As escolas americanas ou escolas – fazenda criadas em ambientes rurais, no sertão brasileiro, assumiram importância, dado seu papel formativo e, por sua ação político-social e educacional que ultrapassou o cotidiano escolar, sendo modeladoras de comportamentos e valores. Assim, no Brasil com a chegada de um grande número de estrangeiros imbuídos de projetos civilizatórios e republicanos com foco em experiências educacionais geralmente na fundação de colégios e instituições como igrejas e hospitais .Então, na capital em Salvador, a presença de missão norte-americanos no nordeste iniciou se em 1871,com o mesmo o grupo que atuava em São Paulo que fora enviado pela Junta de Missões da Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos responsável pelo trabalho evangélico e educacional
Considera se, para isto o modelo educacional norte-americano e protestante estabelecido pelo Colégio Americano de São Paulo – Universidade Mackenzie com o intuito de disseminar os valores do protestantismo pelo mundo a fora. Aqui, nessa tese, buscou-se estudar as práticas educativas desenvolvidas e as interações destas com ações que, se davam para além dos muros, dada a perspectiva de melhor “ enxergar “ o cotidiano escolar e sua relação com a comunidade, tendo por base as cerimônias, as sociabilidades e momentos festivos e cívicos, donde se vislumbrava o valor social da instituição escolar numa projeção pela suntuosidade arquitetônica do prédio ou, ao momento histórico, em que foi instituída na comunidade.
É nesse panorama pela busca de uniformidade pela instrução que surgiram as Escolas Normais - Institutos de Educação como instituições – uma espécie de salvaguarda da época, na medida em que eram responsáveis pela formação de homens de bem para elevar o nível intelectual e moral do sertanejo unificando assim, padrões culturais e de convivência social num espaço adequado e criado por missionários americanos presbiterianos que passou a ser denominado como um hiterland nas Lavras Diamantina e que veio a consolidar o processo de escolarização dos sertanejos que tiveram o privilégio de adentrar o espaço através de bolsas de estudo por pertencer ou pela adesão á profissão de fé dos missionários ou pelo vínculo de relação trabalhistas dos pais para com a Escola-Fazenda.
A história da inserção do protestantismo a partir da instalação de seus colégios, há muito vem sendo investigada no âmbito da educação no Brasil e Bahia especial porque a ausência e o desaparecimento de materiais , atas, diários que se encontravam em um espaço no auditório com paredes infiltradas e, pelo fechamento da escola e o retorno dos americanos nos fizeram estabelecer esse estudo em três momentos a saber: o primeiro vai de 1906 a 1971 quando os missionários resolvem retornar ás metrópoles para investirem nos seminários e em universidades garantido a manutenção dessas escolas e pela ausência de verbas destinadas ao funcionamento da instituição confessional particular mas que atendia um número de alunos bolsistas no final da década de 40; e a partir da assunção de professores brasileiros que se “formaram” e que assumem através de uma cooperativa a instituição sem remuneração e a situação se complicou até meados de 72 quando foi encampado pelo o e, esses professores por terem cursos ofertados pelos americanos em São Paulo, Recife e em Goiás são quase todos aprovados no concurso do estado da bahia e, finalmente no ano de 2018 foi extinto pelo mesmo governo que desconsiderou a validade dos serviços prestados pela instituição e transferiu os professores para escolas técnicas no município de Wagner ou perante a solicitação dos mesmos docentes para que não viessem a ficar sem local ou espaço como se utiliza a expressão “no corredor” a mercê das autoridades do município.
Em meio as reviravoltas da fundação do Instituto Ponte Nova sua fundação veio marcar vidas que ali transitaram e que criaram estereótipos por pertencer a uma elite de base intelectual diferenciada, num movimento de circularidade de saberes que se materializaram na própria vida e formação, oportunizando acesso e ascensão social em meio a um cenário de muitas lutas, conquistas e fracassos pela expansão da instrução que, não representou em nenhum momento a garantia e permanência dos que adentram o espaço como possibilidade de alcançarem o mesmo patamar de formação, mas sim, a ascensão a estágios mais avançados de civilização.
É possível afirmar que, tratava se de uma “instrução elementar e secular “ ou seja de base a todas as classes sociais que eram matriculados para se firmarem em hábitos comuns e intelectuais perfazendo um perfil diferenciado - um sujeito civilizado e americanizado, mas que, aos poucos, foram se constituindo em “homens de bem que atravessaram o Atlântico para a expansão de um ideal conforme o Divino Manifesto – levar ao mundo os ideais de um alta sociedade cristã em que nos Estados Unidos a visão de religião e civilização deveriam ser postas como um dever a ser cumprido.
Em vista disso tudo, vislumbro as experiências com vistas a leitura histórica, tentando perceber e ler os ditos e não - ditos, os expostos e os silenciados no contexto da atuação dos professores “leigos” de educação física em questão na equiparação de um instituição de formação humana e profissional a partir do estabelecimento de práticas envolvidas em rituais e, na religiosidade como garantias de manutenção e perpetuação de valores e princípios, além de cultivo a heróis da república e que influenciaram de modo significativo a construção da imagem e identidade docente.
Contudo, em que pese o processo da historiografia, tomo como referência a Escola Normal – um lugar de construção de memórias que se configura nas passagens ritualizadas com a intenção de apresentar e analisar um lugar: uma escola rural, e as experiências: das práticas corporais a partir das atividades com ginástica e suas relações com os rituais cívicos e festivos com as atividades e eventos realizados como representações relativas a essas mudanças culturais que foram instauradas pela participação do professor “leigo” na disciplina educação física como sessão de conteúdo a ser ministrado para ser consolidado nas aparições nos desfiles como exibição social .
Face a isso, a civilização, o progresso e a República vão se tornar elementos norteadores de uma alentada mudança no sertanejo ávido por dias melhores e, nessa transição a Escola, o Hospital e o Templo Religioso são eleitos como “potencializadores” de uma nova perspectiva social. Nessa tríade institucional fomentadora de mudanças, digamos assim, destacamos como lócus de pesquisa a escola, e mais especificamente, o Instituto Ponte Nova, com vistas a prevalência de sua hegemonia política e social, pois o mesmo se destacou na instrução e como espaço importante na difusão da ordem e civilização que regiam os ideais dos missionários da Missão Norte Americana . Dentre os vários elementos que constituíam esse espaço, centramos nosso olhar nas práticas corporais e sua relação com os rituais festivos e cívicos que aconteciam nesse Instituto porque de acordo com Tanuri (2000)as primeiras iniciativas em relação ás escolas normais estavam em consonância com os pressupostos dos escolanovistas a fim de se perpetuar os ideais na microrregião o que os evangelizadores faziam através dos rituais cívicos numa suposta invasão na vida e estabelecendo uma cultura escolar com estratégia civilizatória. Uma vez que estavam vinculados à lógica religiosa, social e cultural, esses rituais fizeram valer os seus ensinamentos seja pela presença da Associação Cristã de Moços ou pelo Programa da Missão Presbiteriana com os elementos vinculados á religiosidade, instrução e cuidados com o corpo do Colégio Americano de São Paulo e posteriormente a Universidade Mackenzie.
Cabe frisar que, este estudo se associa à linha de pesquisa – Educação, Cultura e Lazer – com aporte na pesquisa histórica. As atividades se dão por dentro do Grupo de Pesquisa CORPO (Cotidiano, Resgate, Pesquisa e Orientação), um eixo que tem nessas categorias objetos que são consolidados nas pesquisas de caráter coletivo. Uma vez que este trabalho focaliza uma discussão acerca dos hiatos existentes na História da Educação Física baiana, principalmente nas Escolas – Fazenda desde a cidade de Cachoeira, Caetité, Feira de Santana e o Colégio Dois de Julho na Capital da Bahia – até o Instituto Ponte Nova em Wagner onde foram implantadas na microrregião das Lavras Diamantinas até o Augusto Galvão Colégio Presbiteriano com formato americano que eram ligados à Igreja Presbiteriana e a Universidade Mackenzie na tentativa de se buscar uma legitimidade para os atos docentes “leigos”, mesmo que fora de seus territórios de saber reconhecidos, para referendar a posição dos primeiros professores da microrregião.
Esses eventos tornaram-se espaços de afirmação institucional das escolas confessionais americanas e, também, como um lugar de visibilidade, para professoras e alunos, numa forma de projeção social alusivos a datas cívicas e religiosas, que foram estabelecidas pelos missionários presbiterianos em convergência ao pensamento liberal que imperou nos Estados Unidos e se alastrou pelo Brasil com metas diretivas, transformando os em “agentes” históricos de condições de vida positivas no tocante a construção de uma carreira profissional – futuros protagonistas de saberes e de conhecimentos sobre a bíblia sendo multiplicadores dessa religião.
Seguindo na compreensão da constituição de civilidades, Elias (1993) destaca em sua obra que o processo civilizatório traz mudanças históricas que determinam mudanças sociais, as quais se encontram entrelaçadas com as mentalidades e vão ressurgir e com forças e impedimentos visíveis aos sujeitos envolvidos nos fatos começou a erigir novos valores sociais e a veicular novas concepções e modos de vida, pautados em virtude, respeito, honradez, liberdade, derivados da religião e uma tônica de solidariedade e ética que se fizeram imperar nas escolas americanas por ofertarem um ensino diferenciado no instruir, cuidar, evangelizar e promover a sociabilidade dos sertanejos.
É importante lembrar que esse Instituto tinha uma base religiosa instaurada, que interferia em toda a sua programação e também devemos nos referir a uma busca pela ampliação de um sentido de religiosidade, a partir dessas escolas, como forma de garantir a entrada de novos fiéis, tanto na Igreja Católica, quanto na Presbiteriana. Nesta tese, o movimento de tentar voltar e deter o olhar nas experiências vividas por professores, considerados leigos para o ensino da ginástica, nos possibilita importantes reflexões sobre as práticas docentes e suas representações no cenário, não só escolar, mas também social. Estar em contato com estes profissionais e com o que ficou registrado de suas produções e vivências foi essencial para obter dados e informações para construção de nossas análises como se propõe Josso (2006) com relatos de “histórias de vida” constitui um dos signos de emergência de dois novos paradigmas: um paradigma de um conhecimento fundamentado sobre uma subjetividade explicitada, ou seja, consciente de si mesmo, e o paradigma de um conhecimento experiencial, que valoriza a reflexividade produzida a partir de vivências singulares que convergiram por mudanças específicas na maneira como as pessoas se veem e são “obrigadas” a conviver num espaço e com estilo diferentes a sua origem e com vistas a transgressões.
Como nosso elemento de análise são as práticas advindas da atividade ginástica nas escolas, interessa-nos trazer uma discussão acerca dos movimentos de criação das atividades nos rituais para assim, melhor entender as formas de apropriação pelos leigos na arte de ensinar e pela incorporação desta prática na escola-alvo deste estudo. Para tanto serão apresentados e descritos os métodos ginásticos, quando identificados e ministrados no Instituto Ponte Nova no formato de experiências construídas na história pelos leigos professores de educação física que, segundo Ginzburg (1988), contempla as especificidades das comunidades presbiterianas em terras brasileiras e traz em seu bojo as situações – limites e as biografias ligadas ás reconstruções e reconstituições de micro contextos para marcar as narrativas das mentalidades coletivas dos alunos/sujeitos/sertanejos. Todos os processos envolvidos nesse desenvolvimento nos leva a crer que podem não ter se dado de forma linear e absoluta, pois como uma prática cultural, diálogos, adesões e resistências as suas formas de práticas podem ter se dado, além das expectativas, é claro, das especificidades e peculiaridades do tipo de escola, seu público e seu lugar social, podem sim, ter atuado na forma de acontecer desta ginástica que fomentou novas ações no ambiente escolar.
É sabido que desde o século XIX que no Brasil, se tentou efetivar a inserção da ginástica, nas escolas, como uma atividade formativa, que deveria assumir sentidos e significados que dialogassem com os interesses políticos e sociais, devendo ter um papel contributivo na constituição da sociedade brasileira. Sendo assim, a ginástica deve ser entendida para além de uma prática corporal, mas também como um componente ideológico, isto, quando falamos do espaço formal escolar, já que em outros cenários, sua materialização pode ter se dado a partir de outros componentes que não serão aqui tratados.
Em relação à incorporação da ginástica no âmbito escolar encontramos diversos movimentos, mesmo legalistas, que tentaram moldar a prática e seu papel. Um exemplo é o Parecer nº 224 de 1882 de Rui Barbosa. Partindo desse exemplo, Marinho (1980) intitula Rui Barbosa como o “O Paladino da Educação Física no Brasil”, justo por tê-lo como um iniciador das tentativas de colar as atividades ginásticas à seara educacional. Lado a lado, a partir dessas considerações iniciais, apontamos para este estudo a seguinte pergunta norteadora: Como se deu o desenvolvimento das atividades de ginástica no Instituto Escola da Ponte? E, qual foi à relação desta prática com as cerimônias e rituais festivos e cívicos? Nossa hipótese aponta para a compreensão de que a ginástica, para além de seu aspecto físico formativo, assumia um viés de modelação ideológica e comportamental, sendo para a instituição um espaço de ordenamento e consolidação pública de suas ações educacionais, a partir da demonstração em cerimônias públicas, cívicas ou religiosas, dos resultados modelares obtidos em seus alunos.
Nisso, como objetivos mais gerais vislumbramos a possibilidade de desvelar contextos, fato, acontecimentos e personagens que aparecem no processo de formação do sujeito professor, uma chance de melhor compreender a conjuntura da presença da atividade ginástica na escola alvo e ainda, situar o professor como figura central nas situações de ensino e também nos elementos festivos promovendo situações em que a ginástica atuou como regeneradora do corpo com seus modos de organização e execução, seu espaço na rotina escolar, seus saberes e formas de execução ainda, identificar as formas de representações desta atividade para compreender como foram instituídas as práticas corporais num engajamento cultural como conteúdo simbólico e moralizante. Ao pensar mais detidamente, indicamos como objetivos específicos:
- Compreender o movimento de ritualização e escolarização da ginástica no Instituto Ponte Nova por professores “leigos”;
- Identificar as vivências e práticas culturais e formativas desenvolvidas no cotidiano, relativas aos rituais festivos, solenidades, celebrações e cerimoniais com o aporte de espetacularização social e política com modelação comportamental para um sujeito civilizado. Para uma interpretação mais ampliada das práticas instituída, devemos também melhor conhecer quem com elas atuavam e quem dirigia as atividades. Logo é neste ponto que assume papel central o professor leigo como um agente educativo e guardião de uma história que teve nas práticas e experiências do cotidiano, as quais devem ser rememoradas.
Segundo afirma Azevedo (1991, p.43), o “magistério dessa disciplina recrutava se, entre nós no rebotalho do professorado, erigindo-se a categoria de professor de ginástica, ou aquele que não dava para outra coisa, ou o artista aposentado nos palcos de feira ou nos teatros da província”. A intenção de conhecer os docentes na condição de “leigos” que atuaram com ginástica, como mediadores da materialização da atividade no Instituto Ponte Nova, também nos dá a chance de uma leitura mais ampliada do processo de formação docente e suas interfaces com as realidades contextuais construídas e vividas na região do sertão baiano a partir da interferência dos americanos em terras baianas.
Por conseguinte, é importante frisar como foram importantes para se identificar quais as formas de preparação para a percepção das atividades cuja ainda a circulação destes docentes no espaço escolar, seus modos e locais de trabalho na consolidação de um processo formativo cristalizado na fé e na moralização dos costumes pelos defensores da evangelização indireta, os quais lidavam com a educação escolar enquanto meio de proselitismo e ou dependia da aproximação com os vanguardistas progressistas da época como: maçons, liberais e democratas (HILSDORF, 1977) cuja relevância por conta de um apagamento no cenário acadêmico de leituras interpretativas do cenário escolar no lócus estabelecido e, ainda, por priorizar como objeto uma atividade ao demarcar os ritos e rituais festivos no rol da cultura escolar, enquanto produto do pensamento coletivo que priorizasse e refizesse a mentalidade do grupo frente à representação de eventos tipicamente religiosos e de cunho republicano.
A validade da pesquisa está em lidar com peculiaridades e especificidades relativas ao sertão baiano, mas sem o descolar da conjuntura macro. Interessa-nos uma compreensão do micro, em relação ao macro, mas não numa situação de dependência, mas sim de pertencimento com as marcas identitárias dos sujeitos/alunos nas questões de cunho pedagógico.
Para dar cabo nessa investigação, apresentou-se o percurso metodológico da pesquisa com base na abordagem conceitual adotada para responder a natureza do problema investigado, as práticas elencadas e os sujeitos escolhidos a partir das fontes e documentos encontrados nos arquivos da instituição pesquisada. Para além, disso, busquei me aproximar do Paradigma da História Social já que se multiplicou os seus sentidos e as suas aberturas de significados, além de ser considerada uma especialidade, com objetos próprios e definidos, ou se o “social” que ao seu nome se agrega como adjetivo acaba de um modo ou de outro por fazer coincidir o seu circuito de interesses com a sociedade – o que faria da História Social uma espécie de categoria transcendente que acaba perpassando ou mesmo englobando todas as outras especialidades da História (BARROS,2004).
E por também segundo Reis (2009), apresentar as confluências na História da educação e da religião e , na busca de se compreender as práticas corporais e a relação com os rituais cívicos e festivos com base nas leitura nos diálogos com os estudiosos dessa área maior com vistas a abordagem da História Serial das fontes documentais que se referem ás práticas elencadas e aos sujeitos sociais escolhidos a partir dados encontrados nos arquivos da instituição pesquisada na tentativa de desvelar os aspectos relativos ás vivências dos professores materializadas como sessões de conteúdos como representações festivas civilizatórias . Desta maneira, tomo como fontes históricas os materiais encontrados em uma escola que funcionou até 1971 com direcionamentos do Mackenzie, juntamente com as fontes documentais encontradas e ou álbuns e registros da tríade Escola, Igreja e Hospital como :mapas de matrícula, de notas , diplomas e certificados além de alguns fotográficos e fotos de arquivos pessoais e raros depoimentos de ex alunos e ex professores da instituição educativa.
Conforme, Barros (2005) pode-se perceber que, na maioria dos campos de interesse e de discussão correspondem a ‘recortes humanos’ (as classes e grupos sociais, as células familiares), ou a ‘recortes de relações humanas’ (os modos de organização da sociedade, os sistemas que estruturam as diferenças e desigualdades, as formas de sociabilidade). Em um caso, estudam-se fatias da sociedade (ou os subconjuntos internos à sociedade); em outro caso, estudam-se elementos específicos e transversais que parecem atravessar a sociedade por inteiro (os mecanismos de organização social e os sistemas de exclusão, por exemplo, atravessam a sociedade como um todo).permitindo uma maior visibilidade e dinâmica de suas conexões. Deste modo, nosso objetivo geral é de apresentar o caminho inicial das Experiências advindas através das Praticas construídas por Professores “Leigos” de Educação Física no ambiente de uma Escola Normal Rural Americana /presbiteriana nas Lavras Diamantina na Bahia com o recorte temporal compreendido entre 1940 a 1960 por conta da efervescência das atividades de educação no período da Escola Nova e da Projeção do Instituto Ponte Nova como instituição de respaldo moral e de boa formação para um público específico nas lavras diamantinas.
No âmbito das dimensões apresentadas como as representações e as práticas dos professores que são consolidadas com vistas a própria organização da disciplina em formato de sessões, e isso veio favorecer a distribuição de conteúdos conforme as fontes como as atas, diários e livro de registro assinado pelo medico do Departamento de Saúde que estava vinculado á escola de formação de professores pois essas estratégias vieram corroborar e asseverar as ações e dar visibilidade aos professores leigos em sua labuta do dia a dia. Aqui, a história social da escolarização a partir da coleta de dados e das fontes documentais nos permitiram um contato direto com alguns personagens atuantes nos rituais e, que vivenciaram as situações didático-pedagógicas no que diz respeito ao contexto deste estudo. Portanto, nas falas, observações, indicações, livros/memoriais, relatos de memórias e também esquecimentos nos permitirão construir uma tela aberta e plana do que foi a presença da ginástica na escola e nos rituais cívicos e festivos.
Por isso, abriu-se a necessidade de se buscar outras fontes, com as quais se possam cotejar as informações dos falantes. Estas fontes foram as documentais, ou seja, documentos escolares que deram conta de mostras a realidade da instituição, foram também as fontes iconográficas, como flashes de um instantâneo das práticas cotidianas e eventos. Da mesma forma, os jornais locais, como uma forma de retratar aquilo que era vivido, assumem relevância como fonte, por serem mostras da expressão e de sua significação na sociedade.
Tal escolha se faz por se acreditar que esta foi uma fase de valoração das escolas normais na sociedade brasileira e também de maior notoriedade da ginástica como elemento formativo como forma de acompanhar as mudanças, ou manutenções na estrutura educacional, no caso a baiana, representada nas escolas normais , na esfera da educação física, mas também das práticas sociais, dentre estas, a da própria ginástica e os rituais cívicos e festivos em uma escola ao longo de sua formação de caráter teórico – prática como conhecimentos de vanguarda.
Sabemos que foi nesta época que vimos nascer e formar profissionais as primeiras Escolas Superiores de formação em Educação Física, centralmente a Escola Nacional de Educação Física e Desportos, em 1939, com base no Decreto Lei 1.212/39 (MELO, 1996) no Rio de Janeiro, capital nacional a época e ainda, que a ginástica ganhava notoriedade nos grandes eventos nacionais, como uma atividade demonstrativa de padrões de conduta e comportamento.
A estrutura da Tese está distribuída em 04 capítulos que vão se configurar em seguintes etapas:
Logo, na Introdução, apresento de forma o tema, o problema e a uma visão de todo o pensamento fazendo uma retrospectiva na historiografia para que o objeto de pesquisa seja, percebido em sua essência fazendo, interface com os fatos relativos á formação do lugarejo – a Fazenda Ponte Nova e a fundação do Instituto em um contexto histórico e as práticas corporais instituídas como rituais culturais.
No Capítulo II, trago o contexto e o entorno onde foram vivenciadas as práticas corporais e as suas “reais” intenções ou propósitos no referente à ginástica no âmbito escolar, revendo a problemática no contexto de experiências dos presbiterianos americanos o que permitiu saber das representações, dos sujeitos e a relação com a sociedade da microrregião. Então, procuro elencar o lugar da formação desde a criação do espaço: escola-fazenda, demarcando desde a aquisição do terreno ao povoamento local da cidade Wagner.
Enquanto que no Capítulo III, faço referencias as práticas, aos rituais e as vivencias dos alunos, professores e o movimento das experiências dos professores leigos nas cadeiras de ginástica com algumas práticas de intervenção com devidos condicionamentos e outras imposições culturais criadas pelos americanos para a preservação da proposta da missão. Demarcando o papel social do educandário bem como uma breve retrospectiva do “fazer” prático dos professores leigos normalistas no intuito de vislumbrar as formas de análise e aspectos da trajetória das atividades de ginastica como forma de educação, valores, normas e experiências vividas nos Educandário são comprovações marcantes dessa cultura escolar em que foram as festas escolares organizadas por essa instituição de ensino onde a figura do professor de surge como o grande protagonista da história com as passagens de professores leigos na assunção de seu papel nos rituais e algumas manifestações criadas em situadas de espetáculo de revolução cultural e social no município com suas performances e com uso da ginástica enquanto conteúdo de trabalho.
Ao passo que, nas conclusões, não proponho um esgotamento de informações, pois no movimento da pesquisa os olhares são instrumentos de percepções distintas e de acordo com a época, portanto seleciono alguns pontos desde os rituais e como foram construídos com as passagens dos atores sociais e históricos além dos guardiões da memória e da pátria, a fim de suscitar os pontos que respondem aos questionamentos iniciais em que as práticas ou experiências dentro de um sistema educacional visavam á normatização e disciplinarização do “corpo” estudantil, além do ufanismo que se alinhavam ás ideologias civilizatórias que foram impostas de forma gradativa aos sertanejos.
AO GRUPO DE PESQUISA CORPO UFBA
AO GRUPO DE PESQUISA DE HISTÓRIA DAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS DA UNIT - GPHPE
AOS APAIXONADOS PELO IPN GRUPO DE EX ALUNOS E PROFESSORES DO INSTITUTO PONTE NOVA -WAGNER BAHIA
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