1. INTRODUÇÃO
Buscaremos aqui observar os caminhos e estímulos sociais que podem ser capazes de conduzir um indivíduo à profissão docente, mesmo que, em seu trajeto, surjam oportunidades de trabalhos diferentes e, em alguns casos, estas apresentem-se como sendo mais vantajosas, ou socialmente mais relevantes, porém não conferindo-lhe a mesma plenitude que a docência. O presente artigo relata um caso peculiar de um sujeito de origem humilde, que atravessou os estudos básicos sem um projeto de vida claro, e que por anos afastou-se da vida escolar (passando por situações diversas atuando em áreas distantes) conseguiu alcançar o êxito improvável quando retoma os estudos e torna-se um professor tutor de resiliência.
A narrativa reflexiva permite à pessoa relembrar e relatar de forma consciente a própria história. Pelo processo narrativo, há a possibilidade do encontro com o si mesmo.
2. METODOLOGIA
Através dos teóricos aqui elencados, buscaremos compreender a mobilização que, mesmo com tantos reveses profissionais, guia sujeitos de diversas áreas para o campo da docência conferindo-lhes satisfação pessoal. Para entender como se dá este “caminho inverso”, será utilizado o relato de caso do professor Ulisses (nome fictício), 41 anos, que, ao realizar os estudos da Disciplina Sociologia do Êxito Improvável, percebeu-se como um caso de êxito improvável (por ser de origem humilde e estar cursando um Mestrado em uma prestigiada Universidade) e também ser um exemplo de profissional que “encontrou-se” após se tornar um professor tutor de resiliência, agora, entende-se como uma pessoa que alcançou a individuação através da profissão de professor.
A narrativa foi desenvolvida sobre o relato da história do percurso escolar (e profissional) até chegar na atual posição onde o narrador se julga consciente de sua individuação através do trabalho que exerce. Com o intuito de compreender quais foram as personagens que o inspiraram e que, de forma positiva ou negativa, contribuíram para sua construção, nos basearemos nos referenciais da Sociologia do Êxito Improvável de Xypas e Bergier.
3.TEORIZAÇÃO
Inicialmente será observado o Caminho de Individuação proposto por Jung e trabalhado segundo a visão metafórica de Lutz Müller. Em seguida, passaremos pela compreensão de Bourdieu onde veremos os conceitos de Illusio, Jogo e Ethos; e as Classificações de Charlot e Xypas quanto aos ideais-tipos e os níveis de relação ao saber - de estudantes, pais e professores - os quais são fundamentais para o entendimento das nuances apresentadas no processo. Depois será apresentada a teoria de Rotter sobre o locus de controle; então, trabalhando as teorias da Vontade da Revanche e a de Tutor de Resiliência (de Bergier & Xypas, e Cyrulnik, respectivamente), perceberemos a promoção dos pontos de mudança significativos aqui relatados. Por fim, pontuaremos a compreensão de Gaulejac sobre as relações parentais, onde poderemos entender como estas influenciaram a trajetória sócio educacional do indivíduo.
3.1 A individuação junguiana segundo Lutz Müller
A Individuação é um processo autônomo e de poder transformador imensurável. É a experimentação da completude psicológica! Nos termos de Jung a individuação significa a realização do Si-mesmo, o Self, “o processo psicológico de individuação está intimamente vinculado à assim chamada função transcendente [...] E esta função resulta da união dos conteúdos conscientes e inconscientes.” (JUNG, 2011).
De forma metafórica, Lutz Müller em seu texto O Herói - Todos Nascemos para ser Heróis, utiliza da relação de alegorias e mitos relacionando-os aos processos cognitivos e sociais que em nossa realidade nos transpassam e nos moldam enquanto indivíduos. Para a autocompreensão, Müller elenca quatro habilidades fundamentais que devem ser fortalecidas ao longo do percurso: “saber, ousar, querer, calar” as quais compreendem as aptidões de saber estar aberto ao novo; ousar entrando com cautela em novas situações que podem contribuir para emersão fiel do si-mesmo; querer manter-se no caminho, com firmeza e intencionalidade, e calar demonstrando autocontrole, revelando a disciplina emocional - saber, ousar, querer e calar são alusões às armas do herói; para Müller, o domínio destas habilidades equivale, para nós, ao manejo hábil das armas que os heróis utilizam em suas batalhas.
3.2 Pierre Bourdieu - Illusio, jogo e Ethos de Ascensão.
Para compreender o grau de envolvimento intrínseco ao narrador durante o processo educacional formativo, faremos uso de conceitos formulados por Pierre Bourdieu, nos quais para ele “o êxito escolar é comparável a uma corrida esportiva, desprovida de equidade, pois alguns corredores partem antes dos outros e com melhor treinamento. Não há ação contínua e esforço persistente sem investimento no Jogo” onde este investimento é personificado pela Illusio; a qual, segundo Bourdieu, é: a crença de que independente da origem, das condições financeiras ou sociais, é possível alcançar a ascensão sócio educacional através dos estudos.
Acreditar, participar, se entregar e jogar o jogo é a chave para atingir os objetivos; a Illusio é gerada internamente, o próprio “jogador” a cultiva dentro de si.
Por outro lado, o Ethos de ascensão é passado para o sujeito através da boa vontade cultural que os pais, mesmo não possuindo capital cultural, transmitem durante o processo educativo dos filhos. Neste sentido, Xypas nos diz que:
O Ethos de ascensão social é uma teorização que ajuda a compreender a trajetória de êxito escolar de crianças e jovens de origem popular, tornando possível que uma família possa transmitir para seus filhos o capital cultural, ou Ethos, bem como a boa vontade cultural. (BOURDIEU apud XYPAS, 2020, p. 24).
3.3 A relação com o saber - Charlot: Ideal-Tipo / Xypas: Os Níveis de Relação.
Para compreender os eventos narrados relacionados à história escolar, recorremos ao estabelecimento de ideais-tipos em relação ao saber, sobre os quais Bernard Charlot afirma que são nas relações desenvolvidas na escola que o sujeito apreende, além dos saberes educacionais escolares, as competências relacionadas aos saberes dos valores sociais como crenças e habilidades… assim como, segundo ele, é na escola que fortalecemos as esferas de ordem emocionais. A atuação do aluno neste processo de desenvolvimento de suas potencialidades é denominada como mobilização. Charlot define:
O conceito de mobilização implica a idéia de movimento. Mobilizar é pôr em movimento; mobilizar-se é pôr-se em movimento. Para insistir nessa dinâmica interna é que utilizamos o termo de “mobilização”, de preferência ao de “motivação”. A mobilização implica mobilizar-se (“de dentro”), enquanto que a motivação enfatiza o fato de que se é motivado por alguém ou por algo (“de fora”). (CHARLOT, 2000, p. 55-56).
Para o autor, a relação com o saber que provoca a mobilização do aluno vai além do ambiente escolar, haja visto que a relação com o saber é o conjunto das relações que mantemos com tudo o que nos leva “ao aprender algo”, ao “saber algo”, para ele:
A relação como saber é a relação com o mundo, com o outro, e com ele mesmo, de um sujeito confrontado com a necessidade de aprender. [...] ou, sob uma forma mais “intuitiva”: a relação com o saber é o conjunto das relações que um sujeito mantém com um objeto, um “conteúdo de pensamento”, uma atividade, uma relação interpessoal… (IDEM, p. 80-81).
Para compreender melhor o grau de mobilização do sujeito frente à busca pelo saber, Charlot classifica os alunos em Ideais-tipos de relação ao saber; e Xypas aprofunda esta classificação explicando o nível da relação ao saber que cada ideal-tipo apresenta; sendo eles:
Ideal-tipo 1. Alunos (completamente) perdidos na escola. “Há aqueles que não entendem por que estão na escola; estão matriculados, presentes fisicamente, mas jamais entraram nas lógicas específicas da escola”. Ideal-tipo 2. Os sobreviventes na escola. “Há aqueles que estudam não para aprender, mas para passar à série seguinte; em seguida, novamente para a série seguinte”. Ideal-tipo 3. Alunos dedicados muito bem sucedidos na escola. “Existem aqueles para os quais estudar é uma conquista permanente do saber e da boa nota”. Ideal-tipo 4. Os intelectuais. “Para alguns alunos, estudar tornou-se uma segunda natureza e não conseguem parar de fazê-lo”.
Xypas, ao se perguntar: “Quando se trata de alunos exitosos, (nível 3 ou 4) qual é a relação ao saber dos pais semianalfabetos? Como conseguem (ou não) transmitir aos filhos Ethos de Ascensão Social e o Habitus exigido na escola?” Ele desenvolve duas novas ferramentas importantes para o entendimento da relação do aluno com o saber que são os NÍVEIS DE RELAÇÃO AO SABER DOS PAIS, os quais, salvo raras exceções, são a base do desenvolvimento sócio emocional e intelectual da criança. Bem como, em seus estudos, percebe a importância de compreender e os NÍVEIS DE RELAÇÃO AO SABER DOS PROFESSORES, ressaltando que não se trata do saber aprendido pelo professor, mas do saber ensinado e, ainda mais, da mobilização para transmiti-lo aos alunos. Estas inovadoras classificações apresentam-se assim:
Níveis de relação ao saber de pais semianalfabetos: Nível 1. Deslegitimam o saber escolar. Nível 2. Ignoram o saber escolar. Nível 3. Relativizam a importância do saber escolar. Nível 4. Valorizam o saber escolar e, ainda mais, promovem o Ethos de ascensão social pelos estudos (P. Bourdieu).
Nota: Em algumas famílias, a mãe e o pai têm diferentes níveis de relação ao saber. As pesquisas mostram que, geralmente, a influência da mãe é determinante.
Níveis de relação ao saber dos professores: Nível 1. Professor que menospreza os alunos e suas famílias. Acredita que “A aprendizagem depende da família, o professor não tem responsabilidade”. Nível 2. Professor que ensina de maneira distante, sem mobilização. Os alunos dizem que ele “faz de conta”. Nível 3. Professor voluntário e dedicado, comprometido com a aprendizagem dos alunos. Algumas vezes se torna Tutor de Resiliência. Nível 4. Professor intelectual. A princípio, ele tem altíssimo nível de relação ao saber, mas sua relação com o saber transmitido aos alunos na sala de aula pode ser baixo.
Nota: Existem casos intermediários entre os níveis 1 e 2, entre 2 e 3, entre 3 e 4.
3.4 Julian Rotter - Locus de Controle
A compreensão das diferentes posturas em relação aos acontecimentos marcantes expostos na narrativa - relativos ao olhar sobre os momentos adversos - se dará pela ótica de Rotter que formulou a teoria do Locus de Controle para explicar o posicionamento do indivíduo perante o fracasso na busca de objetivos… ele explica a reação diante do fracasso, e indiretamente também explica a postura que nos leva ao sucesso.
Então percebemos que o Locus de controle é o modo como o indivíduo interpreta os resultados das ações que toma, dos acontecimentos relacionados à sua volta, sendo o Locus de Controle interno ou externo, Xypas nos esclarece que compreendemos como “controle interno, quando o indivíduo percebe os resultados dos acontecimentos como consequência de suas próprias ações. Controle externo, quando ele percebe os mesmos acontecimentos como resultados de fatores externos” (XYPAS, 2014, p.11). Conclui-se que, para quem possui o Locus de Controle interno, o êxito passa a ser resultado de sua dedicação e esforço pessoal.
3.5 Bergier & Xypas - A Vontade de Revanche.
Bergier e Xypas compreendem que Bourdieu (ao estudar sobre o fracasso escolar de alunos das classes mais populares diante das adversidades socioeconômicas) explica bem a resignação diante da derrota - bem como - a revolta que alguns apresentam diante das injustiças sociais que vivenciaram no meio escolar chegando a abandoná-lo; porém, é neste ponto quem Bergier e Xypas, ao observar a ascensão alcançada por alunos de origem popular “através” da desforra da humilhação dos que buscam vencer através dos estudos apesar do cenário adverso do qual são originários, formulam A Vontade de Revanche que dá origem à Teoria da Sociologia do Êxito Improvável.
3.6 Boris Cyrulnik - Professor Tutor de Resiliência
Ao longo da narrativa serão descritas experiências que marcaram o narrador tanto positivamente quanto negativamente; e é senso comum que esta segunda marca-nos de forma mais significativa. Nossa capacidade de assimilar e superar as adversidades que experienciamos é denominada como resiliência. Para Cyrulnik (2005), as principais chaves da resiliência são: vínculo e sentido; quando “apesar do sofrimento, um desejo é murmurado, basta que outro ouça-o para que a brasa da resiliência torne a se acender” (CYRULNIK, 2005, p. 184).
Segundo Cyrulnik, o ambiente escolar deve fomentar a resiliência nos discentes, ao oferecer a segurança emocional que pode ser negligenciada pela família, para ele: “não é a pobreza dos pais que prejudica a criança, é o isolamento afetivo, a ausência de rotinas. Uma criança deixada sozinha torna-se débil porque toda aprendizagem se torna angustiante. Porque ninguém lhe dá segurança, ela não experimenta o prazer da descoberta”. (2004, p. 24). Assim, um professor voluntário e dedicado pode representar, para o sujeito negligenciado, a fonte de segurança necessária para sua superação e base da busca do êxito escolar e consequente ascensão social.
3.7 Vincent de Gaulejac - A Neurose de Classe
Para compreender “o quadro clínico que caracteriza os conflitos psicológicos vividos por indivíduos que mudam de posição dentro da estrutura de classe” Gaulejac lança mão dos pressupostos teóricos da Psicologia e da Sociologia. A promoção ou regressão social é por ele atreladas às experiências familiares e pessoais, as quais reverberam em intensidades diferentes no íntimo do sujeito ao longo de sua jornada. Ele ressalta que as ações do indivíduo também fazem parte da construção das relações do sistema familiar e dos círculos sociais aos quais ele pertence, integra e interage. Com isso afirma que as esferas sociais e psíquicas comunicam-se e constroem-se mútua e simultaneamente.
Gaulejac (2006, p. 43) considera que “as relações sociais são relações de dominação em que os aspectos simbólicos são tão determinantes quanto os econômicos” com relação à origem de sentimentos negativos. Estas relações sociais, ou relações de poder, são experienciadas nos diversos ciclos parentais ou sociais, onde as relações interpessoais são o “elo de ligação” entre os indivíduos.
Compreende-se que “a segurança é ao mesmo tempo um conforto material, um trabalho reconhecido, uma perspectiva de promoção e a imagem de um quadro familiar no qual podem se estabelecer relações estáveis e calorosas” (GAULEJAC, 2006, p.70).
4. NARRATIVA REFLEXIVA ACTANCIAL DO PROFESSOR ULISSES
O Cenário
Segundo filho de um casal de nordestinos (formado por um agricultor alfabetizado e uma mãe técnica em enfermagem), Ulisses nos relata que atravessou os estudos fundamentais mostrando-se como: “-Um aluno que em alguns momentos estava apenas presente, cumpria as atividades com o intuito de passar de ano enquanto filho obediente e estudante disciplinado; e em outros, sentia-me estimulado pela busca do conhecimento e de boas notas, onde estava realmente presente, dedicando-me e buscando mais conhecimento”.
Ao concluir 2º Grau afastou-se por cinco anos do mundo dos estudos para realizar diferentes trabalhos, os quais, agora entende que contribuíram diretamente para sua atuação profissional como educador e que estes foram desvios relevantes dentro do Caminho de Individuação até retornar ao trilho da Educação.
A compreensão deste processo requer a observação das diferentes etapas da vida nas quais nossa personalidade é moldada; nesse sentido, Jung afirma que:
A personalidade como expressão da totalidade do homem foi circunscrita por C.G. Jung como sendo o ideal do adulto, cuja realização consciente por meio da “individuação” representa o marco final do desenvolvimento humano [...]. No entanto, é fato evidente que o “eu” se forma e se fortalece na infância e na adolescência. Seria inconcebível ocupar-se alguém com o “processo de individuação” sem considerar devidamente esta fase inicial do desenvolvimento. (JUNG, 1998, p.2).
1º ATO – Antes da escola...
Nas palavras de Ulisses... A memória mais antiga que me vem à mente, com relação ao saber, é sobre o momento no qual percebi o poder que se ganha ao se dominar a leitura e a escrita. Ocorreu por volta dos meus cinco ou seis anos de idade, quando minha mãe me negou uns trocados pedidos, avisei então que iria pedi-los a meu pai, nesse momento ela mandou que eu esperasse e escreveu algumas palavras em um pedaço de papel, o dobrou, me entregou e disse que eu antes de falar sobre dinheiro deveria entregá-lo ao meu pai e aguardar a resposta já que este se trataria de um assunto importante! No meio do caminho encontrei um conhecido, o padeiro Edmilson, e pedi que ele me falasse o que estava escrito naquele papel, então ele decifrou em voz alta, e descobri que dizia: “João, não dê dinheiro a Ulisses”.
De posse dessa valiosa informação fui ao encontro de meu pai e informei que tinha um bilhete importante para lhe entregar, mas, só entregaria se ele me desse um determinado valor em dinheiro… Caso não pagasse eu o rasgaria! Lembro de ficarmos nesse impasse por um tempo até que ele cedeu e me pagou o “resgate” solicitado. Ao pegar o dinheiro, coloquei o bilhete no chão e me afastei correndo… chegando em casa portando o produto da compra realizada com o valor extorquido, me deparei com meus pais: de um lado, meu pai segurando o sorriso para não demonstrar que achou a situação inusitada, ele já me relatou que achou muito ardiloso de minha parte, uma criança de cinco anos realizar tal façanha, do outro, minha mãe munida com a velha chinela disciplinadora.
A rigidez de mainha venceu! E eu apanhei… minha mãe me puniu fisicamente mesmo a contragosto de meu pai; tenho a vívida lembrança de seu olhar de desapontamento com a sentença executada. Mesmo castigado, lembro com carinho dessa situação, e até com certo orgulho, hoje sei que ali descobri o poder que o conhecimento nos dá; assim como, hoje compreendo a responsabilidade que acompanha tal poder.
O “caso do bilhete” positivamente se desdobrou como o estopim de minha iniciação à leitura, naquele momento minha mãe concluiu que já era hora de começar a me alfabetizar, haja visto que, no ano seguinte, eu seria matriculado na primeira séria (não havia Educação Infantil por aqui) e era vontade dela que, assim como ocorrido com minha irmã, eu também já fosse encaminhado munido de certa base intelectual desenvolvida em casa. E assim ocorreu e minha mãe me alfabetizou me preparando da melhor forma possível para ingressar no universo escolar.
Comentário 01: Boa vontade cultural - A atitude da mãe em alfabetizar o filho em casa para encaminhá-lo para escola denota o habitus passado aos filhos, mesmo não possuindo elevado capital cultural, incentivou o filho a buscar nos estudos a mudança social vislumbrada.
A primeira dobradiça dramática observada é o momento no qual a mãe percebe que o filho anseia pelo conhecimento das letras (marcado pelo episódio do bilhete) e inicia sua alfabetização em casa, buscando prepará-lo para ingressar na escola.
2º ATO - Ensino Fundamental e Médio
Dos meus primeiros anos de estudos, da 1ª à 4ª séries, só tenho recordações positivas. A escola na qual fui matriculado era uma escola pública de qualidade próxima à minha casa. Minha primeira professora era para mim a representação de tudo que há de bom em uma figura de autoridade e sabedoria. Minha turma também foi sua primeira turma como docente, então, para ambos tudo era novo e - salvo as devidas proporções - serviu como experiência importante em nossas jornadas.
Comentário 02: Tutor de Resiliência - A afetividade da primeira professora a classifica como uma tutora de resiliência para seus alunos. A figura da primeira professora é fundamental para o início deste caminho. Sua postura afetuosa deixou marcas positivas em relação ao convívio no ambiente escolar.
O rendimento exemplar observado até então foi interrompido quando passei a estudar no período vespertino da 5ª à 8ª série. A escola era a mesma, porém, além do grupo de alunos ser outro bem maior e formado por adolescentes vindos das demais escolas menores que atendiam apenas até a 4ª série, eu também era outro, pois entrava na adolescência e mesmo sendo um aluno presente, que cumpria as atividades solicitadas, na 6ª série fui reprovado em matemática, e tal reprovação foi motivo de grande decepção para meus pais, além de grande frustração pessoal para mim.
À época eu julgava que a culpa dessa reprovação seria totalmente do professor de matemática! É certo que sua prática não era boa, ele não buscava envolver os alunos em suas aulas, além de menosprezar as capacidades dos estudantes se colocando sempre como o grande detentor do saber e, nós, os alunos como figuras vazias e incapazes de compreender a disciplina; recordo-me que, ao final de cada aula, ele mandava todos os alunos se levantarem e ia fazendo perguntas rápidas, geralmente tomava a tabuada de multiplicação, conforme a rapidez que o aluno demonstrava em responder corretamente antes dos demais ele poderia ir sentando e ficava livre daquele momento (para mim) torturador; para mim a reprovação seria culpa dele, de sua prática, não minha enquanto aluno.
Porém, a reprovação serviu para eu perceber que o importante era estudar para aprender e compreender o que estava sendo visto em sala (independente da postura do professor ou da disciplina estudada) o que consequentemente traria a aprovação; e não apenas estudar para tirar boas notas, decorando os conteúdos para reproduzi-los na hora das avaliações e em seguida esquecê-los.
Então, com esta nova percepção que mudou minha postura na escola, passei a me dedicar mais aos estudos, também nesta mesma época a professora de Língua Portuguesa chamou muito minha atenção por sua maneira de passar os conteúdos, sua postura em sala e como tratava igualmente todos os alunos; o que era o oposto do professor de matemática com quem reprovei, o qual infelizmente me acompanhou até a 8ª série, sempre com a mesma postura superior e sem cativar os alunos; além das “regulares sessões de tortura” com perguntas rápidas e respostas libertadoras.
Nesta época eu me aproximei bastante da professora de português, sendo influenciado positivamente por suas aulas, de modo que, fui bem nas demais disciplinas e não reprovei mais até concluir a 8ª série. A reprovação em matemática na 6ª série foi um marco importante que, mesmo inicialmente sendo motivo de vergonha e decepção, logo serviu como o gatilho para uma mudança positiva de minha visão frente ao saber. Concluída a 8ª série chegava a hora de mudar de escola, tendo em vista que aquela na qual eu estudava não oferecia o 2º grau.
Comentário 03: Locus de Controle & Vontade de Revanche - Perceber que a reprovação não havia partido do professor, mas sim, de sua falta de comprometimento com os estudos, mostra que ali houve a mudança no Locus de Controle, passado a ser interno. A reprovação na disciplina de matemática serviu de estopim para compreensão do real significado da dedicação escolar, levando Ulisses a buscar superação através dos estudos.
Ao concluir a 8ª série, naquele mesmo ano, prestei os exames para estudar o 2º Grau num colégio interno, o Agrícola de Belo Jardim, um amigo estudava lá, e me influenciou para tal, sempre falando da qualidade do ensino e da possibilidade de concluir os estudos com um “emprego garantido na área” como estava acontecendo com ele. Ao receber a correspondência com o resultado do concurso vi que fui aprovado e, devido à minha colocação e ao conhecimento do amigo que já residia lá, pude passar um final de semana durante o mês de janeiro conhecendo o local e até escolhendo o alojamento onde iria morar! Voltei encantado com tudo, e bastante animado para ir definitivamente em fevereiro como aluno interno.
Comentário 04: Illusio e Ethos de Ascensão - Após a reprovação, ciente de seu papel diante dos estudos, passa a acreditar em suas potencialidades e começa a se dedicar mais aos estudos, assim, apresentando uma Illusio; a mudança de postura em relação aos estudos transformou sua forma de compreender o poder da educação; a aprovação na seleção do colégio interno mostra que passou a acreditar no jogo, decidindo jogá-lo para buscar a ascensão social que é o prêmio maior.
Contudo, nesse meio tempo minha mãe decidiu que não me deixaria ir, pois, após conversar com um conhecido que há anos havia estudado lá ele a convenceu que eu poderia “ser levado” ao mundo das drogas, segundo ele - por experiência própria - o Agrícola era um local onde havia facilidade para o consumo de tais substâncias, e esta foi a explicação que ela deu para não me permitir ir; sua falta de confiança em mim me deixou inicialmente revoltado, depois deprimido... Eu havia me esforçado muito para realizar a prova de seleção, e havia alcançado o êxito desejado… e mesmo sendo um adolescente, ela deveria ter mais confiança na criação que me dera; mas, como filho obediente, não me restou opção a não ser esquecer toda aquela possibilidade e, para mim, sobrou a realidade mais próxima e viável que foi a Escola Estadual da cidade, na sede do Município, onde havia no horário noturno a oferta do Magistério e do Estudos Gerais.
Comentário 05: Ideal-tipo & Nível de Relação ao Saber - No começo da trajetória educacional mostrava-se mobilizado, um aluno dedicado que buscava o conhecimento; anos depois passou a ser um aluno que estudava em busca da aprovação pura e simples, depois de reprovado voltou a ser mobilizado e estudar para aprender, não apenas para passar. Ao longo do 1º grau transitou entre os ideais-tipos 2 e 3; inicialmente a mobilização fomentada pelos estudos domésticos o levaram ao nível 3 onde o desejo de participar das atividades era máximo… nos anos seguintes houve a “desmobilização” e retrocedeu ao nível 02, onde estudar era apenas uma obrigação, e passar de ano, para ano seria a meta. Mas, novamente mobilizado, concluiu o 1º grau como um aluno dedicado, ideal-tipo 3, que enxergava o sentido que o estudar carrega.
Estudar à noite, na Cidade, matriculado em Estudos Gerais e com o peso da decepção de não ter ido para o Agrícola… tive que superar a frustração inicial e enfrentar uma época com desafios até então desconhecidos.
O primeiro ano foi muito difícil, houve uma “separação” entre os alunos vindos da Zona Rural e dos que moravam na Cidade; os próprios professores nos tratavam de formas diferentes e, entre os próprios estudantes, havia uma segregação visível. Minha válvula de escape para esta situação era o mundo da leitura, o gosto desenvolvido pela leitura - lá atrás, lá na minha escola, lá no sítio, com a professora de português da 6ª série foi reforçado neste período, já que, a biblioteca da Escola Estadual oferecia muitos livros de literatura infanto-juvenil que eu não conhecia; foi quando tive contato com autores como Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e Stephen King, além dos clássicos: de BenHur ao Diário de Anne Frank - sendo este o último livro que ali peguei emprestado e li em novembro de 1998, tenho isto vívido em minhas memórias. Neste período desenvolvi grande admiração por duas professoras: a de Português e a de Biologia. Em paralelo a minha “imersão” na leitura, as aulas de Biologia e de Português também serviam como estímulos positivos para o processo de adaptação, pois, o português já era para mim a melhor disciplina, e conhecendo a Biologia também descobri uma nova paixão… assim, conclui o primeiro ano dos Estudos Gerais, seguindo o caminho do bom aluno, dedicado e estudioso.
Nesta mesma época do 1º Estudos Gerais, minha mãe para melhorar a renda familiar começou a dar reforço escolar para crianças, em casa, no horário da tarde, e eu a ajudava diariamente nisso, assim, inconscientemente “regava” a semente da docência anteriormente plantada em mim. No segundo semestre do 2º E.G. fomos desafiados pela professora de português a ler livros de um determinado gênero (à nossa escolha) e ao final escrevermos a introdução de uma romance autoral; pensei: “Isso é para mim!” e escolhi os livros de detetive como minha base, um crime de quarto fechado era minha meta de produção! Assim fiz: li e reli os romances policiais que se adequavam ao tema que escolhi e, ao final do semestre entreguei meu texto; escrevi nove páginas! (Hoje - mais de vinte anos depois - ainda lembro o que produzir).
Quando a professora fez a devolutiva ela leu meu texto em voz alta para toda a sala, eu pensei que esta leitura seria por ter achado o texto bem escrito, mas, me surpreendi quando ao final da leitura ela falou que o trabalho era escrever um texto próprio, e não copiar de algum livro! A professora não acreditou que eu havia escrito o texto; não acreditou que eu teria capacidade de criar aquela narrativa… e me deu uma nota baixa; fui tomado por um misto de sentimentos: vergonha, tristeza, raiva, incredulidade; como assim eu não poderia ter escrito aquilo?!
Aquela nota baixa só não me reprovou por eu ter boas médias que compensaram o déficit causado por tudo aquilo. Esse episódio me fez muito mal a ponto de não querer mais estudar naquela escola, porém, durante as férias eu me propus a provar a professora que sim, havia sido eu quem tinha escrito o texto, e para isso, eu iria melhorar minhas notas durante todo o terceiro ano, e ao final, iria mostrar a ela.
Em minha mente juvenil essa seria uma grande virada, até mesmo uma forma de vingança! E me dediquei ainda mais durante todo o ano, ao final, fechei praticamente todas as disciplinas com nota máxima, incluindo Português, com média 10,0 sendo que, no processo, eu já não pensava mais em melhorar minhas notas como uma forma de revanche, ali percebi que eu, apenas eu, estava ganhando com tudo aquilo.
Eu aproveitava plenamente a experiência vivenciada, observava tudo o que estudava. E, por ironia, a própria professora de português foi a primeira a me parabenizar pelo boletim alcançado. No fim, conclui o 2º grau como aluno destaque; marcando assim minha saída desta escola.
Comentário 06: Relação ao saber & Vontade de Revanche - as professoras citadas, que alimentaram sua vontade de estudar e buscar mais conhecimento, provavelmente estão no Nível 03, Voluntários e Dedicados, sendo fundamentais para mobilização provocada neste período. E a professora de português, ao duvidar da capacidade de produção, causou um sentimento de revolta que transformou-se em vontade de revanche.
A mobilização causada após o incidente da produção textual, culminando com a conclusão do Ensino Médio com a obtenção de médias excelentes, constitui a dobradiça dramática deste ato.
3º ATO - SAINDO DA ESCOLA
E agora, o que fazer? Terminado o 2º Grau, o próximo passo seria prestar o vestibular e cursar uma graduação; mas, acredito que pelas condições financeiras não me senti estimulado em prosseguir; para isso precisaria de dinheiro para financiar esta etapa da vida, e mesmo conseguindo entrar numa Universidade pública, precisaria de recursos para me manter durante o tempo de estudos, então teria que escolher entre tentar entrar numa universidade pública e, sendo aprovado, me mudar para um centro maior como Recife; ou sair de casa para trabalhar, ganhar algum dinheiro e contribuir financeiramente com meus pais.
A segunda opção foi minha escolha, e me alistei no exército. Este era um sonho antigo de meu pai e, ao fazer isso, pensei que estaria ao mesmo tempo agradando a eles e tendo a possibilidade de ingressar em uma carreira financeiramente estável. A época do serviço militar foi para mim um período de grandes aprendizados: disciplina, compromisso, dedicação e adaptabilidade aos desafios… muito do que aprendi naquela época carrego comigo hoje, e coloco em prática diariamente.
A instrução educacional que eu carregava já na época do quartel me ajudou. Dos 506 recrutas alistados naquele ano no Quartel do 71ºBIMtz de Garanhuns PE, apenas 03 (eu e mais dois) tínhamos o 2º Grau completo e sabíamos utilizar um computador, e eu ainda tinha o diferencial de saber desenhar, o que me levou a trabalhar na 3ª Secretaria (S3) do 71ºBIMtz, onde eu era - entre outros trabalhos - responsável por digitar os Discursos de Ordem Diárias dos oficiais daquele batalhão, e isto me levou indiretamente a continuar estudando a língua portuguesa, pois, a correção final seria feita por um Sargento a quem eu estava diretamente subordinado, porém este sempre me delegava a tarefa da revisão ortográfica e gramatical.
O sargento tinha o hábito da leitura diária, e através dele eu tinha acesso aos livros que ele trazia vindos da biblioteca da escola onde sua esposa lecionava, podíamos selecionar títulos diversos que, logo quando possível, através dela os recebíamos. Inicialmente acreditei que a carreira militar seria o ideal para minha vida, mas, nos últimos meses daquele mesmo ano minha visão mudou drasticamente, percebi questões que me incomodaram profundamente e mesmo com o engajamento garantido por no mínimo mais cinco anos ao final do ano eu pedi dispensa e voltei pra casa.
Comentário 07: Locus de Controle & Relação ao Saber - A proibição de ir para o colégio interno causou a mudança da percepção do Locus de Controle, voltando a mostrar-se externo. Neste período, também houve uma regressão no nível de relação ao saber; retornou para o Nível 2 onde a educação passou a ser vista apenas como um meio de conseguir um bom emprego, a estabilidade financeira.
No ano seguinte eu fui morar em Alagoas, na Cidade de Arapiraca, para trabalhar como “garçom” num restaurante e pousada de meu tio (irmão de minha mãe) e lá desempenhava todas e quaisquer das funções, não apenas a de garçom… Servir e limpar mesas, atender no bar do restaurante, ficar no caixa recebendo, repondo estoque, limpar e fechar ao final do dia, limpar e abrir no início do dia seguinte; enfim, fazia de tudo, e por morar na casa do meu tio/patrão eu não tinha horário delimitado, mas, gostava bastante daquilo tudo.
Hoje percebo que a questão docente estava presente porque eu sempre ajudava meus primos mais novos com as atividades escolares, tarefas de casa e trabalhos que tinham que apresentar. Passei quase dois anos trabalhando no restaurante e lá aprendi lições importantes, lições principalmente de resiliência e adaptabilidade rápida; o atendimento ao público nos faz aprender a resolver problemas de forma rápida e eficaz, que satisfaça ao cliente e não vá de encontro aos interesses do estabelecimento.
Comentário 08: O Herói - saber, ousar, querer e calar; mesmo trabalhando como garçom indiretamente buscava oportunidades para traçar o caminho da educação. Trabalhando a capacidade de ouvir - ao conversar com os mais diferentes fregueses… contribuindo para a educação dos seus primos fomentou (inconscientemente) a habilidade do querer, querer manter-se - ou estar - no caminho da educação.
Contudo, acredito que a empatia foi a habilidade que mais desenvolvi durante este período. Este restaurante/pousada é localizado em uma rodovia e atende principalmente aos caminhoneiros que estão de passagem, caminhoneiros que estão indo e vindo de todas as regiões do país, solitários em suas boleias, estão sedentos por um pouco de conversa e atenção… estar trabalhando neste ambiente me levou a estabelecer conversas de toda sorte, das mais banais, às mais profundas e filosóficas, o conhecimento apreendido naquela época hoje se mostra útil em momentos que tenho que ouvir e compreender os pontos de vista dos diferentes atores da Comunidade Escolar.
Porém, a saudade de casa falou mais alto, e a possibilidade de trabalhar em minha cidade, na campanha política da Eleição Municipal me trouxe de volta para junto de meus pais. Então passei vários mes
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concordamos que o Caminho da Individuação é um percurso psicologicamente complexo e longo, quiçá sem fim; no qual encontra-se “na busca” o real valor do caminho, e que o autoconhecimento é o meio para conseguir estabelecer os pontos de ruptura de padrões comportamentais que inibem a contemplação do Si-mesmo, podemos, ao equiparar o projeto parental com a narrativa aqui exposta, compreender que o desejo dos pais em proporcionar aos filhos meios de conseguir ascensão profissional através dos estudos foi alcançado, mesmo que não através da carreira militar almejada pelo pai, mas sim, pela auto realização através da vida docente descoberta pelo filho. No decorrer da explanação foram apresentados os actantes, onde percebemos o quanto oponentes e adjuvantes foram importantes para que o “herói” desenvolvesse suas potencialidades e lutasse contra o dragão, aqui, o medo de não se encontrar enquanto indivíduo.
A neurose de classe ficou evidente na constante inquietação que levou à mudanças subsequentes de trabalhos que foram meios para buscar a estabilidade financeira e social; sendo o Ethos de Ascensão e a Illusio que concerniram o equilíbrio almejado conduzindo ao Self do sujeito, haja visto que a educação que levou à aprovação nos concursos foi a base da ascensão social, onde a partir disso o equilíbrio financeiro possibilitou-o a continuar estudando. As sanções alcançadas logo deram origem a outros contratos e a novas sansões, sendo o último deles o mobilizador que o trouxe até o presente Mestrado, através do qual, a meta é desenvolver novas habilidades e adquirir conhecimentos para melhor desempenhar o papel de educador.
REFERÊNCIAS
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