A escola no campo sempre foi rebaixada a um plano desprestigiado pelo Estado, mesmo quando o Brasil ainda era um país predominantemente agrário. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2012, mostraram que nas zonas rurais a taxa de analfabetismo, em 2011, era de 21,2%, o dobro da média nacional, enquanto nas zonas urbanas a taxa encontrada foi de 6,5% para o mesmo ano. É no campo que encontramos um índice elevado de analfabetos, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2014), nos levando a inferir que o campo ainda tem sido motivo de descaso.
O Brasil possui mais de 76 mil escolas rurais e oito milhões de pessoas em idade escolar vivendo no campo. No entanto, desse total, segundo dados do Censo Escolar de 2014 (Brasil,2014) cerca de 32 (trinta e duas) mil escolas foram fechadas nos últimos dez anos.
O propósito da Educação do Campo previsto nas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (2001) é fazer com que as escolas do campo se fortaleçam e utilizem metodologias que levem o aluno a refletir sobre a complexidade do lugar em que vive, compreendendo e agindo sobre o mesmo como sujeito. Ao falar de Educação do Campo, não falamos apenas em uma modalidade de ensino, mas sim em uma Educação que visa fortalecer os sujeitos perante o local no qual se encontram.
É de suma importância que o tema Educação do Campo seja pesquisado, pois é por meio das pesquisas que o mesmo alcançará maior visibilidade, e é também uma oportunidade de mostrar a cultura e os valores do campo, desfazer os preconceitos formulados pela sociedade em relação aos povos do campo. Posto isso, compreende-se a relevância de pesquisar esse tema, refletir sobre as lutas e conquistas adquiridas, pelos povos do campo, ao longo dos anos, visando fortalecer a qualidade do ensino ofertada dos povos do campo.
Através da pesquisa objetivamos refletir sobre os desafios e lutas vivenciadas pelos estudantes do campo e para isso buscaremos respostas para os seguintes questionamentos: A educação de fato está sendo oferecida aos sujeitos do campo como está prevista na legislação? Quais desafios os sujeitos que residem no campo enfrentam para ter acesso a essa educação? Quais conquistas a escola do campo adquiriu nas últimas décadas? Esses pontos serão refletidos no decorrer do artigo, principalmente na seção que constará o relato de experiência.
A metodologia utilizada para o estudo foi o relato de experiência, abordando os valores do campo, com o intuito de desfazer os preconceitos formulados pela sociedade em relação aos povos campesinos. Posto isso, compreende-se a relevância de pesquisar esse tema, refletir sobre as lutas e conquistas adquiridas ao longo dos anos pelos povos do campo, visando fortalecer a qualidade do ensino ofertada aos mesmos.
A organização do texto está dividida em duas seções, além desta introdução e das considerações finais. A segunda seção apresenta o histórico da Educação do Campo, das lutas e conquistas dos sujeitos do campo e a terceira seção apresenta o relato de experiência da graduanda vivenciada enquanto estudante de escola de campo.
2 EDUCAÇÃO DO CAMPO: HISTÓRIA DE LUTAS E CONQUISTAS
A Educação do Campo, conhecida anteriormente como Educação Rural, é construída por diversos aspectos regidos por desafios, lutas e conquistas, principalmente pelos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, sendo um tema pouco discutido, na sociedade atual. A Educação do Campo vai além de um local de produção e socialização do conhecimento, sendo também espaço de convívio social onde acontecem as reuniões, festas, celebrações religiosas e atividades comunitárias, possibilitando a articulação da comunidade, potencializando a permanente construção de uma identidade cultural, possibilitando especialmente a elaboração de novos conhecimentos, como afirma Arroyo (2007):
Terra, escola, lugar são mais do que terra, escola ou lugar. São espaços e símbolos de identidade e de cultura. Os movimentos sociais revelam e afirmam os vínculos inseparáveis entre educação, socialização, sociabilidade, identidade, cultura, terra, território, espaço, comunidade. Uma concepção muito mais rica do que a redução do direito à educação, ao ensino, informação que pode ser adquirida em qualquer lugar
(ARROYO, 2007, p.16).
A exclusão e a desigualdade social são palavras que refletem atitudes similares por parte de quem as praticam e por parte daqueles que sofrem suas consequências. Os camponeses fazem parte desse processo marginal criado pela ideologia dominante. Devido a essa desigualdade surgiu a necessidade de garantir educação para todos. Com a promulgação da Constituição de 1934, os povos camponeses tiveram o direito à educação, porém de forma precária, pois não tinha, na maioria das comunidades, prédios escolares bem estruturados e muito menos professores habilitados para ministrarem as aulas.
A mudança de nomenclatura de educação rural para educação do campo nasceu de um processo de luta social e de reflexão dos Movimentos Sociais, que acreditavam que educação rural e educação do campo possuíam sentidos diferentes: “rural” significa atraso, incapacidade, falta de perspectiva, uma escola rural era apenas a do aprender a contar e a escrever o próprio nome, ao passo que “campo” significa ressignificação, mudança, autonomia, valorização da cultura e dos saberes, desenvolvimento, e, por isso, a educação passou a ser considerada um fenômeno social, vista como formação para os sujeitos do campo, respeitando seu espaço, assim passou mudou a nomenclatura, passou a ser nomeada Educação do Campo (ENERA,1997).
Na escola rural o ensino era visto como atrasado, sem conhecimento por parte dos docentes e sem muitos recursos econômicos, como afirma Arroyo (1999): “Em nossa história domina a imagem de que a escola no campo tem que ser apenas a escolinha das primeiras letras. A escolinha cai não cai, onde uma professora que quase não sabe ler, ensina alguém a não saber quase ler” (ARROYO, 1999, p.20).
As Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, aprovada em 2002, retirou a educação rural da legislação educacional brasileira, substituindo-a pela Educação do Campo, tendo claro que, para além do urbano, o campo apresenta as possibilidades que dinamizam a ligação dos camponeses com a produção das suas condições de existência, ampliadas com suas realizações sociais (RIBEIRO, 2013).
O termo Educação do Campo foi criado somente a partir da 1º Conferência Nacional de Educação Básica do Campo, realizada em 1990, que teve como propósito discutir acerca dos questionamentos que surgiram no 1º Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (ENERA). Como resultado surgiu o conceito da Escola do Campo, diferentemente da Escola Rural com que se estava acostumado a encontrar o ensino no Brasil para aqueles que habitavam áreas do campo.
A história da Educação do Campo é compreendida por meio de seus aspectos históricos, culturais, sociais e políticos. Através de tais conceitos não há como falar de educação do campo sem citar as questões que envolvem lutas sociais, para conquista de seus direitos, como afirma Arroyo (2004): O movimento social no campo representa uma nova consciência do direito à terra, ao trabalho, à justiça, à igualdade, ao conhecimento, à cultura, à saúde e à educação. O conjunto de lutas e ações que os homens e mulheres do campo realizaram, os riscos que assumem, mostra quanto reconhecem sujeitos de direitos (ARROYO, 2004, p. 73).
Quando discutimos a Educação do Campo estamos tratando da educação que se volta ao conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, sejam os camponeses, incluindo os quilombolas, sejam as nações indígenas, sejam os diversos tipos de assalariados vinculados à vida e ao trabalho no meio rural” (ARROYO; CALDART; MOLINA, 2011, p.25).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9394, de 1996, reconhece, em seus artigos 3º, 23, 27 e 61, a diversidade sociocultural e o direito à igualdade e à diferença, possibilitando a definição de diretrizes operacionais para a educação do campo, por isso os Movimentos Sociais lutaram para que fosse cumprido o que está previsto na LBB/96, para os sujeitos do campo. Assim, em 2001 foi aprovada as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, destacando que:
A educação do campo, tratada como educação rural na legislação brasileira, tem um significado que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, mais do que um perímetro não-urbano, é um campo de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria produção das condições da existência social e com as realizações de sociedade humana (BRASIL, 2001, p. 1).
Nas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (2001) está previsto também a possibilidade de elaboração de:
Propostas pedagógicas que valorizem, na organização do ensino, a diversidade cultural e os processos de interação e transformação do campo, a gestão democrática, o acesso do avanço científico e tecnológico e respectivas contribuições para a melhoria das condições de vida e a fidelidade aos princípios éticos que norteiam a convivência solidária e colaborativa nas sociedades democráticas (BRASIL, 2001, p. 25).
Contudo, mesmo diante de todos os avanços que conquistamos para as Escolas do campo, ainda não é o bastante, necessitamos de projetos educativos que contemplem as especificidades dos sujeitos do campo, como afirma Carvalho (2017):
A Educação do Campo continua sendo um processo de luta pela garantia de um projeto educativo para os sujeitos do campo. Este processo vem sendo protagonizado pelos movimentos sociais do campo, para a construção de um modelo de educação que se relacione diretamente com a realidade de vida dos povos do campo. (CARVALHO, 2017, p.20).
Segundo a autora é necessário que a Educação do Campo seja vista com um olhar humanizador, buscando a formação de educadores que compreendam a necessidade de uma educação significativa, que contemple a cultura dos sujeitos do campo, que também tenha o propósito de romper as barreiras e levá-los para outros contextos.
Olhar a escola como um lugar de formação humana significa dar-se conta de que todos os detalhes que compõem o seu dia a dia, estão vinculados a um projeto de ser humano, estão ajudando a humanizar ou a desumanizar as pessoas. Quando os educadores se assumem como trabalhadores do humano, formadores de sujeitos, muito mais do que apenas professores de conteúdos de alguma disciplina, compreendem a importância de discutir sobre suas opções pedagógicas e sobre que tipo de ser humano estão ajudando a produzir e a cultivar. Da mesma forma, as famílias passam a compreender por que não podem deixar de participar da escola e de tomar decisões sobre seu funcionamento (ARROYO; CALDART; MOLINA, 2011, p.120).
A Educação do Campo, de acordo com suas diretrizes, deve garantir uma educação mais humanizada e de qualidade, visando a singularidade de seus sujeitos. De acordo com a Resolução 1, 2002, art. 8º, incisos de I a III, na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:
I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural (RESOLUÇAO 1, 2002, art.8).
Caldart (2002) afirma que as políticas públicas para os povos do campo devem garantir o direito à educação ‘no’ e ‘do’ campo. A autora explica que “NO o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; DO o povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e sociais” (CALDART, 2002, p. 18).
Esta visão do campo como um espaço que tem suas particularidades e que é ao mesmo tempo um campo de possibilidades de relação dos seres humanos com a produção das condições de existência social confere à Educação do Campo o papel de fomentar reflexões que acumulem força e espaço no sentido de contribuir na desconstrução do imaginário coletivo sobre a visão hierárquica que há entre campo e cidade; sobre a visão tradicional do jeca tatu, do campo como lugar do atraso. A Educação do Campo, indissocia-se da reflexão sobre um novo modelo de desenvolvimento e o papel para o campo nele. (FERNANDES, MOLINA, 2005, p.68).
Uma escola do campo não é, afinal, um tipo diferente de escola, mas sim é a escola reconhecendo e ajudando a fortalecer os povos do campo como sujeitos sociais, que também podem ajudar no processo de humanização do conjunto da sociedade, com suas lutas, sua história, seu trabalho, seus saberes, sua cultura, seu jeito, que dá voz e vez aos sujeitos do campo e para que esse ensino ocorra, segundo Arroyo (2004), é necessário que o currículo seja organizado a partir:
[...] dos diferentes sujeitos do campo, do seu contexto, sua cultura e seus valores, sua maneira de ver e se relacionar com o tempo, a terra, com o meio ambiente, seus modos de organizar a família, o trabalho, seus modos de ser homem, mulher, criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso; de seus modos de ser e se formar como humanos. (ARROYO, 2004, p. 14).
Sendo assim, ajudar a constituir escolas do campo é, fundamentalmente, ajudar a constituir os povos do campo como sujeitos organizados e em movimento, “porque não há escolas do campo sem a formação dos sujeitos sociais do campo, que assumem e lutam por esta identidade e por um projeto de futuro” (ARROYO, CALDART, MOLINA, 2011, p.110).
Um primeiro desafio que temos é perceber qual educação está sendo oferecida aos sujeitos do campo e que concepção de educação está presente nesta oferta. Ter isto claro ajuda na forma de expressão e implementação da nossa proposta. A educação do campo precisa ser uma educação específica e diferenciada, isto é, alternativa. Mas, sobretudo deve ser educação, no sentido amplo de processo de formação humana, que constrói referências culturais e políticas para a intervenção das pessoas e dos sujeitos sociais na realidade, visando a uma humanidade mais plena e feliz (ARROYO, CALDART, MOLINA, 2011. p.23)
Entretanto, quando falamos nesses desafios que a Educação do Campo enfrenta, diante de todos os conceitos que a envolve, conseguimos compreender por meio da fala de ARROYO, CALDART, MOLINA (2011) que é preciso:
[...] começar identificando quais são os principais problemas da educação no meio rural hoje. O primeiro deles é a própria escassez de dados e análises sobre este tema, o que já identifica o tipo de tratamento que a questão tem merecido, tanto pelos órgãos governamentais quanto pelos estudiosos. Mas, mesmo sem o acesso a muitos dados e estudos científicos, não é difícil fazer um primeiro diagnóstico, à medida que uma simples observação da realidade, combinada com algumas informações disponíveis! Isso nos permite perceber vários problemas preocupantes. Analfabetismo ”(ARROYO, CALDART, MOLINA, 2011, p.34/35).
Diante de todas as lutas travadas pelos sujeitos do campo em prol de uma educação de qualidade percebemos que forma muitas as conquistas, como afirma Carvalho (2017):
O processo de luta e organização de movimentos sociais e povos do campo em torno do movimento de construção da Educação do Campo trouxe para o interior dos Sistemas de Educação, o debate sobre a especificidade da Educação do Campo associada à produção da vida, do conhecimento e da cultura do campo, apontando ações específicas para garantir aos sujeitos do campo o direito à escola pública de qualidade no campo. “E nesse movimento de construção da Educação do Campo, em torno do direito à educação, nasce e se desenvolve a Escola do Campo, a partir das experiências de formação humana desenvolvidas no contexto de luta dos movimentos sociais camponeses, por terra e educação (CARVALHO, 2017, p. 26).
Contudo, construída em meio a lutas e conquistas, a Educação do Campo visa a garantia do direito à educação dos sujeitos que residem no campo, e visa ainda valorizar sua cultura para que tenham condições de permanecerem no campo, como afirma Antunes-Rocha (2016):
A Educação do Campo é um movimento que luta pela conquista de políticas públicas. Neste sentido, quer, antes de tudo, que a população camponesa tenha o direito de acesso e permanência em uma escola com condições físicas e pedagógicas para garantir um ensino de qualidade. Por outro lado, o ensino de qualidade é entendido como aquele que possa responder às demandas destes povos, relacionadas à produção e à divulgação de conhecimentos e técnicas vinculadas ao trabalho, ao lazer, à cultura e à vida cotidiana, para que as populações camponesas tenham garantidas as condições de existência no campo (ANTUNES-ROCHA, 2016. np).
É real os inúmeros desafios e lutas que o estudante do campo passa para concluir seus estudos, superar a si mesmo durante as lutas, porém é certo também que as conquistas, quando são árduas, o gosto da vitória tem um sabor muito melhor, mais doce, sabor de superação, de coragem e determinação.
A seguir faremos o relato da experiência do período de 2007 a 2022, em que a graduanda foi estudante de escola do campo, das dificuldades vividas, e, dos bons momentos vividos nas escolas onde estudou, dos aprendizados que se orgulha de poder compartilhar.
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA
Diante dos desafios vividos e das muitas conquistas como moradora e estudante do campo resolvi partilhar minhas experiências como forma de incentivar/mostrar aos estudantes do campo que podemos chegar onde queremos, mesmo que a caminhada seja árdua.
Sou natural do município de Coroaci - MG e fui estudante de escola do campo no período de 2007 á 2014, período esse que aprendi muito, inclusive a resistir às indiferenças, em relação à visão da sociedade, no que se refere a verem o campo como “local do atraso”. (FERNANDES, MOLINA, 2005, p.68). Essa visão nos remete à ideia de pessoas que falam errado e que não sabem se vestir, que é representado pelo personagem “Jeca Tatu”, de Monteiro Lobato. O personagem retrata a miséria, o atraso econômico do país e o descaso do governo em relação aos brasileiros que residem no campo.
Foram muitas as dificuldades enfrentadas no período que estudei em escolas do campo, dentre elas estão: acesso à escola e ter que acordar muito cedo, e, muitas vezes chegava muito cansada, porém, por gostar da escola, de estudar e principalmente de estar junto aos colegas, essas dificuldades não influenciaram na minha aprendizagem.
Estudar na escola do campo contribuiu muito para minha formação pessoal e acadêmica, pois nas escolas por onde passei, além do ensino formal, que é primeira obrigação da escola, também aprendi outros valores morais como: respeito, cuidado, valorização do ser humano e empatia, uma educação integral, que atualmente está prevista na Base Comum Curricular Nacional- BNCC (2018):
[...] tendo por base o compromisso da escola de propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola.(BNCC, 2018, p. 61).
Abordarei nos próximos tópicos um pouco da minha trajetória nas escolas do campo, situações e locais que ficaram gravados em minha memória: as brincadeiras, as formas de locomoção até a escola, o corpo docente e as atividades curriculares, programas e projetos.
3.1 BRINCADEIRAS
As brincadeiras fazem parte de minha memória afetiva, era um dos momentos que eu mais gostava na escola, afinal qual criança não gosta de brincar? O brincar aguça na criança a imaginação, a autoconfiança, a autonomia e a curiosidade, ele dá prazer, mas também é fonte de desenvolvimento, como afirma Vigotsky (1998):
O brincar é a fonte de desenvolvimento e aprendizagem, constituindo uma atividade que impulsiona o desenvolvimento, pois a criança se comporta de forma mais avançada do que na vida cotidiana, exercendo os papéis e desenvolvendo ações que mobilizam novos conhecimentos, habilidades e processos de desenvolvimento e aprendizagem. (VIGOTSKY, 1998, p.81).
O brincar, na escola do campo, era mais que diversão, era momento de interação social, de comunicação e de alegria, um momento muito esperado por todos, pois como morávamos no campo tínhamos poucas oportunidades de nos encontrar e brincar, e esses momentos, na escola, tinham um “sabor” especial para nós. Brincávamos de diferentes brincadeiras, de pular corda, de pique esconde, de queimada, de amarelinha, dentre outras, e hoje tenho consciência que além da diversão elas contribuíam para o desenvolvimento de diferentes habilidades: motoras, sociais, cognitivas e afetivas, que são importantes para a formação integral de crianças e jovens.
Por isso, ir para escola era o que eu mais gostava, lá não era lugar só de aprender ler e escrever, mas também era o local do encontro, das reuniões e atividades comunitárias, como afirma Carvalho (2017):
A escola do campo vai além de um local de produção e socialização do conhecimento, sendo também espaço de convívio social onde acontecem as reuniões, festas, celebrações religiosas e atividades comunitárias, possibilitando a articulação da comunidade, potencializando a permanente construção de uma identidade cultural, possibilitando especialmente a elaboração de novos conhecimentos (CARVALHO, 2017, p. 27).
Em minha memória trago também a lembrança da escola do campo que não é somente prédio, sala, mas que é lugar de gente, de diferentes “gentes” que têm valor, como está descrita no poema “ A escola” de Paulo Freire:
Escola é ...
O lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é sobretudo, gente
Gente que trabalha, que estuda
Que alegra, se conhece, se estima.
O Diretor é gente,
O coordenador é gente,
O professor é gente,
O aluno é gente,
Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um se comporte
Como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”
Nada de conviver com as pessoas e depois,
Descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo que forma a parede,
Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora é lógico... Numa escola assim vai ser fácil!
Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz.
É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.
Paulo Freire
É essa escola que guardo na minha memória, um local acolhedor, onde eu convivia com professores e colegas, brincava com outras crianças, me divertia e também para aprendia coisas que só se aprende na escola.
Recordo-me que na escola tinha uma árvore que dava muitas flores, e uma grande paixão minha e das minhas amigas era pegar joaninhas nessa árvore, umas mais belas que as outras. São lembranças incríveis, de tempos que foram de muitas lutas, mas também de alegrias e vitórias, e sem dúvidas, se pudesse eu viveria tudo novamente.
3.2 FORMAS DE LOCOMOÇÃO ATÉ A ESCOLA
Aos 6 anos de idade, no ano de 2006, iniciei minha trajetória como estudante na cidade de Coroaci-MG, na primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil. No ano seguinte, em 2007, mudei para zona rural, onde morei até terminar o ensino fundamental, ou seja, o 9º ano.
Era pequena, mas me recordo das dificuldades enfrentadas pelos meus pais para que eu pudesse frequentar a escola, pois a mesma era distante do meu domicílio. Estudava no horário vespertino, e devido meus pais trabalharem fora, eles não conseguiam me levar para a escola, por isso ao saírem cedo para o trabalho me deixavam na casa de uma vizinha para que pudesse ir para escola com a filha dela. O único meio de transporte que eles possuíam, naquela época, era uma bicicleta Monark que utilizavam para irem para o trabalho e devido ao meu horário de estudo não era possível que me levassem até a escola. Essa rotina durou um ano.
O trajeto da casa da vizinha até a escola era feito a pé. Na época, no município, ainda não tinha o transporte escolar para os estudantes, embora o mesmo já tivesse sido garantido no artigo 208, da LDB/1996, e também pela lei nº 10.880/2004.
No ano seguinte, em 2009, o município de Coroaci cumpriu o que está previsto no artigo 208 LDB/96, em relação ao transporte escolar rural:
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: ... VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1996, art. 208 - redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009).
A garantia do transporte escolar, para os estudantes do município acima citado, se deu justamente no ano em que foi promulgada a lei nº 10.880/2004, que instituiu o Programa Nacional de apoio ao transporte escolar (PNATE), que em seu artigo 2º dispõe:
Fica instituído o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE, no âmbito do Ministério da Educação, a ser executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, com o objetivo de oferecer transporte escolar aos alunos da educação básica pública, residentes em área rural, por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, observadas as disposições desta Lei (BRASIL, 2004, art. 2º - Redação dada pela Lei nº 11.947, de 2009).
Para garantir esse direito o município disponibilizou vans e kombis para transportar os estudantes residentes no campo. Com esse avanço, possibilitou a todos os estudantes, residentes no campo, um certo conforto, pois ao invés de caminhar quilômetros, caminhávamos por um curto trajeto até chegar no ponto onde o transporte escolar passava, muitas vezes sozinhos, mas sem dúvidas ter a garantia do transporte escolar era uma grande conquista.
A escola onde cursei meus primeiros anos só ofertava até o 9º ano, por isso quando terminei o ensino fundamental e teria que ir para o ensino médio em uma cidade vizinha. Apesar de ter o transporte que levava para a escola que ofertava o ensino médio, existiam algumas dificuldades para eu dar sequência aos estudos, pois para pegar a Kombi teria que acordar muito cedo, às vezes andar à pé no escuro (principalmente no horário de verão), para chegar na aula que começava às 7:15 da manhã. Lembrando ainda que o período chuvoso, era impossível ir para escola, pois por ser estrada de “chão” a Kombi não transitava devido ao barro e aos buracos. Devido às dificuldades apresentadas acima, e vividas por meus irmãos mais velhos, meus pais decidiram mudar para a cidade de Coroaci, quando finalizei o 9º ano, para que eu pudesse ter um conforto maior ao cursar o ensino médio, período esse que por na sede do município não necessitei de utilizar o transporte escolar.
Finalizei o ensino médio no ano de 2017, na cidade de Coroaci. No ano seguinte, em 2018, iniciei a graduação, mais uma conquista, porém vieram também outros desafios, o primeiro foi que comecei o curso de Engenharia Ambiental, na cidade de Governador Valadares, e mais uma vez necessitei deslocar de uma cidade para outra, e como a distância era longa, saia da faculdade por volta de 22h e chegava em casa por volta de 00h, porém não me identifiquei com o curso e desistir do mesmo.
Em 2019 iniciei o curso de Pedagogia em uma outra instituição de ensino, na Universidade Vale do Rio Doce-UNIVALE, curso esse que me identifiquei e que tem me proporcionado diferentes tipos de conhecimentos, oportunidades e realizações. Atualmente, atuo em uma escola da rede privada, por meio de estágio não obrigatório, essa experiência além de agregar muito para minha formação profissional é a oportunidade de colocar em prática o que tenho aprendido na teoria.
3.3 CORPO DOCENTE: DESAFIOS PRESENTES NA TRAJETÓRIA
O que falar sobre corpo docente? Pensar que a LDB/1996 estava prestes a completar uma década quando eu iniciei os estudos, e no município onde eu morava, o cumprimento da lei ainda não era uma realidade, no que se refere aos direitos dos professores e alunos das escolas do campo.
Em 2007, cursei a 1º série da educação básica em uma escola da rede municipal de Coroaci, a turma era multisseriada, uma organização de ensino na qual a professora trabalhava, na mesma sala de aula, com vários anos do ensino fundamental, simultaneamente, tendo que atender alunos com idades e níveis diferentes. Vale lembrar que a professora era habilitada, pois no campo, nas décadas anteriores, as professoras eram leigas, não tinham curso superior.
Por se tratar de uma escola do campo, as salas de aula eram muito vazias, tinham poucos alunos para cada série, por isso para formar uma turma era necessário a organização das turmas multisseriadas.
Ressalto que mesmo estudando nessa turma o ensino era de qualidade, a professora procurava atender cada aluno individualmente, quando precisávamos. Recordo-me que eu tinha uma certa dificuldade em aprender alguns conteúdos, mas ela sempre me dava apoio, explicava novamente para que eu entendesse e aprendesse. Ela se empenhava em explicar as atividades a todos, mesa por mesa, mesmo sendo turma multisseriada, pois eram poucos alunos e por isso era possível ela atender a todos, sempre que era solicitada.
Estudei com a mesma professora da 1ª até a 3ª série da educação básica. Ela enfrentava os mesmos obstáculos que os alunos, no que se refere ao trajeto até a escola, principalmente na época das chuvas, esse período era muito sofrido, pois as estradas, por serem de terra, ficavam ruins, com muito barro, o que dificultava a circulação de todos.
Na 4º série dos anos iniciais e a partir da 5º série dos anos finais, tive outras professoras, mas elas também residiam no mesmo distrito que a escola estava localizada, e a história era a mesma, enfrentavam os mesmos obstáculos citados anteriormente, em relação à locomoção até a escola, porém nesse período já havia o transporte escolar, que facilitava bastante a locomoção, tanto dos estudantes quanto de alguns professores, poucos utilizavam o transporte escolar, pois, a maioria possuía seu meio de transporte, e geralmente eram motocicletas.
O problema do acesso à escola continuava sendo no período chuvoso. Nesse período o transporte escolar e veículos particulares não circulavam, pois as estradas ficavam escorregadias e cheias de lama. Para nós, que éramos alunos, era mais tranquilo, pois tínhamos a opção de não irmos para a escola a pé, mas os professores, que tinham o trabalho como meio de sobrevivência, não tinham a mesma opção, com chuva ou sol, poeira ou lama, eles tinham que ir trabalhar, utilizando seus próprios veículos, arriscando caírem no barro, se machucarem, ou irem à pé, para não terem seus dias cortados.
No ensino fundamental 2, da 6ª à 8ª série dos anos finais, estudei em uma escola da rede estadual de educação. A escola funcionava no mesmo prédio da escola municipal onde eu cursei os primeiros anos, era uma parceria município e estado. Por se tratar de anos finais o professor não era mais unidocente, tínhamos um professor para cada disciplina. Passar por essa transição, de certa forma, era algo esperado por todos, pois tínhamos a certeza que estávamos “crescendo” deixando de utilizar apenas lápis preto para fazermos os registros, podendo então utilizar a caneta.
Recordo-me que os professores buscavam, sempre que possível, estratégias para adequarem os conteúdos previstos no planejamento à nossa realidade do campo , valorizando nossa realidade, nossa cultura, mas também nos provocando, procurando desenvolver em nós habilidades e competências que contribuíssem para a formação cidadã, para entendermos o espaço de vivência, para que soubéssemos criticar e agir sobre ele.
Em 2012 a escola recebeu uma verba do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e comprou computadores para uso dos alunos. Foi uma conquista enorme e quando eles chegaram foi motivo de muita alegria para professores e alunos. Para muitos de nós aquele era o primeiro contato com a tecnologia. Os professores, toda semana, planejavam atividades que dependiam do uso dos computadores, isso nos alegrava e nos motivava ainda mais com os estudos.
Eram muitas as dificuldades enfrentadas pelos professores, estradas ruins, falta de material didático adequado, livros didáticos com conteúdos que não retratavam a realidade dos povos do campo, dentre outras, mas os professores, na medida do possível, procuravam garantir aulas significativas para que a aprendizagem de fato acontecesse.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo nos mostrou que foram muitas as conquistas da Educação do Campo, nas últimas décadas, como por exemplo a garantia do transporte, da alimentação escolar e a internet nas escolas, porém ela está longe de ser a ideal. Para além das conquistas, é visível os desafios que ainda são enfrentados pelos professores e alunos das escolas do campo, ainda há necessidade de um olhar especial para o campo, que ele seja reconhecido como um espaço de muitos saberes, de oportunidades, como um espaço de cultura, de experiências de vida, de histórias.
Foi possível sabermos, também, que os livros didáticos ainda estão distantes da realidade dos povos do campo. É necessário rever os conteúdos dos mesmos e agregar conteúdos que contemplem a realidade campesina, buscando sempre o resgate e a valorização da cultura dos povos do campo. É preciso que eles contemplem, além dos conteúdos previstos na legislação educacional brasileira, as especificidades dos sujeitos do campo, oportunizando os estudantes a vivenciarem os saberes que vem do campo e outros para além do espaço geográfico que os mesmos estão inseridos.
Através deste estudo percebemos que devemos levar em conta muitos outros aspectos e condições que podem favorecer a educação dos povos do campo, um deles é a efetivação das políticas públicas específicas para o campo. O Programa do Transporte Escolar (PNATE), é um dos aspectos que citamos como uma conquista para os povos do campo, mais especificamente, para os estudantes, ele garantiu o acesso à educação com mais facilidade e comodidade.
Ser fruto dessa Escola do Campo permitiu à graduanda vivenciar diferentes experiências, de brincar com os colegas, ir para escola à pé, às vezes apreciando a natureza, outras vezes, amassando barro, a outras experiências que, quando criança, ela nem imaginava ser possível, como por exemplo cursar o ensino superior. Essas experiências lhes causaram diferentes sensações: tristeza, alegria, medo, e, atualmente, a sensação experimentada é de vitória.
Esperamos, com esta pesquisa, inspirar outras formas de ver e pensar o campo. Que a educação ofertada seja uma educação que liberta, que abre novos horizontes, que vise a formação integral dos estudantes para que eles sejam capazes de resistir a toda e qualquer interferência que, de alguma forma, possa oprimi-los e fazer-lhes pensar que são inferiores às outras pessoas por residirem no campo.
Finalizamos com a frase de Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Que nós, professores, sejamos capazes de transmitir aos alunos muito mais que os conteúdos científicos, que possamos levá-los a refletirem, criticamente, sobre a realidade em que cada um se encontra, e ainda mostrá-los que existem outras possibilidades.
NÃO CONSTA.
NÃO CONSTA
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