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Aproximações E Distanciamentos: Método Naturalístico De Émille Durkheim E O Conhecimento Praxiológico De Pierre Bourdieu

Mirela de Jesus Geronimo

O artigo a seguir tem como objetivo apresentar, de forma sucinta, um pouco sobre as obras de Émille Durkheim e Pierre Bourdieu, com ênfase em seus métodos para uma análise sobre seus distanciamentos e aproximações; Durkheim é conhecido por ser um dos clássicos da sociologia a compreensão do ser social como coisas, deixando de lado suas pré-noções, enquanto Pierre Bourdieu é contemporâneo com destaque em sua análise sobre a teoria da ação, destacando suas importâncias para a sociologia, assim, será apresentado uma síntese daquilo que foi discutido ao longo do trabalho e as nossas impressões sobre os referidos autores.

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GERONIMO, Mirela de Jesus. Aproximações e distanciamentos: Método Naturalístico de Émille Durkheim e o Conhecimento Praxiológico de Pierre Bourdieu. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2022 . ISSN: 1982-3657. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/453-aproxima%C3%A7%C3%B5es-e-distanciamentos-m%C3%A9todo-natural%C3%ADstico-de-%C3%A9mille-durkheim-e-o-conhecimento-praxiol%C3%B3gico-de-pierre-bourdieu. Acesso em: 16 out. 2025.

Aproximações e distanciamentos: Método Naturalístico de Émille Durkheim e o Conhecimento Praxiológico de Pierre Bourdieu

No século XIX ocorrem várias transformações em todo o mundo, dos anos de 1850- 1870 passa a se instaurar um processo denominado segunda fase industrial que provocou modificações produtivas com a aceleração dos processos de reprodução dos capitais, o que por consequência afeta diretamente as condições de vida da população europeia, dando ênfase ao surgimento da classe operária. Com o avanço do processo de industrialização, sucede uma elevação das relações comerciais da época e como resultado assegura a hegemonia econômica da burguesia, e, por conseguinte desse movimento, surgem novos grupos de trabalhadores com o objetivo de se organizarem e contestarem suas cargas excessivas de trabalho. É válido destacar que o século XIX se destaca também pelos avanços tecnológicos, a exemplo do cinema, da lâmpada incandescente e do motor a explosão, evidenciasse, portanto, que a sociedade estava se desenvolvendo, em um processo de transformação. Nesse momento duas correntes de pensamentos estavam instauradas na sociedade, o evolucionismo e positivismo, este primeiro com destaque no campo religioso Kardec pública em 1864 “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no campo científico Darwin em 1859 publica “A Origem das Espécies”, o positivismo surge com Augusto Comte com sua filosofia positivista, que fazia a defesa de uma ideia de que tanto os fenômenos sociais, naturais e biológicos poderiam ser observados e compreendidos, o positivismo se funde como ciência “positivista” no sentido de se opor aos processos revolucionários, ela é positivista, pois mantem uma ideia de ordem. Posteriormente surge a sociologia que vinha de uma perspectiva de ciência positivista que incorpora um método embasado nas ciências naturais para compreensão da realidade social. A sociologia surge em um momento de tensões vinculadas aos avanços tecnológicos provocados pelo sistema capitalista que trazem consigo mudanças no mundo com o processo de urbanização e também nas relações de trabalho. Nesse sentido a sociologia levanta questões que a mesma tentava compreender vinculadas ao indivíduo, sociedade e social. A Sociologia, portanto, pode ser compreendida como uma “ciência do conflito”, uma vez que o seu nascimento data exatamente de um momento efervescente e conflituoso, tendo a configuração das relações sociais sofrido uma série de mudanças diante do quadro provocado pelo avanço da industrialização e das mudanças daí decorrentes nas relações de trabalho, no processo de urbanização e nas novas formas de sociabilidade e configuração espacial, provocadas pela consolidação do sistema capitalista. (SILVA, 2019, p. 3). Sobre os conflitos e tensões vinculados a sociologia, destaca-se Émile Zola, de 1885: Tudo se aniquilava no fundo desconhecido das noites obscuras; só percebia, muito ao longe, os altos-fornos e as fornalhas de coque. Estas, baterias de cem chaminés erguidas obliquamente, alinhavam rampas de chamas rubras, enquanto as duas torres, mais à esquerda, ardiam, azuis, em pleno céu, como tochas gigantescas. Era uma tristeza de incêndio, não havia no horizonte ameaçador outros astros elevando-se a não ser esses fogos noturnos dos países da hulha e do ferro (ZOLA, 1972, p. 37). Em vista disso, esse artigo tem como objetivo apresentar a sociologia nas perspectivas de dois autores importantes: Emille Durkheim e Pierre Bourdieu, ambos os autores escreveram em momentos históricos destintos, com destaque em seus métodos para uma análise sobre seus distanciamentos e aproximações, no qual será analisado a influência de Durkheim nas leituras feitas por Bourdieu. Émille Durkheim é conhecido por ser um dos clássicos da sociologia, viveu na França, nos séculos XIX e XX, a compreensão do ser social como coisas, deixando de lado suas pré-noções, enquanto Pierre Bourdieu é contemporâneo com destaque em sua análise sobre a teoria da ação, destacando suas importâncias para a ciência sociológica, segundo Guimarães (2018) utilizar Pierre Bourdieu como método implica em considerar a sociedade em duas estruturas importantes de dominação, a partir disso dar-se um olhar praxiologico e relacional com as realidades dos indivíduos que são construídos socialmente e historicamente. A partir desses processos que se constitui a formação de determinados habitus que busca analisar as relações sociais e os papéis dos agentes sociais no estabelecimento dos valores legítimos em uma determinada cultura e seus elementos de dominação e poder em determinados campos. Assim, será apresentado um pouco da gama que existe a cerca desses dois autores e os aspectos relevantes sobre a obra deles, com destaque em alguns pontos que foram utilizados/incorporados por Pierre Bourdieu da obra de Émille Durkheim.

Emille Durkheim

Sociólogo Francês (1858-1917) é considerado o pai da sociologia, é de uma família judaica da região de Lorena, na França, formando em filosofia no ano de 1882, pela École Normale Supérieure, no ano de 1887 tornou-se professor do curso de ciências sociais e pedagogia na Universidade de Bordeaux. Buscava a valorização cientifica da ciência humana como ocorria com as ciências naturais, com esse objetivo ele cria um método sociológico, para que pudesse constituir esse método utiliza influências de vários pensadores da época como, por exemplo, Hebert Spencer e do positivismo de Augusto Comte. Dentro da tradição positivista Durkheim aponta um reino social, com individualidade distinta dos reinos animal e mineral, delimitando claramente os objetos das ciências para melhor situá-las no campo do conhecimento, trata-se de um campo com caracteres próprios e que deve por isso ser explorado através de métodos apropriados (RODRIGUES, 2000). Para o autor, a vida social é um todo, sendo formada por uma síntese (Durkheim, 1974). Assim, os fatos sociais se expressam de diversas formas, que podem ser vinculadas as suas maneiras de agir, comportamentos, contingenciais, até podem aparecer como correntes sociais, maneiras de ser e agir, dogmas e regras que já estão expostas na sociedade (DURKHEIM, 1974). Já os valores são representações sociais que também são expressas por instituições segundo Durkheim, [...] ao mesmo tempo em que as instituições se impõem a nós, aderimos a elas; elas comandam e nós as queremos; elas nos constrangem, e nós encontramos vantagem em seu funcionamento e no próprio constrangimento. (…) talvez não existam práticas coletivas que deixem de exercer por nós essa ação dupla, a qual, além do mais, não é contraditória senão na aparência (DURKHEIM, 1974, p. XXX). Durkheim propõe um método de investigação próprio da sociologia, que até hoje é uma grande contribuição para ciência sociológica, Durkheim (1974) acreditava na superação das armadilhas do senso comum, como apresentar as possíveis relações existentes entre as relações de causa e consequência entre os fenômenos, assim, o mesmo expõe que os fatos sociais deveriam ser tratados como coisas. É Durkheim que empreende os primeiros delineamentos da sociologia do conhecimento, através da análise das religiões primitivas - o totemismo como sua forma primeira e mais simples -, pode-se perceber como os homens encaram a realidade e constroem uma certa concepção do mundo e, mais ainda, como eles próprios se organizam hierarquicamente, informados por tal concepção. Assim, a sucessiva introdução de elementos enriquecedores da análise adquire um significado metodológico especial, pois constitui - ao lado de conhecimentos positivos que proporciona - clara demonstração do processo de indução científica, permitindo a análise de representações coletivas, que são encaradas, num sentido estrito, como representações mentais ou, melhor dito, representações simbólicas que, por sua vez, são imagens da realidade empírica (RODRIGUES, 2000). O funcionalismo de Durkheim, o mesmo defendia seu método de pesquisa, acreditando que seu método conseguiria responder todas as questões sobre a maneira como se formam as suas categorias de pensamento, o que faz conexões entre o sistema social e o sistema lógico. Segundo Durkheim (2000) as transformações sociais não se desenvolvem de forma conflituosa, mas sim de forma lógica. Segundo BORDIGNON (2022, p. 7-8) A ideia do sociólogo francês é possibilitar a individualização socializando, unificar diferenciando. Para ele, se os indivíduos fossem condicionados por sua vida em sociedade, não faria sentido que o agrupamento tivesse como fundamento a igualdade. Cada indivíduo é determinado a exercer uma função, e a igualdade não faz sentido porque deve ser entendida historicamente. Ao longo do tempo, as funções atribuídas aos homens ganharam corpo à medida que se apossavam da natureza, o que determinava as relações entre si. Tinha como objetivo demonstrar a existência de uma superioridade analógica da sociedade sobre o indivíduo, apresentando o processo de hierarquização da sociedade, ou seja, sua distribuição desigual que está presente na sociedade. Nesse período a história passa a ser exposta como uma ciência descritiva dos fatos, somente poderia ser observado o que estivesse em uma foto/documentação oficial, já a sociologia se coloca como a ciência que estaria vinculada a procedimentos que estivessem estruturados e fossem duradouros, se formulando no século XIX para Durkheim uma sociologia como ciência empírica, sendo constituída de fatos: E, todavia, os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisas. [...] Os fenômenos sociais apresentam incontestavelmente tal caráter. Não nos é dada a ideia que os homens formulam a respeito do valor; esta é inacessível, e o que nos é dado são os próprios valores que se trocam realmente no decorrer das relações econômicas. Não é esta ou aquela concepção do ideal moral; é o conjunto de regras que determinam efetivamente a conduta (DURKHEIM, 1995, p. 24). De acordo com Rodrigues (2000), o método de Durkheim é sintetizado em três pontos básicos: independe de toda filosofia; é objetivo; é exclusivamente sociológico - e os fatos sociais são antes de tudo coisa social. Sendo assim, um fato social não pode ser explicado senão por outro fato social e isso só é possível se assimilar ao meio social interno o motor da evolução coletiva da sociedade. Para Durkheim o fato social é coercitivo, exterior e geral a todos os indivíduos. Então, o indivíduo é influenciado pela sociedade que foi criada para ele, porque deve estar inserido nela socialmente tornando-se natural. Nesse sentido Durkheim apresenta que o indivíduo não pode existir sem a sociedade, então o desejo natural de cada indivíduo pode ser modificado com processo educacional, assim, a sociedade passa a ser visualizada como uma criação coletiva dos indivíduos, que possuem regras coercitivas, exteriores e gerais com o objetivo de garantir a coesão social. Ao longo da nossa história constituiu-se um conjunto de ideias sobre a natureza humana, a importância respectiva de nossas diferentes faculdades. O direito e o dever, a sociedade, o indivíduo, o dever, o progresso e a ciência, a arte, etc., ideias que se encontram na base do nosso espírito nacional; toda educação, tanto a do rico quanto a do pobre, tanto a que conduz às profissões liberais quanto a que prepara para as funções industriais, tem como objetivo fixá-las na consciência (DURKHEIM, 2011, p. 52). Para GALANTE (2021, p. 7-8), [...] Durkheim demonstra a existência do poder coercitivo a exemplo da repreensão que é imposta aos membros da sociedade quando descumprem com as regras sociais por vias do aparelho burocrático, que salvaguarda os costumes e a ordem através das leis, e da vigilância social. Dessa maneira, apesar dos fatos sociais não serem obrigatórios, ao negá-los os indivíduos enfrentam forte resistência que os impelem a sujeitarem-se às normas sociais e os impedem de agir de outra maneira. Por esse motivo, Durkheim consegue fundamentar a veracidade do poder coercitivo e sustentar a ideia de que mesmo quando os indivíduos se propõem a se libertarem das regras sociais, a coerção se demonstra na resistência contra a qual esses indivíduos deverão lutar. Os fatos sociais para Durkheim também são de ordem anatômica ou morfológica, estes que ele reconhece como maneiras de ser. Para Durkheim, a maneira de ser é aquilo que permite desvendar como se organizam e se desenvolvem as estruturas sociais das sociedades, à organização política, as composições e distribuições sociais, o modo de comunicação que desenvolveram, etc. Nesse sentido, existem as pressões coletivas que moldam a maneira como as sociedades se configuram no seu substrato social, a exemplo, determinam como as habitações de uma sociedade devem ser construídas. A maneira de ser, portanto, só poderia ser compreendida através da lente do direito público, visto que ela ocasiona fenômenos de condição moral. Ou seja, tais maneiras expressam formas sociais de ação, hábitos que representam os segmentos sociais que a ela pertencem (GALANTE, 2021). Para Durkheim, a moral é constituída socialmente em cada momento histórico, impondo a existência de uma moral coletiva, sendo essa geral aos indivíduos, tem também uma moral individual, a compreensão dessas morais vinculam-se as regras de conduta. É, portanto, bem certo que as ordens da moral, por pouco que elas sejam complexas, não tiveram primitivamente como fim o interesse da sociedade. Aspirações estéticas, religiões, paixões de toda espécie, mas sem objetivo utilitário, puderam também lhes dar origem. Sem dúvida, uma vez que elas existem, uma seleção se estabelece entre elas. As que perturbam sensivelmente a vida coletiva são eliminadas; porque, de outra maneira, a sociedade onde elas se produzem não poderia durar e, de toda maneira, elas desapareceriam com elas (DURKHEIM, 2015, p. 33). Na visão dele para que possamos compreender a subjetividade devemos analisar a objetividade de uma sociedade através de instituições que impõem regras de condutas e controle, a fim de melhor apresentar esse processo de objetividade sobre a subjetividade, Durkheim faz análises de vários objetos, sendo eles a moral e a divisão social do trabalho em sociedades complexas, o que faz com que ele entrasse na compreensão da educação até chegar ao suicídio que atualmente é um objeto de estudo da psicologia, fazendo uma observação de comportamentos físicos de indivíduos que fazem o extermínio de sua própria vida e o que isso acarreta sobre a sociedade. De fato, se, em vez de enxergá-los apenas como acontecimentos particulares, isolados uns dos outros e cada um exigindo um exame à parte, considerarmos o conjunto dos suicídios cometidos numa determinada sociedade durante uma determinada unidade de tempo, constaremos que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades independentes, uma coleção, mas que constitui por si mesmo um fato novo e sui generis, que tem sua unidade e individualidade, por conseguinte sua natureza própria, e que, além do mais, essa natureza é eminentemente social. (DURKHEIM, 2000, p. 17) A concepção de sociedade elaborada por Durkheim faz da vida social um fenômeno essencialmente moral, já que para ele, sempre que há sociedade há altruísmo e, portanto, vida moral. Nossa conduta propriamente social não se orienta apenas para a satisfação de nossos interesses e não faz dos outros um meio para a obtenção de nossos fins. Isso não quer dizer que inexistam conflitos na sociedade, mas que a fonte deles é o mundo inerentemente desregulado dos interesses econômicos, mundo que a sociedade, em condições normais, tende a regular. A vida social exige de nós sacrifícios, renúncias, mas o grupo possui um prestígio e uma autoridade tal que desempenhamos nossos deveres motivados pelo sentimento de obrigação, pelo senso do dever e não pelo temor às sanções (MASSELLA, 2022). Durkheim com suas contribuições a sociologia está vinculada a sua preocupação em compreender/refletir todos os processos históricos que estava inserido, como podemos citar a divisão social do trabalho, as relações de trabalho que foram influenciadas pelas transformações ocasionadas pela Segunda Revolução Industrial, assim Durkheim passa a querer compreender os processos empíricos em que as sociedades vinham passando ou que estavam presente em seu momento histórico, com o objetivo de compreender como se formou, ou seja, suas causas e como essas causas puderam reconfigurar novas funções/questões sociais, com isso, o autor deixava implícito que não teria como estudar os fenômenos desassociando da realidade do indivíduo. Para Quintaneiro, Oliveira e Oliveira (2003) Durkheim se preocupava com qual método ele iria utilizar cientificamente e que fosse além do senso comum, dessa forma, ele decidiu seguir ao que era utilizado pelas ciências naturais, mas este não seria seu decalque, pois os fatos que são estudados pela sociologia são sociais. Assim, o método teria que ser sociológico e a partir dele os estudiosos pesquisariam as prováveis ligações de causa e efeito e regularidades. Emille criou regras para que fossem seguidas pelos sociólogos durante a análise dos fatos sociais. A primeira e a mais importante era considerada como coisas, estes deveriam se afastar das pré-noções, definir primeiro os fenômenos tratados que são mais correntes e leválos em conta independente das manifestações individuais. Ele por sua vez acrescenta em uma de suas obras sobre e afirma que: A coisa se opõe à ideia. (...) É coisa todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural (...) tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e profundos (QUINTANEIRO, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 2003, p. 66). Para o mesmo, a coisa também poderia ser reconhecida por um sintoma, sendo ele: Pelo sintoma de não poder ser modificada por intermédio de um simples decreto da vontade. Não que seja refratária a qualquer modificação. Mas não é suficiente exercer a vontade para produzir uma mudança, é preciso além disso, um esforço mais ou menos laborioso, devido à resistência que nos opõe e que, outrossim, nem sempre pode ser vencida (QUINTANEIRO, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 2003, p. 67). O sociólogo também foi responsável por criar o conceito de solidariedade social, onde a partir dele tentou apresentar como se forma e se torna responsável pela coesão dos membros dos grupos, e de que forma se transforma segundo o modelo de organização social. Para isso ele considerou a presença de maior ou menor divisão do trabalho. (QUINTANEIRO, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 2003). De acordo com Durkheim, a sociedade tem duas formas de consciência: “Uma é comum com todo o nosso grupo e, por conseguinte, não representa a nós mesmos, mas a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra, ao contrário, só nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso é que faz de nós um indivíduo.” Em outras palavras, existem em nós dois seres: um, individual, “constituído de todos os estados mentais que não se relacionam senão conosco mesmo e com os acontecimentos de nossa vida pessoal”, e outro que revela em nós a mais alta realidade, “um sistema de ideias, sentimentos e de hábitos que exprimem em nós (...) o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais são as crenças religiosas, as crenças e as práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda espécie. Seu conjunto forma o ser social” (QUINTANEIRO, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 2003, p. 67). A consciência comum está ligada ao conjunto de crenças e também de sentimentos das pessoas que compõem uma sociedade igual, estes criam um sistema que tem vida própria. A mesma causa vários sentimentos, ideias e imagens. Também não se importa em como essas pessoas dessa sociedade se manifestem, pois, ela tem uma realidade somente sua e de outra natureza (QUINTANEIRO, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 2003). Dessa forma, procuramos, de forma resumida, apresentar alguns pontos essenciais para a compreensão da obra da Sociologia de Durkheim. Após fazer o destaque de alguns pontos, como questão da razão e da “fé” na ciência, até mesmo a construção do objeto a partir da observação, com destaque para a valorização do social e a influência do conhecimento histórico. A partir disso, será abordado alguns aspectos da obra de outro sociólogo, Pierre Bourdieu, para então reunirmos na parte final que será observado os aspectos de Durkheim que encontramos na obra de Bourdieu, analisando as proximidades e distanciamentos das obras deles, seja para referenciá-lo, seja para superá-lo.

Pierre Bourdieu

Pierre Bourdieu (1930-2002) nasceu no sul da França em uma área periférica, formando em filosofia na École Normale Supérieure e no ano de 1983 tornou-se professor no Collége de France. Considerado um dos principais nomes da sociologia contemporânea, seu destaque está em sua trajetória de assimilar conhecimentos que julgasse relevantes para o desenvolvimento da sociologia como ciência. Assim, ele articula dialeticamente a estrutura ao autor, nesse sentido o sujeito como produto da história, do campo social, trajetória e das experiências. Buscando a superação do método objetivo e fenomenológico, relação entre dialética, agente e estrutura. As práticas sociais são processos dinâmicos, assim, objetividade se enraíza na e pela experiência subjetiva ao indivíduo. O mesmo tem como objetivo compreender a objetividade do mundo social, levando em considerações os valores e esquemas mentais construídos historicamente. A partir disso o conceito de dominação masculina dentro de um contexto geral mais abrangente da ordem social que engloba outras formas de dominação dentro da sociedade. Pierre Bourdieu desenvolveu estudos em vários campos como filosofia, antropologia e sociologia, levando seus campos de estudos a perpassarem as artes, literatura, linguística e até mesmo o campo jurídico. Segundo Guimarães o eixo norteador nas pesquisas desenvolvidas por Bourdieu está vinculada a construção de uma perspectiva metodológica em que se denunciassem os mecanismos de manutenção de poder, e que desvelassem as formas de dominação de poder presentes nas relações sociais especificamente no contexto da modernidade. A construção da epistemologia bourdieusiana foi quase que um processo metalinguístico do seu próprio percurso teórico-metodológico, onde o próprio autor vivenciou as tensões, relações e contradições acerca da compreensão da realidade a partir da temporalidade e dos contextos histórico-sociais em que ele, Pierre Bourdieu, se inseriu ao longo de sua vida e de sua trajetória acadêmica. (GUIMARÃES, 2018, p. 3). Bourdieu (2016) pode-se citar a dominação masculina como um exemplo de submissão paradoxal, situações intoleráveis que na maioria das vezes podem ser colocadas como aceitáveis e vivenciadas nos cotidianos, a submissão é um resultado da violência simbólica, a vítima naturaliza a violência/dominação. O poder simbólico ocorre com a relação exercida entre quem possui o poder e quem esteja sujeito a ele, formando sistemas simbólicos. Os sistemas simbólicos são constituídos por estruturas estruturantes e estruturas estruturadas, que servem de interação social como instrumento de comunicação. (...) o simbólico ocupava um lugar de especial atenção, pois na lógica bourdieusiana as estruturas de poder, as regras do jogo e a dominação são, essencialmente, simbólicas, mas nem por isso menos opressora ou menos classificatórias. Entende-se que é nesse duelo de campos que os agentes sociais se encontram em um processo de constante mutação, conflito, contradição e disputa, sendo por vezes violentados simbolicamente para se adequarem ou se beneficiarem das práticas aceitas como legitimas. (GUIMARÃES, 2018, p. 9) Por esta razão, Wacquant (2006) considera, ao analisar a trajetória de Bourdieu, que ele “pensava tanto com as principais correntes teóricas da sua juventude como contra elas”. Neste sentido, a proposta de método em Pierre Bourdieu não é linear, mas espiral, então passando pelas contradições e as mudanças que ocorreram no campo científico e acadêmico que ele próprio estava vinculado e até mesmo vivenciou. Segundo Wacquant (2006) e Peters (2017) expõe que é de extrema importância destacar que Pierre Bourdieu, um bom fotógrafo que foi, tornou-se imprescindível para que ele conseguisse migrar da observação participante para a objetividade participante (Bourdieu, 1989), ou seja, a utilização da fotografia foi importante para aguçar a percepção “etno(sócio)lógico (PETERS,2017, p. 293) da realidade social dos indivíduos. Então os autores defendem que a fotografia favoreceu os estudos de Bourdieu porque ocorreu um distanciamento do objeto de investigação e também conseguiu captar visivelmente os detalhes da vida cotidiana. Desta forma, era possível olhar com certo grau de sensibilidade e cientificidade para as formas estruturais da sociedade e compreender como que elas se estabelecem nas relações sociais, fomentando um novo prisma de análise daquilo que por ser tão evidente e corriqueiro passa a não ser notado ou estudado. Então, o recurso fotográfico era um outro olhar para se contrapor as percepções empíricas daquilo que se vê a olho nu, e sendo assim, favorecer uma abordagem mais dialética em que se permitisse a compreensão da realidade por detrás do visível. (GUIMARÃES, 2018, p. 3-4). No método de Bourdieu ele acaba favorecendo um conhecimento sem amarras intelectuais e aberto as diversas influências teóricas com o objetivo de funcionamento prático da realidade social, histórica e cultural da sociedade. Assim, o método de Pierre Bourdieu está vinculado ao campo da sociologia da prática ou sociologia reflexiva (BOURDIEU, 1989) e (CAVALCANTE, 2017), outros autores como (SCARTEZINI, 2011) (PETERS, 2017) ainda preferem chama-lo de teoria da pratica. É necessário destacar que o método bourdieusiano não se admite a noção de neutralidade investigativa, pois na concepção dele, toda prática científica pressupõe algum interesse e todo pesquisador é produto do mundo social (BOURDIEU, 1989 e GUIMARÃES, 2018, P 5). Ao estudar o método em Pierre Bourdieu que: “o cientista deve ter uma postura ativa e sistemática, construindo o objeto como um sistema coerente de relações”, Scartezini (2011, p.28). Por esta razão, o método bourdieusiano é considerado praxiológico, sistêmico e relacional, sendo elementos histórico-sociais indissociáveis daquilo que o constitui como uma realidade (GUIMARÃES, 2018). Para Andrade (2012, p. 7), o [...] conhecimento praxiológico Bourdieu repensou a noção escolástica de habitus, elaborada a partir da síntese e tentativa de superação dos métodos objetivista (Durkheim) e fenomenológico (Weber) da ação social, esta noção deve ser compreendida como uma gramática gerativa de práticas conformes com as estruturas objetivas que o produz. Juntando dois aspectos, um objetivo (estrutura) e outro subjetivo (percepção, classificação, avaliação), pode-se dizer que o habitus não só interioriza o exterior, mas também exterioriza o interior. Neste sentido, toda a empresa intelectual de Bourdieu voltou-se para a construção de uma teoria da ação. Bourdieu elaborou conceitos conhecidos como habitus (estrutura incorporada), espaço social (estrutura objetivada) e fez estudos vinculados a distribuição sexual das coisas sociais na moral: Arbitrária em estado isolado, a divisão das coisas e das atividades (sexuais e outras) segundo a oposição entre o masculino e o feminino recebe sua necessidade objetiva e subjetiva de sua inserção em um sistema de oposições homólogas, alto/baixo, em cima/embaixo, na frente/atrás, direita/esquerda, reto/curvo (e falso), seco/úmido, duro/ mole, temperado/insosso, claro/escuro, fora (público)/dentro (privado) etc., que, para alguns, correspondem a movimentos do corpo (alto/baixo//subir/descer, fora/dentro// sair/entrar). Semelhantes na diferença, tais oposições são suficientemente divergentes para conferir, a cada uma, uma espécie de espessura semântica, nascida da sobre determinação pelas harmonias, conotações e correspondências (Bourdieu, 2005, p. 16). Na concepção de Pierre Bourdieu o cientista social possui um papel importante na sociedade, pois acredita que eles podem trazer a luz as estruturas simbólicas que acabam legitimando os conceitos de habitus e ethos de uma determinada realidade já expostas ou naturalizadas na sociedade velada no senso comum (Bourdieu, 2004). [...] o processo investigativo se dá não na busca do ineditismo científico ou no isolamento do objeto ou sujeito, mas sim em compreender as práticas sociais usuais que amoldam o cotidiano e criam as estruturas simbólicas que estabelecem a ordem das coisas, das subordinações e das estruturas de dominação. (GUIMARÃES, 2018, p. 9). Bourdieu concebia uma Ciência Social unificada como um ‘serviço público’ cuja missão é ‘desnaturalizar’ e ‘desfatalizar’ o mundo social e ‘requerer condutas’ por meio da descoberta das causas objetivas e das razões subjetivas que fazem as pessoas fazerem o que fazem. E dar-lhes, portanto, instrumentos para comandarem o inconsciente social que governa seus pensamentos e limita suas ações, como ele incansavelmente tentou fazer consigo próprio (WACQUANT, 2002, p. 100). Pierre Bourdieu desenvolveu conceitos importantes como habitus, campo, capital, dominação, poder simbólico, violência simbólica, trocas simbólicas e reprodução, essas categorias servem de paramento para sustentar a abordagem epistemológica Bourdieusiana, que possui como objeto de investigação “o jogo da manutenção e ou subversão das estruturas sociais de dominação” (SETTON, 2010, p. 21). Assim, percebe-se as complexidades do autor para as classificações que segundo Bourdieu teria sua origem no social, a influência que as estruturas possuem sobre a divisão social de formas objetivas, enquanto se reproduzem nos habitus individuais de forma subjetivas, segundo Bourdieu (1996) é: Os habitus são princípios geradores de práticas distintas e distintivas – o que o operário come, e sobretudo sua maneira de comer, o esporte que pratica e sua maneira de praticá-lo, suas opiniões políticas e sua maneira de expressá-las diferem sistematicamente do consumo ou das atividades correspondentes do empresário industrial; mas também são esquemas classificatórios, princípios de classificação, princípios de visão e de divisão e gostos diferentes [...] Mas o essencial é que, ao serem percebidas por meios dessas categorias sociais de percepção, desses princípios de visão e de divisão, as diferenças nas práticas, nos bens possuídos, nas opiniões expressas tornam-se diferenças simbólicas e constituem uma verdadeira linguagem. As diferenças associadas a posições diferentes, isto é, os bens, as práticas e sobretudo as maneiras, funcionam, em cada sociedade, como as diferenças constitutivas de sistemas simbólicos [...], conjuntos de traços distintivos e sistemas diferenciais constitutivas de um sistema mítico [...] (Bourdieu, 1996, p. 22). Para o referido autor, as diferentes posições estariam dentro das sociedades como bases formativas do estrato simbólico, da representação, expressão, projeção social, mas distinto de um sistema mítico, originado de um mito. Em concordância com Guimaraes (2018) habitus é [...] um conjunto de conhecimentos e disposições sociais adquiridos e incorporados ao longo do tempo que constitui uma identidade. Pode-se, então, entender por habitus o resultado das interações, perceptíveis ou não, que definem a forma de ser do indivíduo em uma determinada sociedade. Para tanto, Bourdieu critica a formação das escolhas pessoais, o gosto por os discursos, e as formas de comunicação/expressão como construtos sociais herdados e reafirmados pelas instituições reguladoras ou instâncias socializadoras, a saber: a escola, a família, a mídia, o trabalho e a religião. (GUIMARÃES, 2018, p. 10). Assim, o autor busca a construção de um objeto que esteja vinculado a subjetividade e objetividade, relação indivíduo e sociedade, ganhando destaque estudos vinculados a micro realidades de cada indivíduo dentro de uma perspectiva de compreensão de espaços privilegiados/estruturadas pelos agentes sociais. Para Bourdieu, seu método é embasado na teoria da ação que está dentro dessa teoria o objetivismo e estruturação, “O agente social aparece, portanto, como mero executante de algo que se encontra objetivamente programado e que lhe é exterior.” (ORTIZ, 1983, p. 11). Bourdieu, então, vai além dessas teorias, acrescentando a questão do poder. A crítica de Bourdieu ao objetivismo e ao conhecimento fenomenológico procura estabelecer uma teoria da prática onde o agente social é sempre considerado em função das relações objetivas que regem a estruturação da sociedade global (ORTIZ, 1983, p. 19). Para Bourdieu a dinâmica social se desenvolve a partir do interior de um campo, nesse espaço ocorrem disputas vinculadas a questões/aquisições financeiras/capital, podendo ser simbólica, cultural e econômica. Compreender a gênese social de um campo, e apreender aquilo que o sustenta, do jogo de linguagem que nele se joga, das coisas materiais e simbólicas em jogo que nele se geram, é explicar, tornar necessário, subtrair ao absurdo do arbitrário e do nãomotivado os atos dos produtores e as obras por eles produzidas e não, como geralmente se julga, reduzir ou destruir (BOURDIEU, 2010, p. 69). Habitus corresponde ao campo, podendo ser objetiva, é a incorporação da estrutura social, e o campo é exteriorização do habitus, assim podendo ser compreendida como forma de pensar, agir e sentir, então o comportamento em determinados momentos. O habitus se apresenta, [...], como social e individual: refere-se a um grupo ou a uma classe, mas também ao elemento individual; o processo de interiorização implica sempre internalização da objetividade, o que ocorre certamente de forma subjetiva, mas que não pertence exclusivamente ao domínio da individualidade. A relativa homogeneidade dos habitus subjetivos (de classes, de grupo) encontra-se assegurada na medida em que os indivíduos internalizam as representações objetivas segundo as posições sociais de que efetivamente desfrutam (ORTIZ, 1983, p. 17-18) Para Bourdieu (2010), habitus reafirma a rejeição ao paradigma estruturalista, baseada na consciência (ou do sujeito) e do inconsciente, a do finalismo e do mecanicismo. Sendo assim, entra em cena o individualismo metodológico, onde qualquer explicação sobre o social deve ser baseada no indivíduo, reduzindo a sociedade ao caráter individual, particular. De acordo com Andrade (2012), os habitus podem tornarem-se híbridos, entre individuais e coletivos, conforme o contexto de produção e realização, adaptando-os objetivamente para seus efeitos, sem uma consciência predeterminada ou ordem para estabelece-las. O mundo “é um produto da história, produzido por práticas individuais e coletivas acordadas com os esquemas criados. Este sistema de disposições é o princípio da continuidade e regularidade que são objetivamente percebidas nas práticas sociais, ao invés de serem aptas para o cálculo” (ANDRADE, 2012, p. 8) O poder para Bourdieu é uma questão estruturante de ordem social e que estão vinculadas ao capital, violências e a dominações simbólicas, esse poder simbólico é presente na sociedade e no indivíduo, estabelecendo uma ordem no mundo, porém tem que ser colocado como legitimo na sociedade. O poder simbólico como poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e crer, de confirmar ou de transformar a visão de mundo e, deste modo, a ação sobre o mundo, portanto o mundo; poder quase mágico que permite obter o equivalente daquilo que é exercido pela força (física ou econômica), graças ao efeito específico de mobilização, só se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como arbitrário (...) O que faz o poder das palavras e das palavras de ordem, poder de manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das palavras e daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência das palavras (BOURDIEU, 2010, p. 61). Outro ponto importante é sua relação com a história, a revista Topoi no qual o historiador Roger Chartier (2002) destacou a relevância de Bourdieu para a história no campo da história cultural, como para o desenvolvimento de visões históricas acerca das ciências sociais, trazendo destaques para disputas entre atores que constituem o campo, e a importância de compreender o conceito de campo que está vinculada a questões socioeconômicas. [...] Bourdieu sublinhará dois elementos: o da necessidade de desenvolver uma sociologia genética que seja capaz de reconstruir, para cada momento histórico particular, como estas categorias ou outras foram definidas, de maneira que não sejam pensadas como universais, invariáveis, invariantes. A partir deste momento, trata-se de reintroduzir a dimensão histórica destas categorias que consideramos espontaneamente como universais, definir em que contexto, por quais razões foram estabelecidas e marcar a impossibilidade de utilizá-las retrospectivamente sem precaução e sem risco de anacronismo. A segunda questão deste livro de Bourdieu é dizer que esta sociologia genética é necessariamente uma forma de pensar relacional, um pensamento relacional. A obra, o artista, os filósofos só existem dentro de uma rede de relações visíveis ou invisíveis que definem a posição de cada um em relação à posição dos outros, ou seja, a uma posição social, em relação a uma posição estética (CHARTIER, 2002, p. 139). Pierre Bourdieu constrói o seu método relacionando-o com diversas áreas do saber, buscando compreender as estruturas que formam a sociedade, partindo do método praxiológico, sistêmico e relacional. Com isso, não quer dizer que seu método se abster de rigor teóricometodológico, ao invés disso, requer mais atenção, consciência e clareza investigativa, reconhecendo que o próprio pesquisador não parte de uma neutralidade, rompendo com o senso comum em expor o processo de naturalização da dominação em que tanto o pesquisador, quanto os sujeitos da pesquisa, estão submetidos (GUIMARÃES, 2018). Ou seja, o pesquisador não pode ser neutro, mas sim mostrar como ele e o sujeito da pesquisa são subordinados a ao, trazendo à tona o processo de dominação social. Os estudos deste sociólogo acabam demonstrando uma dimensão social onde as relações entre as pessoas vão se formando por meio das relações de poder, reproduzindo então o sistema de dominante. Dessa maneira a sociedade passa a ser colocada como estratificação de poder (ORTIZ, 1983). A reprodução da ordem não se limita apenas ao aparato estatal coercitivo ou às ideologias oficiais, mas se inscreve em níveis mais profundos, chegando até a representações sociais ou escolhas estéticas. Ela é, nesse sentido, dupla e se estabelece objetiva e subjetivamente, pois toda ideologia compõe um conjunto de valores, mas também consiste em uma forma de conhecimento (ORTIZ, 1983, p. 26). Quando Pierre estuda os campos sociais ele apresenta de uma maneira mais profunda como a ligação entre os agentes as relações da sociedade, mas quando passa a ser sobre articular as transformações, a analise começa se limitar (ORTIZ, 1983).

Emille Durkheim e Pierre Bourdieu aproximações e distanciamentos

Anteriormente foram expostos alguns dos principais pontos do método de Durkheim e de Pierre Bourdieu, nesse momento iremos começar a destacar as relações entre as obras dos dois e seus distanciamentos. Será feito a análise a partir do método de Bourdieu, com o objetivo de observar as relações e com a obra de Durkheim. O primeiro ponto que pode ser destacado é a questão do racionalismo, nesse sentido os dois possuíam fé e um amor pela ciência e acreditavam em sua importância e missão social, com isso Bourdieu assume um caráter semelhante à Durkheim, entende que a pesquisa sociológica não deve ser utilizada para interesses especulativos, devem ser críticas, apresentando métodos específicos e que possam ser replicados. Durkheim fez parte do processo de institucionalização da sociologia. Naquela época, só era considerada ciência de verdade, as ciências da natureza. Justamente por ter como característica um distanciamento do objeto estudado e objetividade. Então, quando Durkheim traz o método para sociologia como algo importante, e crítica outros autores, era justamente por acreditar que os mesmos não se distanciavam dos seus objetos de estudo, ou seja, ao invés de olhar os humanos da mesma maneira que um cientista olha um rato, os cientistas sociais, segundo Durkheim, iam até os objetos de estudos com noções preestabelecidas. Tanto que Durkheim fez grandes críticas ao Spencer, de acordo com Durkheim (1995) passou a criticar Spencer é porque ele não fez seus estudos embasados na compreensão dos fatos sociais para conhecê-los, porque a partir dos fatos sociais que poderia deduzir deles leis gerais, que pretendem explicar toda a realidade pelas leis da evolução. Ele achava que Spencer ao não se distanciar do objeto, ele não estava definindo a sociedade e sim contemplando uma visão particular da sociedade. Além disso, tal qual as ciências naturais, ter um método era importante porque estabelecia uma universalidade, algo que independente da sociedade poderia sempre ser aplicado. No caso de Durkheim era o evolucionismo, para ele independente da sociedade, todas tendiam a evolução, ou seja, ele estava criando uma lei geral. Então, a importância do método se dá justamente pela necessidade de se diferenciar um romance/ relato de ciência. Trazendo parâmetros de como fazer ciência e do que é ciência, no caso de Durkheim que era positivista, o método era para trazer objetividade, distanciamento do objeto e criação de uma lei geral. Para Bourdieu, o cientista possui um grande papel na sociedade. O mesmo expõe que deve destruir as pré-noções e o senso comum, com o objetivo de elaborar novas formas de compreender suas instituições, suas relações, o modo de vida e a sociedade. Segundo Scarttezini Bourdieu adere ao pós-estruturalismo, muitas vezes definida por comentaristas de sua obra, o que acaba se distanciando do que é proposto pelo autor, ele buscava um conhecimento sem amarras sem doutrinas. Ainda sobre sua teoria a compreensão das mutações existentes na sociedade, ou seja, pressões coletivas. (...) Assim, a compreensão das estruturas de poder e de como elas agem no indivíduo possibilitariam a modificação dos limites do campo social. Bourdieu concebia uma Ciência Social unificada como um ‘serviço público’ cuja missão é ‘desnaturalizar’ e ‘desfatalizar’ o mundo social e ‘requerer condutas’ por meio da descoberta das causas objetivas e das razões subjetivas que fazem as pessoas fazerem o que fazem. (SCARTTEZINI,” s.d”, p.02). Wacquant (2002) afirma que, Bourdieu concebia uma Ciência Social unificada como um ‘serviço público’ cuja missão é ‘desnaturalizar’ e ‘desfatalizar’ o mundo social e ‘requerer condutas’ por meio da descoberta das causas objetivas e das razões subjetivas que fazem as pessoas fazerem o que fazem. E dar-lhes, portanto, instrumentos para comandarem o inconsciente social que governa seus pensamentos e limita suas ações, como ele incansavelmente tentou fazer consigo próprio. (WACQUANT, 2002. p.100). Bourdieu abordava uma ciência social reflexiva, capaz de controlar seus próprios vieses e até mesmo se manter independente dos “ritos de instituições”. Os sociólogos possuem destintas missões de criar novos objetos de conhecimentos, “(...) As maiores missões da sociologia são as de criar novos objetos de conhecimento, detectar dimensões e dissecar os mecanismos do mundo social – que de outra maneira não estaríamos aptos a compreender –, e entregar à sociedade os conhecimentos produzidos de maneira que estes possam ser utilizados para a melhoria efetiva da vida cotidiana”. (SCARTTEZINI,” s.d”, p.02).Assim, o sociólogo tem um papel importante dentro da sociedade, compreendendo a sociedade e a serviço da humidade. “Em sociologia como alhures, ‘uma pesquisa séria leva a reunir o que o vulgo separa ou a distinguir o que o vulgo confunde [...]’” (BOURDIEU, 1999. p.25). O método de Pierre Bourdieu privilegia o princípio da não consciência, ou seja, ele entende que um determinado fenômeno social/situação social pode depender totalmente das tramas/situações que se relacionaram historicamente e socialmente das diferentes sociedades e realidades, portanto, estão em constante mudanças e diferentes disputas e conflitos. O método de Bourdieu é praxiológico, sistêmico e relacional, pois a análise teórica não pode ser dissociada dos elementos sociais que o rodeiam a sociedade e o constituíram socialmente. Segundo Guimaraes (2018) o método de Pierre Bourdieu se contrapõe ao princípio de consciência coletiva defendido por Émile Durkheim (2007), que é uma herança do estruturalismo, em que considera “os fatos sociais como coisas” (p. 15), ou seja, as estruturas sociais são externas, coercitivas e gerais, a partir disso então, que a sociedade e seus domínios socializadores sempre prevaleceram sobre o indivíduo. Entretanto, Pierre Bourdieu não partilha desta forma de percepção formativa, pois para ele as relações sociais estão em disputas constantes. A partir desta discrepância na concepção da consciência coletiva ou não, é que alguns autores vão categorizar o método de Pierre Bourdieu como pós-estruturalista, por ele se contrapor há alguns aspectos defendidos por Émile Durkheim e, para tanto, dar essa excessiva atenção aos elementos subjetivos que constituem a cultura e a plasticidade das estruturas sociais. Contudo, ao que parece não seria uma designação adequada tendo em vista a trajetória metodológica proposta por Pierre Bourdieu, pois por mais que ele considerava a realidade como uma construção histórico-social, porém, na percepção dele, a realidade não é plenamente subjetiva e intangível, mas apresenta aspectos concretos e objetivos, ainda que não perceptíveis à maioria das pessoas. (GUIMARÃES, 2018, p. 7-8). Bourdieu se vincula a teoria de Durkheim no ponto em que aborda sobre a sociedade como elemento que estrutura as práticas sociais, porém, ele retira o excesso de objetividade de Durkheim quando expõe as práticas individuais enquanto elementos estruturados. Para Durkheim os fatos sociais são coisas, que devem ser tratos como coisas e o pesquisador devem agir com neutralidade e imparcialidade cientifica, deixando de lado suas pré-noções, para ele esse é o objeto de investigação da sociologia, segundo Bourdieu deve ocorrer um afastamento, porém não é necessária a desvinculação do contexto social e nem desconsiderar as experiências do pesquisador sobre o objeto estudado. Para a compreensão da fragmentação dos termos indivíduo/sociedade pode-se destacar o trecho a seguir: Quando se considera que a prática se traduz por uma ‘estrutura estruturada predisposta a funcionar com estrutura estruturante’, explicita-se que a noção de não somente se aplica à interiorização das normas e valores, mas inclui os sistemas de classificações que preexistem (logicamente) às representações sociais. O habitus pressupõe um conjunto de ‘esquemas generativos’ que presidem a escolha; eles se reportam a um esquema de classificação que é, logicamente, anterior à ação. Neste ponto, Bourdieu recupera a análise que Durkheim e Mauss fazem das classificações primitivas. (...) Não é por acaso que Bourdieu privilegia a obra pedagógica de Durkheim; aí vamos encontrar desenvolvidos de forma mais explícita os argumentos avançados sobre o sistema de classificações primitivo. (ORTIZ, 1983, p. 16). Sobre esse sistema, Bourdieu também opera com a noção que se opõem, a partir dos objetos de cosmos totêmico (DURKHEIM, 1996), o qual demostra que os esquemas de pensamento que produzem e são produzidos por ele, segundo Silva (2019, p. 289) “...seguem um mesmo padrão também na sociedade moderna, materializados nos gostos e nas práticas sociais, que são distintos e distintivos”. Assim, no caso da França dos anos 1970, estudado por Bourdieu, temos o seguinte: quem bebe champanha privilegiadamente os patrões urbanos – não se define, no espaço social, apenas por tomar o champanha, mas também e sobretudo pelo fato de preferir a champanha ao uísque (isto é, em oposição aos intelectuais), ao vinho tinto (isto é, em oposição aos empregados rurais) e à cerveja (em oposição ao proletariado urbano), e assim sucessiva e reciprocamente. Tal estrutura social vai reproduzir-se em todos os domínios da prática, desde a escolha dos automóveis, até a prática de esporte, porque a posição ocupada na estrutura é internalizada pelos indivíduos sob a forma de habitus, princípios de ação e de pensamento que funcionam na base daquelas oposições (SILVEIRA, 2006, p. 4). A compreensão da dialética entre agência e estrutura, segundo: E é a razão pela qual o conceito de representação que Bourdieu utiliza, o conceito de classificação — de luta de representação, de luta de classificação — se tornou uma categoria essencial, porque permite instalar a análise dentro da herança da sociologia e da antropologia fundadora de Mauss e de Durkheim. E a categoria de representações coletivas, tal como foi definida por Durkheim e Mauss, aponta para a incorporação, dentro do indivíduo, do mundo social a partir de sua própria posição dentro deste mundo, como se as categorias mentais fossem resultado da incorporação das divisões sociais e definissem para cada indivíduo a maneira de classificar, falar ou atuar (CHARTIER, 2002, p. 152). Definição de ser social, “A definição do ser social, assim, é dada não apenas a partir de condições objetivas que definem as categorias sociais, mas pelo ser que é percebido por si mesmo e pelos outros” (SILVA,2019, p.290). Para Bourdieu as noções de habitus, campo, poder simbólico e cultural, o mesmo trouxe contribuições em relação a estudos vinculados as relações sociais e as ciências humanas. Posto isso, é perceptível às contribuições de Pierre Bourdieu para a ciência sociológica contemporânea e seus avanços sobre o método de Durkheim e a importância deste último para a consolidação do seu método. (...) a partir das noções de habitus, campo, capital cultural e poder simbólico, Bourdieu dá uma enorme contribuição aos estudos das relações sociais no campo das ciências humanas como um todo. À crítica que se faz de que essa perspectiva seria “reprodutivista” e encerraria a capacidade transformadora e, sobretudo, a própria “historicidade da História”. (SILVA,2019, p. 290). Sobre isso, Chartier expõe que: Não é justo dizer, nesse sentido, que Bourdieu nunca tratou da possível destruição da reprodução desses mecanismos: é claro que isso faz parte de sua análise, baseada nos mecanismos que asseguram a reprodução da dominação nas condições que permitem, num certo momento histórico dado, uma ruptura com esta dominação (CHARTIER, 2002, p. 155). Assim, é perceptível a influência de Durkheim sobre o pensamento e estudos de Bourdieu uma herança estruturalista, apesar dele assumir um estruturalismo mitigado, o indivíduo para Bourdieu tem um habitus estruturalmente determinado que também é criativo, construtivo, cognitivo e outros. Lembrando que a dominação masculina de Pierre Bourdieu pode ser citada como um exemplo de submissão paradoxal, na vida da sociedade em muitas vezes é exposta como condições aceitáveis, mas que na realidade são questões intoleráveis, trazendo para uma reflexão que podemos recordar a dupla consciência defendida por Durkheim, sobre a relação dos indivíduos com as instituições e regras morais. Nesse sentido, haverá sempre a possibilidade de um esgarçamento do tecido social, seja através de uma ruptura brutal, ou na medida em que os dominados podem usar progressivamente o que haviam incorporado. Segundo Chartier, Bourdieu não faz claramente uma aposta numa destas duas opções, uma vez que estava imerso na descrição analítica das forças e dos mecanismos que sustentam a reprodução da dominação. Para ele, esse seria o motivo pelo qual exista algo de “melancólico” no trabalho de Bourdieu. (SILVA,2019, p. 290).

 

 

Pierre Bourdieu, em suas obras utiliza as ideias constituídas por Durkheim, numa perspectiva de tentativa de superação da obra de Durkheim com a construção de uma “teoria da ação”. A sociologia como ciência constituída a partir de crenças/fé com uma ciência e com procedimentos/métodos específicos, podem ser estruturados e até próprio para constituir reflexões e análise de leis gerais que regem o universo social, sendo pontos que podem correlacionar os dois autores. Outro ponto importante a ser destacado é a forma como Bourdieu conseguiu ir além das reflexões de Durkheim que era influenciada pelo positivismo, onde ocorreu um processo de articulação entre estrutura e agência a partir das noções de habitus e campo, trazendo um novo olhar para o agente social nos processos e dinâmicas sociais. Assim, o ser social pode ser definido como um processo de internalização e externalização das estruturas sociais que podem ser estruturadas e estruturantes, ou seja, uma definição de si próprio. Discutimos também de que forma Bourdieu avança para além das reflexões de Durkheim, fortemente marcadas pelo Positivismo, articulando estrutura e agência sobretudo a partir das noções de habitus e campo, recuperando o papel do agente social nos processos e dinâmicas socias. O ser social é assim definido não por condições objetivas que definem as categorias sociais, mas por uma definição de si próprio, através de um processo de internalização e externalização das estruturas sociais que são ao mesmo tempo estruturantes e estruturadas. (SILVA, 2019, p. 19). Evidenciasse, portanto, a importância das obras de Durkheim dentro do contexto que estava inserido, sem falar que ainda continua sendo relevante para as construções teóricas de autores contemporâneos que busca a compressão do ser social.

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