1 – INTRODUÇÃO
Tudo o que acontece ao nosso redor influência nossas vidas, visto que pequenas interferências podem gerar grandes mudanças. Em 31 de dezembro de 2019, surgem na cidade de Wuhan, província de Hubei, República Popular da China, ocorrências de casos de pneumonia na cidade. Naquele momento, com as práticas realizadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão que tem como uma das atribuições nomear novas doenças infecciosas a humanos, este foi notificado pela China acerca de uma nova doença, a qual recebeu o nome de COVID-19, por fazer referência ao tipo de vírus e ao ano que surgiu o relato dos primeiros casos, pois o vírus apareceu em 2019, mas a disseminação da doença pelo mundo todo se deu em 2020. A OMS, inclusive, classificou a COVID-19 como pandemia em março de 2020.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, o primeiro caso confirmado foi em 26 de fevereiro de 2020, sendo o primeiro resultado positivo da América Latina. Após essa confirmação, os números só cresceram, alcançando todas as regiões do país. Esse panorama alterou a rotina não somente da área da saúde como também nas demais atividades humanas. O cenário modificou-se, especialmente em função das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) no que se refere ao distanciamento físico, medida essencial para o achatamento da curva de crescimento dos casos da doença.
Perante a nova realidade, os diversos setores da vida cotidiana tiveram que sofrer alterações e se adequar as situações ligadas ao dia a dia das pessoas tendo que manter o distanciamento social e de obrigatoriedade do uso de máscaras como principais medidas preventivas. Frente a isso, as escolas tiveram que mudar de forma abrupta a sua rotina, tendo o ensino remoto como única alternativa para uma circunstância de isolamento social. O ensino remoto trouxe desafios não somente para os alunos que tiveram que se adequar ao ensino a distância, mas também aos gestores e professores que se viram obrigados a adequar-se à nova situação.
Mesmo com a implementação do ensino remoto pelos estados, a comunidade escolar como um todo não se fazia capacitada em desenvolver as atividades por meio dos recursos digitais, conforme atestam Barbosa et al (2020) e Garcia et al (2020), entre outros, visto que o ensino presencial possui diversas particularidades que não funcionam no remoto e vice-versa, apresentando dificuldades para todos os envolvidos no processo educacional, os sistemas educacionais, as escolas, professores, famílias e alunos.
Diante do contexto evidenciado, o presente trabalho tem a finalidade de apresentar alguns dos desafios enfrentados e possibilidades propiciadas pelos docentes de matemática e química, na implementação do REAENP em uma escola alagoana. As respostas colhidas a partir de um questionário Google Forms, que foi disponibilizado via remotamente, e estas serão apreciadas com base na análise de conteúdo, de acordo com Moraes (1999).
2 - DESENVOLVIMENTO
Com a confirmação do aumento dos números de casos do Coronavírus no Brasil, o então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, considerando a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde – OMS, recomendou como uma das medidas restritivas a fim de reduzir o risco de disseminação e agravos decorrentes da COVID-19, que os estados adotassem o isolamento social da população, e desta forma no Decreto nº 69.624, art. 6º de 6 de abril de 2020, o governador do estado de Alagoas, Renan Filho, resolve por suspender todas as atividades educacionais presenciais.
No entanto, a Secretaria do Estado da Educação-SEDUC, ponderando e ressaltando o que estabelece a constituição Federal de 1988 ( Brasil,1988) em seu artigo 205, em relação a funcionalidade e importância da educação :“esta é um direito de todos e dever do estado e da família, com a participação e colaboração da sociedade, visando o desenvolvimento pleno, o preparo do sujeito para exercer a cidadania e para o mercado de trabalho”; regulamenta a implementação do REAENP (Regime Especial de Atividades Escolares Não Presenciais) nas escolas estaduais, através da portaria nº 4.904/2020; destinada a abranger todas as etapas e modalidades de ensino, com o objetivo de dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem; essas atividades poderiam ser realizadas mediante recursos tecnológicos ou utilizando atividades impressas. Deste modo, as turmas desde o 1º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio teriam um espaço educacional, mesmo que de forma virtual que garantisse a promoção de:
I - A superação de dificuldades de aprendizagem, observadas a partir dos resultados das avaliações diagnósticas realizadas pelas unidades de ensino e dos resultados das avaliações externas (SAVEAL e SAEB)
II - O desenvolvimento de competências e habilidades conforme o Referencial Curricular de Alagoas;
III - A autonomia e o protagonismo dos estudantes;
IV - A aprendizagem colaborativa;
V - O desenvolvimento de atitudes, capacidades e valores que promovam o empreendedorismo (criatividade, inovação, organização, planejamento, responsabilidade, liderança, colaboração, visão de futuro, assunção de riscos, resiliência e curiosidade científica, entre outros);
VI - A compreensão e utilização dos conceitos e teorias que compõem a base do conhecimento científico-tecnológico, bem como os procedimentos metodológicos e suas lógicas;
VII - A apropriação das linguagens científicas e sua utilização na comunicação e na disseminação do conhecimento científico;
VIII - A apropriação e utilização das linguagens das tecnologias digitais (ALAGOAS, 2020).
Ressaltando-se à necessidade deste processo de continuidade nas atividades escolares no guia de implementação dos laboratórios de aprendizagem nas unidades de ensino da rede pública estadual de educação de alagoas, 2020:
Constituir uma rotina de estudos para além do espaço escolar é fundamental, principalmente para estudantes que estão em processo de internalização de rotinas necessárias à estruturação de comportamentos e práticas sociais adaptativas, processo que terá continuidade com as atividades propostas pela equipe docente (SEDUC, 2020).
Segundo as instruções normativas da SEDUC as atividades do REAENP deveriam ser desenvolvidas de forma interdisciplinar e as disciplinas seriam organizadas através dos sete laboratórios de aprendizagens, conforme os objetivos de cada um deles: 1-Laboratório de Português (promover uma melhoria na proficiência em língua portuguesa, a partir dos resultados das avaliações: SAVEAL e SAEB); 2-Laboratório de Comunicação ( desenvolver atividades que instiguem a análise crítica dos estudantes nas diferentes notícias disponíveis); 3- Laboratório de Matemática (propiciar um melhor desempenho no entendimento matemático, considerando os resultados das avaliações externas); 4- Laboratório de Desenvolvimento de Ideias Inovadoras (favorecer para construção de atitudes e comportamentos empreendedores); 5- Clube de Leitura (incentivar à leitura, no intuito do desenvolvimento da criticidade e criatividade); 6- Laboratório de Desenvolvimento de Iniciativas Sociais ou Comunitárias (conscientizar e integrar o aluno ao território); 7- Laboratório de Desenvolvimento de Atividades Lúdicas (mobilizar a utilização do lúdico como facilitador da socialização e comunicação); estes laboratórios seriam destinados para as turmas do 1º ano do fundamental ao 2ª série do ensino médio, tomando por base competências e habilidades respaldadas pelo Referencial Curricular de Alagoas- RecAl, pela BNCC- Base Nacional Comum Curricular e pelos resultados provenientes das avaliações do SAVEAL e SAEB.
No que se refere às orientações destinadas às turmas da 3ª série do ensino médio, as atividades devem preparar os estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM, por meio do espaço interdisciplinar intitulado “foca no ENEM”, pautadas na BNCC e na matriz do ENEM. As disciplinas foram organizadas conforme os blocos de áreas apresentadas no exame: humanas sociais e aplicadas, natureza e suas tecnologias, linguagens e suas tecnologias, linguagens e suas tecnologias, redação matemática e suas tecnologias.
Com a finalidade de contribuir para uma melhor preparação dos professores para enfrentar essa “nova” maneira de desenvolver as atividades pedagógicas, foram realizados encontros formativos com os articuladores de ensino pertencente a cada escola estadual, levando-se em conta as demandas específicas de cada instituição, a princípio apresentando aspectos pertinentes para implementação do REAENP, e traçando estratégias de planejamento e ação juntamente ao corpo docente, em seguida se aprofundando em propostas de metodologias e/ou ferramentas tecnológicas capazes de contribuir no processo ensino e aprendizagem. Os recursos do google: Classroom, Formulário, Drive, Meet, como também os grupos do WhatsApp criados por turma/série se configuraram em ferramentas que contribuíram para manter o elo entre comunidade escolar, professores e alunos, favorecendo no processo escolar e prevenindo possível evasão e fracasso escolar.
O planejamento é tido como um processo mental que acontece nas mais diversas ações da vida humana. Planejar um evento é pensar sobre as intempéries que podem ocorrer no percurso e em possíveis soluções para eles. Assim, planejar uma aula é pensar todos os meios, ferramentas e possíveis interferências que possam a ocorrer durante a realização do plano de aula.
Na escola, assim como em todas as esferas cotidianas, a atividade de planejamento é um processo importante e que acontece em diferentes etapas e com diferentes atores. Embora no nível de planejamento de aula o professor pense nele sem outra ajuda aparente, esse trabalho nunca é solitário, pois planejamos pensando em um público, em suas expectativas e particularidades. O planejamento na escola se encontra em diversos níveis dos processos que regem essa instituição. Em nível de planejamento escolar, todos os atores da instituição (do diretor aos pais) precisam participar de sua elaboração e prática. Este planejamento é feito com base nos objetivos que aquela instituição visa alcançar, bem como as ações político-pedagógicas que estarão acontecendo no estabelecimento. Em nível de currículo, pensasse nos objetivos e conteúdos programáticos de cada matéria, até que neste afunilamento de planejamentos começa-se a pensar nas disciplinas e suas individualidades. O que se espera de cada área do conhecimento? Como alcançaremos as metas de aprendizagem?
São essas as ideias com as quais um professor trabalha e constrói o seu planejamento de ensino, separa-o no curso, pensando nos conhecimentos a serem adquiridos em uma determinada classe, nas unidades em que o trabalho acontecerá, e chega no plano do dia a dia do chão da sala de aula.
O planejamento de fato, é algo presente e necessário em todas as áreas da atividade do ser humano por estar ligada a uma prática mental. Conforme destacado por (HAYDT, 2011): “O professor ao planejar o ensino antecipa, de forma organizada, todas as etapas do trabalho escolar”. Planejar diz respeito a análise de uma dada realidade e a partir desta reflexão, poder traçar e antecipar as possíveis alternativas da ação para superar as dificuldades e conseguir ter êxito nos objetivos pretendidos. Já o plano é o efeito, é o lineamento das conclusões resultantes do processo de planejar, que pode ou não assumir uma forma escrita.
Se tratando do processo de ensino, o planejamento se estabelece como a principal ferramenta didático-pedagógica que o professor possui, além de ser um documento, o planejamento irá refletir toda a conduta e processos adotados pelo docente visando o alcance dos objetivos de aprendizagem estabelecidos, logo irá se configurar como principal ferramenta de trabalho e organização docente.
Para a construção deste estudo contou-se com a participação de professores atuantes na Rede Estadual de Ensino de Alagoas, os quais estão atualmente trabalhando de acordo com o estabelecido pelo REAENP. Assim, a coleta de dados contou com a participação de oito professores, sendo cinco da disciplina de matemática e três de química, todos os envolvidos atuam em uma mesma escola estadual.
O questionário foi proposto e construído pelas autoras do presente artigo e contou na primeira seção com dados pessoais e numa segunda seção com seis questões abertas sobre o planejamento e as dificuldades enfrentadas durante a implementação do REAENP. O mesmo foi disponibilizado via WhatsApp para os envolvidos no processo de pesquisa. Os participantes se dispuseram a responder o questionário (ver apêndice) de forma voluntária.
Como metodologia de análise das respostas coletadas escolheu-se a Análise de Conteúdo (AC) proposta por Moraes (1999, p.2) a qual é entendida como “uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda a classe de documentos e textos.” A AC em questão é composta por cinco etapas principais, a saber: 1 - Preparação das informações; 2 - Unitarização; 3 - Categorização; 4 - Descrição; 5 - Interpretação. Devido ao quantitativo de respostas obtidas e de acordo com o objetivo principal do texto, para este artigo serão consideradas apenas quatro etapas da AC, como demonstrado no esquema abaixo.
Imagem 1 – Esquema de Categorização
Preparação => Unitarização
)
Interpretação <= Descrição
Fonte: Autora, 2021.
A primeira etapa - Preparação - diz respeito a preparação do material a ser analisado, assim todas as respostas submetidas ao questionário passaram por leitura prévia a fim de identificação das amostras e entendimento das mesmas. A etapa de Unitarização é responsável pela atribuição de códigos às unidades de análise previamente escolhidas na etapa anterior. A codificação garante o anonimato das respostas obtidas, bem como uma linearidade na demonstração das respostas obtidas. Assim, o código atribuído a cada resposta se relaciona com a sua disciplina de origem, por exemplo, PIM1 - código atribuído ao professor 1 da disciplina de matemática e P1Q1 - código atribuído ao professor 1 da disciplina de química. Todas as respostas que forem utilizadas para interpretação dos dados irão constar com codificação semelhante.
Quadro 1 - Planejamento Didático no REAENP
Quais os aspectos relevantes do planejamento didático no REAENP? |
Importância do planejamento didático |
Desafios do planejamento |
Possibilidades do planejamento |
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P1Q1 |
Desenvolver um bom trabalho de ensino-aprendizagem |
Criar muito material didático. |
Conhecer novas estratégias de ensino |
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P1M1 |
Busca a melhor maneira de aprendizagem. |
Inovar as aulas |
Novas maneiras de avaliação |
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P2Q2 |
Construir métodos para ajudar nossos alunos a chegar a um conhecimento |
Construção de um material didático |
Refletir sobre sua prática docente |
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P2M2 |
Foi criado de forma emergencial para minimizar os danos |
Organizando o atendimento aos alunos. |
Levando os professores a trabalhar em equipe. |
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P3M3 |
As atividades ficariam “soltas” sem algo firmado. |
Muita pesquisa, adaptação de temas geradores à disciplina. |
A pesquisa constante e também o uso das tecnologias. |
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P3Q3 |
Para que não haja mais prejuízo no aprendizado. |
Engajar os alunos no ensino remoto por conta do acesso à internet que não é acessível a todos. |
Novos conhecimentos tecnológicos, a forma do ensino aprendizagem |
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P4M4 |
Nos ajudou com o uso das tecnologias |
Falta de aparelhos celulares e Internet para os alunos |
Uso do Google forms, drive. |
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Fonte: Autora, 2021.
A etapa de categorização se trata da criação de categorias para agrupamento dos dados, como o objetivo principal do artigo é analisar os relatos dos professores, tal etapa não se faz necessária. As etapas finais são a descrição e interpretação dos relatos obtidos que serão melhor explicadas no tópico seguinte.
Seguindo as etapas finais da metodologia, no que tange às possibilidades oriundas do planejamento didático no período do REAENP que foram elencadas pelos professores pesquisados; a realização das atividades por laboratório de forma interdisciplinar, se destaca sendo mencionada por mais de um docente, as quais contribuíram para explorar a articulação entre o corpo docente e conteúdo, partindo inicialmente de temas geradores a fim de garantir a diversidade de abordagens, onde os alunos se apropriam do conhecimento no viés de diferentes vertentes, como mencionado por P2M2: “A junção das disciplinas por laboratórios, facilitou o planejamento e a interdisciplinaridade, o que ajuda a minimizar a fragmentação do ensino, levando os professores a trabalhar em equipe”; podendo assim ser considerado como um impacto positivo ocasionado pelo período.
Outra possibilidade marcada pelo ensino no REAENP foi que o mesmo oportunizou a descoberta e inovação de práticas pedagógicas por parte dos professores e uma atitude mais protagonista dos alunos; trilhando novas formas de aprender e ensinar, explorando habilidades voltadas a cultura digital; como constatado pelas falas tanto do P1Q1:” Possibilitou conhecer novas estratégias de Ensino, principalmente envolvendo ferramentas tecnológicas”; como também na do P3M3: “Por ser exigido do docente a pesquisa constante e também o uso das tecnologias, isso, com certeza, foi um grande aprendizado e ganho para o futuro”. Embora seja considerado como um período atípico, tanto para professores quanto para alunos, o ensino remoto exige do docente que o mesmo saísse de sua zona de conforto, uma vez que o ensino à distância pede que novas ferramentas sejam incluídas no planejamento, ferramentas essas que poderiam num primeiro momento ser desconhecidas ou de pouco uso para os professores.
Entre os desafios enfrentados no REAENP, destacados foi a falta de acesso a rede de internet ou a celulares para acompanharem as aulas por parte de alguns dos estudantes, como enfatizado na fala do P4M4: “Falta de aparelhos celulares e Internet para os alunos. Com isso ficamos limitados em usar alguns programas como google meet, etc.” A falta de recursos tecnológicos compromete todo o processo de ensino e aprendizagem nesse período, uma vez que dificulta o andamento das atividades e o acompanhamento de todas as aulas realizadas de forma assíncrona, uma vez que o planejamento dos roteiros impressos, os quais serviam como cartilha para aprendizagem do aluno sem acesso à internet, não contemplava totalmente as expectativas no tocante a construção do conhecimento; afinal lhes faltava maiores explicações do conteúdo abordado.
Outro ponto sinalizado foi a dificuldade relacionada a manter o engajamento dos discentes, como posto pelo P3Q3: “O primeiro desafio, na minha opinião, foi engajar os alunos no ensino remoto por conta do acesso à internet que não é acessível a todos”. Tornar as aulas remotas, mas palpáveis ao alunado já se consolidou como um desafio e garantir a frequência dos alunos também, já que além da dificuldade com o acesso à internet que é uma realidade que assola a sociedade brasileira, em casa, quando conseguem frequentar as aulas, os alunos ficam mais dispersos, menos participativos ocasionando em quebras no processo de aprendizagem.
Quanto ao questionamento realizado acerca da importância do planejamento didático, é consenso entre todos os professores que sua utilização é de extrema importância durante o momento de preparação e execução de aulas, como demonstrado pelo P2Q2: “O planejamento ajuda a traçar as habilidades e competências que queremos promover nos nossos alunos, através desse planejamento podemos refletir e construir métodos para ajudar nossos alunos a chegar ao conhecimento.” Em sua fala, é possível notar que é através do planejamento que o professor terá um norte sobre todo o seu processo de ensino, incluindo desde a sua preparação de aula, definição dos objetivos de aprendizagem, escolha de materiais e ferramentas, até a sua execução e possíveis adequações.
3 - CONCLUSÃO
Com a implementação do REAENP nas escolas alagoanas, foi possível manter o vínculo das escolas com seus estudantes e familiares. Vale ressaltarmos os esforços tanto da classe docente quanto discente, no sentido de dedicar-se a vivenciar novas formas de ensinar e aprender neste novo ambiente educacional: “o digital”. Conforme destacado por Borstel, Florentin e Mayer (2020): “estamos vivenciando uma reinvenção da educação, em que escola e família necessitam estar afinadas e alinhadas no processo formativo, educação e emocional de todos os envolvidos”. Visto que dispõe de novas posturas e atitudes, requerendo o protagonismo não apenas por parte dos professores, mas também pelos estudantes; onde o planejamento didático se faz muito necessário, e nesse momento de ensino remoto, mantém o elo entre instituição escolar e estudantes.
Contudo, diante do que foi posto até aqui é possível perceber que, embora seja uma medida de regime emergencial, a execução do REAENP requer que alguns pontos sejam repensados de forma a tentar diminuir as perdas no processo de ensino. Dentre os pontos estão: o investimento em cursos de formação continuada de professores voltados às ferramentas digitais já que muitos docentes nunca tiveram contato com alguns recursos tecnológicos básicos ou alguns menos conhecidos como as simulações que para as ciências mais demonstrativas, como a química, facilitam a visualização e o entendimento dos alunos.
Outro ponto de suma importância a reflexão é o acesso à internet e celular por parte dos alunos, nesse quesito vale a realização por parte das Secretarias Estaduais e Municipais de uma busca ativa, para identificar dentre os alunos quais não estão tendo o acesso e quais as suas motivações e dificuldades. Infelizmente, no Brasil a internet não chega de forma igualitária a todas as casas, e o ensino remoto escancarou essa realidade por vezes ignorada.
A Deus, por me proteger, proporcionar saúde e força para não fraquejar nas adversidades e por guiar cada um dos meus passos.
A minha saudosa mãe Maria Odete, por me fazer acreditar no poder da educação para transformação da minha vida, e a cada conquista dessa filha, era a maior fã. Sei que de onde está emana a força que eu preciso para acreditar que meus sonhos possam ser concretizados.
REFERÊNCIAS
BORSTEL, V. Von; FIORENTIN, M. J.; MAYER, L. Educação em tempos de pandemia: Constatações da coordenadoria Regional de Educação em Itapiranga. In: PALU, Janete; MAYER, Leandro; SCHUTZ, Jenerton Arlan (org.) Desafios da Educação em tempos de pandemia. Cruz Alta: Ilustração, 2020.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 1988.
_______Diário Oficial. DECRETO Nº 69.624/ 2020. Maceió -Al, 2020.
_______Diário Oficial. PORTARIA/SEDUC Nº 4.904/2020. Maceió -Al, 2020.
HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. 1.ed. - São Paulo: Ática, 2011.
LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p.7-32, 1999.
ALAGOAS. Secretaria da Educação. Guia de implementação dos laboratórios de aprendizagem nas unidades de ensino da rede pública estadual de educação. Maceió: Diário Oficial, 2020.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. COVID-19: 10 recomendações para planejar soluções de aprendizagem
- distância. 6 março 2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/news/covid-19-10-recomendacoes-planejar-solucoes-aprendizagemdistancia. Acesso em: 28 junho 2021.
BARBOSA, A. M.; VIEGAS, M. A. S; BATISTA, R. L. N. F. F. Aulas presenciais em tempos de pandemia: Relato de experiências de professores do nível superior sobre as aulas remotas. Revista Augustus. Rio de Janeiro, v. 25, n. 51, p. 255 – 280, jul/out. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.15202/1981896.2020v25n51p255 .
GARCIA, T. C. M.; MORAIS, I. R. D.; ZAROS, L. G.; RÊGO, M. C. F. D. Ensino Remoto Emergencial: proposta de design para organização de aulas. Natal: SEDIS/UFRN, 2020. Disponível em: http://sedis.ufrn.br/wp-content/uploads/2020/06/ENSINO-REMOTO EMERGENCIAL_proposta_de_design_organizacao_aulas-1.pdf .