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A Ludicidade Na Educação Infantil Entre Sorrisos E Gargalhadas

Erotildes Romana de Amorim Arruda Amorim; Lucinete Maria de Amorim Gregorio Amorim Gregorio; Laura Paula de Oliveira

O seguinte trabalho busca demonstrar a relevância da ludicidade no progresso cognitivo dos alunos da educação infantil. Demonstrando que tal abordagem auxilia no desenvolvimento do ensino-aprendizagem e no desenvolvimento de múltiplas habilidades como imaginação, concentração e memorização. Ao utilizar o lúdico nos aproximamos da linguagem infantil o que possibilita o envolvimento das crianças nas atividades pedagógicas. Por intermédio da ludicidade, as crianças se comunicam, constitui relações sociais, adquiri conhecimentos, fatores estes que promovem integralmente o seu desenvolvimento. Buscamos assim, examinar e compreender a relevância da ludicidade para a educação infantil, como metodologia no processo de ensino aprendizagem, bem como se esta propicia ou não um aprendizado prazeroso no decorrer de sua vida escolar. Evidenciando que o professor deverá ser um mediador e um sujeito ativo no desenvolver das atividades lúdicas, colocando-se sempre no lugar da criança quanto as suas limitações e expectativas, fazendo com que assim as atividades fluam e atinjam os objetivos esperados.

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Como citar este trabalho

AMORIM, Erotildes Romana de Amorim Arruda; GREGORIO, Lucinete Maria de Amorim Gregorio Amorim; OLIVEIRA, Laura Paula de. A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ENTRE SORRISOS E GARGALHADAS. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2021 . ISSN: 1982-3657. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/328-a-ludicidade-na-educa%C3%A7%C3%A3o-infantil-entre-sorrisos-e-gargalhadas. Acesso em: 16 out. 2025.

A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ENTRE SORRISOS E GARGALHADAS

Ao optar por abordar este tema temos por finalidade refletir quanto a relevância da ludicidade enquanto prática pedagógica. A utilização da ludicidade na educação infantil é um instrumento que vem demonstrando a sua eficácia, pois, proporciona à criança o desenvolvimento de múltiplas habilidades.

             A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9.394/96 em seu Artigo 29, diz que:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

            Assim, é perceptível que as atividades lúdicas possibilitam a evolução da atenção, memorização, imaginação e tantos outros conceitos que estão em progresso enquanto a criança está na pré-escola. Buscamos ainda deixar evidente o papel do professor como mediador, capaz de tornar as aulas mais dinâmicas e divertidas, ao fazer uso de brincadeiras, jogos e brinquedos.

            Assumindo uma postura de reflexão e análise em que se preocupa em identificar as necessidades e os interesses das crianças, o que resultará em um trabalho pedagógico que entrará em concordância com suas emoções, realidades, descobertas e experiências. Ao brincar as crianças, inventam e experimentam, o que as leva à adquirir habilidades, desenvolver a linguagem, a imaginação, a atenção, o pensamento, a autonomia e a autoconfiança. O que levará as crianças a reconhecerem as dificuldades e buscar soluções além de estimular o seu intelecto.

 

A ESCOLA E O BRINCAR

            As brincadeiras estão associadas às crianças há muito tempo e foi por meio do rompimento de um pensamento limitado que as brincadeiras passaram a ser percebidas e valorizadas em um espaço educacional. Outrora, via-se o brincar meramente como uma forma de distração, não sendo valorizado como um método educativo.

As brincadeiras promovem a integração e a socialização das crianças. Nota-se a ocorrência de transformações sociais relacionadas ao brincar e o espaço destinado para brincar, sendo notadamente perceptível o pouco tempo que pais e filhos convivem em momentos de brincadeiras. Deste modo, o espaço escolar passa a ser uma importante fonte transmissora de cultura, em que os profissionais da educação resgatam as brincadeiras populares, utilizando das mesmas como um método de transmissão de conhecimento, pois o lúdico proporciona o aprendizado de maneira prazerosa.

Segundo Almeida (2005):

A brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pela utilização de regras. A brincadeira é uma atividade que pode ser tanto coletiva quanto individual. Na brincadeira a existência das regras não limita a ação lúdica, a criança pode modificá-la, ausentar-se quando desejar, incluir novos membros, modificar as próprias regras, enfim existe maior liberdade de ação para as crianças. (2005, p. 5)

 

Ao utilizar as brincadeiras no ambiente escolar torna-se possível desenvolver na criança diversos aspectos psicossociais, proporcionando assim, uma formação sólida e completa.

De acordo com Wajskop (2007):

 

A criança desenvolve-se pela experiência social nas interações que estabelece, desde cedo, com a experiência sócio histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Dessa forma, a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças são introduzidas constituindo-se um modo de assimilar e recriar a experiência sociocultural dos alunos. (2007, p. 25)

 

O brincar pode ser desenvolvido como uma prática livre ou como uma atividade dirigida contendo regras e normas para o seu desenvolvimento. A utilização dos jogos é excelente para o desenvolvimento do raciocínio lógico bem como para o desenvolvimento cognitivo, motor, físico e social. Atualmente esta é uma metodologia muito utilizada por professores na educação infantil, estes apropriam-se de recursos e metodologias disponíveis em busca de um melhor desenvolvimento cognitivo e social da criança.

Percebemos uma visão mais ampla quanto a utilização dos jogos e brincadeiras na escola como metodologia de ensino, no entanto, em geral, estes jogos e brincadeiras ainda estão restritas a atividades dirigidas, o que acaba contribuindo de uma maneira não tão satisfatória para o desenvolvimento da autonomia e da criatividade.

 

De acordo com Carneiro e Dodge (2007):

Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é preciso mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como entendem o currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um corpo docente capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar suas práticas. Envolve, para tanto, uma mudança de postura e disposição para muito trabalho. (2007, p. 91)

 

            Atualmente, percebemos que o brincar não se faz presente somente na educação infantil, esta metodologia tem-se mostrado eficiente também nas demais categorias de ensino, propiciando um aprendizado mais participativo e prazeroso.

            Neste sentido, entendemos que a utilização do brincar como metodologia de ensino possibilita a criança um aprendizado significativo apenas pelo prazer de brincar, sem que haja a expectativa de uma recompensa ou a angustia de ser castigada, apenas desenvolvendo suas habilidades e criatividade, conhecendo o mundo ao seu redor.

De acordo com Borba (2007):

A brincadeira é uma palavra estritamente associada à infância e às crianças. Porém, ao menos nas sociedades ocidentais, ainda é considerada irrelevante ou de pouco valor do ponto de vista da educação formal, assumindo frequentemente a significação de oposição ao trabalho, tanto no contexto da escola quanto no cotidiano familiar. (2007, p.34)

 

            Assim, pode – se dizer que houve uma relevante evolução de pensamento, pois, atualmente identificamos uma significativa utilização das brincadeiras como metodologia de ensino, tanto por parte das instituições de ensino quanto por parte dos professores que buscam constantemente evoluir em seu aprendizado para que assim possam contribuir consideravelmente para o aprendizado de seus alunos.

 

O LUDICO E SUA IMPORTÂNCIA

 

            A ludicidade oportuniza um aperfeiçoamento das habilidades psíquicas, da educação e da personalidade. Por intermédio das brincadeiras, a criança tem a oportunidade de constituir-se socialmente e se conhecer. Por meio da espontaneidade das brincadeiras, a criança explicita as distintas percepções concebidas em seu contexto social e familiar.

O lúdico na Educação Infantil tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na Educação infantil, procurando provoca-lo para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil. (DALLABONA e MENDES, 2004, p. 107).

 

            As brincadeiras, jogos e brinquedos incentivam a manifestação de comportamentos e a compreensão das regras sociais. Neste momento a criança poderá aprender a respeitar, a ter independência e a controlar os seus impulsos o que promoverá um aumento em sua autoestima. O lúdico é uma metodologia na qual a criança aprende brincando e sem muitas cobranças, o que leva a uma aprendizagem de qualidade e significativa.

A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um espaço que merece a atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos. (CUNHA, 2005 p. 09).

 

                De acordo com PIAGET, a criança se desenvolve através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo.

(...) o ato de brincar pode estimular o uso da memória que a criança ao entrar em ação vai se ampliando e organizando o material a ser lembrado. O aspecto lúdico facilita o desenvolvimento da aprendizagem, do desenvolvimento social, pessoal e cultural, colaborando para uma boa saúde física e mental (SALOMÃO e MARTINI, 2007, s/d).

 

Para Ferreira (2003) brincar é “divertir-se, recrear-se, entreter-se com jogos infantil. ’’ Como sendo uma das ferramentas para o desenvolvimento do lúdico os jogos e suas regras tem um grande destaque no desenvolvimento da criança, ou seja, auxiliando-as a comunicar-se, ouvir, respeitar e interagir através do lúdico.

                Ao utilizarmos a ludicidade como metodologia pedagógica nos é possível realizar um estudo quanto a relação da criança com o mundo externo. Por meio da ludicidade, a criança estabelecerá relações, formará conceitos e ideias o que promoverá a sua socialização. O convívio prazeroso com a aprendizagem de forma lúdica possibilitara que a criança estabeleça relações cognitivas com as experiências vividas.

As relações cognitivas e afetivas, consequentes da interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão, pouco a pouco, construindo a sociedade infantil. Especialmente nos jogos grupais, a interação acontece de maneira mais fácil, pois é estimulada pela necessidade que os elementos de grupo têm de alcançar determinadas metas. Para extrair resultados mais ricos dessa interação é necessário mudar sempre os elementos dentro de cada grupo. (CUNHA, 2005 p. 13).

Em um ambiente de ludicidade o professor poderá conduzir a criança à construção dos diversos saberes, podendo ajustar ou alterar as atividades sempre que necessário, promovendo assim o desenvolvimento de diferentes habilidades enquanto brinca.

 

A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA CARACTERIZAÇÃO

            O ato de educar é um processo organizado e intencional, pois nele se apresenta uma sequência de ações, deste modo, o professor torna-se um agente responsável, em que temos uma situação de formação na qual se relaciona o comportamento do agente de intervenção e a situação de vida do aprendiz.

            De acordo com FURTER (1982) e PAIVA (1982) a educação brasileira tem seu início com os jesuítas em que os conhecimentos aceitos pela sociedade da época, ainda possuíam o feito de ser um considerável pilar da cultura dominante, como sendo uma fonte mantenedora e transmissora dos ideais da corte.

            Destarte, os jesuítas foram expulsos em virtude dos seus ensinamentos, por estes serem baseados na luta diária pela sobrevivência pautada em princípios de aprendizagem para ser um homem social, composto de suas próprias dimensões de caminhada, o que propiciava que estes tivessem voz e vez.

            No decorrer da nossa história, em meio as reformas educacionais e as constituições estabelecidas, os propósitos da educação passaram por redefinições em conformidade com as disputas políticas e os entendimentos assimilados pelas lideranças institucionais.

            Até o ano de 1934, a constituição não dispunha nada relacionado às intenções educativas nacionais. Com relação à educação infantil, somente nos anos 70 que esta vem a ganhar visibilidade, como afirma Kramer,

Nos anos de 1970, as políticas educacionais voltadas à educação de crianças de 0 a 6 anos defendiam a educação compensatória com vistas à compensação de carências culturais, deficiências linguísticas e defasagens afetivas das crianças provenientes das camadas populares. Influenciados por orientações de agências internacionais e por programas desenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa, documentos oficiais do MEC e pareceres do então Conselho Federal de Educação defendiam a ideia de que a pré-escola poderia, por antecipação, salvar a escola dos problemas relativos ao fracasso escolar. (2006, p.799).

 

                Percebe-se que se pensou na educação infantil não com o objetivo de contemplar as crianças, mas sim objetivando um equilíbrio na defasagem do ensino.

 

O ingresso de crianças desta faixa etária no ambiente escolar era uma experiência praticamente inédita no Brasil. A noção do que seria o jardim de infância só veio a ser propagar na década de 1870 e, mesmo assim, foram raríssimas as experiências por esta época. (GONÇALVES, 2010, p.54-55)

 

                Atualmente as unidades escolares tem que atender aos propósitos proclamados na constituição de 1988, que estão reforçados por meio da lei 9394/96. De acordo com tais documentos, a educação é um direito de todos sendo a mesma reconhecida como um dever do estado e da família.

            Assim sendo, “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (Constituição federal, título VIII, da ordem social, capitulo III, da educação, da cultura e do desporto, artigo 205).

            A lei nº 9394/1996 em seu artigo 22 declara que “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Após oito anos de tramitação a Lei de Diretrizes e Bases-LDB foi aprovada em dezembro de 1996.

            De acordo com Demo (1997) “A LDB não é propriamente inovadora, e sim, uma estratégia de renovação dos principais eixos norteadores permitindo avançar em certos rumos”. Assim, por meio desta lei determinou-se a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que orienta a utilização de uma abordagem relacionando os conteúdos das disciplinas com o dia a dia da criança.

A lei complementa em seu art. 29 declarando que:

 

A educação infantil primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físicos psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996)

 

                Em 13 de julho de 1990 é promulgado o estatuto da criança e do adolescente (ECA) instituído pela lei nº 8.069, que apresenta as normas para regulamentar os direitos da criança e do adolescente de acordo com a constituição de 88.

De acordo com Ferreira, com o auxílio do ECA foi possível entender o que é ter o direito de ser criança, assim temos “Uma criança com direito de ser criança. Direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer, direito de não querer, direito de conhecer, direito de sonhar. Isso quer dizer que são atores do próprio desenvolvimento. ” (FERREIRA, 2000, p. 184)

            Deste modo, o Ministério da Educação elabora o Referencial Curricular para a educação infantil no ano de 1998. Este referencial contém alguns objetivos que vem a definir como deverá ser a educação infantil nas instituições educacionais, dando suporte as metodologias a serem aplicadas nesta modalidade de ensino.

 

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros, em uma atitude de aceitação, respeito e confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p. 23).

 

                Diante do exposto, necessitamos de professores habilitados para trabalhar com esse público, para que a educação aconteça conforme determina a LDB (9394/96) art.62:

 

A formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

 

 

As Diretrizes Gerais para a Educação Básica apresentam em seu Artigo 5º que “a Educação Básica é direito universal e alicerce indispensável para o exercício da cidadania em plenitude, da qual depende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos”, colocando a criança como sendo a pessoa mais importante do processo.

Deste modo, ao elaborar o Projeto Político Pedagógico (PPP) este deverá estar direcionado para o cuidar e educar. O artigo 6º das diretrizes diz que “Na Educação Básica, é necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua centralidade, que é o educando, pessoa em formação na sua essência humana. ”

            Diante do exposto, constatamos que o direito à educação para todos é uma vitória muito recente na história da emancipação política em nosso país.

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) tem sua homologação em dezembro de 2017, das fases da educação infantil e ensino médio, a qual normatiza as prerrogativas do PNE (Plano nacional de Educação), das DNC e da Carta Magna.

Em face do exposto, ainda que reconhecida como dever do estado e direito de todas as crianças, a educação infantil de 4 a 5 anos só passa a ser obrigatória a partir da Emenda Constitucional nº 59/2009, a qual institui a obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 anos.

No entanto, tal obrigatoriedade só vem a ser incluída na LDB no ano de 2013, promovendo integralmente a obrigatoriedade de se matricular as crianças de 4 e 5 anos nas instituições de Educação Infantil.

É essencial evidenciar que, a partir da inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um relevante passo é dado em todo esse nosso processo histórico na qual ocorre a integração ao conjunto da Educação Básica.

Por outro lado, toda essa conquista é acompanhada de certas preocupações no que se refere à estruturação dos espaços para que de fato o atendimento das crianças de 0 a 5 anos aconteça, fundamentado no entendimento que vincula o “educar e cuidar”, concebendo o cuidar como sendo inerente ao processo educativo.

Nessa vertente, percebemos que se torna crucial que o desenvolvimento da formação continuada do professor, mediando, organizando, selecionando, planejando, monitorando e refletindo o conjunto de suas práticas e interações, preservando a diversidade das situações que proporcionem o pleno desenvolvimento das crianças.

Assim, constata-se a relevância dos estados e municípios construírem seus currículos visando a garantia de “construir uma sociedade livre, justa e solidária” como determina a Constituição Federal de 1988 em seu Art. 3, inciso I.

 

 

EDUCAÇÃO INFANTIL E AS VANTAGENS DOS JOGOS E BRINCADEIRAS

O ato de jogar e brincar são indispensáveis à saúde intelectual, física e emocional. Por meio destas atividades são desenvolvidos nas crianças o pensamento, a autoestima, a linguagem, a iniciativa e a socialização. Os jogos, em suas diversas formas, contribui para o desenvolvimento da motricidade, desenvolvimento psicomotor e tantas outras habilidades inerentes a tal atividade.

De acordo com PIAGET (1967), “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”.

Por intermédio dos jogos é possível processar a construção do conhecimento, sobretudo nos períodos pré-operatório e sensório-motor. Ao participar dos jogos as crianças são motivadas a usar da lógica e da percepção, o que as leva a se esforçar para vencer os obstáculos sejam eles emocionais ou cognitivos.

Os jogos são uma das atividades mais importantes desenvolvida na infância, pois é imprescindível que a criança brinque, jogue, crie e invente mantendo assim seu equilíbrio com o mundo. A inserção de uma prática pedagógica que utilize os jogos, brinquedos e brincadeiras é uma realidade que está posta, sendo assim, não devemos explorá-los somente para o lazer e sim como elementos que enriquecem e promovem a aprendizagem.

As brincadeiras fazem parte da cultura popular de um povo, ao brincar as crianças se ligam às práticas culturais e sociais, a ludicidade promove a socialização e o desenvolvimento intelectual da criança de maneira divertida. Assim, as brincadeiras e jogos promovem efeitos na criança e em sua aprendizagem.

 

O jogo tradicional faz parte do patrimônio lúdico-cultural infantil e traduzem valores, costumes, formas de pensamentos e ensinamento. Seu valor é inestimável e constitui para cada indivíduo cada grupo, cada geração, parte fundamental da sua história de vida. (FRIEDMANN, 1996, p 43).

 

 Santos (2000, p. 161) afirma que, “[...] o jogo com a brincadeira representam recursos auxiliares para promover o desenvolvimento físico, mental e socioemocional da criança.” Fato que acontece porque a criança tem convivência com jogos que a incentive, o que permitirá que a criança se desenvolva de maneira significativa, já que brincando a criança aprende a pular, correr e a socializar-se, expressando-se de forma a se sentir confortável, os jogos e brincadeiras promovem um estimulo intelectual o que possibilita a assimilação e construção de conhecimentos.

A evolução lúdica, notadamente, nos primeiros anos de vida mostra que ao brincar a criança desenvolve a inteligência, aprende prazerosamente e progressivamente a representar simbolicamente sua realidade, deixa, em parte, o egocentrismo que a impede de ver o outro como diferente dela, aprende a conviver. O lúdico não está nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou melhor, dizendo, no homem que as imagina, organiza e constrói. (OLIVEIRA, 2000, p.10).

A criança desde os seus primeiros momentos de vida, se comunica recorrendo a gestos e sons. No decorrer dos anos iniciais, procura representar alguns papeis por intermédio das brincadeiras, promovendo assim o desenvolvimento de sua imaginação.

E ainda segundo Negrine (1994,0p.41) é possível destacar:

As atividades lúdicas possibilitam fomentar a “resiliência”, pois permitem a formação do autoconceito positivo; As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmente. O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade; Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação; Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade constrói seu próprio conhecimento.

 

                Assim, é possível destacar que os jogos e brincadeiras são transmissores de conhecimento, sendo o professor da educação infantil um importante mediador.

            Friedmann (2012) também destaca que o professor tem que “possibilitar tempo espaço e materiais para brincarem, livremente, escutar o que as crianças têm a dizer”. É necessário dizer que não é somente o professor que deverá enxergar o lúdico como uma importante ferramenta para o crescimento e desenvolvimento da criança, como também a instituição deverá ter a mesma visão.

Segundo Santos, (2004, p.114) “A criança que é estimulada a brincar com liberdade terá grandes possibilidades de se transformar num adulto criativo”. Para que a criança compreenda que aprender pode ser uma experiência prazerosa é essencial que ela tenha liberdade para se desenvolver durante as fases das descobertas.

Entendemos que o brinquedo tem uma grande importância na educação infantil.

Qualquer tipo de brinquedo traz consigo uma relação de aprendizagem, bem como educativa. Quando uma criança confecciona seu próprio brinquedo, aprende com o seu trabalho transformar matérias-primas oriundas da natureza em objetos novos, que vão se constituir em um novo objeto, ou seja, novo brinquedo. (BUENO, 2010, p. 25).

 

            Sendo assim, percebemos ser de extrema relevância, a utilização das atividades lúdicas na educação infantil, pois, o seu desenvolvimento cognitivo, motor e sensorial poderá ser mais eficaz do que com a utilização dos métodos tradicionais.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            No decorrer deste artigo nos remetemos a reflexões quanto a relevância da utilização do lúdico no desenvolvimento da educação infantil, sendo assim possível demonstrar que o lúdico é de grande importância para a evolução da criança em toda sua integralidade, uma vez que para a criança brincar é viver.

É significativo registrar que as brincadeiras nos ambientes educativos necessitam fazer parte nas reflexões e inquietações dos educadores infantis. Sendo de grande valia uma auto avaliação levantando questionamentos, tais como: com que finalidade estamos propondo as brincadeiras? A qual publico essas brincadeiras serão apresentadas? De que maneira elas estão sendo apresentadas? Qual o nosso objetivo ao desenvolver essas brincadeiras? Como estamos nos comportando diante dessa criança? Nós a estamos ouvindo?

Da mesma forma é necessário evidenciar que só será possível identificar uma criança quando nela os educadores identificarem um pouco da criança que um dia foram. Sendo assim, possível ao educador redescobrir e reconstruir a sua prática pedagógica.

O lúdico propicia uma evolução harmoniosa e sadia. Ao participarem de brincadeiras as crianças aumentam a sua independência, estimulando as sensibilidades visuais e auditivas, conhecem e aprendem a valorizarem a cultura popular, ocorre o desenvolvimento das habilidades motoras, aprendem a controlarer a agressividade, desenvolvem a imaginação e a criatividade, melhoram a sua inteligência emocional, amplia a integração, possibilitando, assim, uma adaptação social através de um desenvolvimento sadio.

O referido artigo nos permitiu compreender a significância que a ludicidade tem no desenvolvimento de uma criança, permitindo que ela conheça, compreenda e construa seus próprios conhecimentos.

Também nos atentamos quanto a sua contribuição na formação de pessoas autônomas, capazes de um raciocínio logico, que saibam resolver problemas e que tenham a compreensão de que vivem em um mundo que exige não somente diferentes conhecimentos como também diferentes habilidades.

Percebemos que ao irmos em busca de novas metodologias de ensino é que poderemos conseguir desenvolver uma educação de qualidade, levando em consideração as necessidades e os interesses da criança.

Vale destacar que um procedimento lúdico não é apenas um conjunto de atividades, como também a maneira de se relacionar com as crianças. Sendo necessário ser capaz de introduzirem-se no mundo da criança, em seus sonhos, suas brincadeiras, sua imaginação para então participar dos jogos com ela.

Quando proporcionamos espaços lúdicos às crianças elas se tornam mais criativas, autônomas, alegres e espontâneas e consequentemente mais afetivas. A nós educadores e a instituição educacional cabe promover a ludicidade aos nossos alunos, tornando o aprendizado uma atividades prazerosa.

Quando as crianças brincam, elas não irão aprender simplesmente os conteúdos escolares, também irão aprender sobre a vida, seus percalços e desafios, mas o melhor de tudo irá aprender como superar esses desafios, o que leva à construção de um cidadão consciente e preparado para a vida.

Nessa conjuntura, os trabalhos desenvolvidos pautados na ludicidade, além de proporcionarem uma recreação, deveram compreender a descoberta e a sensibilidade de um aprender, provocando o contentamento de construir o conhecimento.

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