Metadados do trabalho

Repensando A Formação Continuada De Professores A Partir Das Tecnologias Digitais.

Alexandre Menezes

Esse trabalho aborda a importância das tecnologias digitais para formação continuada de professores da educação fundamental, tendo em vista as necessidades urgentes de adequação do ensino para a forma remota. O mesmo tem como objetivo geral compreender a importância da educação tecnológica na formação continuada de professores dos anos iniciais do Colégio Estadual do município de Frei Paulo Sergipe, para que possa verificar se houve ou está havendo alguma ação que promova o preparo para o ensino desses profissionais em relação ao uso das tecnologias da educação, e sugerir uma oficina com o dispositivo padlet para colaborar no redesenho pedagógico com as tecnologias digitais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizando-se o questionário e a entrevista como instrumentos de coleta de dados. O método da pesquisa constitui-se um estudo de caso, por meio do qual obtivemos alguns resultados: conhecemos algumas das estratégias na formação continuada de professores e algumas ações pedagógicas realizadas em meio à pandemia. Conclui-se que a educação pública tem muito a avançar no campo tecnológico e da inclusão digital bem como na formação de professores, pois, essa é uma grande barreira que exclui milhares de pessoas do acesso à educação, algo que se tornou mais evidente na pandemia.

Palavras‑chave:  |  DOI: 10.17564/2316-3828.2020v8n3p348-365

Como citar este trabalho

MENEZES, Alexandre. REPENSANDO A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A PARTIR DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS.. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2021 . ISSN: 1982-3657. DOI: https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v8n3p348-365. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/351-repensando-a-forma%C3%A7%C3%A3o-continuada-de-professores-a-partir-das-tecnologias-digitais. Acesso em: 16 out. 2025.

REPENSANDO A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A PARTIR DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS.

Nos dias atuais, é inegável a importância e a necessidade do repensar sobre a educação, que é fonte de transformação e realização dos anseios pessoais e da sociedade. Assim, é preciso analisar e compreender tais mudanças que ocorrem no tocante aos avanços tecnológicos, desse modo, necessário contextualizar tais avanços no campo educacional.

A educação sob diferentes contextos se transforma, e não é diferente nesse momento, pois o uso das tecnologias digitais na educação passa a ser visualizado como recursos de ensino necessários, devido à pandemia.

Nota-se que a investigação dessa pesquisa com o foco da formação continuada precisa ser contextualizada, pois mesmo com essas transformações no âmbito educacional, poucos e fala em atualização do profissional docente. Ainda que os professores tivessem todos os recursos necessários, a exemplo de: computadores, acesso à internet de qualidade e outros dispositivos, estes não seriam suficientes para a demanda do ensino remoto. Que, assim como o presencial, conta com algumas características que são grandes obstáculos a um ensino de qualidade.

A desigualdade social, por exemplo, é um embate presente no ensino presencial, e está revelando uma ampliação no momento do ensino remoto. A partir dessa problemática, percebe-se também a exclusão digital refletindo no âmbito educacional, ou seja, nada é dissociado. Os eventos que ocorrem na sociedade e na educação estão intrinsecamente ligados. Observa-se que são várias as circunstâncias que tornam mais difícil o processo para uma educação de qualidade e, principalmente, para uma educação mais inclusiva e democrática, no sentindo de que todos tenham o mínimo de suporte possível que dê substancialidade para uma boa formação.

Outros pontos a destacar, são: pais ausentes, crianças com necessidades especiais, professores que não se atualizam, entre outras características que fazem parte da realidade cultural e social da educação brasileira.

Nesse sentido, há a necessidade da presença do professor como mediador que em conjunto com o aluno, resolva problemas, e nas dúvidas, dialogue e interaja em um processo dinâmico. Essa é uma das melhores formas de enfrentar as dificuldades do aluno e enveredar por esse caminho do aprendizado, portanto, há a necessidade da atenção desses profissionais, que precisam estar constantemente se atualizando para poder lidar com as tecnologias e com as novas formas de interações em ambientes virtuais.

É claro que a formação continuada e as tecnologias digitais precisam andar alinhadas. Daí parte a motivação em estar percorrendo essa trajetória de investigação, diante das urgências no âmbito educacional, porém, nunca se houve tanta necessidade de saber mais sobre a relação formação docente e TIC, mas devido ao momento da pandemia do COVID-19 à urgência do ensino remoto, o isolamento social, à provável volta às aulas com o ensino híbrido e, as novas metodologias de ensino, professores e alunos tiveram que se adequar a um novo fazer pedagógico.

Diante de todas as circunstâncias e problemáticas pelos quais passa a educação brasileira, a que chamou a atenção foi a formação continuada dos professores dos anos iniciais nesse período da pandemia. Surgiu a motivação de investigar a formação continuada desses profissionais aliada às tecnologias digitais da educação no Colégio Estadual, na cidade de Frei Paulo-SE.

Nesse sentido, esse trabalho tem o objetivo de compreender a importância da educação tecnológica na formação continuada de professores dos anos iniciais em meio à crise do coronavírus, no Colégio Estadual, identificando como a educação continuada pode contribuir na relação dos docentes com as tecnologias digitais.

Em decorrência desta realidade, a questão a ser respondida neste trabalho é: Quais as ações desenhadas, no momento da pandemia, para a formação continuada dos professores com o uso das tecnologias digitais nos anos iniciais da Escola Estadual xxx?

A importância dessa pesquisa está em revelar a trajetória do contexto da formação dos professores dos anos iniciais da educação da referida escola e a relação dessa formação com as tecnologias.

Como metodologias foram adotados a pesquisa de campo e bibliográfica, a partir de aplicação de questionários, pesquisas em documentos, sites e demais fontes de informações. A entrevista e o questionário dirigidos ao gestor ocorreram (de forma on-line, via Google Forms) quanto ao pedagogo, foi feita uma entrevista e uma oficina por meio de visita presencial.

Essa pesquisa, trata-se de um estudo de caso, realizada na Escola Estadual, por isso, foram adotados como método e ferramentas as referidas ferramentas e técnicas de coletas de dados. Ressaltando que não foi possível a visita presencial à escola, porém a entrevista e oficina com o professor foi pessoal, onde os relatos dele vieram a contribuir significativamente na pesquisa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

 

2.1 O Repensar da Formação Inicial Docente com as tecnologias.

 

Para compreender como está ocorrendo à formação continuada e sua relação com as tecnologias, é preciso antes, se ater à formação inicial, pois, essa faz o alicerça mento e aquela faz o repensar teórico e prático pelo viés da atualização e da redefinição do profissional docente.

Nesse sentido, muitos documentos legais já discorrem sobre essa formação inicial e sua relação com as tecnologias a educação tendo, em vista o contexto atual de constante uso de tecnologias digitais no ambiente social e escolar, em virtude da pandemia do COVID-19.

Em relação ao uso das tecnologias na educação, há um destaque para formação inicial docentes. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB9.394/96,em seu artigo 62°§ 3° quando diz que “A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância”, BRASIL,1996, p. 42)

Nesse ponto, é notável que a formação inicial docente dentro dos ditames legais já passa por essa experiência de uso de tecnologias educacionais a distância, mesmo que ainda essa formação dê preferência ao ensino presencial.

Essa experiência por sua vez, não é suficiente, pois além de aprender utilizando esses recursos, os profissionais precisam saber ensinar com metodologias de ensino que perpassam pela utilização de recursos tecnológicos. Não obstante a LDB, no mesmo artigo e já se referindo à educação continuada, diz que “a formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância”, (BRASIL,1996, p. 42)

Já a Base Nacional Comum Curricular aborda a relação que o educando tem com as tecnologias da informação e comunicação em alguns tópicos, principalmente em duas competências de aprendizagens que são imprescindíveis para o educando, a exemplo da competência 5:

 

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (BRASIL, 2017, p.9).

 

A partir dessa colocação da Base Nacional Comum Curricular fica evidente a preocupação com a aprendizagem voltada para o uso das tecnologias da informação e comunicação que no contexto global e social, também pode ser caracterizada como um direito de aprendizagem, pois a demanda por acesso às novas tecnologias faz parte do mundo social e do trabalho e, por isso, o docente deve estar preparado para desenvolver essas e outras competências relacionadas às tecnologias da educação que estão ligadas de forma transversal com outros conhecimentos/ conteúdos que fazem parte do currículo escolar e que, portanto, são indispensáveis na formação discente e docente.

Quando se fala em educação e tecnologias, logo, associa-se a ideia de algo novo, de pontos fictícios que, por muitas vezes, não condiz com aquilo que essa fusão quer proporcionar aos educandos, ou seja, logo associa a ideia de substituição do professor por recursos tecnológicos, quando na realidade, a ideia é contrária. Quando se fala em tecnologias e educação logo se deve pensar em um profissional docente capacitado e atualizado para a educação tecnológica, para inserir na sociedade cidadãos que saibam utilizar esses recursos tecnológicos e ambientes virtuais de forma ética e coerente, de modo que usufruam desses em prol do bem estar de si e do próximo, por isso, e por diversos outros motivos que há necessidade da formação continuada do profissional docente.

 

O novo professor precisaria, no mínimo, de uma cultura geral mais ampliada, capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula, habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional, saber usar meios de comunicação e articular as aulas com as mídias e multimídias (LIBÂNEO, 2011, p.4)

 

A formação inicial do profissional docente e o uso das tecnologias é uma relação indissociável, pois a educação com o anseio de atender os objetivos da sociedade globalizada pretende despertar no aluno capacidades que são inerentes ao mundo digital e tecnológico, onde a comunicação a interação via internet são meios de otimizar tempo e processos de aprendizagens antes inimagináveis.

Por esse viés, tanto o aluno quanto o professor precisam desenvolver competências necessárias para uma formação de qualidade nessa perspectiva tecnológica e reinventar sua e da prática cotidiana.

 

Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o pensamento hipotético dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e de classificar, senso crítico,a leitura e análise de textos e de imagens, a representação de redes de procedimentos e de estratégias de comunicação (PERRENOUD, 2008, p.128).

 

De acordo com a citação supramencionada, revelam pontos de análises sobre o trabalho docente mediado com as tecnologias, a partir da escolha elencada com os objetivos pedagógicos, tem a possibilidade de contribuir com as atividades propostas. E na avaliação que podemos certificar desses usos, será por meio da motivação dos alunos e desenvolver colaborativamente para o uso desses recursos tecnológicos em prol da educação e do desenvolvimento dessas competências que Perrenoud destaca.

Estar motivado e também mobilizado pode engajar os alunos em uma determinada tarefa. Essa é uma competência importante do professor, que tem por objetivo formar seres ativos e pensantes. Muitas atividades educacionais que envolvam as novas tecnologias da educação e informação são motivacionais por si só, pois essas atividades estão relacionadas com o cotidiano de muitos alunos e, por isso, a relação do professor deve ser mais de mediador dessa determinada tarefa ou ação, porque muitas vezes os alunos podem perder o foco, principalmente, quando esses já têm algum conhecimento prévio, como, por exemplo: jogos, atividades de engajamento por alguma campanha em redes socais. Por isso, entre as competências que Perrenoud destaca está a formação de um ser crítico, quando fala que formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, ou seja, o reflexivo.

 

 

2.2 Repertórios das reinvenções das práticas remotas contextualizada com a formação continuada docente e as tecnologias para a educação.

 

É importante mencionar que o contexto educacional mudou com a pandemia do novo coronavírus e com isso, as práticas educacionais ganharam uma nova roupagem, bem como a formação continuada dos profissionais docentes, tanto no que se refere aos aparatos tecnológicos, como também pela parte didática e pedagógica.

Uma das questões que devem ser pensadas nessa nova realidade em relação à formação continuada é de que não há tempo para ficar analisando a situação apenas do ponto de vista teórico, pois a urgência exige atitudes práticas e novas, que se adequem às realidades dos profissionais docentes, no entanto, é importante reconhecer que a teoria é fundamental na formação continuada de qualquer profissional e principalmente na do docente. A partir dessa perspectiva alguns autores afirmam que:

 

A formação continuada é relevante por proporcionar ao professor a possibilidade de identificação dos conflitos do cotidiano pedagógico, percebendo as incertezas de uma nova aprendizagem. Através da formação continuada o docente pode aprender com os próprios erros, procurar compreende-los, depurá-los visando á reconstrução de sua prática, e socializando as experiências com o grupo. (GONÇALVES, NUNES,2006, p.8).

 

Assim, a formação continuada é uma tarefa de reconstrução constante que necessita diálogo entre a teoria e a prática. Por meio dessa, o profissional docente fica a par das necessidades de ensino dos alunos, tendo em vista o contexto do mundo globalizado, no qual a informação e a comunicação se atomizam e se propagam de modo veloz, e o aqui e o agora são de interesse global e não somente local, por tanto, a relação de formação continuada para o profissional docente não se refere unicamente a ele, mas a uma cadeia de ações que decorrem da sociedade globalizada.

Tendo em vista a citação de Gonçalves e Nunes, fica clara a preocupação com a necessidade de compreensão do educador acerca dos conflitos pedagógicos que ocorrem durante o processo de ensino-aprendizagem, numa relação horizontal, onde os saberes comunicam-se entre si e, por isso, o conhecimento prévio do aluno acerca de determinado assunto deve ser levado em consideração pelo professor nesse processo de construção do saber. Assim, é necessário a preparação desse educador por meio da educação continuada, principalmente, fazendo o uso das tecnologias digitais.

Quando se fala em conhecimento prévio dos alunos, nesse contexto tecnológico e sua relação com o saber, busca-se valorizar o conhecimento de mundo dos discentes. O educador deve usar esses conhecimentos dos educandos para proporcionar engajamento da turma e motivar esses alunos a resolverem tarefas. Não basta o educador saber usar ferramentas digitais, nem os alunos, tanto o educador quanto o educando devem saber para qual fim essa determinada tecnologia ou ferramenta digital foi criado, e o que essa tecnologia vai proporcionar para o bem estar pessoal e social.

Nesse sentido, as políticas públicas de formação continuada, os cursos de formação continuada para o uso de tecnologias digitais na educação devem manter o foco não somente no uso dos dispositivos tecnológicos, mas também em questões sociais e na finalidade de determinada tecnologia para a vida em sociedade, principalmente, na sociedade da informação e comunicação.

              Em se tratando de alguns dispositivos tecnológicos e seu uso em meio à pandemia do COVID-19, ressalta-se os recursos como: o Google Forms, Youtube, GoogleMeet, dentre outros. Esses dispositivos, dão suporte ao ensino remoto de forma incomensurável, pois, são meios de comunicação tecnológicos que aproximam os alunos aos professores, esses dispositivos aliados a uma boa metodologia e uma boa prática, promovem ambientes de aprendizagens e ensino mais dinâmicos.

Essa, então, é uma característica particular do ensino remoto, através do qual se utilizam de recursos e projetos pedagógicos ativos para estarem mais próximos dos seus alunos, mesmo distante geograficamente, que gerando interação professor aluno ediálogo para sanar as dúvidas e para avançar no processo de aprendizagem que:

 

Na educação remota predomina uma adaptação temporária das metodologias utilizadas no regime presencial, com as aulas, sendo realizadas nos mesmos horários e com os professores responsáveis pelas disciplinas dos cursos presenciais [...](ALVES, 2020, p.358).

 

 É evidente, que, por uma razão maior e por uma questão sanitária, resolvem-se preservar a saúde, portanto, a vida de todos aqueles que fazem parte do contexto escolar e para não parar por completo o ano letivo dos alunos, essa forma de ensino foi adotada, por meio de medidas provisórias, como; portarias e outros documentos legais, mesmo que para alguns seja excludente, devido ao uso das tecnologias da educação estar envolvido e devido essas (tecnologias) não ser acessíveis a muitos. Não significa que essa exclusão, que pode ocorrer nesse contexto, seja decorrente apenas dessa questão de acessibilidade digital, pois, outras ações, como entrega de materiais impressos com atividades podem ser feitas para tornar o acesso à educação desse público que não tem o mínimo de suporte tecnológico mais fácil e para que não seja um abismo desigual tão excludente quanto já é. A exclusão, como é sabida, ocorre devido a fatores arraigados da cultura educacional brasileira, que, por sua ordem, atinge a educação em todos os contextos, inclusive na educação presencial, e que se agrava, quando a ida do aluno a escola não é mais possível. Nessa linha “a profissão de professor, como as demais, emerge em determinado contexto e momento históricos, como resposta as necessidades, que estão postas pelas sociedades, adquirindo estatuto de legalidade” (PIMENTA,1999,p.18).

Então, tendo em vista a colocação de Pimenta pode-se dizer que o professor se adequando às tecnologias e ao contexto atual, dando uma resposta a essa necessidade eminente e enxergando aquele público que não é assistido por políticas públicas de inclusão digital, pode fazer uma melhor educação mesmo diante de todas as dificuldades, por isso, o repertório do professor, se bem colocado no que se dirige a formação docente pode trazer não só o uso de novas tecnologias na educação para a sua realidade, mas também dinâmicas de soluções mais tangíveis no que se refere o seu público.

 

 

2.3 Resultados e discussões

 

Para buscar dados sobre a situação do andamento das aulas, a importância da educação continuada e as tecnologias da educação bem como as aulas no ensino fundamental I, foi feito uma busca de informações sobre o Colégio Estadual, e, por meio de um questionário elaborado em um dispositivo do Google o Google forms (formulário google) desenvolveu-se uma série de perguntas de cunho qualitativos quais foram respondidas pelo diretor da instituição. É importante ressaltar que a coleta das fontes de informação é amparada sob a ótica de (MAIA, 2020); Nas pesquisas qualitativas, as informações podem ser obtidas diretamente pelo pesquisador, quando ele mesmo observa, filma, grava, participa de uma situação, grupo ou convive na comunidade, etc.

A coleta dados acerca da formação continuada dos professores é efetuada a partir do questionário encaminhado ao diretor e da oficina com um professor pedagogo que veio também contribuir com a pesquisa, pois os relatos dele foram importantes para inferir-se como uma reunião, oficina e discussão sobre o tema tecnologias da educação pode contribuir para uma visão mais aprofundada de determinados assuntos. Nessa perspectiva de coleta de dados metodologia e ação de pesquisa Gil (2008) aponta que,o que torna o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade. Então, com os dados fornecidos pelo gestor e pela situação e experiência vivida com a oficina, pode -se verificar o quão importante à formação continuada dos professores nesse viés tecnológico, principalmente, em meio a pandemia.

 

 

 

 

 

 

As perguntas e respostas para o diretor estão dispostas na tabela seguinte: 

 

Quadro 1: Questionário pelo Google Forms

Perguntas

Respostas

Quais foram às reações dos professores, alunos e gestores sobre a suspensão das aulas presenciais?

 

A primeira emoção que tivemos foi de surpresa, depois ficamos apreensivos outros em pânico. Hoje, temos uma mistura de ansiedade pelo retorno e apreensão de como será esse retorno.

 

Quais foram às ações desenhadas, no momento da pandemia, para a formação continuada dos professores em relação ao uso das novas tecnologias da educação, nos anos iniciais da escola Martinho Garcez?

 

As ações foram acontecendo através da experiência de alguns professores e membros da equipe no uso das tecnologias, tendo uma troca de experiências. Posteriormente a SEDUC promoveu uma formação no uso das ferramentas do Google Sala de Aula.

 

Antes da pandemia houve formação continuada dos professores acerca do uso das novas tecnologias da educação?

 

A SEDUC, através da DITE sempre promove cursos de formação em tecnologias educacionais.

 

Quais foram às estratégias pedagógicas adotadas para manter a relação dos professores e alunos?

 

Usamos grupos de WhatsApp e redes sociais (Instagram e Facebook) para nos comunicarmos com pais e alunos.

 

Quais foram os suportes técnicos e pedagógicos que a secretária de educação do estado de Sergipe ofereceu a escola?

 

Tivemos orientação na condução dos planejamentos das Atividades Escolares Não Presenciais (AENP), porém ficou aquém do desejado, uma vez que, temos realidades distintas de professores, pais e alunos no acesso à internet e no uso de tecnologias.

 

Houve oficinas pedagógicas?

 

Não, apenas usamos os vídeos reuniões para trocar experiências para realizar as AENP e os planejamentos. Muitos professores usaram esse momento para apresentar suas dúvidas e sugestões.

 

Os alunos ou pai dos alunos relataram dificuldade de acesso à internet, se sim, quais foram as ações de inclusão desse público as respectivas atividades escolares?

 

Sim, pois muitos pais não possuem acesso à internet ou mesmo celular com tecnologia para usar os aplicativos de mensagens e vídeos. Outros alunos, dependem de os pais chegarem do trabalho para acessar as atividades no grupo de mensagem e assim fazê-las no final do dia ou a noite.

 

Quantos professores atuam na escola nos anos iniciais e suas respectivas titulações em nível de graduação, mestrado e doutorado?

 

São 10 professores. Todos com nível superior em pedagogia. Apenas 01 com mestrado e os demais com pós-graduação.

 

Os professores relataram alguma dificuldade específica a essa realidade de ensino, durante a pandemia?

 

Sim, a participação dos alunos, especialmente do fundamental maior e EJA são baixas. A participação dos alunos do fundamental menor é melhor, em torno de 80%.

 

Quais as principais portarias emitidas pelo estado para esse tipo de ensino remoto que ocorreu durante a pandemia? 

 

Portaria no 1638/2020/GS/SEDUC. Parecer do Conselho Nacional de Educação No 05/2020/ CNE/CP, aprovado em 28 de abril de 2020, e na Resolução Normativa No 4/2020/CEE do Conselho Estadual de Educação de Sergipe, publicada em 15 de abril de 2020 no Diário Oficial do Estado de Sergipe, expediu a Portaria no 2.235/2020/GS/SEDUC, de 27 de maio de 2020.

 

Fonte: Dados de pesquisa

 

Evidenciando os dados pode-se destacar como pontos positivos no que confere a educação continuada dos professores sua relação com as tecnologias da educação, a educação fundamental I o Colégio Estadual, nesse contexto que gerou como o próprio diretor diz em suas colocações apreensão e ansiedade por parte de todos, pode-se ressaltar a importância das formações continuadas que vinham ocorrendo desde antes da pandemia do COVID-19, oportunizadas pela SEDUC (secretária de educação do Estado de Sergipe). Já durante a pandemia, pode-se ressaltar a ferramenta Google sala de aula, como estratégia para manter toda comunidade escolar mais próxima dos pais e alunos e esses por sua vez, mais próximos dos professores, diretor e coordenadores.

No que diz respeito às atividades escolares não presenciais, como relata o diretor do Colégio Estadual XXX, uma das principais dificuldades foi o acesso à internet por parte dos alunos, tendo em vista que esses, por serem de escola pública não tem condições financeiras, mesmo os pais e alunos que têm acesso a uma internet que possibilite o mínimo de consistência para esse tipo de ensino remoto, não possuem as habilidades necessárias para usar esses dispositivos tecnológicos educacionais.

Apesar de não ocorrer oficinas que possibilitassem à experiência de ensino remoto, de métodos de ensino que estão aliados as tecnologias da educação ou de dispositivos tecnológicos que assegurem uma educação de qualidade para esses docentes. Houve reuniões e discussões entre os próprios professores acerca dos temas anteriormente citados, para que cada um com suas formações e experiências de sala de aula, pudessem colaborar com alternativas inteligentes que viessem minimizar as necessidades didático-pedagógicas que aqueles alunos viessem a ter, como também outras dificuldades que já fazem parte do dilema cultural da escola pública, como: baixa presença dos alunos nas atividades escolares, pouca participação dos pais na vida escolar de seus filhos, dentre outros.

A participação do público fundamental I é bem melhor em relação ao fundamental II e o público da educação de jovens e adultos. Assim com base no questionário, os 10(dez) professores têm formação em pedagogia e são pós-graduados, desse apenas 01 (um) possui o título de mestre. É importante observar que durante a pandemia, a escolar seguiu pareceres e portarias emitidos pelo governo Estadual e federal. 

Em busca de um aprofundamento na relação dos docentes com as tecnologias da educação, foi proposta uma reunião com os professores para que esses conhecessem um software de produtividade chamado “Padlet, porém, em virtude do calendário escolar não foi possível que essa reunião, via internet, viesse acontecer.

Na oficina apresentada a um professor pedagogo, utilizei como recurso didático um vídeo retirado do Youtube. Um professor pedagogo se habilitou a participar e conhecer o “Padlet” por meio de uma apresentação, onde foi mostrado como poderia usar esse software em suas aulas. Nessa espécie de oficina de apresentação do “Padlet”, o professor viu como funcionava esse recurso e então, solicitou que fosse feita uma apresentação sobre as principais metrópoles para ele ter uma noção de como se dava na prática o uso desse dispositivo. A seguir, tem-se uma ilustração do Padlet que foi elaborado naquela ocasião:

Imagem 1: Oficina com o Padlet

Fonte:<https://pt-br.padlet.com/dashboard>

 

Como a imagem 1 mostra, criou-se um início de uma aula no Padlet. É importante mencionar um pouco do relato do professor, que ficou surpreso com a capacidade desse dispositivo tecnológico que pode ser bastante dinâmico e que só nesse preparo de início de aula já percebeu como esse dispositivo poderia agregar mais para sua formação no sentido de uso de tecnologias da educação, o professor também relatou a dificuldade de estabelecer uma continuidade nos trabalhos pedagógicos com seus alunos, pois devido à falta de acesso à internet, nem todos acompanhavam as aulas de forma sequenciada o que acabava excluindo alguns alunos de atividades e aulas importantes, porém, disse que iria tentar usar esse dispositivo em algumas aulas.

Na oficina apresentada ao professor pedagogo,foi utilizado como recurso didático um tutorial do Youtube que consiste na apresentação de como usar as ferramentas, configurações de demais funções do Padlet, abordando-o sob várias perspectivas didáticas e instrucionais. A partir dessa explicação, que havia no vídeo do tutorial, a dinâmica de como funcionava o dispositivo ficou mais clara para o professor. A partir daquele momento, o professor entendeu um pouco mais de como se dava o uso do padlet. A imagem a seguir ilustra uma parte desse tutorial que é de um canal no Youtube de uma professora que dá dicas de como usar algumas ferramentas tecnológicas em sala de aula ou de forma remota:

 

 

Imagem 2: Oficina com o Padlet.

Fonte:<https://youtu.be/l6vPIL_sKqA>

 

Essa etapa da pesquisa de campo foi importante, pois, apesar da situação da pandemia não permitir muitos contatos pessoais houve essa oficina que agregou informações e relatos importantes para a pesquisa, porque através desse professor, pôde-se perceber como uma novidade em termos de formação e auxilio para esse profissional docente o eleva para outros patamares em relação à formação profissional e às tecnologias da educação.

 A partir dessa pesquisa, pode-se concluir que a formação continuada dos professores aliada as tecnologias da educação é de suma importância, o que pode ser notado pela fala do gestor do Colégio Estadual, que aponta a necessidade de reuniões e cursos de extensão como grandes fatores que desenvolvem competências para o uso dessas tecnologias por parte dos professores.

A dificuldade no uso desses dispositivos pelos alunos sem acesso à internet, nem muito menos aparelhos tecnológicos, consiste nessa segregação social e tecnológica de recursos para poderem estar aptos a participar dessas aulas remotas em meio à pandemia.

Já por parte dos professores, as dificuldades giram em torno da falta de suporte tecnológico e também das questões de formação e adequação à forma de ensino remoto, a pouca habilidade em lidar com as tecnologias da educação e a tarefa árdua de lidar com os pais ausentes na vida escolar dos alunos, dentre outras problemáticas já presente na cultura escolar pública brasileira.

Assim, pode-se inferir que a formação continuada dos professores contribui de forma positiva no processo educacional, mas um dos grandes desafios ainda é a acessibilidade dos alunos e professores a tecnologias educacionais e acesso à internet, bem como políticas públicas de inclusão digital e formação de professores para atuar com as tecnologias da educação. Com base no exposto, pode-se perceber que as ações desenhadas para a formação dos professores do Colégio Estadual tiveram como base as reuniões, que são de grande valia por permitir o momento de escuta entre os pares, seguindo de trocas de experiências e a promoção de uma formação no uso de ferramentas do Google sala de aula promovida pela SEDUC, que permite um leque de possibilidades metodológicas a serem utilizadas nas aulas remotas. 

Vale ressaltar a sugestão de uso do dispositivo Padlet, mesmo que não tenha acontecido com um maior número de docentes. A intenção dessa intervenção foi de contribuir na ampliação do repertório na dinâmica do processo de ensino e aprendizagem.

ALVES, L. EDUCAÇÃO REMOTA: ENTRE A ILUSÃO E A REALIDADE. Interfaces Científicas - Educação, Disponível em <<8(3), 348-365. https://doi.org/10.17564/2316-3828.2020v8n3p348-365>> Acesso em: 06/10/2020

 

 

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996.

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC C_20dez_site.pdf. Acesso em: 18 de setembro de 2020.

 

LIBÂNEO, José Carlos: Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

 

PERRENOUD, Philippe. 10 Novas competências para Ensinar: convite à viagem. Trad. Patrícia Chitonni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2000.

 

PIMENTA. Selma Garrido. FORMAÇÃO DE PROFESSORES: identidade e saberes da docência.IN: PIMENTA, Selma Garrido. (Org). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez Editora, 1999. (p.15 a 34)

 

MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi. Questionário e entrevista na pesquisa qualitativa: elaboração, aplicação e análise de conteúdo. São Paulo: Pedro e João, 2020.

 

GONÇALVES, M. T. L.; NUNES, J. B. C. TECNOLÓGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: limites na formação e práticas de professores. Caxambu-MG: [ S.l.], 2006.

 

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo. Atlas. 2008.

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