Metadados do trabalho

Do Epistemicídio À (In)Visibilidade Étnica Dos Ciganos Calons No Brasil/Bahia

Irandir Souza da Silva; Maria Eurácia Barreto de Andrade; Sineide Cerqueira Estrela

      Esse artigo é resultado das discussões teóricas com base em alguns autores – tais como Hall (2003), Boaventura dos Santos (2010), Giannella (2015), dentre outros – debatidos no componente curricular Epistemologia da Pesquisa, cursado no II trimestre 2020.2, vinculado ao Programa de Doutorado Estado e Sociedade, da    Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). A pesquisa de doutoramento ora mencionada é um desdobramento de inquietações advindas das investigações iniciadas no mestrado, no período de 2007/2010, no PPGEduC/UNEB-Ba. A escolha da temática Cigana justifica-se em razão de ter crescido ouvindo dos amigos ciganos calons o quanto eles eram discriminados e desrespeitados pelos não ciganos, por ter seus valores culturais e forma de viver diferente considerando os  existentes  na sociedade. O objetivo, neste estudo, é fazer uma breve apresentação sobre o epistemicídio cigano ocorrido em Portugal e extensionado para o Brasil desde o período colonial aos tempos atuais, inclusive os preconceitos e abandono das comunidades no atual surto pandêmico da Covid-19.

 

Palavras‑chave:  |  DOI: 10.5216/teri.v5i1.36362

Como citar este trabalho

SILVA, Irandir Souza da; ANDRADE, Maria Eurácia Barreto de; ESTRELA, Sineide Cerqueira. Do Epistemicídio à (In)Visibilidade Étnica dos Ciganos Calons no Brasil/Bahia. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2021 . ISSN: 1982-3657. DOI: https://doi.org/10.5216/teri.v5i1.36362. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/297-do-epistemic%C3%ADdio-%C3%A0-in-visibilidade-%C3%A9tnica-dos-ciganos-calons-no-brasil-bahia. Acesso em: 16 out. 2025.

Do Epistemicídio à (In)Visibilidade Étnica dos Ciganos Calons no Brasil/Bahia

     Interessa-nos, neste artigo, realizar uma breve discussão sobre o silenciamento, as prisões, os castigos corporais, a separação de famílias, os degredos impostos a uma minoria étnica conhecida pela denominação ciganos. A análise teórica parte inicialmente do pensamento de Boaventura dos Santos (2010) e Giannella (2015), sobretudo porque os seus escritos epistemológicos são importantes para que possamos compreender como, ao longo dos séculos, a ciência moderna silenciou povos e culturas em nome de saberes considerados inválidos pela ciência hegemônica. Desse modo, considera-se relevante compreender o significado e a importância da teoria do conhecimento – a “Epistemologia”. 

      O termo epistemologia surgiu em 1854, usado por Ferrier como oposição ao termo ontologia, e nos dicionários franceses em 1906 de acordo com Blanché (1975, p. 9). A epistemologia é uma palavra que designa a filosofia das ciências, “Não é uma teoria geral do saber ou teoria do conhecimento que seria objeto da gnosiologia, nem é um estudo dos métodos científicos [...]”, conforme afirma Sanchez Gamboa (2007, p. 27). Para Santos (2010), a ciência moderna causou um grande epistemicídio, pois, ao se apresentar como “superior”, fato denominado pelo autor como soberania epistêmica, muitos conhecimentos foram eliminados, impedindo-nos ou impossibilitando-nos de termos visões mais amplas sobre a diversidade epistemológica, o que proporcionaria o enriquecimento de nossas percepções de mundo. Assim, Giannella afirma que:

 

A partir dos princípios de (pretendida) objetividade, neutralidade e exatidão, a ciência se declarou o único saber válido, desqualificando qualquer outro através dos rótulos de superstição ou de magia. Constituiu-se como fundamento poderoso do sistema socioeconômico capitalista e tornou-se a base certa e incontestável para sustentar o processo de manipulação/exploração da natureza, com base na visão mecanicista dela (natureza) e na separação entre esta e o ser humano. (GIANNELLA, 2015, p. 342)

 

       A ciência legitimou-se durante séculos como único saber válido, o que para Santos (2010), no livro O discurso sobre a Ciência, significa que a racionalidade que presidiu esse tempo constituiu-se a partir da revolução científica do século XVI, mas só nos séculos seguintes, sob o domínio das ciências naturais, avançou. Somente no século XIX este modelo de racionalidade se expande às “ciências sociais emergentes”. O autor ainda afirma que:

 

A partir de então pode falar-se de um modelo global de racionalidade científica que admite variedade interna, mas que se distingue e defende, por via de fronteiras ostensivas e ostensivamente policiadas, de duas formas de conhecimento não-científicas (e, portanto, irracional) potencialmente perturbadoras e intrusas: o senso comum e as chamadas humanidades ou estudos humanísticos (em que se incluíram, entre outros, os estudos históricos, filológicos, jurídicos, literários, filosóficos e teológicos). (SANTOS, 2010, p. 21)

 

     De acordo com Giannella (2015, p. 342), “[...] em diversos campos do saber aborda a epistemologia de formas diferentes”. Nesse sentido, Santos (2007) legitima seu pensamento em favor de uma “Ecologia dos Saberes”, defendendo a troca de conhecimento sem se anularem. Assim, o autor defende: “[...] a idéia da diversidade epistemológica do mundo, o reconhecimento da existência de uma pluralidade de formas de conhecimento além do conhecimento científico. Isso implica renunciar a qualquer epistemologia geral” (SANTOS, 2007, p. 23). Em consonância com o autor, reconhece-se que, no caso específico da etnia cigana, seus saberes, seus modos de ser e existir, ou seja, sua ciganidade, foram silenciadas durante séculos, tendo suas vozes historicamente abafadas e suas epistemologias negligenciadas em nome de uma ciência hegemônica.

2 O epistemicídio cigano no Brasil     

 

       O termo epistemicídio tem sido utilizado por muitos autores ao se referirem, principalmente, ao apagamento das culturas minoritárias na sociedade, nas escolas e no mundo acadêmico, como toda tentativa de subalternizar, anular, silenciar, invisibilizar culturas e saberes contra-hegemônicos. Logo, tratar de epistemicídio remete-nos a analisar para compreender o porquê de o grupo étnico cigano ter vivido na total silenciamento no Brasil, desde sua chegada, em meados do século XVI, até o século XX. É preciso compreender historicamente os fatores que desencadearam as deportações, quando em seu trajeto de diáspora penetraram na Península Ibérica e não foram bem recebidos, pois possuíam um comportamento que contrariava os princípios ideológicos da monarquia. Os pesquisadores e ciganólogos deram várias justificativas sobre o aparecimento dessa etnia no Ocidente. Fonseca (2004) acredita que a presença cigana faz parte do processo de diáspora iniciado em território indiano, provavelmente a partir do ano X, mas sua chegada no território português provocou um desconforto para o Estado e o Clero, que passaram a persegui-los por discordarem de sua prática espiritual – Kiromancia[i] ou buena-dicha. Os ciganos chegaram em um momento que coincidiu com a efervescência das afirmações teóricas com base na racionalidade científica do século XVI, e consubstanciada, de acordo com Santos (2010), na:

 

[...] teoria heliocêntrica do movimento dos planetas de Copérnico, nas leis de Kepler sobre as órbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a queda dos corpos, na grande síntese da ordem cósmica de Newton e finalmente na consciência filosófica que lhe conferem Bacon e, sobretudo, Descartes (SANTOS, 2011, p. 22).

 

      Muitos cientistas, afirma Giannella (2015, p. 341), “[...] lutaram tenazmente contra a Igreja do tempo”, instituição religiosa que exercia na época um grande poder ideológico, pois a teoria heliocêntrica impactou a forma de pensar sobre o lugar da humanidade no Universo. Assim, a Igreja fez oposição às idéias contrárias ao geocentrismo, visto que punha em risco a defesa teocêntrica de mundo cristão. A perseguição religiosa não se restringia somente aos cientistas, mas a qualquer indivíduo que se posicionasse contra seus princípios. A comunidade cigana, por exemplo, foi considerada herege, passando a ser alvo de perseguição pelo clero e os tribunais inquisidores.

    No passado, a igreja tinha uma preocupação com o comportamento destes indivíduos considerados incrédulos, principalmente porque muitas mulheres exerciam a buena-dicha, atividade censurada rigorosamente pelo clero, que as acusava da prática de feitiçaria, considerando-as desprezíveis. Os ciganos desafiavam as normas e as ideologias da Igreja Católica, a qual tentava, a todo instante, intimidá-los, mas sem sucesso. Nos documentos históricos constam vários tipos de penalidades a eles impostas. As práticas de coação exercidas pelos tribunais inquisidores, ao determinar as sanções aplicáveis a todos aqueles que seguiam um sistema de idéias antagônico ao estabelecido pelo Estado e pela Igreja, buscavam impedir a disseminação de novas ideologias e comportamentos, visando sempre à manutenção das normas de condutas estabelecidas pela instituição influente da época.

 

Numa época em que a religião estava profundamente consolidada em Portugal e em toda a Península Ibérica, os delitos contra o catolicismo não podiam ser impunes. A igreja associou-se ao trono na luta contra as ameaças sociais, políticas e religiosas do tempo. Todos os reis e príncipes tinham, entre outras missões, de fazer justiça, sobretudo com relação aos pecados e as faltas contra Deus. (PIERONI, 2006, p. 72)

 

      As penalidades eram determinadas de acordo com a infração cometida pelos sujeitos transgressores. Os castigos eram os mais diversos, desde açoites, pena de morte a degredos, os quais deveriam ser cumpridos nas colônias portuguesas situadas na África e no Brasil. Em nosso país, quando ocorreu a visita dos representantes do Santo Ofício no Estado da Bahia, entre 1591-1592, foram encontradas(os) ciganas e ciganos degredados cumprindo as determinações sentenciais portuguesas (PIERONE, 2006). O trecho citado, adiante, confirma o posicionamento direcionado aos indivíduos que viviam no estado português, os quais eram perseguidos pelos tribunais inquisidores, entre eles, os ciganos.

 

Sabe-se que a inquisição desenvolveu terrível perseguição aos hereges, judeus, seguidores da religião maometana, moedeiros falsos, feiticeiros, bruxos e sodomitas. A prática de ler a sorte – buena dicha – fazia com que eles fossem considerados pelo tribunal como signatários de pacto infernal e, portanto, merecedores de castigos corporais. A legislação ibérica explica o posicionamento do poder civil e religioso em relação aos ciganos que eram considerados, ao lado dos judeus e, algumas vezes, dos fiéis de Maomé, elementos perniciosos [...]. Os ciganos em sucessivas datas foram expulsos de Portugal, ora para terras da África, ora para o nosso País.  (MOTTA, 1982 apud SENNA, 2005, p. 76)

 

       Embora presentes no Brasil há mais de quatro séculos, ainda são poucos os estudos de ordem acadêmica sobre a presença da etnia cigana no Brasil e sua relevância cultural e social para o país. Sabe-se que o grupo calon[ii] foi o primeiro a chegar, no século XVI[iii], após serem deportados de Portugal e assentados na região Nordeste, especificamente nos estados de Maranhão, Bahia e Pernambuco. Alguns destes ciganos também se estabeleceram na região Sudeste, inicialmente na cidade do Rio de Janeiro. Além dos calons, que falam o chib, existem ainda mais dois grupos no Brasil: os Rom e os Sinti. Os Rom[iv], ou Roma, falam a língua romani e estão divididos em vários subgrupos, com denominações que lhes foram atribuídas de acordo com a profissão e a localização histórica e geográfica de origem. Entre eles encontram-se os Kalderash (caldeiros que lidam com o cobre), os lovara (tratadores e comerciantes de cavalos), os tchurara (entalhadores) e os matchuaia (especializados em ourivesaria e artes em geral). São predominantes dos países balcânicos, mas a partir do século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas (MOONEN, 2000). Os membros do terceiro grupo são denominados Sinti, e conhecidos também pelo nome de Manouch. Eles falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha, Itália e França (TEIXEIRA, 2000).

A descrição negativa feita durante vários séculos sobre a etnia cigana em livros e dicionários só contribuiu para agravar a imagem do grupo perante a sociedade. Os termos pejorativos utilizados para nomear os ciganos são variados: ladrões, trambiqueiros, feiticeiros, vagabundos, preguiçosos, criminosos, canibais, sujos e tantos outros adjetivos levianos ainda existentes que não melhoram a imagem do grupo na sociedade. As fontes encontradas desvendam muito pouco da singularidade destes indivíduos, que, por serem ágrafos, até o momento, não foi possível encontrar nos registros da historiografia mundial mais antiga nenhum elemento sobre a real origem desse povo. Sempre foram registrados a partir do ponto de vista de quem os julgou, geralmente dando-lhe atributos negativos.

 

I - ‘Ciganos- Raça de gente vagabunda, que diz do Egito, e pretende conhecer o futuro pelas raias ou linhas da mão; deste embuste vive’.

II – Ciganos – Nome que o vulgo dá a uns homens vagabundos e embusteiros, que se fingem naturais do Egito e obrigados a peregrinar pelo mundo, sem assento nem domicílio permanente, como descendentes dos que não quiseram agasalhar o Divino Infante quando a Virgem Santíssima e S. José peregrinavam com ele pelo Egito. (BLUTEAU apud MORAES FILHO, 1981)

 

       Nesse sentido, reconhece-se a tentativa de apagamento e desvalorização da cultura cigana diante da sociedade. Ressalta-se que o termo epistemicídio foi inicialmente utilizado por Boaventura Sousa Santos (1994) ao analisar como ocorreu a colonização europeia e o avanço do imperialismo capitalista sempre de modo agressivo, negando e desvalorizando os processos de produção e reprodução da vida. Na verdade, a essência do epistemicídio é a negação e destruição dos conhecimentos, saberes e culturas populares na tentativa de assimilação da cultura branca/ocidental. O termo epistemicídio tem sido utilizado por muitos autores ao se referir, principalmente, ao apagamento das culturas minoritárias na sociedade, nas escolas e no mundo acadêmico, mas também temos observado

Observa-se que os saberes e o modo de produção de existência dos povos ciganos têm sido negados pela sociedade ou vistos sempre de modo negativo, estereotipado. A maior parte dos estudos sobre os ciganos tem sido de caráter etnológico, por vezes com alguma propensão para o fascínio folclorista proveniente de alguns traços que podem ser considerados “exóticos”, no conjunto das características deste tipo de agrupamento. Há, ainda, uma carência de estudos e abordagens sobre as condições de cidadania e de seus direitos constitucionais por parte das comunidades ciganas, ou seja, o seu grau de participação política e sua inclusão nos sistemas e medidas de política social, sobre igualdade de oportunidades, principalmente nas políticas de território e cidadania nos planos locais.

       No Brasil, eles estão presentes desde período colonial, resistindo à política, invisibilização e negação de direitos. Somente em 27 de dezembro de 2004, o governo federal sancionou um decreto criando a comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais, para discutir as necessidades e elaborar políticas públicas para os povos tradicionais. Pela primeira vez, as etnias ciganas foram incluídas. Sendo a celebração do Dia Nacional dos Ciganos, em 24 de maio de 2006 , a primeira política pública a ser realizada pelo Estado brasileiro para comunidades ciganas, além do Decreto n° 6.040/2007 que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, nesse caso , garantindo uma legislação especifica para os ciganos .Outra inclusão foi o Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288 de 2010),que amplia toda a diversidade étnica brasileira,englobando os grupos étnicos ciganos .

 

 3 A ciganidade, a lógica temporal e a sedentarização

 

        Descrever os hábitos culturais ciganos implica compreender sobre o que significa ciganidade. Segundo Fonseca (1996, p. 65), a respeito da “romipen”, que significa a ciganidade:  trata-se da “[...] chave da rara capacidade que têm todos os ciganos de suportar perseguições e mudanças drásticas de muitos tipos, permanecendo sempre ciganos”. Os ciganos, no Brasil, viveram a maior parte do tempo sendo nômades, no entanto, importa realizar uma breve análise sobre os motivos que levaram grupos a sedentarizar-se, suas dificuldades e sua lógica temporal, pois se diferem da existente na sociedade moderna. Os ciganos calons[v] precisam de tempo livre, eles fazem parte daqueles grupos étnicos que concentram suas energias em torno das relações familiares e nela concentram seus hábitos culturais. Para estes indivíduos, é quase impossível se adaptarem a horários rígidos. Não seguem a desenfreada corrida da vida moderna exigida pelo modo operatório do capitalismo, principalmente as pessoas pertencentes às gerações mais velhas, que viveram boa parte do seu tempo de forma itinerante.

 Não costumam realizar atividades geradoras de rendimentos, seguindo formalmente os padrões rigorosos de horários, geralmente vivem das trocas de animais, venda de tecidos, carros e empréstimos. Seus projetos podem ser modificados até a hora da execução (SILVA, 2010). Porém há situações em que são obrigados a se adaptarem aos costumes e à vida cronometrada da cidade, sobretudo porque a vida na cidade exige mudanças e adaptações, estando organizada em função dos hábitos da maioria dos indivíduos e não em função dos hábitos culturais dos grupos minoritários. Sendo assim, os ciganos vivem buscando equilibrar algumas características da vida nômade com a sedentária, tentam preservar alguns valores referendados nos costumes das gerações passadas, mas que devem ser vistos “sob rasuras”. Nas culturas tradicionais, o passado é honrado e os símbolos valorizados, pois contêm e perpetuam as experiências das gerações anteriores. O passado é também um meio de lidar com o tempo e o espaço, e que precisa ser reinventado a cada nova geração (GIDDENS, 1990).

 Na lógica econômica da comunidade cigana, trabalho e vida social não são dimensões distintas. Às vezes, chega a provocar uma extrema estranheza aos membros da cultura não cigana quando diariamente estes sujeitos, em regra do sexo masculino, são vistos, em finais de tarde, reunidos em praças. Passam horas ouvindo músicas que são tocadas nos aparelhos de sons de seus potentes carros. Nesses momentos, aproveitam também para resolver questões de negócios e ensinar seus “filhos” a arte de negociar ou simplesmente para conversar (momento de saciação). Cabe às comunidades ciganas, em escala hierárquica aos indivíduos que possuem idade mais avançada, a responsabilidade de assegurar, para os membros mais jovens, os costumes culturais considerados importantes para preservação e manutenção do grupo.

      Alguns ciganólogos (MONNEN, 2004; TEIXEIRA, 2000) afirmam que os ciganos, em sua maioria, deixaram de ser nômades forçados por mudanças econômicas ocorridas no país. Monnen (2004, p. 160) ressalta que: “Em primeiro lugar pode ser citada a industrialização do Nordeste a partir da década de 60 quando, inclusive, começou, em escala maior, a produção nacional de automóveis [...] Sempre mais o uso de animais de transporte ou de tração se tornou supérflua”.  Os ciganos calons, na sua maioria, deixaram de ter uma vida nômade, mas ainda é possível vê-los arranchados em beiras de estradas ou nas periferias das cidades. No Brasil, existem muitos ciganos vivendo em condições de excessiva pobreza. Nesse aspecto, é inegável que, em relação ao processo habitacional, nomeadamente a localização induzida por políticas públicas sociais, tem como efeito direcioná-los para as periferias urbanas. Esta ocupação do espaço físico e social diferenciado potencializa e vulnerabiliza a exclusão social.

Os ciganos geralmente, em escala mundial, são empurrados para as periferias das cidades, ou são alojados em habitações sociais formando verdadeiros guetos. Esta segregação espacial contribui para manter o cerceamento cada vez maior do grupo. Em alguns países europeus as autoridades governamentais aplicavam programas educacionais como instrumento de integração forçada, cujo objetivo maior era obrigar os ciganos a deixarem de ser nômades. Esta medida foi extremamente adotada nos países do leste europeu. O governo polonês, a partir de 1952, estabeleceu um extenso programa de assentamento forçado, cuja finalidade era enquadrá-los no arquétipo da sociedade dita majoritária, sem respeitar as diferenças étnicas existente no país. Objetivavam torná-los sedentários, para, então, aplicarem “suas bem-intencionadas medidas de bem-estar social. Na verdade impôs aos ciganos uma nova cultura de dependência,a eles que sempre haviam se oposto a isso  [...]” (FONSECA, 2004, p. 20). O problema, conforme a autora estaria de não ter sido realizado uma consulta aos próprios ciganos. Apesar da tentativa de forçar o assentamento, somente no final dos  1970 ,viajar em caravanas foi proibido na Polônia.

 

 4 As vivências urbanas e os jovens ciganos

 

       Urbanizados, os ciganos transmutam numa vivência que tenta combinar valores simbólicos pertencentes às suas tradições culturais, considerados os mais importantes para seu grupo, mas vivem simultaneamente o dilema das influências local e global. Neste sentido, a comunidade cigana deve ser entendida através da interação entre duas dimensões: a local e a transnacional global. Localmente porque ao coabitar com outras culturas também é influenciado pela cultura do outro. No sentido transnacional global, porque os descendentes lutam para que os valores dessa minoria sejam preservados baseados na ideia de uma comunidade imaginada, com seus símbolos e representações válidas para toda população em termos globais. E isto não implica perder as características e peculiaridade de cada grupo em suas dimensões locais.

      A chegada dos ciganos no ambiente urbano suscita reflexões quanto à ocupação territorial, influências e indicadores que podem inferir em profundas mudanças nos aspectos culturais tradicionais. “Sem dúvida, a expansão urbana é uma das causas que intensificaram coabitar a hibridação cultural” (CANCLINI, 1998, p. 285). Diante da afirmação mencionada, é pertinente salientar que a cultura cigana passa por um processo de transformação sociocultural próprio das mudanças contemporâneas; transmutam entre o tradicional e a inovação. A ocupação urbana alterou a organização social do grupo.

      De acordo com a pesquisa realizada na comunidade cigana Utinga-Ba (SILVA, 2010), os idosos, que prezam pelos costumes do grupo, viviam a angústia e a insegurança sentidas perfeitamente naquilo que Bauman (2005) descreve em Confiança e Medo na Cidade como a complexidade da vida urbana. O autor descreve sobre as dificuldades de convivência entre os indivíduos que habitam a cidade, fazendo emergir manifestações de mixofilia[vi] e de mixofobia[vii]. Os pais e avôs não aceitam que seus descendentes – os jovens – tenham uma conduta parecida, em termos de valor cultural, com a existente e vivenciada em novas redes de sociabilidade. Eles não aceitam interferência advinda do meio social externo. Esta ocorrência tem gerado uma situação de tensão, medo, angústia e insegurança. Os ciganos vêem nesse contato das novas gerações com os jovens não ciganos, aos quais eles se referem como gajão[viii], uma ameaça à preservação dos seus costumes, entre eles, os casamentos endogâmicos, um traço cultural preservado na comunidade pesquisada.

      Para os mais velhos é difícil a compreensão das descontinuidades, das mudanças espaços-temporais. O problema incide na crescente complexidade do mundo moderno que tem provocado alterações comportamentais para as novas gerações ciganas e, nesse sentido, afeta diretamente a “identidade” ou as “identidades” desses jovens indivíduos, tornando-a fragmentada. “A identidade torna-se uma ‘celebração móvel’, formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais são representadas e interpelados nos sistemas culturais que os rodeiam” (HALL, 1987 apud HALL, 2000).

      Outra questão importante a ser considerada consiste nas transformações do tempo e do espaço conceptualizado delineadas por Giddens (1990) como ‘desalojamento do sistema social’. São as mudanças temporais, às quais os indivíduos estão sujeitos. Tal fato incide em considerar o tempo histórico que estão vivenciando. Diferente dos séculos anteriores, as sociedades modernas parecem estar em constante mudança. É exatamente esse processo contínuo de transformação e instabilidade que tem suscitado estranheza aos membros pertencentes às gerações mais velhas. Silva (2010), na convivência etnográfica na comunidade de Utinga –Bahia,  ao entrevistar os idosos sobre o comportamento dos jovens em relação ao interesse de manter preservados alguns dos seus costumes, verificou que era visível a preocupação quanto às mudanças advindas das vivências decorrentes do processo de sedentarização, principalmente dos jovens, pois são os “homens” que têm liberdade para circular em outros ambientes. Vejamos alguns depoimentos, a seguir, conforme Silva (2010):

 

1º- Hoje em dia não é mais a mesma coisa não, mudou muito a televisão mostra   muita coisa, eu não sei o que está acontecendo aqui não. No meu tempo era diferente antes os filhos obedeciam mais. A mistura com os brasileiros mudou muito. Mais a tradição não acaba não, porque já é da descendência os que vão nascendo, vão crescendo e acompanha a gente e aprende as coisas com nós. (Cigano A, 77 anos)

2º- Está tudo mudado, antigamente quando um cigano casava era para vida toda, hoje não, não demora nada, tem casamento que não dura nem um mês, eu não sei o que está acontecendo com esses meninos de hoje não. (Cigano D, 70 anos)

3º - Hoje tem muita liberdade que os pais dão, tem dinheiro tem carro vive numa vaidade sem fim, não são criados com mais responsabilidade como era antes não. A vida na cidade oferece muitas facilidades e eles ver os brasileiros novos com muita liberdade [...]. (Cigano C, 64 anos)

 

       É inegável que ao habitarem os espaços urbanos contemporâneos os ciganos, sobretudo os nascidos nas últimas décadas, são influenciados pelas mudanças do atual momento histórico e pelo estilo de vida existente, fora do seu ambiente social. Os depoimentos citados levam a uma reflexão acerca dos novos comportamentos que têm ocorrido nesta comunidade. As mudanças de conduta que afligem o meio cigano são consequências de choques de valores entre os conservadores que idealizam para seus descendentes os mesmos comportamentos que existiam há décadas atrás, e não conseguem conciliar, ou entender as mudanças. Urbanizados, os ciganos transmutam numa vivência que tenta combinar valores simbólicos pertencentes às suas tradições culturais, considerados os mais importantes para seu grupo, mas vivem simultaneamente o dilema das influências local e global.

      Todas as alterações que vêm ocorrendo nos hábitos, dos quais os ciganos estão sendo protagonistas, são favorecidas devido ao processo de sedentarização em um contexto urbanista. Este tipo de alojamento provocou alterações consideráveis ao grupo, à medida que as moradias fixas abriram espaço para as influências externas ao seu meio. Tornou-se difícil conservar ilesos valores considerados primordiais para a existência do grupo. Em virtude do convívio com os não ciganos, os jovens púberes ciganos, especialmente os “rapazes”, têm apresentado uma postura de adaptação, em que os seus modelos culturais de referências vão se transformando e interpenetrando com os da sociedade envolvente.


 

      Estudar e compreender a cultura cigana põe-nos diante de algumas constatações sobre a ciganidade na contemporaneidade. Muitos grupos urbanizados passaram por algumas alterações significativas, em consequência do processo de realojamento e fixação. Em presença de novas sociabilidades, tornou-se impossível evitar as influências externas, sobretudo porque estão ocupando e frequentando novos espaços sociais. Este movimento implicou na composição de uma nova relação conjecturada com o meio e com as populações que partilham do mesmo espaço.

Aparentemente, os defensores dos costumes, neste  caso os lideres ciganos, vivem o dilema do medo provocado pelas influências societais pelas quais são sujeitados  os descendentes pertencentes a grupos minoritários; também temem pela destradicionalização dos valores que consideram primordiais à permanência da identidade étnica e/ou cultural face ao grupo dominante, o que, segundo Hall (2006, p. 35), “Através da transculturação grupos subordinados ou marginais selecionam e inventam a partir dos materiais a eles transmitidos pela cultura dominante [...]”. Desse modo, tentam, a todo instante, manter o controle social sobre seus descendentes, inculcando, desde cedo, os princípios essenciais de resistência fronteiriça em relação à alteridade.

As fronteiras acentuam o seu caráter dinâmico e processual, na medida em que, de forma contínua, é objeto de recomposição, em ordem a condicionar as interações nas situações de mudança social induzidas por processos macrossociais, tais como a colonização, a urbanização e as migrações. Bauman (2005, p. 72), ao parafrasear o antropólogo norueguês contemporâneo Barth, indica que : quando as fronteiras são traçadas e as diferenças bruscamente surgem, é, nesse momento, que se tem de levar em conta a sua existência. A “identidade cigana” não é homogênea, definitiva e estanque no seu agir temporal e espacial. Apesar das tentativas de preservação de costumes, ela se transforma ou se altera, em função de inumeráveis circunstâncias endógenas e exógenas, porém  de acordo com a pesquisa realizada  Silva (2010) , alguns traços culturais são preservados a exemplo dos casamentos endogâmicos .

 Pensando no atual contexto de pandemia e considerando a escolha de abordar a ciganidade, algumas importantes reflexões sobre este grupo étnico invisibilizado no Brasil, desde sua chegada em 1574, levaram-nos a pensar e também a aprender com eles, principalmente no se refere à questão do ser livre, aos momentos de saciação, pois o estar junto é uma prática diária. Siqueira (2014, p. 67-69) afirma que “a união do grupo proporciona a base da articulação necessária às defesas ciganas. O laço que os une está para além de uma medida de proteção, nasce na corrente afetiva entre os familiares, espinha dorsal dessa união”.

Além de terem de conviver  com a separação afetiva entre os seus com  a pandemia,   as comunidades  ciganas  estão atravessando um período difícil , impossibilitados de venderem seus produtos ,  pois grande parte vive das vendas e  trocas de produtos e utensílios, mas foi necessário paralisar as atividades em meio à pandemia. Diante deste cenário, muitos problemas foram intensificados, como a exclusão, preconceito,  racismo os quais  estão sendo denunciados por pesquisadores e ativistas , exigindo do governo  um plano emergencial  para garantir a sobrevivência  de milhares  de  ciganos espalhados por todo Brasil. Silva Junior(2020,p. ) ,cigano da etnia calon,  ativista, pesquisador , jornalista pertencente ao Ministério da Saúde, por meio de artigo,  denúncia  a atual situação vivida  pelos ciganos  , neste momento pandêmico, e afirma que “ [...] o coronavirus potencializou as problemáticas já sofridas historicamente por elas, como a exclusão ,a desigualdade e o racismo.Em uma palavra: o anticiganismo!” O autor ainda apresenta um trecho de uma nota pública assinada por  mais de 20 associações e 30 pesquisadores deste universo, denunciando e exigindo providências  governamentais .

 

As associações ciganas, grupos de pesquisa ,ativistas abaixo assinados , vêm até as autoridades e órgãos competentes dos governos Federal,Estadual e Municipal; o Ministério Público Federal (MPF); os veículos de comunicação social; e a população brasileira, denunciar o descaso e a forma racista com que algumas cidades brasileiras estão tratando as comunidades ciganas nômades/itinerantes durante a pandemia do COVID 19.Segundo a Associação Social de Apoio Integral aos ciganos(ASAIC)autoridades municipais de Cachoeira do Sul (RS),Imbituva (PR) e Dois Vizinhos(PR),expulsaram de seus territórios de pouso,na última de março,grupos de ciganos Calon que vivem de forma itinerante.Além disso,na cidade de Guarapuava(PR),no dia 02de abril de 2020, houve uma tentativa de expulsão de um grupo cigano,mas devido a intervenção do Ministério Público esta expulsão não pode ser efetivada.As autoridades justificam os seus atos de forma discriminatória ,afirmando que as pessoas ciganas seriam vetores de transmissão do coronavírus .Silva Júnior (2020,p .43)

 

          Diante das reflexões apontadas, espera-se que, independente do momento pandêmico, as comunidades  ciganas que historicamente  foram excluídas sejam respeitadas, visibilizadas com seus saberes ,sua filosofia de vida,ainda que seja vistas como diferentes, mas com  o direito de serem iguais quando a diferença os  inferiorizar .Como  afirma Boaventura,  todos têm o direito de  “ ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades” sejam  elas de cultura,  gênero, raça .

 

 

 

      

[i] Ciganos de origem ibérica degredados para o Brasil século XVI – Mota (2004), Moraes Filho (1981).

[i] É uma prática espiritual de leitura das mãos.

[ii] Os Calons ou Kalé, falam a língua calo são encontrados em Portugal e na Espanha, onde são chamados de Gitanos. Da península Ibérica migraram para a América e outros países da Europa. (TEIXEIRA, 2000).

[iii] Documentos históricos catalogados por Mello Filho (1981), China (2004), Teixeira (2000), indicam que a primeira deportação para as terras brasileiras, iniciada em território português, ocorreu no final do século   XVI.

[iv] Rom, substantivo singular masculino, significa homem e, em determinados contextos, marido; plural Roma; feminino Romni e Romnia. O adjetivo romani é empregado tanto para a língua quanto para a cultura.

[v] Ciganos Ibéricos, primeiro grupo a chegar no Brasil século XVI.

[vi] Forma de se referir aos não ciganos.

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