral, posto que o sujeito narra, ao longo da sua vida, sua história formativa recheada de ambivalências e tensões. Entretanto, ele narra, à sua maneira, sua obra construída na singularidade do processo ininterrupto de situações inusitadas, expressando suas particularidades. Por isso a torna diferenciada.
A contação de histórias põe em evidência o conhecer a história dos sujeitos em formação, professor(a) e estudante, assim como o contexto em que estes vivem os processos formativos, acreditando-se, assim, poder pensar, a partir deles, a valorização de suas singularidades, tornando possível tratá-los de um modo diferente, no sentido de compreender os processos por meio dos quais professor e estudante se formam.
A minha experiência no Programa de Extensão Observatório de Contação de Histórias na universidade tem me ensinado sobre a arte de contar histórias, mas, sobretudo, me possibilita criar laços afetivos de respeito, compromisso, admiração e sentimento de pertencimento com cada membro do Observatório de Contação de Histórias.
Diante desse conjunto de percepções, aprendizagens e implicações vivenciadas no Observatório de Contação de Histórias, abro-me para as mais variadas formas inventivas de lidar com o desconhecido e, ao mesmo tempo com o já conhecido.
Nos encontros, nas rodas de histórias, nas oficinas e na ampliação de estudo de repertório de narrativas, efetivam-se relações outras e também aprendizagens outras. Portanto, vivenciar e saborear as atividades formativas no Observatório de Contação de Histórias faz-me repensar a práxis educativa, bem como repensar a vida, por meio das histórias e, nesse sentido, direcionar o olhar mais atencioso, cuidadoso e recheado de afetos, mediante a abertura para perceber o que as histórias nos dizem e que efeitos de sentidos que elas provocam em nossa essência. Enfim, as histórias nos tocam, nos educam nos marcam quanto às transformações que ocorrem durante o processo de aprofundamento da profissionalização artística e humana.
MARIA CLÁUDIA SILVA DO CARMO
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6393-4893
Possui doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente é professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais - PROFCIAMB/UEFS. Membro do Grupo FORMARSER - Grupo de Pesquisa sobre Currículo e Formação do Ser em Aprendizagens no Departamento de Educação (UEFS). E vice- coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Poéticas Orais/UEFS. É membro do Grupo de Pesquisa FORMACCE em Aberto /FACED/UFBA
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