Esta pesquisa retrata os limites e as ações coordenadas pela confederação operária brasileira e as suas peculiaridades no seio do movimento operário brasileiro durante a primeira república. Idealizado por intelectuais e líderes operários, esta central sindical funcionou como órgão aglutinador da intelectualidade que se identificava com a causa proletária, demoninada pelos mesmos como a questão social. Desse modo, é nesse contexto que tem início a organização do proletariado brasileiro que, durante essa fase, contou com a liderança dos imigrantes libertários, além de intelectuais das camadas médias urbanas, principalmente no eixo Rio-São Paulo.
Porém, dados os diferentes estágios de crescimento industrial, e a própria composição da classe operária, encontramos uma diversidade de movimentos operários, mesmo sob a direção da confederação operária brasileira, de cunho anarcossindicalista. Esse importante órgão de classe, buscou a transformação dos operários-denominada pelos seus idealizadores de conscientização-através de três instrumentos: as palestras, a leitura dos impressos produzidos por seus intelectuais(o jornal A Voz do Trabalhador; a revista A Vida; folhetins, entre outros) e da educação operária, nas escolas racionalistas. Esse modelo foi também seguido pelos demais centros operários pelo Brasil afora. Porém, devido ao alto índice de analfabetos no meio da classe proletária brasileira da primeira república, a educação lecionada nas escolas operárias tornou-se o principal instrumento de politização,mobilização e conscientização da classe operária da primeira república.
Fundada no ano de 1906, durante o primeiro congresso operário brasileiro, a confederação operária brasileira passou a funcionar efetivamente, a partir de 1908, na então capital do país, no Rio de Janeiro. Essa central sindical buscou através de seus aparelhos ideológicos formar, através da chamada consciência de classe libertária, o que eles denominavam de homem novo anarquista. Ou seja, um arquétipo de um modelo libertário europeu, algum totalmente alheio à nossa condição cultural, com uma classe operária fortemente marcada por uma economia moral( crença simbólica de direitos) contrarevolucionária e influenciada pela religiosidade cristã, em suas várias vertentes: católica, protestante, espítita, entre outras.
Assim, apesar dos intelectuais anarcossindicalistas da confederação operária brasileira terem percebido que havia uma guerra cultural dentro do processo de luta de classes, desconstruir `a curto prazo esses elementos culturais das classes subaltenas, para se fazer uma revolução ácrata seria impossível, reduzindo na prática o movimento operário do início da primeira república a um caráter puramente reformista das relações capital x trabalho.
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