Metadados do trabalho

Redes Sociais E Saúde Mental: O Mapeamento Das Primeiras Pesquisas

Helan Sousa

O presente artigo pretendeu investigar uma problemática surgida durante a pesquisa do mestrado acadêmico, sobre as redes sociais e sua relação com a saúde mental dos respectivos sujeitos objetos de investigação científica. Apresenta dados fidedignos de que com o advento das tecnologias foram surgindo pesquisas relacionados à saúde mental em uma intrínseca relação que perpassa as redes sociais. Para isso recorreu se às bases de dados da Scielo e Google Acadêmico, trazendo contribuições de autores como Silva e Moreno (2022), Souza, Anderson e Oliveira (2021), Cruz (2020) dentre outros ,dos quais trouxeram em sua dialética pontos de reflexão e problematização da temática em questão. Traz em sua metodologia a pesquisa bibliográfica que segundo Gil (2002), representa um aparato de publicações que norteiam o referido assunto. Enquanto resultados da pesquisa, trouxe um novo repensar sobre as mesmas e seus respectivos impactos nas rotinas do “eu” diário, problematizando o que são, não para uma patologização apenas, mas para um processo de orientação dialógica tendo como pressuposto basilar articular a subjetividade individual de cada um em uma sociedade  hodiernamente conectada.

 

 

Palavras‑chave:  |  DOI: 10.1007/s11469-017-9844-x

Como citar este trabalho

SOUSA, Helan. Redes Sociais e Saúde Mental: O mapeamento das primeiras pesquisas. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2023 . ISSN: 1982-3657. DOI: https://doi.org/10.1007/s11469-017-9844-x. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/531-redes-sociais-e-sa%C3%BAde-mental-o-mapeamento-das-primeiras-pesquisas. Acesso em: 16 out. 2025.

Redes Sociais e Saúde Mental: O mapeamento das primeiras pesquisas

1 Introdução

Não se pode elucidar a cultura digital sem nortear o que preceitua Souza, Anderson e Oliveira (2021) atrelado ao momento hodierno das tecnologias da comunicação e informação, bem como o processo que intercomunica os diversos pontos vindo de um processo de inclusão para o de educação digital (BRASIL, 2023). Problematizando para essa discussão o papel dos atores dos quais medeiam a  educação profissional e tecnológica em suas respectivas discussões das quais se pontuam fortemente no processo de formação continuada docente trazendo as contribuições de  Silva e Moreno (2022) para nortear o ponto mínimo da ação reflexão ação na e para o fazer docente, a fim de atender aos ditames da dinamicidade profissionalizante no Brasil, bem como suas conjecturas que se alojam em cada contexto antes não mensurados e agora contextualizados, atendendo aos princípios dos quais norteiam a dialética da comunicação numa sociedade em constante ascenção. 

Pensar a  sociedade em pleno processo de evolução das comunicações e cada vez mais detentora do conhecimento é refletir sobre a ação dos atores em  redes de relacionamentos presenciais migrando para os virtuais ,bem como  das interfaces que os ligam  no acelerado avanço  tecnológico em  estrutura cada vez mais midiatizada  no decorrer dos tempos. Para atender essa midiatização faz se imprescindível alguns pontos de questionamentos:   como as pessoas estão interagindo com ela? Que marcas  trazem para aqueles que passaram a adotá-las como meio de vida ou outros fins? Como elas começaram a fazer parte de seu comportamento e de sua saúde mental através de pequenas mudanças que antes apareciam  tímidas agora tornam-se preocupantes a ponto de se constituir como temas de estudos e pesquisas em todo o mundo?

Compreender o processo da comunicação e como a evolução tecnológica está afetando a saúde mental do indivíduo é que se propõe o objeto de estudo deste artigo. Para isso recorreu como metodologia há um estudo bibliográfico , de caráter exploratório através do qual trazem em seus capítulos uma relação dialética que versam sobre os processos comunicativos e sua interação com o indivíduo ao longo dos tempos.

Para Barros e Roldão (2017), o século XXI está marcado pela ascensão das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), na qual ela vem com toda a gama de ferramentas que estão relacionadas à internet,  desmembrando se para : As redes sociais, aplicativos e plataformas digitais em um propósito tangível às pessoas e Instituições desde a facilidade de comunicação por meio das conexões céleres a modernização dos serviços e produtos de empresa e  empregos tanto no que diz respeito  a iniciativa pública bem como nas empresas privadas.

Com uma grande parcela da mundo cada vez mais conectada , e há todo instante surge uma novidade no mercado que são facilmente espalhados pelas mídias sociais configurando  na  seguinte situação: Está sendo lançado o mais novo aparelho que irá lhe ajudar em sua vida, na sua saúde, se conectar com os amigos, trazendo promessas de prosperidade e progresso, como se naquele instante sua vida dependesse disso para ser feliz. Ao ouvir esse noticiário como seu cérebro está agindo há esse impulso incontrolável de adquirir esse novo aparelho lançado neste exato momento e sem esquecer de que em  outro lado , tem se uma equipe de especialistas  trabalhando em um novo protótipo para superar esse atual. Nesse emaranhado de novidades e conexões, como se encontra a mente humana ? Que tensões ela está projetando para a vida? Está conseguindo assistir ao noticiário com que perspectivas? E quando adquirir aquele tão sonhado aparelho, como irá agir com ele e sob ele? Que mudanças irão acontecer na sua vida a partir daquele momento? E como o cérebro humano capta essas informações que são convertidas em comportamentos e que os mesmos passam a adquirir características de preocupação frente a pesquisadores do mundo inteiro sobre a relação homem x máquina  e saúde mental.

O presente artigo visa discutir os processos midiáticos das tecnologias da informação e comunicação em três marcos teóricos relacionais: Sendo o primeiro vinculado  a Evolução Tecnológica na sociedade tendo como um dos principais teóricos o sociólogo espanhol Manuel Castells Ólivan; O segundo direcionado para as  contribuições das redes sociais  com a comunicação e a sociedade ,tendo como principais representantes o sociólogo britânico-jamaicano Stuart Hall e o filósofo, sociólogo e pesquisador Pierre Lévy e o   terceiro tem uma conexão  com os problemas comportamentais originados desse processo midiático, tendo a psicóloga americana Kimberly Sue Young O'Mara,  como uma das principais pesquisadoras desse novo olhar para os problemas que surgem a partir das conexões de tecnologias com a mente humana.

 

 

2 Evolução Tecnológica na Sociedade

Para Castells (1999), em todas as esferas da atividade humana , a revolução da tecnologia da informação está no pilar para análises e complexidade das transformações pelas quais vem  passando a sociedade ao longo do tempo. Sabendo que a tecnologia não determina a sociedade e que  Marx (1994) afirma que  não é na sociedade que escreve o curso da transformação tecnológica, uma vez que muitos fatores, inclusive a criatividade e iniciativa empreendedora, intervêm no processo de descoberta científica, inovação e aplicações sociais, de forma que o resultado final depende de um complexo padrão interativo.

Segundo Braudel (2019), há uma nítida relação dialética entre a sociedade e a tecnologia, nos passos que em meandros de construção e evolução ao longo dos tempos, muitos saltos foram marcantes para o desenvolvimento da sociedade e com ela a evolução em caracteres abruptos no que diz respeito aos pequenos saltos dados pela humanidade para se chegar aos patamares  de uma melhoria social e mercadológica, englobando o indivíduo no meio para o qual o cerceia, levando  o historiador Melvin Kranzberg ao afirmar que o dilema do determinismo tecnológico é, provavelmente , um problema infundado, dado que a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas.

 

Para Bijker (1987) , na década de 1970 um novo paradigma tecnológico , organizado com base na tecnologia da informação , veio a ser constituído, principalmente nos Estados Unidos , sendo um segmento da sociedade norte-americana, em interação com a economia global e a geopolítica mundial, na qual concretizou um novo estilo de produção , comunicação e gerenciamento da vida, sendo provável que o fato de a constituição desse paradigma ter ocorrido nos EUA e, em certa medida na Califórnia e nos anos 70, tenha tido grandes consequências para as formas e a evolução das tecnologias da informação.

 

Segundo Castells (1999), a Internet  originou-se de um esquema ousado , imaginado na década de 1960 pelos guerreiros tecnológicos da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados Unidos ( a mítica DARPA) para impedir a tomada ou destruição do sistema norte-americano de comunicações pelos soviéticos, em caso de guerra nuclear. Esse foi o princípio para um avanço significativo em vários países e contribuiu para momentos decisivos em dadas épocas históricas pelo qual passou a humanidade.

De acordo com Rifkin(2000) a produção de bens tem cedido lugar à produção cultural, onde as empresas de mídia transnacional usam a nova revolução digital nas comunicações para interligar o mundo e transformar a cultura. O que para  Richter(2019) a modernidade que tinha como base o pensamento focado na ciência e na tecnologia, hoje, num mundo globalizado e influenciado pelas TICs, conduz à superação da mesma, num período histórico denominado de Pós-Modernidade. 

A noção de tempo e de espaço altera as estruturas anteriores, e o novo sistema social possibilitou a pluralização do poder frente às consequências da crise de paradigmas gerados a partir do final do século XX, onde observa-se três concepções históricas.

(I) o Iluminista baseado numa ideia de pessoa humana como indivíduos totalmente centrados e unificados, portanto dotados das capacidades de razão, consciência e ação; (II) o sociológico que reflete o desenvolvimento da complexidade do mundo moderno e a consciência de um sujeito não autônomo e pouco autossuficiente, formado na relação com outras pessoas, e (III) o pós-moderno que não tem uma identidade fixa ou permanente. (RICHTER, 2019)

 

De forma diferente das sociedades tradicionais que transmitem o passado a cada geração, o presente é caracterizado pela mudança e seus deslocamentos. A interferência da globalização no conceito de Identidade Cultural coloca os indivíduos num jogo de identidades contraditórias que se cruzam mutuamente. A forma como o sujeito é interpretado ou representado permite ao indivíduo ganhar ou perder uma identidade tornando-o fragmentado.

Para Ritcher (2019) com o desenvolvimento da tecnologia digital há uma invasão no cotidiano, que gera um enorme volume de informações. Nesta complexa sociedade, a ciência e a tecnologia têm papel preponderante ao interligar os indivíduos para produzir uma racionalidade central com a perda de importância relativa do estado-nação.

Na pós -modernidade segundo o autor acima  o adulto coexiste num padrão paradoxal entre a tradição e a representação dos valores pós-modernos, caracterizados por uma sociedade em questionamento de dilemas e oposições, onde os indivíduos e as instituições precisam se reinventar constantemente. Nessa sociedade o adulto se vê perdido entre múltiplas dependências, vulnerável e confrontado com situações complexas.

A cultura da virtualidade imposta pela sociedade do conhecimento, que tem como amálgama a sociedade em rede, leva os indivíduos a novas experimentações, conhecimentos e comunicação. A tecnologia que une os indivíduos cria um padrão de comportamento do indivíduo virtual.

Segundo Morin (2020), há uma articulação entre os saberes, pois existe uma organização na disposição de novos saberes. Diante dos novos desafios é necessário promover um conhecimento capaz de aprender problemas globais e fundamentais para neles inserir os conceitos parciais e locais.O conhecimento fragmentado impede o vínculo entre as partes e a totalidade, ou seja, o contexto, a complexidade e o conjunto.

Com influência crescente da tecnologia permeando as atividades cotidianas, a ideia de rede assume papel de embrião para conectar, relacionar, e contextualizar conhecimentos, ou seja, está intrínseca ao aprendizado humano. O tecnológico  assume importante papel, pois as tecnologias de informação e comunicação possibilitam capacitar pessoas com competências cada vez mais sofisticadas, para bem avaliar e compreender todos os aspectos da vida em sociedade das quais mudam o modo de ser e viver  das pessoas (CONSTANTINO, PETEROSSI, 2022).

 

3 As  contribuições das redes sociais  com a comunicação e a sociedade

 

Segundo Hall (2023) há uma crise de identidade cultural que leva a sociedade na direção da Pós-Modernidade. Nessa mesma crise é que se constrói os valores que estão imbricados entre os atores que fazem do processo social um novo viés de estruturação de novas agendas e performances relacionais  dos quais se estruturam nas chamadas teias sociais

Ainda para o autor, as TICs e o debate sobre os efeitos das mesmas para o homem pós-moderno proporcionam duas visões, onde por um lado, estas são revolucionárias porque possibilitam aos indivíduos novos caminhos, ao permitir vivenciar e fazer coisas diferentes de forma melhor e mais rápida, e por outro vem questionando a técnica como possibilidade para a mudança social, de forma desumana, tornando os indivíduos objetos.

Sob a perspectiva da inovação tecnológica as novas tecnologias têm um poder transformador na inovação, com o potencial de facilitar e apoiar processos integrando pessoas. Elas são  capazes de incrementar as habilidades , de registrar, armazenar, analisar e transmitir grandes volumes de informações complexas, de maneira segura, flexível, confiável, imediata e com independência geográfica. A tecnologia da informação é capaz de transformar e reestruturar operações que fazem uso de informações para realizar transações.(QUEIROZ, 2007, p.96)..

Segundo  Richter (2019) para que a atual sociedade funcione adequadamente é necessário o desenvolvimento de três competências: (I) agir com autonomia, (II) usar interatividade nas ferramentas e (III) funcionar em grupos heterogêneos. Para o sucesso do desenvolvimento de tais habilidades é importante desenvolver a alfabetização funcional definida pelo National Literacy Act (1991) como “a habilidade de um indivíduo, ler, escrever, falar, computar e resolver problemas em níveis de proficiência necessários para funcionar no trabalho e em sociedade”.

A partir da complexidade da Pós-Modernidade e das características centrais deste contexto torna-se importante pensar numa comunicação crítica que tenha condições de dialogar com os desafios resultantes deste momento, que engloba tanto rupturas como continuidade, pois envolvem um conjunto de novas condições sociais, políticas econômicas, culturais e tecnológicas, que antes não tinham um caráter tangível aos olhares sociais e hoje se preceitua como um todo em partes das quais mesmo separadas se unificam na dialética da comunicabilidade.  ​

Segundo Jameson (2020), a "pós- modernidade deve ser pensada dialeticamente, como um progresso e uma catástrofe ao mesmo tempo". Um mundo fragmentado do presente e julgado pela performance técnica, equitativamente, enfraquecido das verdades formuladas que moldava os indivíduos frente ao poder da tradição. Neste sentido, os indivíduos se tornam mais ativos e reflexivos.

Segundo Lévy (2003), as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) progressivamente vêm alterando o formato dos relacionamentos, pois permitem o compartilhamento e proporcionam uma convergência de mídias. Estas convergências vem pautando em uma sociedade cada vez mais comunicativa, onde quem detém o conhecimento é o responsável não apenas pela informação ,mas pelo controle de variadas decisões que circundam nos mais diversos patamares sociais.

Nesta sociedade, o importante não é puramente a tecnologia, mas as possibilidades de interação proporcionadas por meio da cultura digital; o processo de democratização do saber que fez emergir novos espaços para a busca e compartilhamento de informações (LÉVY, 1996). Frente a esta perspectiva, as redes sociais cresceram num mundo globalizado, abrindo espaços para debates variados e favorecendo a aproximação de indivíduos que partilham de interesses comuns, onde estes também são responsáveis pela divulgação de conhecimentos, uma vez que todos podem participar delas e de suas comunidades virtuais.

Com base nos estudos de  Capra (2002) e Lévy (2003), as redes sociais são um conjunto de conexões por onde trafegam as mensagens. Por meio delas os indivíduos podem se articular. Sendo assim, cada indivíduo está ligado a vários outros, onde os primeiros estabelecem relações com o segundo por meio das diversas interações, e fixam   conexões e uma  relação de pertencer a uma determinada comunidade.

Para que as redes sociais objetivem a troca de experiências que influenciam na formação e desenvolvimento dos indivíduos é necessário envolvimento, uma vez que historicamente  elas sejam utilizadas para o lazer, para uma posterior relação de trabalho e outros instrumentos que foram acoplados no decorrer das evoluções midiáticas.

Em geral, a distinção entre crença e conhecimento envolve de um lado uma avaliação emocional e pessoal, e do outro  o objetivo. Sendo assim, o conhecimento, quando não adquirido e utilizado, pode ser substituído pela crença, aquilo que supostamente acredita “ser”. Neste contexto, as redes sociais  também interferem na construção de identidades dos indivíduos em uma sociedade em transformação é importante que esta compreenda o seu papel e a sua identidade.

4 Os problemas comportamentais originados pelos processos midiáticos

Para King e Nardi (2014) as novas tecnologias da informação e comunicação vem causando um impacto significativo em vários aspectos da vida em sociedade, produzindo mudanças comportamentais de hábitos e costumes , cujos efeitos não se pode perder de vista em virtude de um acompanhamento de seus principais efeitos ao longo do tempo.

Segundo Gonçalves (2018) quando o uso das tecnologias passam de um status positivo para um negativo, os seus resultados devem ser tratados e corrigidos em prol do  bem estar do ser humano em função de dois aspectos: a) Ninguém vai “ parar” a evolução só porque algumas trazem malefícios às pessoas, quando usadas de forma abusiva; b) A tecnologia vai continuar transformando as pessoas e os processos e não há como e nem porque resistir a isto, embora caiba cuidados com as mudanças e comportamentos.

Em uma forma de melhor visualizar esse acelerado avanço tecnológico Harari (2015), propõe um tabela na qual demonstra esse fenômeno:

 

Evento

Público Atingido

Prazo

Rádio

50 milhões de ouvintes

4 décadas

Televisão

50 milhões de telespectadores

1,5 décadas

Internet

50 milhões de usuários

Menos de 0,5 décadas

Facebook

50 milhões de usuários

Meio ano

Fonte: Adaptado de  Harari,2015 - .Saltos evolutivos da tecnologia da Informação e comunicação

 

Para Gonçalves(2018), a discussão da dependência digital não é algo de ser contra ou a favor do uso das mesmas, mas sim de encontrar fronteiras, do que seria um uso saudável para um abusivo. Pode se pegar como maior exemplo para explicar isso o uso dos aparelhos celulares, onde os mesmos passaram a ser o controlador dos usuários, impondo as condições de dependência para quase tudo.

  É notório que os usuários de tecnologias digitais precisam retomar o controle de algo criado para facilitar a vida e não serem controlados no sentido de dependência digital de tornar-se refém e até insano como Zumbis digitais sem controle, quem em muitos casos quando uma pessoa é assaltada na rua e rouba seu  celular , ela pode não saber para quem ligar, pois com o hábito de gravar tudo na agenda do telefone e com discagem automática praticamente não se sabe mais os números de contatos das pessoas da família ou amigos próximos  nos casos de  uma situação de emergência.

Com o propósito de melhor explicar o processo de pesquisas em dependência de internet, o GEAT (2012), que é um grupo de estudos sobre o processo de dependência, trouxe uma cronologia das primeiras pesquisas.

 

Ano

Evento

Autor

1995/1996

Criação da expressão “Dependência de Internet”

Ivan Goldberg

1996

Proposição dos primeiros critérios para diagnóstico da Dependência da Internet a partir de 08 critérios.

Kimberly Young

1996

Publicação dos primeiros critérios de dependência de jogos eletrônicos a partir de seis sintomas.

Mark Griffiths

2008

Proposição da identificação da Dependência de Internet a partir de quatro componentes.

Jerald Block

2009

Primeira tentativa de aplicação dos critérios diagnósticos de Dependência da Internet com importância definida para sintomas e critérios de exclusão.

Ran Tao et all

Estudos referenciais sobre Dependência Digital. Fonte:http://dependenciadetecnologia.org2012-GEAT-Grupo de Estudos sobre Adicções Tecnológica

 

Para Cruz (2014) a dependência digital está associada aos novos dispositivos como telefones celulares, tablets, computadores dentre outros , que por serem úteis e muito atraentes fazem com que seus usuários  tornem- se cada vez mais conectados em uma grande quantidade de tempo e  nas mais diversas atividades por eles desenvolvidas.

O uso abusivo caracteriza-se, em tese, por uma forma  contínua de longas horas com submissão do corpo e da mente a situações de excesso e desgaste além dos padrões normais, podendo  provocar distorções de comportamento em geral, além de sequelas físicas conforme serão descritas nas seções a seguir:

I Transtornos de dependência de Internet

Segundo Carvalho e Izel (2022) os índices de dependência de internet apresentaram correlações moderadas significativas  como depressão e estresse, além de correlação negativa com domínio psicológico. Nesse ínterim precede que existem atenuantes que ganham a cada momento uma nova roupagem , das quais merecem um resgate do que já se tem pesquisado.. 

Segundo Young, (1996)  a dependência de Internet foi pesquisada pela primeira vez em 1996, e os achados foram apresentados à Associação Psicológica Americana. O estudo examinou mais de 600 casos de usuários pesados da internet que apresentavam sinais clínicos de dependência conforme medida por uma versão adaptada dos critérios do DSM-IV para o jogo de azar patológico.Desde então , estudos subsequentes na última década examinaram vários aspectos do transtorno.

Greenfield (1999), em parceria com a ABCNews.com, fez um levantamento com uma grande amostra. A partir de 17.000 respostas, o estudo calculou que 6% dos usuários de internet se encaixavam no perfil de dependência da mesma. Outro estudo americano bem conhecido, realizado por uma equipe de pesquisadores do Stanford University Medical Center, descobriu que um em oito americanos apresentava um ou mais sinais de dependência de internet (Aboujaoude, Koran, Gamel, Large e Serpe, 2006).Na universidade do Texas, utilizando várias versões de critérios do DSM, Scherer (1997) descobriram que 13% dos alunos do campus examinados exibiam sinais de dependência de internet. 

Para Shah , Swanminath e Baker (2008) na Índia, há o entendimento de que o uso de internet pode ser um transtorno que ainda está em seus estágios iniciais. Desde 2007, certas instituições educacionais , como os Indian Institutes of Techonology (IITs), um grupo importante de universidades de engenharia, tem restringido o uso de internet nos campi durante a noite, devido a relatos de suicídios ligados ao suposto comportamento anti social promovido pelo uso excessivo de internet.

As estatísticas de prevalência variam amplamente entre as culturas e sociedades. Em parte , isso acontece porque os pesquisadores estão utilizando vários instrumentos para definir a dependência de internet, o que dificulta a concordância entre os estudos.

II Cibercondria ou Hipocondria Digital 

Carvalho e Santos (2021), traz um debate sobre o uso das tecnologias ora com efeitos positivos e em outros momentos dialoga com efeitos negativos, no entanto para  isso norteia o processo da busca incessante por toda e quaisquer informações relacionada a doenças e outros assuntos a partir das tecnologias digitais  prioritariamente nos vieses das  gerações  alpha e z adentrando as demais. Para isso recorre-se ao seu contexto histórico do surgimento das pesquisas.

Para White e Horvitz (2009) o nome é um neologismo dos termos ciber e hipocondria. Apesar de parecer ofensivo, pesquisadores revelam que a intenção é que a etimologia da cibercondria não seja compreendida como sendo pejorativa na qual a torna como um novo fenômeno. Os estudiosos  realizaram uma pesquisa com 515 indivíduos que iriam revelar as suas experiências sobre como investigam seus sintomas e suas preocupações médicas (como o autodiagnóstico) na Internet. Os resultados demonstraram que, em geral, a população estudada apresentava um baixo índice de ansiedade no que diz respeito a situações de saúde, porém preocupações com a mesma  e a busca dessa informação na Internet ocorriam sempre ou com muita frequência em um de cada cinco participantes. Aproximadamente dois entre cada cinco indivíduos mencionaram que a interação com websites de saúde aumentava sua ansiedade e, por fim, metade dos participantes sugere que esse comportamento, na realidade, diminui a sua ansiedade. Os pesquisadores ainda mencionaram que predisposição à ansiedade (vulnerabilidade mental) pode contribuir para uma busca excessiva de informações sobre a sua própria saúde na Internet.

De acordo com o Office for National Statistics (2011), 42% das famílias do Reino Unido acessaram a Internet nos últimos três meses em busca de informações relacionadas à sua própria saúde e que a  ansiedade induzida como resultante de buscas on-line relacionadas à saúde é um sintoma que vem aumentando de forma exponencial, sendo relacionada ao campo da ciberpsicologia, ainda que existam poucos estudos neste campo.

Um estudo realizado por Muse et. al (2012) questionou se a cibercondria é um novo fenômeno ou apenas uma classificação equivocada. Por meio de avaliação da ansiedade em um grupo de 82 participantes, 46 deles apresentaram alta ansiedade e 36 indivíduos revelaram ter baixa ansiedade. Os pesquisadores estabeleceram uma hipótese de que quanto maior fosse a ansiedade desses indivíduos, maior seria o comportamento de busca por informações relacionadas à saúde na Internet. Os resultados responderam positivamente a essa indagação.

 McElroy e Shevlin(2014) , desenvolveram uma das poucas escalas existentes para a mensuração sintomatológica da cibercondria denominada de cyberchondria severity scale (CSS). O instrumento foi validado por meio de uma amostra de 208 estudantes, sendo 64% do sexo feminino, ele apresenta cinco fatores: Compulsão, aflição, excesso, busca de reasseguramento e desconfiança em relação ao profissional médico.

Em 2018 , foi realizado um estudo australiano publicado por Anthony M. Cocco e colaboradores na revista “ Medical Journal of Asustralia” em agosto do mesmo ano  em dois grandes hospitais localizados na  Melbourne, através de entrevistas a pacientes que procuraram o pronto socorro durante 60 dias de plantão entre fevereiro e maio de 2017. Foram entrevistados 400 pacientes, de todas as idades, com média de 47 anos. Um total de 196 pacientes (49%) indicaram que usavam a internet regularmente para pesquisar informações referentes à saúde, sendo que 34,8% haviam pesquisado o problema específico que os levaram ao pronto socorro naquela ocasião.O estudo conclui que a pesquisa online, sob a óptica dos pacientes, teve, em sua maioria, um impacto positivo na relação médico paciente, especialmente nos mais jovens, mais habituados com o uso das ferramentas online e raramente causou dúvidas sobre a qualidade do atendimento prestado.

E um estudo mais recente  publicado no periódico JAMA Network Open no último dia 29 de março de 2021, pela Escola de Medicina de Harvad, tendo David Levine como um dos pesquisadores , denominou a Cibercondria como uma doença psicopatológica ligada ao espaço cibernético por meio do qual os indivíduos estão obcecados com seu estado de saúde , consultando por meio da internet o que os estão afetando.

Entre esses estudos ora analisados , percebe se que é um problema ainda novo e que suas consequências é fruto de uma investigação sob o olhar instigante de muitas pessoas que recorrem à internet em busca de resposta para suas maiores aflições e ou angústias e como elas se transformam em dados que irão nortear para o propósito da informação ou da medicalização.

III Síndrome da Selfie

Para Vasquez león (2020), em um trabalho de investigação dos últimos anos sobre sobre o comportamento da imagem nas redes sociais e como elas se mostram para si e para o outro, reflexão essa que enaltece o papel do sujeito como o show do eu e a intimidade do espetáculo com sua vida privada, e como esses excessos de visualizações estão perpassando de um bem estar social e emocional para um estado de patologias.

É costume registrar os momentos do dia , as horas de descanso, a presença de amigos, o prato da hora, os momentos mais simples aos mais inusitados. De acordo com o Oxford Dictionary, uma "selfie" refere-se a "uma fotografia de autorretrato de si mesmo (ou de si mesmo com outras pessoas), tirada com uma câmera ou um telefone com câmera segurado no braço ou apontado para um espelho, que geralmente é compartilhado por meio da mídia social . No entanto, quando isso começa a passar de entretenimento para preocupação e até dependência, é que  surgiu pela primeira vez em 2014 um conceito para designar uma propensão obsessiva de tirar fotos de si próprio,  foi considerada como notícia falsa, haja vista que a Associação de Psiquiatria norte-americana não tinha catalogado tal comportamento com um transtorno e somente em 2017 é que os professores Janarthanan Balakrishnan, da Thiagarajar School of Management, na Índia, e Mark D. Griffiths, da Nottingham Trent University, no Reino Unido, comandaram um  estudo com 600 participantes e que foi publicado na revista Internacional de Saúde Mental e Dependências  tendo como resultado que  há três níveis de selfitis: o de risco ( quem tira até três fotos) ; agudo ( mais de 03 fotos) e o crônico ( mais de 06 fotos), onde mostram que para além da quantidade de repetições das imagens, também tem foi registrado um aumento do número de acidentes , pois  as pessoas estão buscando espaços cada vez mais inusitados para expressarem seus momentos de lazer,, entretenimento dentre outros, sem se atentar para os obstáculos oferecidos neste ou em outro local.

IV Efeito Google

De Carvalho et al. (2019) , traz uma discussão no campos das tecnologias para o que se preceitua em vários espaços incluindo a sala de aula sobre a funcionalidade de recorrer se a internet e a navegadores como o google, a fim de obter informações precisas no aqui e agora, tendo como resultado negativo a não capacidade de armazenamento da informação, principiando pela agenda telefônica até um simples endereço dos quais os usuários sempre recorrem a determinados aplicativos e ou navegadores, dentre eles a plataforma do google. No entanto, como isso se principia como pesquisa científica, e que pontos podem ser levantados? 

Um estudo conduzido por  Sparrow et al (2011), com 100 estudantes de Harvard , buscou analisar a relação entre a memória humana, a retentiva de dados e a internet , recebendo a  denominação de efeito google ou amnésia, onde retrata a tendência que as pessoas têm em não se lembrar de informações que podem ser facilmente encontradas na internet. A pesquisa trouxe como resultado uma contribuição na qual os participantes quando questionados sobre conhecimentos gerais , são preparados para pensarem em computadores,  a não se lembram de informações que são de fácil acesso para consultas, outra contribuição é que as pessoas têm maior facilidade de se lembrarem quando a informação foram salvas, onde estão localizadas do que a própria informação em si.

V Síndrome do Like

As redes sociais fazem parte de um cotidiano da maioria das pessoas e em especial dos nativos digitais que em seus compartilhamentos de fotos, curtidas e comentários representam o que são e como vivem. Nesse emaranhado de agitação diária, faz se necessário questionar sobre alguns pontos convergentes e ou divergentes, sendo este último o que aponta uma pesquisa realizada em 2017 no Reino Unido pela Instituição de Saúde Pública ( Royal Societty for Public Health) em parceria com o Movimento de Saúde Jovem. Tendo o Instagram avaliado como o mais prejudicial à mente dos jovens.

O estudo teve ao todo 1.749 participantes, onde falaram sobre o nível de envolvimento com aplicativos como youtube, twitter, instagram e snapchat e como eles influenciavam em seus sentimentos. Tendo como resultado que as taxas de ansiedade e depressão entre jovens de 14 a 24 anos aumentaram 70% nos últimos 25 anos. 

Em 2019 outro estudo com a pesquisadora brasileira Maricy Caregnato, doutora pelo Instituto de Matemática e Estatística da USP e docente da Universidade de Mato Grosso,  levou a criação junto há uma equipe multidisciplinar de um app para Facebook, onde iria cruzar os dados para coletar informações sobre postagens, curtidas e outras interações. Como resultado da pesquisa e do cruzamento de dados espera-se que o modelo criado para obtenção, análise e resultado dos dados possam auxiliar psicólogos e psiquiatras na detecção dos sintomas e até mesmo criar uma nova ferramenta para o monitoramento dos sintomas depressivos causados pelos recursos que oferecem as redes sociais.

VI Síndrome do Pescoço de Texto 

Uma pesquisa recente com usuários das redes sociais Karling, Hajjar e Souza(2021), traz a problemática encontrada nas redes sociais do instagram e seus impactos para a saúde corporal , levando em consideração a postura que seus respectivos usuários se posicionam diante das diversas telas digitais, tendo resultados para a coluna vertebral alinhando há momentos repetitivos  de uma  mesma posição, ocasionando com isso a “ Síndrome do pescoço de texto”.

Para Cuéllar e Lanman (2017) o termo “ pescoço de texto” ou “ texto neck”, é uma condição patológica da coluna vertebral , que é principalmente causada pela má postura durante o uso excessivo das telas digitais, onde  causa o desgaste ósseos precoce e acarreta em dores na região cervical. Sua origem se deu pelo Drº Dena Fishman, fundador do The Text Neck Institute, em 2009 para tipificar a síndrome cervical do uso excessivo do smartphone e/ ou dispositivos eletrônicos similares. Neste estudo ele relacionou uma série de sintomas como: dores de cabeça, costas, membros superiores, retificação da curva espinhal, início de artrites precocemente, problemas gastrointestinais, dentre outros) , onde há o posicionamento de flexão anterior do pescoço e cabeça ao olhar para o dispositivo portátil durante longos períodos de tempo.

Corroborando para a problemática Lee et al (2015), realizou uma pesquisa com 18 participantes , no qual constatou um predomínio postural de flexão com ângulos entre 33-45º durante a realização de tarefas ao smartphone. Esses autores concluíram que o predomínio desta postura pode ser um fator contribuinte para a ocorrência de dor no pescoço.

VII Síndrome do Toque Fantasma

Du Mont et al (2022), preceitua os impactos das tecnologias para os níveis de ansiedade do indivíduo e como ele se articula de forma direta e ou indireta aos aparelhos conectados digitalmente, seja na mesa, na mão ou no próprio bolso  (  aparelho celular) , e como muitas situações de poder estar sentindo o telefone vibrar e ou chamar como se fosse um ‘ membro fantasma” que parece estar alí.

Para Goodman (2006) , classificaria esse membro como a síndrome do toque fantasma ou vibração fantasma como uma percepção de que o telefone celular está vibrando ou tocando. O primeiro estudo do fenômeno foi conduzido em 2007  pela pesquisadora Angela Houpt, no qual cunhou o termo ansiedade pelo anel. Em 2012 , o pesquisador australiano Macquarie Dictionary denominou de síndrome de vibração fantasma.

Para Drouin et al (2012) a causa das vibrações não é conhecida, haja vista que as pesquisas preliminares sugerem que está relacionado ao envolvimento excessivo com o telefone celular e que as vibrações começam a ocorrer após carregar um telefone por um mês a um ano, onde  ao antecipar um telefonema , o córtex cerebral pode interpretar erroneamente outras entradas sensoriais ( como contrações musculares, pressão de roupas ou música) como uma vibração de telefone ou tom de toque, podendo ser entendido como um problema de detecção de sinal humano, com influências potencialmente significativas de atributos psicológicos.

VIII Nomofobia

A internet e as tecnologias trouxeram grandes inpercussões para a vida dos indivíduos, no entanto pesquisas recentes Morila et al. (2020), aponta para um processo de dependência dos mesmos com relação ao uso desses aparelhos e como eles se articulam na e durante cada rotina diária , passando de conexão para o de dependência, onde o indivíduo já não consegue mais viver sem os celulares, apresentando sinais irritados com a ausências dos mesmos.

A denominação  de “ fobia sem telefone celular”, foi criado durante um estudo de 2008 pelo Uk Post Office, no qual designou a YouGov, uma organização de pesquisa baseada no Reino Unido que avalia as ansiedades sofridas pelos usuários de telefones celulares. O estudo , com amostras de 2.163 pessoas, descobriu que cerca de 58% dos homens e 47% das mulheres sofrem de fobia e 9 % sentem-se estressados quando os celulares estão desligados. 55% dos entrevistados citaram manter contato com amigos ou familiares como principal motivo pelo qual ficaram ansiosos quando não podiam usar seus respectivos aparelhos.

Para king e Nardi (2014 b), a palavra nomofobia não veio do latim ou do grego  e sim de um mundo moderno, pois é necessário a existência dos computadores, telefones celulares e dos transtornos decorrentes destes dispositivos para a sua criação, sendo com isso uma nova ruptura para conceituar a era das novas tecnologias.

Ainda para os autores acima em 2008 o Laboratório de Pânico e Respiração ( LABPR) da Universidade Federal do Rio de Janeira (UFRJ) iniciou o desenvolvimento de um estudo pioneiro tendo como foco a nomofobia e a dependência patológica das pessoas relacionadas com internet, computadores, telefones celulares , redes sociais dentre outros.

IX Náusea Digital (Cybersickness)

Pense em ficar um longo tempo em frente há uma tela digital, como computadores, telefones e quando menos se percebe começa a sentir algumas reações adversas como tontura , mal estar dentre outras é o que diz no  trecho da  pesquisa de Cruz (2022), no qual trata sobre uma sensação de  transtornos e ou desconfortos por ficar muito tempo em frente às telas, o que denomina de “Náusea digital”.

Para Laviola (2000), Cybersickness ou náusea digital diz respeito há um problema inerente à realidade virtual desde o seu início, podendo resultar em uma série de sintomas incluindo náuseas, desorientação, dores de cabeça, suor e fadiga ocular. Em um estudo conduzido por Cobb, Nichols, Ramsey e Wilson (1999), 80% dos participantes experimentaram sensações relacionadas à náusea digital nos dez primeiros minutos de exposição ao ambiente virtual.

Esta descoberta demonstra que , pelo menos em alguns ambiente virtuais, a cybersickness , pode ser um problema de usabilidade generalizada que pode impactar na adoção mais ampla da tecnologia, mas também na melhoria contínua da mesma.Para Pedro Rosa, que estuda o tema desde 2008, diz que há trabalhos onde mostram que após interação prolongada com o ambiente virtual, os participantes sofrem um conflito menor entre os sistemas vestibular e visual e que essa redução se dá durante a utilização da realidade virtual e não auxilia o usuário a se readaptar ao mundo real. Por isso , efeitos tardios podem surgir em até 12 horas , manifestando-se na forma de desequilíbrio, desorientação e cansaço.

X Depressão das redes sociais

Com o advento das tecnologias e o aparecimento das redes sociais , estudos têm documentado a relação problemática entre redes sociais e saúde mental, onde há um crescimento do respaldo científico para a impressão crescente de que o uso de serviços como Facebook, Twitter e Instagram podem estar levando a sintomas de depressão e outros problemas de ordem emocional.

O primeiro estudo foi publicado em dezembro de 2018 no periódico Journal of Social and Clinical Psychology, conduzido pela psicóloga  Melissa G. Hunt, da Universidade da Pensilvânia, onde foram coletados dados objetivos de três plataformas (Facebook, Instagram  e Snapchat) , tendo como público amostral 143 estudantes universitários, no qual  obtiveram a coleta através dos telefones celulares com apps ativos, excluindo os que rodavam em segundo plano.

No estudo foi observado  aspectos de bem-estar comumente relacionadas a redes sociais: ansiedade, depressão, solidão , FoMo (  Fear of Missing Out), “fenômeno descrito pela primeira vez em 1996 pelo americano estrategista de marketing Dan Herman  e que pode se traduzir como “ medo de ficar de fora”,  e o  medo de que outras pessoas tenham uma vida melhor que a sua. O estudo da Universidade da Pensilvânia descobriu que aqueles dos quais reduziram seu tempo nas redes sociais viram uma queda significativa em seus índices de depressão e solidão, enquanto o grupo de controle não relatou nenhuma melhora.

XI Vícios em jogos online

  Para Braga, Elias et al. (2020) , os jogos estão há muito tempo nas casas e na vida das pessoas, perpassando gerações e ganhando status de divertimento, interação, dentre outros, por outro lado o que se conhecia como  entretenimento, começou a instigar pesquisadores em diversas partes do mundo sobre uma patologização e quando esta começa a ganhar notoriedade como doença, é o que preceitua os primeiros indícios que foram constatados em dados científicos no qual foi considerado como tal  e adicionada a CID 11. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), passou a reconhecer o vício em jogos como um transtorno de saúde mental em 2018 e com efeito da 72ª Assembléia Mundial de Saúde é que a decisão foi ratificada, tendo como Classificação Internacional de Doenças ( CID 11) para o uso abusivo de jogos eletrônicos que entrou em vigor em 1º de janeiro do ano de 2022, na seção de transtornos que podem causar vício.

Para o psiquiatra Richard Graham, que lidera desde março de 2010 um serviço de atendimento no hospital Capio Nightingale, em Londres, voltado a jovens viciados em tecnologia, reforça  que a decisão da OMS coloca o transtorno como “ algo que deve ser levado a sério”. Graham afirma , que a cada ano trabalha com cerca de 50 novos pacientes com problemas de vício em games, e que seu critério para determinar quem realmente está precisando de ajuda é se o hábito está afetando elementos básicos da vida do indivíduo e das pessoas que convivem com ele como: sono, alimentação, vida social e a educação dos quais precisam sofrer danos para que alguém seja considerado doente.

5 Metodologia

Como princípio metodológico utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica que segundo Gil (2002) ela é desenvolvida com base em material já elaborado,constituído principalmente de livros , ebooks , referências eletrônicas através de bases de dados, portais, páginas da web e sites. Ainda segundo o autor, boa parte dos estudos exploratórios consegue uma fonte de dados precisa para que haja um alcance a fim de  responder ao problema de pesquisa , bem como atendendo com anuência o objetivo do presente artigo.

Para Zanella (2013), a pesquisa foi realizada em três etapas: sendo que a primeira foi dada pelo planejamento, através da escolha dos materiais que fazem as bases de dados da Scielo e Google Acadêmico da objeto a ser pesquisado , constando com critérios de inclusão e exclusão das publicações dos últimos 05 anos. A segunda etapa deu-se através da análise  dos 28 materiais abstraídos para o processo de entendimento , catalogação e fichamento sob a ótica do que se pretende pesquisar. A terceira etapa pressupõe com a análise dos dados coletados , que serviram de subsídios para responder às indagações do presente artigo.

Como resultado da pesquisa , obteve se que o processo comunicacional está interligado entre as três vertentes que embasam a comunicação e a sociedade, onde tem se um olhar do desenvolvimento tecnológico no decorrer dos anos e como este atribui à concepção das interfaces comunicacionais em redes sociais para problemas que se originaram a partir de um uso prolongado dos aparelhos tecnológicos, ocasionando um sucessão de pesquisas recentes sobre o novo universo virtual atrelado ao comportamento dos indivíduos no espaço cibernético.

 

Pensar as redes sociais dentro do universo da comunicação é muito mais do que a busca da notícia, o compartilhamento das informações e a dialogicidade entre os atores envolvidos, haja vista que tem se uma série de situações que fazem parte do cotidiano da maioria dos indivíduos e  em especial aqueles que independente de idade estão ligados direto e indiretamente aos processos midiáticos.

O presente artigo procurou fazer uma análise para se chegar aos dados analisados pelos  três campos estritamente intercalados : A evolução tecnológica na sociedade, as redes sociais com a comunicação e os problemas comportamentais originados do processo midiático. O que trouxe uma contribuição significativa como uma ligação direta com o projeto de pesquisa do mestrado acadêmico do PPGCom, para uma perspectiva das redes sociais, saúde mental e educação: um olhar para os alunos do Curso Técnico em Agricultura do Instituto Federal do Tocantins , campus Avançado Lagoa da Confusão, ao que preceitua a problemático do presente artigo.

Como resposta aos vários questionamentos que se fixam em apenas um para o problema de pesquisa, constatou-se que é relevante reconhecer e entender que com a evolução das tecnologias e uma vida cada vez mais adaptada para os recursos digitais midiáticos, é imprescindível que os indivíduos observem como os aparatos tecnológicos estão interagindo em sua vida quer de forma direta ou indireta , bem como o seu uso abusivo pode provocar não só desconfortos sociais e ou comportamentais , mas sim quadro patológicos de doenças mentais vinculados à esses meios.

No que diz respeito a dialética da comunicação e a interface com as redes sociais é notório que boa parte da população mundial já vive conectada por vários motivos e em especial para o trabalho, o que para os profissionais da área de comunicação observou que essa grande parte é quase que unânime, sendo palpável  que  como a evolução tecnológica se deu  no decorrer dos tempos e como houve uma modificação de circulação das notícias pelos principais veículo de comunicação até chegar a  internet,  as mídias sociais ficaram  cada vez mais acessíveis a todos levando em consideração o comportamento dos indivíduos com relação a ela.

O presente artigo, trouxe acima de tudo o ineditismo para a comunicação em sua estrutura com a sociedade, pois se configura como o primeiro passo para se criar no programa de pós graduação em comunicação e sociedade um laboratório que trabalhe com assuntos relacionados às redes sociais e sua interação com os atores envolvidos, para poder ter um novo olhar de que com o acelerado ritmo de crescimento tecnológico, ele não veio sozinho e sim com um emaranhado de situações que merecem uma atenção especial dos pesquisadores de áreas interdisciplinares que compõem o referido programa.


 

Quero agradecer pela submissão deste artigo, pois foi uma pesquisa importante para a área da educação para a sociedade em geral, com um tema relevante de grande notoriedade e inedistimo para pesquisas posteriores a nível de doutorado acadêmico.

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