Devido a excepcionalidade que a educação nas perspectivas nacionais e internacionais, tem vivenciado por conta da pandemia do COVID-19, e as consequências por este evidenciadas, houve o fechamento das escolas, onde crianças e docentes estão em espaços domiciliares em respeito ao direito a vida. Nesta situação a educação infantil e suas relações têm sido palco de reflexões sobre as formas de resinificar atitudes e ações dentro da sua finalidade educacional.
No âmbito da educação infantil onde docentes e crianças se encontram na 1ª etapa da educação básica, e que têm-se reafirmado seus espaços na promoção de experiência múltiplas e edificantes na garantia do desenvolvimento das crianças no espaço escolarizado. Estas vivências que se efetivam nas interações e brincadeiras, no papel institucional de indissociação da educação e cuidado com as crianças, no planejamento de espaços e tempos pedagógicos, na defesa da efetividade da intencionalidade pedagógica e qualitativa mediação docente.
O papel docente defendida em estudos e documentos pela DCNEI (2009), MIEIB (2020) entre outros, é a mediação, a significação de experiências e isto prescinde do vínculo entre crianças e adultos, interatividade e participação ativa e com protagonismo das crianças e seus pares, de outro modo a educação infantil não acontece.
Neste âmbito educativo, pelo respeito aos direitos de aprendizagem das crianças, que prima pela intencionalidade pedagógica, a função docente como importante planejador e promotor das experiências escolares no respeito das especificidades das crianças e desta etapa educacional.
Nos processos educacionais, efetivando o gozo pleno das crianças de seus direitos garantidos a participação, exploração, convivência, ao brincar, expressar, conhecer-se e, na escola essa estrutura edifica-se na promoção de experiências qualitativas. Assim, as crianças nesta perspectiva, são sujeitos ativos, que participam, interpretam e produzem através das mediações, seu contato com o mundo que a circunda, e neste se constitui como sujeito individual e coletivo da sociedade na qual faz parte.
A escola, neste termos são espaços em que atividades qualificadas que versam e promovem a educação integral das crianças em pleno respeito a sua condição de “sujeito em desenvolvimento” (BRASIL,2009).
E, neste momento pandêmico, assim como outras instâncias e instituições, a escola reconfigurou sua função social primordial de educar, promovendo espaços de reflexão e formação docente para o aperfeiçoamento e a promoção formativas de aprendizagens necessária a oferta de experiências de aprendizagens as crianças demandas pelo contexto sanitário.
Um caminho de construções e reconstruções da educação da infância demarcaram as características que o profissional docente atuante na educação infantil. Dúvidas, incertezas e interesses crescentes de como ampliar os vínculos qualitativos com as crianças foram revelando uma necessária trajetória formativa dos docentes na educação infantil que permearam entre as reflexões basilares da educação infantil, o enfrentamento das dificuldades pessoais e profissionais frente a uso das tecnologias comporiam a reafirmação da necessária formação docente.
Na busca de acolher as crianças e ser acolhido, a formação docente despontou-se como alternativa de reconfiguração do cenário educacional diante da necessidade de planejar, promover e acompanhar as crianças em seus aspectos educacionais descaracterizado de um espaço físico, com formato virtual.
As experiências/projetos/atividades de vínculos recomendadas pela CNE (2020) para educação infantil prescindiu aos docentes um refazimento de suas competências e habilidades profissionais somente conquistados através de motivadas experiências e processos formativos onde a releitura das dificuldades e necessidades docente seriam ponto de aperfeiçoamento profissional.
Quais percursos formativos constituíram as vivencias e a os cotidianos escolares? Mediante estes termos, esta pesquisa busca conhecer as perspectivas dos processos formativos vivenciados pelos docentes que atuam na educação infantil e seus impactos na qualificação da oferta educacional durante a pandemia COVID-19.
Metodologicamente organizada em formato de pesquisa qualitativa, será realizada com exploração dos documentos legais que dão forma a educação infantil bem como dos documentos norteadores para esta etapa durante o período pandêmico. Serão utilizadas pesquisas de evidencias, relatos de experiências/atividades/projetos realizados e também a aplicação de questionários para docentes e para crianças/famílias através do formulário do Google Forms. Os dados coletados serão categorizados e analisados conforme a análise de conteúdo de Bardin(2006).
Entendendo que, docentes e discentes se construírem parceiros na qualidade dos vínculos consigo e com os contextos educativos em que vivenciam proativamente, neste ponto a excecionalidade dos momentos e de suas evidências não podem suprimir as particularidades, as características singulares e plurais destes sujeitos bem como das relações que estes estabelecem com o conhecimento e seus usos nos cotidianos de suas vidas.
1.Encontros e desencontros nos processos de formação docente durante a pandemia: O que nos disseram as necessidades e possibilidades de melhoria profissional?
A importância da educação infantil na trajetória escolar das crianças atendidas estão diretamente relacionadas a qualidade das interações e das experiências de aprendizagens construídas nesta, durante a situação pandêmica causada pelo COVID-19 esta qualidade é pontuada como movimento de ações coletivas e individuais dos docentes em criar/recriar alternativas para continuidade e/ou oferta educacional para crianças nesta etapa educacional de modo não presencial.
Repensar esta relações, é um movimento em defesa da educação infantil e dos impactos que esta tem e terão na educação e suas relações fortemente marcadas pela pandemia e para o pós-pandemia.
Saber que aquele espaço de experiências lúdicas, do encontro e interação com adultos e colegas de modo qualitativo, de alegria, que valoriza sua participação ativa em que esta é protagonista das propostas e atividades vivenciadas, ainda está lá, é muito importante pra crianças, isto por se só justifica o vínculo, mas a qualidade deste é ponto de necessário cuidado. Legalmente, as experiências/atividades/projetos construídas por docentes em contato com as crianças e suas famílias, que nesta pandemia tem sido denominadas de experiências de vínculo. (ANDI,2020; CNE,2020; MANITTO,2020; MIEIB 2020)
Pesquisas como a de TAVARES, et al (2021), RIBEIRO e CLIMACO (2020) trazem reconhecimento da diversidade de situações em que a não-presencialidade educacional tem imprimido para docentes, nas crianças e em suas famílias, importantes reflexões sobre a necessidades dos vínculos estabelecidos como mecanismo de aproximação das crianças/famílias e para dimensionar as necessidade e possibilidades de um trabalho demandado pela conjuntura atual.
Inegavelmente a não-presencialidade ataca um elemento primordial na educação infantil que são as interações. Segundo Piaget (1973) apud La Taille (1992) “a inteligência humana somente se desenvolve no individuo em função de interações sociais” (p. 11). Nas interações e nas brincadeiras as crianças interpretam e recriam o mundo a seu redor, testando e construindo conceitos e práticas que são evidenciadas através das experiências vivenciadas em seus grupos de referência.
As experiências na educação infantil são pontos onde há um encontro das relações das crianças consigo, como o mundo com as relações com os outros assim como com a mediação adulta. Na escola, a experiência é planejada e orientada através da intencionalidade pedagógica que tem como mote acolher e ampliar os saberes e fazeres infantis, os conhecimentos e a ações das crianças no mundo que a circunda.
Como mediador do trabalho pedagógico com a infância, dos docentes que nela atuam , assim como outros profissionais necessita desenvolver em sua trajetória formativa conhecimentos pedagógicos que edifiquem esta etapa educacional baseados em suas especificidades e particularidades trazidas pela infância, pelos contextos educacionais e demandas socialmente construídas.
Tendo o docente que atua na educação infantil uma formação inicial nos cursos de Pedagogia, como afirma Gatti(2019) “de modo generalizado” devido as demandas educacionais atribuídas a esta licenciatura, a formação continuada tem imprimido a necessidade de aprofundamento e aperfeiçoamento do atendimento nesta etapa educacional. A formação continuada é condição para construção da identidade docente dos que atuam na educação com a infância.
A despeito do que já foi descrito aqui, a formação continuada tem sido mecanismo de qualificação da educação infantil e da atuação de seus docentes, no entanto esta afirmativa tem peso ampliado quando tratamos do momento pandêmico em que crianças, docentes e famílias são distanciadas do contexto da escola, e que outros pontos de encontros e de desenvolvimento necessitam ser forjados, aprimorados e qualificados.
Este movimento torna-se complexo pelo ineditismo da situação pandêmica e o quanto ela surpreendeu o mundo demandando soluções urgentes e adaptativas. Em meio aos cuidados consigo e com os seus, os docentes de modo individual e coletivo empreenderam ações em busca de encontrar as crianças e suas famílias promovendo a reconfiguração de tempos e espaços de aprendizagens na educação infantil.
Entre as competências gerais docentes descritas pela BNCC(2017) bem como pela BNCC-FORMAÇÃO (2019) a competência 5 nos diz sobre a necessidade de usar bem a tecnologia para produzir conhecimento e resolver situações de modo significativo incluindo na escola. Neste momento sem dúvidas, a tecnologia impõe-se como importante recurso tanto para edificação e formação do docente, como para promoção de experiências, quanto para o estreitamento de vínculos qualitativos.
Neste sentido, segundo Ribeiro e Clímaco
é preciso fomentar pesquisas, suscitando ideias e propostas para o descompasso entre a educação e a utilização de mídias, instrumentalizar escolas com as tecnologias possíveis e, a partir delas, incentivar programas de formação docente com socialização de práticas exitosas, (2020,p.104)
O desafio que se desenhava para os docentes que atuam na educação infantil era esse desenhar necessidades e demandas pelo contexto pandêmico e o vislumbrar de vivencias formativas que os fortalecesse a atuar na perspectiva do pedagógico no âmbito da educação para primeira infância. Como afirma Garcia (2009) não há um formula de formação continuada para garantir desenvolvimento profissional de forma uníssona a todos os sujeitos e contextos, neste momento acentuou-se .
E, é especialmente relevante considerar que a educação infantil é efetivada com a “complementariedade da ação educativa da família” (LDBEN,1996) e portanto, tal parceria é imprescindível tanto como apoio no cuidado e na educação da crianças neste tempos emergenciais, bem como como provedora e parceiras nas experiências e atividades que se pretende realizar. Portanto, ampliar contatos com as famílias foi foco de atenção docente.
Vale salientar que a presente pesquisa não tem como defesa a atividade remota e/ou a educação a distância na educação infantil, no sentido de substituição das atividades/experiências/projetos presenciais, mas constitui ação para mitigar os impactos negativos do isolamento social principalmente para crianças que partilhavam rotinas escolares em seus cotidianos. Sabe-se que, “tanto por questões de saúde quanto por razões pedagógicas o ensino a distância não é recurso recomendável para crianças na primeira infância. (MANITTO, 2021.p. 09)
As experiências de vínculos se diferem das práticas e elementos da EAD, assim como os espaços domiciliares não constituem ambientes escolares, e, os familiares não espera-se formação, competências e responsabilidades pedagógicas, mesmo quanto a realidade os infira ferramentas e motivações temporariamente convergentes.
Nesta perspectiva, conforme CNE 05/2020, CAMPOS et al (2020),MANITTO et al (2020), a aproximação virtual como meio de liar-se auxiliando as crianças/famílias na manutenção de rotinas saudáveis, orientações acerca dos cuidados demandados pela atualidade, reconhecimento das singularidades e pluralidades de seus contextos domésticos, e estimular as interações significativas entre crianças e seu grupo familiar de referência, até o momento de retorno a “normalidade” possa proporcionar ambientes sociais ampliados e vivências interacionais concretas.
Como defende Tavares et al (2021) através da família podemos “trazer as crianças para o diálogo na procura de captar e compreender seus pontos e vista” (p. 91). Saber sobre a diversidade de situações em que se encontram, seus sentimentos e possibilidades de aproximação e participação das atividades de vínculos, seus interesses e condições reais de participação para que sejam estudadas e analisadas na estruturação das experiências de vínculo dentro da conjuntura atual.
Todos esses elementos demandam do docente um olhar sobre suas necessidades formativas a fim de promover atividades de vínculos, experiências pedagógicas com as crianças superando as adversidades, dificuldades e ‘novidades” gerenciadas pelos contextos e permeados pela característica trazidas pela pandemia.
A trajetória educacional nos anos de 2020 e 2021, e seus impactos tem repercussões duradoras e um tanto imprevisíveis, mas constituem fontes da construção para o retorno das aulas, assim que possível dentro do respeito a vida dos seus sujeitos constituinte. Campos et al (2020) nos fala sobre aas evidencias trazidas pelo crise sanitária do COVID-19 como mecanismos de repensar a educação infantil em seus retorno, e na constituição de suas rotinas dentro da escola.
Fica evidente que as questões pedagógicas trazidas pela pandemias repercute não só na importância da reconfiguração da educação com a infância no momento atual, mas nos impulsiona uma reflexão, planejamento e promoção de ações que vão perdurar no pós-pandemia também.
A formação continuada dos docentes, prioritariamente representa um direito e um dever das políticas educacionais, das mantenedoras educacionais, de instituições educacionais e dos docentes em favor da garantia dos direitos fundamentais da infância e da identidades de espaços e sujeitos ensinantes e aprendentes no âmbito da educação infantil. Nestes termos, o reconhecimento dos saberes necessários de sua profissão, e as demandas e necessidades advindas dos contextos e situações afim de promover reflexões, planejamentos, organizações e oferta educacionais qualitativas.
Portanto pensar educação infantil e as relações das crianças com os docentes e estes com o conhecimento em espaços escolarizados é reconhecer suas trajetórias, suas necessidades e dinamizações são pontos de profícua fundamentação dos caminhos pedagógicos que se desvelam nos encontros da docência e seus contextos de profissionalização, que não devem prescindir a defesa de vínculos qualitativos na construção da humanidade em cada sujeito “em desenvolvimento”.
1.2. Caminhos metodológicos de escuta e acompanhamento da formação docente: O que nos dizem os professores?
Esta pesquisa ancorada nos princípios da pesquisa qualitativa e descritiva tem como mérito a aproximação dos docentes, em tempos pandêmicos, visando reconhecer os processos formativos vivenciados pelos docentes que atuam na educação infantil observando suas perspectivas e impactos no estabelecimento do trabalho pedagógico durante a situação pandêmica decretada pelo vírus COVID-19.
Neste movimento de aproximação, por busca de evidencias de como as necessidades formativas vivenciadas pelos docentes encontraram suporte para a aprofundamento do conhecimento e habilidades docentes principalmente acerca do uso de meios tecnológicos para o estabelecimento d vínculos, experiências e projetos juntamente com as crianças, mesmo em tempos e espaços diferenciados.
Pautadas na pesquisa qualitativa, esta tem como escopo “explorar as características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente” (CRESWELL, 2010, p.75). Soma-se aos princípios da pesquisa descritiva que segundo Moreira e Caleffe (2010) traz “seu valor baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio da observação objetiva e minuciosa da análise e da descrição. (p.70).
Houve o levantamento de pesquisas sobre a temáticas que sejam relevantes aos objetivos centrais desta pesquisa bem como dos seus elementos constitutivos ao reconhecimento de iniciativas de projetos e atividades desenvolvidas na educação infantil. Utilizar-se-ão como descritores “impactos da pandemia na educação infantil” e “pandemia e educação infantil” e a leitura sistemática de seus objetivos e resultados para compor o estado de conhecimento sobre tema em estudo evidenciado pesquisas conclusas e/ou em andamento que tratem do fenômeno pandêmico e suas relações com o atendimento para educação da infância.
Somaram-se a oferta de questionários no formato do Google Forms entre docentes das escolas municipais, justifica-se a escolha pelo questionário e formato on line por imprimir uma necessidade de distanciamento e recolhimento dos docentes ao trabalho home office, determinando o uso das mídias digitais como ferramentas de aproximação e escuta qualitativa frente a situação pandêmica, e a medidas de prevenção e preservação a vida dos pesquisadores e colaboradores desta distinta pesquisa.
Foi formalizado o 1° contato com a equipe diretiva da escola através de e-mails e/ou contato telefônico para apresentação das finalidades da pesquisa e a solicitação para colaboração na divulgação do questionário nos grupos de wathsapp e/ou e-mail dos docentes.
Após os dados produzidos pelos questionários serão organizados em percentual, descritos, codificados, lidos em sua completude, organizados em categorias de análise e discutidos e inferenciados em conjunto e confronto com as demais fontes de investigação.
1.2.1. Analisando os percursos de formação docente no município de Aracaju-SE, durante o período pandêmico.
Inicialmente com questões que versam sobre o perfil de docentes respondentes vê-se que são docentes que atuam na rede pública de ensino, em escolas municipais que atendem a crianças da educação infantil, em grupos da pré-escola (04 e 05 anos). Destes são formados inicialmente em cursos de Pedagogia, sendo que 90% possuindo especialização, sendo destes, 12% especialistas em educação infantil e com tempo em média de 5 a 15 anos na educação infantil.
Foram questionados aos docentes sobre eles terem ofertado ou não atividades pedagógicas durante a pandemia. 92% dos docentes afirmam terem realizados atividades de cunho pedagógico com as crianças. E, quando solicitado que enumerasse as metodologias adotadas nos encontros de vínculos/experiência e projetos com as crianças, majoritariamente os docentes afirmaram o uso de aplicativos principalmente whatszap, seguido de canais digitais via redes sociais, afirmaram utilizarem materiais impressos disponíveis na escola e/ou secretaria municipal de educação, bem como vídeo-aulas e encontros síncronos com as crianças.
Quando questionados sobre se nesse momento emergencial ocasionado pela pandemia, houve dificuldade em construir relações de vínculos/aprendizagens entre a escola e a família, unanimemente os docentes confirmaram dificuldades. E foi relatado que a maior dificuldade em fazer encontros de vínculos com as crianças atendidas 70% afirmaram que foi o planejar/preparar encontros com novos recursos/ferramentas tecnológicas; 22% consideram a dificuldade de ofertar apoio e suporte as crianças e famílias no processo de desenvolvimento educacional deste e 08% relataram dificuldades na aquisição de matérias tecnológicos necessários aos encontros de vínculos/experiências e projetos da escola com a crianças.
Questionamos se os docentes consideraram ter recebido auxílio da rede de ensino que trabalha, 68% consideram receber auxílio e 32% relataram não ter recebido. Entre os que declararam considerar o auxílio recebido 25% relataram orientações e acompanhamento pedagógico através de reuniões virtuais, 75% apontaram cursos sobre tecnologias digitais. Aqueles que negaram recebimento de auxílio apontaram 100% para oferta a falta de aparelhos e suportes tecnológicos e recursos, mídias tecnológicas e internet para os docentes, bem como para as famílias.
Com questões referentes sobre a frequência em que procuram a participação de cursos de formação continuada no período anterior a pandemia, 70% afirmam recorrentemente buscarem por formações continuadas de seu interesse e/ou direcionados pela instituição mantenedora. Dos respondentes afirmativos, 60% afirmam considerar a formação necessária para novas aprendizagens necessárias a formação docente, 40% afirmam serem “direcionados pela entidade mantenedoras e 10% relatam que as duas alternativas são mobilizados de suas participações em processos de formação continuada.
Quando questionados sobre a participação de cursos de formação continuada durante a pandemia, 100% dos docentes afirmam ter participado de processos formativos. Quando questionados sobre os impactos das formações oferecidas/buscadas e vivenciadas, os docentes firmaram ter estas auxiliado a superar as dificuldades metodológicas e com o uso das aparelhos e mídias tecnológicas demandadas pela pandemia.
Sobre as tecnologias os docentes afirmaram que anteriormente a pandemia não utilizavam aplicativos ou mídias sociais como recurso pedagógico, 45% afirmam que por desconhecimentos das possibilidades em seu cotidiano, 43% por não considerar necessários como neste momento pandêmico e 12% por não considerar necessário ao trabalho docente na educação infantil.
Sobre o uso destes recursos tecnológicos para o desenvolvimento e aprimoramento da docência na educação infantil no retorno presencial e/ou no período pós-pandemia, os docentes afirmaram que irão utilizar os conhecimentos construídos nos processos formativos vivenciados durante a pandemia para o retorno as aulas presenciais como um elemento de diversificação pedagógica.
Analisando o questionários poder-se-á organizar as discussões sobre três categorias: Formação docente, perspectivas e impactos no período anterior a pandemia, no período de pandemia e o período pós-pandemia.
No período anterior a pandemia, observa-se nos relatos que a maioria dos docentes afirmam participar de elementos de formação continuada, principalmente as relacionadas e ofertadas e direcionadas pela entidade mantenedora. Esta característica da formação docente pode se justificar pela necessidade das redes de ensino em aprofundar e alinhar um ‘modelos’ conceituais e práticos de concepção de docência, de crianças e trabalho pedagógico defendido. Nesta modalidade a formação continuada conta com a frequência dos docentes mas, nem sempre com suas escolhas e necessidades formativas advindas de contextos e suas especificidades.
O que se evidencia dos processos formativos vivenciados pelos docentes durante o período da pandemia é uma busca pessoal e profissional dos docentes que atuam na educação infantil pela por referenciais, lives e formações que corroborem com o momento em que a docência na educação infantil enfrenta e as necessidades demandadas. Neste momento a formação continuada retrata as necessidades formativas advindas do contexto e das relações de aprendizagens que aproximem das crianças e que respeite as especificidades desta etapa educacional.
Para o então período do pós-pandemia, nos relatos docentes, vê-se a superação das dificuldades encontradas e as parcerias formativas estabelecidas durante o período pandêmico, o desenvolvimento docente de práticas individuais e coletivas de busca por formações que aproximam de suas necessidades profissionais, a ressignificação frente aos uso das tecnologias na educação infantil, a edificação dos conhecimentos e práticas construídos durante a pandemia do COVID-19, e a reconstrução de espaços e tempos pedagógicos na educação infantil.
A situação pandêmica e suas demandas forjadas nos cotidianos da escola, e com especial atenção, aquelas que ofertam a educação infantil, é ponto de reflexões edificantes acerca da docência, do estabelecimento de vínculos e experiências entre a escola e as crianças, bem como sobre as crianças e suas necessidades de desenvolvimento.
Todas estas questões são alicerçadas pela necessária formação continuada dos docentes como a construção de espaços/tempos de aprofundamento, reflexão e ressignificação de aprendizagens, docentes e discentes, no âmbito escolarizado.
Apesar da referência a formação continuada não ser nova, bem como os benefícios a qualificação da ação profissional docente e dos contextos em que atua, na pandemia causada pelo vírus COVID-19, estes processos se acentuaram pois foram determinantes para oferta de conhecimentos sistematizados pela escola e mediados pela ação docente.
Diante de tal realidade, urgiu-se as demandas formativas diversas em que pode-se observar a busca e a valorização pessoal e profissional dos docentes em aprofundar e qualificar seus conhecimentos profissionais a fim de desenvolver competências e habilidades que se fizeram necessárias para a atuação docente no contexto em que se desnuda.
Houve pelos docentes a busca, a vivência e avaliação dos processos formativos vivenciados pelas EMEIs , o que nos permitiu nesta pesquisa evidenciar as perspectivas, as dificuldades encontradas e os impactos desta formação para o desenvolvimento profissional dos docentes que atuam na educação infantil.
Explicitou-se quanto as necessidades solicitam dos profissionais docentes amplos e diversificados processos formativos, e que quando a necessidade advém do contexto do trabalho pedagógico há maior aderência, interesse, participação e impactos destas formações na reflexão sobre a profissão docente bem como os espaços/tempos/e instrumentos de oferta e qualificação dos vínculos, experiência e projetos de aprendizagens.
[1] Sigla utilizada para denominar Escola Municipal De Educação Infantil, conforme aprovada pelo Conselho Municipal de Aracaju.
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