Metadados do trabalho

O Intencional E O Convencional De Um Discurso: Esboços Para Uma Linguística Vigotskiana

Jameson Thiago Farias Silva

O presente artigo objetiva dar contribuições aos temas da relação pensamento-linguagem e da relação pensamento-comunicação tomando como ponto de partida a articulação entre o problema pragmatista da distinção entre o intencional e o convencional de um discurso e a psicologia de Lev Vigotski. Foram explicitados certos aspectos metodológicos das discussões de Vigotski sobre o brinquedo, sobre a instrumentalidade da linguagem para a atividade intelectual e sobre o que chamará de pensamento verbal. A partir disto, foi sugerida uma noção semiótica de consciência que tanto dissolverá a problemática intencional-convencional quanto trará pistas metodológicas para a constituição de uma linguística vigotskiana.

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SILVA, Jameson Thiago Farias. O Intencional e o Convencional de um Discurso: Esboços para uma Linguística Vigotskiana. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2023 . ISSN: 1982-3657. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/534-o-intencional-e-o-convencional-de-um-discurso-esbo%C3%A7os-para-uma-lingu%C3%ADstica-vigotskiana. Acesso em: 16 out. 2025.

O Intencional e o Convencional de um Discurso: Esboços para uma Linguística Vigotskiana

Embora já existam trabalhos que apontem para uma vizinhança filosófica entre Lev Vigotski e a pragmática linguística, é importante salientar que o próprio Vigotski nunca se defrontou diretamente com as discussões de John Austin – afinal, a primeira apresentação da teoria dos speech acts só será publicada em 1962 e o autor de Pensamento e Linguagem falece em 1934; como contraponto, o próprio Vigotski, que teve sua obra embargada e censurada poucos meses após sua morte, só chegou ao conhecimento generalizado de psicólogos, filósofos e linguistas do ocidente décadas após sua morte, sendo a sua apropriação por autores interessados no tema da linguagem e que dele poderiam tirar proveito e interesse linguístico um evento tremendamente improvável, ao menos na primeira metade do século passado.

Temos a pretensão de dar contribuições aos temas linguísticos da relação pensamento-linguagem e da relação pensamento-comunicação, tomando como ponto de partida alguns problemas colocados pela pragmática de John Austin, como o da possibilidade de uma análise (pragmática) do perlocucionário e, especialmente, o de como estabelecer a distinção entre o intencional e o convencional de um discurso. Será sugerida, a partir da análise de textos específicos da obra de Vigotski, uma noção de consciência que possibilitará tanto a criação de um saber sobre a experiência psicológica quanto a criação paralela de uma linguística que dê conta de colocar os problemas e definir os objetos desse saber. Sustentamos que Vigotski não é um psicólogo que fortuitamente tematizou – como um objeto-entre-outros – a linguagem, mas um autor que produziu uma semiologia muito particular ao encontrar, na linguagem, a chave para a constituição de uma psicologia tipicamente humana. É esta semiologia que nos interessa.

Vigotski, aqui, não aparecerá como um autor que “resolverá” problemas colocados pela pragmática; com essa intercessão de Vigotski com a pragmática pretendemos, isso sim, confrontá-lo com um conjunto de problemas que não são inteiramente os seus para, daí, extrair de seu texto consequências que o próprio autor não explicitou. Ora, “explicitar os elementos implícitos” dos atos de fala sempre foi uma preocupação da análise pragmática da linguagem de Austin, assim como da análise funcional vigotskiana, que colocará como necessidade objetiva à psicologia a introdução de uma nova terminologia no seu fazer. O psicólogo que se furta deste trabalho linguageiro se verá enredado numa série de contradições: misturará o vocabulário vago e polissemântico do cotidiano, os muitos vocabulários técnicos dos linguistas e filósofos da linguagem e o vocabulário dos cientistas naturalistas - marcará que a pesquisa idealista da consciência da cor e a pesquisa materialista da reação comportamental ao branco, p. ex., intentam a mesma coisa com palavras distintas, ao passo que Vigotski afirmará que a palavra, nomeando o fato, proporciona já a filosofia deste fato (Vigotski, 1991).

Pleiteamos também, nessa dialogia Vigotski-pragmática, produzir certo efeito de retorno para os próprios estudos vigotskianos. Vigotski é um desconhecido para os psicólogos que o reivindicam. Sua obra, de difícil classificação, já foi apontada como tributária do materialismo histórico, do formalismo soviético, da fenomenologia; em psicologia, já foi classificada como neobehaviorista, como interacionista, como sócio-culturalista, como referência filosófica dos estudos antropológicos sobre identidade… Essa profusão de filiações mostra a riqueza conceitual do autor, decerto, ao mesmo tempo em que talvez aponte para uma leitura fragmentária e pouco sistemática da sua obra, que é de uma fineza metodológica e de um trato conceitual ainda hoje pouco explorados por seus leitores, em especial os brasileiros. É necessária uma releitura de Vigotski que o salve da pecha de ser simples nota de rodapé dos manuais de psicologia do desenvolvimento, ou como antecedente obscuro de práticas de pesquisa social e tecnologias pedagógicas que, infelizmente, pouco ou nada se apropriam de seu método para o fazer-pesquisa.

A pragmática e a distinção intencional/convencional

Podemos dizer sem receio algum que a pragmática linguística nasce a partir da diferença entre constativos e performativos colocada por Austin (1962); os constativos descrevem estados de coisas, podendo ser valorados como verdadeiros ou falsos (dizer o céu é azul ou é meio-dia); já os performativos são enunciados que, quando ditos, realizam ações, como a ordem, o perdão, a promessa etc.: dizer é meio-dia querendo, com isto, encerrar uma reunião de trabalho, ou afirmar que está quente com o objetivo de que alguém se prontifique para ligar o ar-condicionado. O salto de Austin estará na marcação de que toda fala é performativa, mesmo a constativa quando tomada a partir de seu uso concreto num contexto situado, rearranjando a dualidade em três tipos de atos que se realizam, simultaneamente, em cada enunciado (locucionários, dimensão linguística - sintática, semântica etc.; ilocucionários, o performativo propriamente dito, o tipo de ato realizado; e perlocucionários, as consequências do ato, sentimentos, pensamentos e ações da audiência e/ou do falante, com o objetivo, intenção ou propósito – ou não – de gerar essas consequências).

Ao realizar o estado da arte dos estudos filosóficos e linguísticos sobre a teoria dos atos de fala, nota-se que o perlocucionário tem recebido menos atenção dos especialistas em suas pesquisas e ensaios. Por que?

Nossa hipótese inicial segue o seguinte problema na análise da linguagem, colocado pela teoria dos atos de fala (e, aqui, falamos não apenas de Austin, mas também de John Searle): a dificuldade em dimensionar o que é propriamente interno/psicológico/intencional e o que é externo/social/convencional no discurso; ora, marcar as condições de tal análise (e realizá-la) extrapolaria os estudos linguísticos e seria atribuição de um outro saber, mais amplo; a análise desse ato de fala total, desse perlocucionário, coincidiria com o objeto da psicologia social, não mais da linguística ou das filosofias da linguagem. A linguística não deve possuir, como objeto de análise, um referente externo à linguagem pois, assim sendo, não se constituiria como um campo de saber independente, uma ciência com objeto e método próprios, como podemos ver em um Saussure, um Hjelmslev ou um Peirce.

Como dito, “explicitar os elementos implícitos” dos atos de fala sempre foi uma preocupação da análise pragmática da linguagem de Austin, mas a marcação do que é intencional e do que é convencional na fala concreta não se opera com a sua classificação das forças ilocucionárias (veredictivos, exercitivos, compromissivos, comportamentais, expositivo; cf. Austin, 1962). Em Searle (1979), o estabelecimento dessa dobradinha intencional/convencional é apenas parcialmente resolvido ao falar dos componentes da força ilocucionária (objetivo, força do objetivo, modo, conteúdo, condição preparatória, sinceridade, força da sinceridade), mantendo um dualismo psicológico/sociológico pouco afeito ao plano de discussão colocado pela própria pragmática, seja em filosofia seja em linguística. Grice (1991a, 1991b), com a implicatura conversacional e seu Princípio de Cooperação, traz uma base filosófica e uma interessantíssima contribuição para os estudos linguísticos ao propor um método de recomposição da intenção implícita do falante a partir das características do contexto de comunicação (as circunstâncias de enunciação), mas acaba reforçando, com Austin e Searle, o esquema que concebe os elementos linguísticos, a intenção do falante, o significado apreendido pelo ouvinte e o contexto como substâncias independentes e isoladas entre si.

Como disse Wittgenstein (1999, §201-205), não se poderia ter a intenção de jogar xadrez se o xadrez e suas regras não existissem - jogar é uma práxis, é agir de um determinado modo, e acreditar que se joga é já seguir um outro conjunto de regras; aqui, dá o tom da pragmática do discurso ao sugerir que a própria distinção intencional/convencional, em termos pragmáticos, não faz sentido. É o próprio autor quem diz que parte do trabalho da análise filosófica deve ser trazer as palavras do plano metafísico para o uso comum, identificando, desta feita, confusões e falsas analogias, dissolvendo-as todas. Digo “tenho dez reais em meu bolso” e digo “tenho uma ideia em minha mente”; “mente” e “bolso”, assim como “uma ideia” e meus “dez reais”, cumprem a mesma função sintática na oração e, a partir daí, sou levado a crer que a mente, tal qual meu bolso, seja um espaço que contém a ideia, uma coisa tal qual uma nota de dez reais. A distinção intencional/convencional, cremos, é uma distinção dessa natureza: termos inadequados a colocarem problemas inexistentes.

Focar no estudo dos ilocucionários – ou melhor, das condições de realização do ato de fala, dos pressupostos de sua força e das condições da comunicação bem-sucedida – não seria dar um maior peso ao que antecede o uso da linguagem ao invés de analisar o ato de fala ele mesmo? Ignorar os efeitos e consequências dos atos de fala, ignorar o que acontece em decorrência da interação linguística, não seria ignorar justamente aquilo que caracteriza a pragmática: o implícito, a indireta, o truncamento, a elipse, o oblíquo? Se a pragmática do discurso teria como objetivo “explicitar os elementos implícitos”, como pode ignorar aspectos do discurso como influência publicitária, racismo, fake news e outros elementos não-declarados do ato de fala, mas que são determinantes de sua força ilocucionária e de seus efeitos e consequências? Em resumo, tratar sistemática, lógica e estruturalmente a pragmática – como a filosofia da linguagem contemporânea habitualmente a trata – não seria ignorar o caráter funcional da linguagem e torná-la uma semântica aos moldes da gramática normativa?

Ao enfrentar o problema da relação pensamento-linguagem, Vigotski dá conta de produzir não só concepções originais de linguagem e de pensamento – e de produzir, na mesma esteira, um método de análise para abordá-los (concepção e método, estes, plenamente afinados com a pragmática do discurso) – mas toda uma ontologia da consciência que identificará o estudo da linguagem com o estudo do pensamento, e o estudo destes com o estudo dos atos de comunicação, do intercâmbio social.

A análise do intercâmbio social e do pensamento verbal em Vigotski tomaria a forma de uma descrição do fenômeno da comunicação em sua concretude (um etnografismo, um fenomenologismo) ou do estabelecimento das condições formais em que a comunicação, qualquer que seja, se dá (uma antropologia lato sensu, um estruturalismo)? O segundo não faria Vigotski cair, justo, na “semântica formal”, na “lógica semântica”? A “análise das necessidades” da atividade do brinquedo operada por Vigotski traz em cena um funcionalismo que cai como luva às concepções pragmáticas da linguagem, mas além: Vigotski não só pergunta o que a linguagem faz ou como a linguagem funciona (o ilocucionário), mas interroga sobre a função da linguagem, sobre o que faz com que ela funcione, o que a torna funcional; seus estudos sobre a fala egocêntrica, em acréscimo, trazem à tona uma função extra da linguagem que não a comunicação, mas a subjetivação, sendo a fala egocêntrica, como veremos, tanto descrição empírica da criança entretida no brinquedo quanto estrutura formal dos processos de interiorização da cultura na constituição da consciência.

Vigotski nos dá uma pista para sairmos do falso dualismo intencional/convencional das pragmáticas do discurso de Austin, Searle e Grice, não necessariamente dissolvendo a questão, como em Wittgenstein, mas recolocando-a, ao mesmo tempo em que sugere, na sua análise das generalizações do pensamento verbal e do intercâmbio social, um método de análise pragmática do discurso que realmente dê conta do perlocucionário sem cair nem nas famigeradas “condições ideais da comunicação” a que as análises do ilocucionário tradicionalmente realizam nem num descritivismo empírico ao infinito, um “relato de experiência” vago e sem propósito. Nem estruturalismo nem descritivismo, mas funcionalismo.

 

Vigotski e a análise das necessidades

Numa palestra proferida em 1933 sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento, Vigotski (2007, 2008) desvinculará da definição de brinquedo a ideia de prazer, afirmando que existem outras atividades mais prazerosas do que a brincadeira, para uma criança (como chupar chupeta); se o prazer fosse a força motriz da atividade de brinquedo, a criança estaria realizando estas outras atividades, e não a brincar. O segundo argumento é mais importante para o desenvolvimento do texto, contudo: nem toda brincadeira é prazerosa. Vigotski exemplifica sua tese com esportes e jogos de perde-ganha; perder um jogo é resultado quase sempre acompanhado da experiência de desprazer. O resultado desfavorável, porém, não anula da atividade seu caráter de brincadeira. Mesmo no desprazer da derrota, o jogo continua sendo jogo; mesmo no desprazer, há brinquedo.

A desvinculação brinquedo-prazer é porta de entrada, no texto, para a recusa de explicações psicologistas por parte de Vigotski, que vai designar “tudo aquilo que é motivo para a ação” (Vigotski, 2007, p. 107) com o termo necessidade. As análises que ignorem que “o brinquedo preenche necessidades da criança nada mais são do que uma intelectualização pedante da atividade de brincar” (Vigotski, 2007, p. 107). Não mais busca-se a motivação do brinquedo numa suposta estrutura mental ou estado de espírito da criança, mas na sua função. A análise das motivações do brinquedo é uma análise das necessidades satisfeitas pela criança na atividade de brinquedo. A criança vai deixando de exprimir desejos e necessidades do plano do imediato e passa a experimentar “tendências irrealizáveis”, a se colocar problemas complexos, mediados. No entanto, essa criança pré-escolar – mesmo ocupando o plano humano da palavra partilhada e da sociedade – sempre se conduziu no sentido de satisfazer suas demandas e necessidades de maneira imediata. O brinquedo é a solução que o organismo infantil encontra para satisfazer, de maneira imediata, um problema de mediação, envolvendo-se “num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados” (ibidem, p. 109).

O brinquedo, pra Vigotski (Vigotski, 2007, 2008), é o pivô da separação entre o objeto/a ação e o seu significado. A criança, que antes acedia ao significado dos objetos apenas na presença dos próprios objetos, agora pode experienciá-los na ausência dos mesmos, pode aceder a um mundo apartado da experiência imediata; no brinquedo, a criança cria uma situação imaginária e experimenta um cavalo sem cavalo. A situação de brinquedo, entendida como situação imaginária, apresenta-se como situação em que várias possibilidades de ação são eliminadas; ou seja, já tendo excluído o prazer como causa do brinquedo, Vigotski encontra aquilo que o definirá: a regra. “Toda situação imaginária contém regras, (…) todo jogo com regras contém uma situação imaginária” (Vigotski, 2007, p. 112). A imaginação aparece aí como ato, e ato regrado, não como faculdade mental; o brinquedo deixa de ser um objeto elementar utilizado pela criança imaginativa e passa a ser condição material da própria imaginação. A imaginação, como todas as funções da consciência, surge da ação, é ação, a ponto de afirmarmos, com Vigotski, que o que o adulto chamará de imaginação nada mais é do que “brinquedo sem ação” (Vigotski, 2007, p. 109). É imaginação não a substância espiritual que faz a criança lidar com uma vassoura como se fosse um cavalo; é imaginação o próprio ato da criança se apropriar da vassoura e negá-la como vassoura, e afirmá-la, através da sua conduta, como um cavalo. Ao mesmo tempo, é na brincadeira que a criança, à sua maneira, participa da mediação característica da linguagem e do social, e introjeta suas regras de funcionamento. A esta dinâmica instaurada pela própria criança, Vigotski chamará de zona de desenvolvimento.

Esse texto nos trás alguns ganhos: a análise das necessidades como um método para pensar processos psicológicos (e linguísticos); a noção de que tais processos não são substâncias, mas atos, funções; e o projeto de uma psicologia não mais básica, imediata, mas ciente de que não pode pensar seus objetos fora dos processos de mediação que os agenciam. É a partir desses três procedimentos de pensamento que Vigotski discutirá de maneira direta o problema da linguagem e a sua relação com o pensamento.

 

Vigotski, o desenvolvimento como ruptura e a linguagem como instrumento

O termo defectologia marcava, para a psicologia e a medicina do começo do século passado, o estudo do déficit, das normas patológicas e de seu desenvolvimento, um tema que muito mobilizou Vigotski na primeira metade da década de 1920. Embora discussões sobre o discurso, a fala, a escrita, sobre o ato de ler, sobre crítica literária etc. costurem a obra vigotskiana desde sua monografia sobre o Hamlet de Shakespeare, será em um breve artigo de 1924 - voltado justo à defectologia - que Vigotski colocará pela primeira vez e de modo direto um problema conceitual acerca da linguagem.

Os três procedimentos que decantamos de sua discussão sobre o brinquedo podem ser encontrados neste artigo sob a forma de três pautas centrais: a ideia de uma psicologia ciente dos processos de mediação implicados em qualquer atividade humana aparecerá no conceito de sociogênese, premissa inicial do texto e primeira pauta central apresentada ao leitor. Vigotski faz notar que o que chamamos de desenvolvimento não passa tão só pela esfera da adaptação da espécie (uma filogênese) nem pelo plano do desenvolvimento orgânico de uma unidade biológica (uma ontogênese), mas pela apropriação, por parte desse organismo, de uma história de signos, jogos e instrumentos técnicos mais antiga do que ele mesmo; levando essa sociogênese em consideração, Vigotski (2011) colocará que o organismo humano possui o social como condição necessária de seu desenvolvimento; sugere, a partir daí, que as dificuldades de aprendizado não devem ser pensadas – logo, encaminhadas – como déficit biológico ou cognitivo apresentado pelo organismo em questão, mas como também produzidos pelos espaços que deveriam, ao contrário, servir-lhe de motor de desenvolvimento.

A segunda pauta central do artigo é consequência direta desta primeira: a noção de que o desenvolvimento, seja na criança típica seja na criança com alguma dificuldade de aprendizagem, é desde sempre um desenvolvimento por rupturas (adquirir a capacidade de levantar peso, por exemplo, não se dá por um desenvolvimento progressivo da capacidade muscular do organismo, mas pela ruptura de uma lógica de levante para outra; levantar peso de maneira desengonçada com os próprios membros dá lugar ao uso de posturas adequadas para o levantar peso que dá lugar a levantar peso com uma alavanca que dá lugar a uma divisão social do trabalho de levantar peso etc.). Para Vigotski, a função dos espaços de educação infantil é estar ciente desses empecilhos que a própria cultura produz à criança e dar-lhe meios para que produza um caminho indireto de desenvolvimento, visto que o desenvolvimento, mesmo para a criança típica, já é indireto. O braile é um dos exemplos privilegiados utilizados por Vigotski para ilustrar o conceito de desenvolvimento indireto/por rupturas. Na ausência de um bom funcionamento dos olhos, uma criança pode, sim, ler, visto que ler nada tem de ver com os olhos, visto que ler não é uma atividade biológica, imediata, mas mediada, social.

Deixada a defectologia pedagógica de lado, fazemos notar que os dois procedimentos restantes derivados do texto do brinquedo – a análise das necessidades e a concepção dos processos psicológicos como atos – aparecem no terceiro e último núcleo duro do texto sobre defectologia de maneira diretamente ligada aos conceitos de sociogênese e de desenvolvimento indireto: a linguagem, para o Vigotski defectologista, será um instrumento de pensamento, do mesmo modo que os dedos da mão são instrumentos matemáticos quando uma criança se defronta com uma questão aritmética que não é capaz de dar conta imediatamente; usa os dedos para somar sete e dois, por exemplo; quando a soma aritmética excede a quantidade de dedos que possui, a criança, para resolver a equação, precisa dos dedos de um colega, usar os dedos de seus pés, criar um sistema de contagens usando objetos, dentre outras possibilidades de ação (Vigotski, 2011).

Vigotski demonstra a instrumentalidade da linguagem através do confronto com o conceito piagetiano de fala egocêntrica. Jean Piaget (1993) observa nas crianças engajadas em atividades o curioso fenômeno delas narrarem e descreverem o que estão a fazer, e isto sem função comunicativa alguma. Ao brincar, por exemplo, a criança fala o que faz o tempo todo para ela mesma, fala o que faz sem se dirigir a ninguém em específico. A experimentação piagetiana e sua conclusão: expõe crianças de idades variadas a uma série de atividades lúdicas e, sem intervenção alguma na atividade da criança, Piaget observou esse incessante falatório infantil de si e para si, qualificando-o como sintoma da modalidade de pensamento da criança, o egocentrismo.

Vale frisar: egocentrismo é o termo usado por Piaget para qualificar a conduta da criança em todos os seus aspectos: social, intelectual, moral, afetivo etc. A criança é estruturalmente incapaz de abrir mão de seu ponto de vista em detrimento de fatos, de aceitar experiências para além de sua vivência imediata, de, consequentemente, se conduzir a partir de sistemas, como a moral e mesmo jogos. A conduta flexível e sistemática do adulto será chamada de operação por Piaget; por isso, a conduta infantil – egocêntrica – será chamada, também, de pré-operatória (Piaget, 2015).

Na fala solitária da criança, Piaget vê um indício incontestável da mentalidade egocêntrica infantil, tanto que, nota, o índice dessa fala egocêntrica tende a cair na medida do envelhecimento do grupo de crianças observado, e praticamente desaparece após os 12 anos. Se a criança fala sozinha, é porque a estrutura de sua mentalidade assim a condiciona; se emite a fala egocêntrica, é porque, oras, é egocêntrica. Vigotski, aqui, recusará não só a conclusão piagetiana mas as premissas de suas observações. Usando o mesmo procedimento que usará na sua discussão com o brinquedo, recusará o psicologismo e fará uma análise da necessidade da fala egocêntrica na criança, tentando encontrar não a mentalidade do organismo que emite a fala egocêntrica, mas a função dessa fala para o organismo que a emite.

De início, replica os experimentos e observações de Piaget e encontra os mesmos dados: há necessariamente fala egocêntrica nas atividades infantis, que tende a diminuir exponencialmente com a idade das crianças estudadas; quanto mais velhas são as crianças, menor é o índice de fala egocêntrica por elas emitida. Vigotski sugere uma variação das atividades em que as crianças estão entretidas, adicionando a elas problemas – ‘desenhar um coelho de orelhas vermelhas’, sim, mas são excluídos do cenário todos os lápis de cor vermelhos – e identifica duas coisas: o índice de fala egocêntrica emitida praticamente dobra, e a fala egocêntrica assume uma função clara, a de “planejar o comportamento” da criança (Vigotski, 2011, p. 864). ‘Sumiu o lápis vermelho’, ‘Devo ir atrás de um lápis de outra cor?’, ‘Vou deixar o coelho sem orelhas’, ‘Se eu molhar o lápis azul na água, ele deve ficar como vermelho’… De simples descrição do que a criança está a fazer, a fala traduz o problema em que a criança se encontra do plano das ações para o plano verbal, à medida em que a criança vai aprendendo a se adaptar aos obstáculos colocados à sua ação direta e deles toma consciência. A fala egocêntrica é, para Vigotski, o modo como a criança, enfim, pensa. É a versão infantil do discurso interior, e está para ele assim como o brinquedo está para a imaginação do adulto.

 

Vigotski, o método da análise por unidades e o pensamento verbal

Pensamento e Linguagem é um monumento que reúne os diversos interesses de Vigotski num trabalho assustadoramente coerente sobre “um dos mais complexos problemas da psicologia: a interrelação entre pensamento e linguagem” (2008, p. XIX). Seu projeto com esta obra, o de compreender adequadamente a relação pensamento-linguagem, pode ser lido, sem muito esforço, como um projeto intestino ao seu trabalho como um todo, visto que Vigotski e seus colaboradores “vêm investigando o campo da linguagem e do pensamento já há quase dez anos”, afirmando que essa e não outra é a “questão central da psicologia”, contribuindo a sua maneira para uma “nova teoria da consciência” (p. XXI).

Após historicizar brevemente os resultados dos trabalhos psicológicos desenvolvidos com o tema pensamento e linguagem, Vigotski organiza as soluções propostas em dois extremos: “entre a plena identificação e a plena fusão do pensamento com a palavra, e entre a sua plena separação e dissociação igualmente metafísica e absoluta” (Vigotski, 2009, p. 2). Aponta, como adeptos da identificação pensamento-linguagem, a linguística clássica e a reflexologia americana (em psicologia, uma referência ao behaviorismo metodológico de John Watson). Todas as doutrinas que insistem nessa identificação esbarram na impossibilidade “não só de resolver mas até mesmo de levantar a questão”, pois se “o pensamento e a linguagem coincidem, são a mesma coisa, não pode surgir nenhuma relação entre eles” (Vigotski, 2009, p. 3) As teorias que se aproximam do lado oposto do espectro – dissociação absoluta entre linguagem e pensamento – parecem estar em situação mais favorável, pois embora concebam a linguagem apenas como expressão externa e veste do pensamento, embora separem o pensamento de tudo o que tem de material (aí incluso a própria palavra), ao menos tentam resolver, a seu modo, o problema da relação pensamento-linguagem. Nelas, aloca a Escola de Wurzburg (referência ao introspeccionismo alemão de Wilhelm Wundt). No entanto, enquanto para o reflexionismo o problema sequer é um problema, os psicólogos de Wurzburg

acabam cortando o nó em vez de desatá-lo. Ao decompor o pensamento discursivo nos elementos que o constituem e que são heterogêneos – o pensamento e a palavra –, esses estudiosos, depois que estudam as propriedades puras do pensamento como tal, independentemente da linguagem, e a linguagem como tal, independentemente do pensamento, interpretam a relação entre eles como uma dependência mecânica puramente externa entre dois processos diferentes” (VIGOTSKI, 2009, grifo nosso, p.4).

O método aplicado na decomposição do todo da experiência psicológica – agora nomeado, esse todo, como pensamento discursivo ou pensamento verbalizado – inviabiliza o seu estudo, pois considera como elementos isolados relações internas que são interfuncionais. Para Vigotski, é como se a psicologia assumisse que a consciência, de fato, se organiza numa estrutura integral, num todo único de partes que se interrelacionam, mas um todo único que, embora já postulado, nunca foi adequadamente tornado objeto de pesquisa. O mesmo se dá para a linguística tradicional. “Segundo um dos linguistas mais importantes da atualidade, esses dois elementos [pensamento e linguagem, significado e significante], unificados no signo, levam vidas totalmente separadas” (VIGOTSKI, 2009, p. 7).

F. de Sausurre define os signos linguísticos, alvos de sua linguística geral, como a relação entre um conceito (o significado) e a sua imagem sonora (o significante), arbitrariamente relacionados; ao fazê-lo, estabelece que o sentido do signo independe de um referente fora da linguagem, de um “mundo externo” ao qual a linguagem corresponderia, fazendo com que o seu estudo seja o estudo de grandezas linguísticas (uma de ordem fonológica; outra, de ordem semântica). Saussure (2012) chamará o sistema de signos de langue (língua) e até conceberá “uma ciência que estude a vida dos signos no seio da vida social” (2012, p. 47), sendo a linguística uma parte dessa ciência dos signos, que será, essa mesma ciência, “parte da Psicologia social e, por conseguinte, da Psicologia geral” (2012, p. 47). No mesmo movimento, Saussure exclui a parole (fala) dessa linguística. A fala será definida, na linguística saussuriana, como “as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de exprimir seu pensamento pessoal, (...) [assim como] o mecanismo psicofísico que lhe permite exteriorizar essas combinações” (2012, p. 45). Sendo ato individual, a fala não pode se constituir como objeto de uma ciência social. O que surge em Pensamento e Linguagem é a possibilidade de tornar a fala objeto de uma ciência linguística, de uma semiologia.

Essa linguística que separa a fala de suas ideias faz com que o som perca as propriedades que o especificam como fala, tornando-o enfim voz humana e não qualquer outro som existente na natureza; do mesmo modo o significado que, isolado do som, torna-se representação pura, como se pudesse viver independentemente de seus veículos materiais. Para Vigotski, toda a esterilidade da semântica (estudo dos significados) e da fonética (estudo dos sons) advém dessa desintegração atomística dos componentes da linguagem em elementos isolados (Vigotski se refere, obviamente, à semântica e a fonética de sua época; além disso, a própria linguística é composta, hoje, por campos que não existiam ou não estavam plenamente constituídos à época de Vigotski, como a própria pragmática, os estudos críticos do discurso, os estudos da argumentação, a problematologia etc.).

Problemas que visam entender a relação da inteligência com o afeto, ou do ambiente com o comportamento, ou do cérebro com a mente, ou da sociedade com o indivíduo, ou do Estado com a Sociedade Civil etc. etc. falharão em encontrar respostas satisfatórias pois concebem, de antemão, como coisas isoladas e independentes realidades que não se desenvolvem em separado. O cérebro, sem pensamento, é apenas um pedaço avulso de proteína, enquanto o pensamento descerebrado não passa de abstração metafísica; o som sem significado é ruído, enquanto o significado desprovido de expressão é sonho não rememorado, é o limbo, o esquecimento. O mesmo com o problema central do livro, a saber, a relação entre o pensamento e a linguagem. Para Vigotski, todas as tentativas em estudar essa relação falharam – ou produziram abstrações artificialistas e intelectualóides – pois não consideraram sua interrelação, sua relação interfuncional: não há pensamento sem linguagem e linguagem sem pensamento, do mesmo modo que não há cor sem extensão, movimento sem corpo ou locutor sem alocutário. São entidades distintas, sim, mas só são duas “coisas” quando tomadas em separado pelas nossas verbalizações e didatizações.

A psicologia e a linguística devem “substituir o método de decomposição em elementos pelo método de análise que desmembra em unidades. Deve encontrar essas propriedades que não se decompõem e se conservam, são inerentes a uma dada totalidade enquanto unidade” (VIGOTSKI, 2009, grifo nosso, p. 8). Não entendemos um composto químico a partir de seus elementos (o hidrogênio e o oxigênio, gasosos, inflamáveis e dispersantes, não explicam a água, líquida e coesa). Do mesmo modo, a análise em psicologia deve operar um desmembramento do todo que permita explicar as propriedades concretas desse todo em estudo e das suas partes. Vigotski perguntará: “Que unidade é essa que não se deixa decompor e contém propriedades inerentes ao pensamento verbalizado como uma totalidade?” Encontrará essa unidade interna no significado da palavra, pois a palavra, sempre se referindo a um grupo ou classe de objetos, é uma generalização latente, sendo característica tanto dos atos verbais quanto dos atos de pensamento. O significado, “Linguagem ou pensamento? Ele é ao mesmo tempo linguagem e pensamento porque é uma unidade do pensamento verbalizado” (VIGOTSKI, 2009, p. 10).

Fazemos notar que a análise por unidades não dispensa a análise das necessidades; pelo contrário, a pressupõe. Encontrada a unidade de análise de seu livro – o significado da palavra – Vigotski perguntará da sua função: “é a comunicativa” (VIGOTSKI, 2009, p. 11). Mas assim como as análises elementaristas dissociam o pensamento da linguagem como realidades independentes, fazem o mesmo em relação ao significado da palavra e seu efeito, a comunicação. A relação interfuncional entre pensamento e linguagem é paralela à interrelação entre comunicação e generalização, e só quando não desviarmos o olhar dessa quadra pensamento-linguagem-generalização-comunicação podemos entender, por exemplo, “a relação efetiva entre o desenvolvimento do pensamento da criança e o desenvolvimento social da criança” (VIGOTSKI, 2009, p. 13), dentre inúmeros outros problemas de pesquisa de uma psicologia que não ignore o caráter simbólico e linguageiro da consciência, de uma psicologia que seja, ela mesma – esboçamos – uma linguística, uma semiologia.

Reunidas, as lições metodológicas de Vigotski discutidas no presente artigo poderiam ser listadas do seguinte modo:

  • realizar uma análise do fato, seja ele psicológico ou linguístico, é analisar as necessidades deste fato, isto é, é identificar os problemas a que resolve;

  • tais fatos - uma lembrança, um exemplo dado numa conversação, um traço neurótico, um meme, uma crise de ansiedade, um argumento conclusivo etc. - são menos substâncias elementares e bem mais funções;

  • fazer psicologia é pensar seus objetos a partir dos processos de mediação que os agenciam - neste sentido, uma análise da relação pensamento-linguagem não só pode recorrer aos estudos linguísticos como deve, ela mesma, se constituir numa linguística muito particular dos atos discursivos;

  • considerando o caráter sociogenético dos processos humanos, os objetos-processos de análise desta linguística devem ser captados em seu desenvolvimento - seja o desenvolvimento da criança seja o desenvolvimento de um embate argumentativo; o implícito a ser explicitado pela análise é nada menos do que a passagem de um registro funcional a outro: a criança se desenvolve quando se desenvolvem suas necessidades; a argumentação se desenvolve quando se alteram os tipos de recursos e apelos argumentativos que fazem avançar a negociação etc.;

  • por fim, sendo a linguagem um instrumento de pensamento, o discurso não é mais entendido como expressão de um pensamento já pronto, mas a sua expressão e constante constituição.

 

O problema pragmatista da distinção intencional/convencional se recoloca: intencional deixa de ser entendido como unidade mental e convencional deixa de ser o social concebido como mônada, como influência externa ao pensamento. A intenção é constituída pelo arranjo das convenções, e uma convenção nada mais é do que o jogo dinâmico utilizado pelos sujeitos para se constituírem a partir de seu embate com o outro. Neste sentido, não haveria uma psicologia social que se oporia a uma psicologia do indivíduo: toda psicologia já seria, de partida, social - podendo por vezes centrar sua análise no individual (ex. a atenção flutuante de um analista no setting terapêutico, a análise argumentativa dos recursos utilizados por um sujeito numa conversação etc.) ou em coletividades (ex. a análise das demandas de uma empresa por um institucionalista, a análise discursiva de um conjunto de poemas visando entender a época da qual fazem parte etc.).

É famosa a metáfora vigotskiana do pensamento como uma nuvem descarregando uma chuva de palavras. A transição do pensamento para a palavra passa pelo significado, e este, pela comunicação; logo, só se pensa pois há um outro para quem se pensa e para quem se discursa, com quem se discursa. Há questões e problemas que não se apresentam de forma direta – a nuvem, o pensamento oculto, o subtexto – mas que nem por isso deixam de ser objetiváveis. Falar é objetivar (fala comunicativa) e subjetivar (fala egocêntrica). As diretrizes de D. Marcondes (2005) para uma pragmática do discurso contemporânea implicam i. focar na ação, não no contexto, pois o ato de fala pode modificar os contextos; além disso, ii. uma metodologia de análise da linguagem em termos pragmáticos deve ii.1. levar em conta o caráter fragmentário, indireto, plural, diverso, variável da linguagem, ao mesmo tempo em que deve ii.2. ser sistemática na explicitação dos elementos implícitos e na identificação das forças ilocucionárias dos atos indiretos, sendo que ii.3. as classificações daí decorrentes devem ser consideradas elas mesmas do ponto de vista pragmático (ou seja, como instrumentos de análise do funcionamento da linguagem em curso, não como descrição da sua natureza ou essência). Temos, em Vigotski, pistas para a formulação de uma filosofia da linguagem e de uma semiologia dessa natureza.

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