A educação é uma antiga área do saber destinado ao desenvolvimento humano, e na medida que o mundo evoluiu, ficou cada vez mais evidente sua importância enquanto forma de repassar conhecimentos. No Brasil a Lei de nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu art. 1º, define que: “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 1996).
Saúde é uma área de conhecimento abrangente, que tem como atuação promover qualidade de vida, prevenir e tratar doenças e acidentes e reabilitar o indivíduo. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS,1948), o conceito inicial consiste em um estado dinâmico de bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas a ausência de doenças. Com o passar do tempo a própria OMS atualiza este conceito e, de forma mais ampla, atualmente, define Saúde como “resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Segundo Toniol (2017), no documento A37/33, de 15 de maio de 1984, dos Arquivos OMS, esta organização reconhece a dimensão espiritual como importante para as pessoas em todos os aspectos de sua vida por estimular atitudes saudáveis. A OMS entende a espiritualidade como um fator que define o que seja saúde e convida os Estados Membros a incluírem essa dimensão em suas políticas nacionais de saúde.
O Art. 198 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), assegura o direito à saúde integral, que não se restringe apenas à possibilidade de atendimento hospitalar ou nas unidades básicas de saúde, focado no aspecto físico e mental garante ampla qualidade de vida, em associação a outros direitos básicos, como educação, saneamento básico, atividades culturais e segurança.
Considerando áreas de tamanha importância, da intercessão delas surge a Educação e Saúde, que pode ser entendida pela sua magnitude, fundamental para a realização de promoção e prevenção dos agravos à saúde de forma individual ou coletiva, contribuindo para que as pessoas adquiram autonomia e utilizando as formas e os meios para preservar e melhorar a sua qualidade de vida e transformar a sua realidade, assim como formando os atores: os trabalhadores da saúde, e da educação que vão adquirir saberes para atuar no processo de ensino-aprendizagem do processo saúde-doença, seja através de aconselhamentos interpessoais de forma mais direta e próxima do indivíduo, realizados em consultórios e escolas, e outros. E os aconselhamentos impessoais utilizando-se os recursos de tecnologia da informação através das mídias sociais, com o objetivo de atingir grande número de pessoas.
É sabido que a Educação e Saúde é uma área temática plural, permeada por múltiplos campos de conhecimentos e saberes. Tal multiplicidade de entendimentos sobre o tema, assim como a diversidade dos estudos justifica uma análise dos temas que são objeto de estudo e publicações.
O presente artigo tem por objetivo apresentar o perfil dos trabalhos acadêmicos-científicos publicados no Eixo Temático Educação e Saúde do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade – EDUCON/UFS[1]. Está organizado em três seções, esta primeira com a introdução da discussão sobre Educação e Saúde, a segunda consiste na justificativa do estudo e na delimitação dos procedimentos metodológicos deste estudo e por fim, apresentaremos o que revelam as produções acadêmicas do eixo Educação e Saúde.
[1] As informações sobre a trajetória do Colóquio internacional Educação e Contemporaneidade – EDUCON encontram-se no site: https://coloquioeducon.com/xv/
TRAJETÓRIAS DO EIXO EDUCAÇÃO E SAÚDE NO EDUCON
O Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade (Colóquio EDUCON) é um evento de cunho internacional de significativa representatividade no Nordeste, bem como, no Brasil. É promovido pelo Grupo de Estudo e Pesquisa Educação e Contemporaneidade (EDUCON/CNPq/UFS), sob coordenação de Profª. Drª. Veleida Anahi Capua da Silva Charlot e Prof. Dr. Bernard Charlot.
A socialização e disseminação de conhecimentos sobre temas importantes da Educação no Brasil e no mundo são pontos centrais do Colóquio EDUCON. Nele encontramos atividades acadêmicas plurais que colaboram para o avanço das pesquisas de diversas áreas da educação, saúde, direitos sociais, dentre outros, fomentando um profícuo debate nas áreas de formação de professores, ensino e formação acadêmica. No quadro de colaboradores encontram-se pesquisadores e professores com abordagens das mais diversificadas áreas do saber científico, trazendo valorosa contribuição para a comunidade acadêmica da UFS e de outras instâncias federativas.
O Colóquio EDUCON apresenta diversos eixos temáticos, possibilitando um ensaio acadêmico e intercultural potente, impulsionando que diversas áreas do conhecimento tenham a abertura para ampliar um importante debate sobre a educação na contemporaneidade. Vale destacar, que nestes 15 anos de Colóquio EDUCON, alguns eixos foram remodelados e outros incorporados, como é o caso do eixo Educação e Saúde. O eixo temático Educação e Saúde tem como premissa central o estudo “[...] dos aspectos históricos, conceituais e epistemológico da educação em saúde, Abordagem antropológica, sociológica, psicossociológica e comportamental da Educação em saúde, Aplicação prática dessas abordagens, e Atividades educativas em saúde” (Site do XV Colóquio Internacional Educon)[1]. Atualmente o Educon conta com um total de 15 eixos temáticos, conforme pode-se observar no quadro 01.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo é do tipo descritivo, longitudinal retrospectivo e consistiu no levantamento dos trabalhos publicados nos Anais do Colóquio EDUCON, no período de 2015 a 2020, eixo Educação e Saúde, temas abordados e metodologias utilizadas pelos autores. Visando ampliar a discussão sobre a Educação e Saúde no Colóquio EDUCON foi realizado um levantamento dos trabalhos publicados nas bases de dados dos Anais do Colóquio EDUCON, e no Repositório da Universidade Federal de Sergipe[2], no eixo Educação e Saúde, no período de 2015 a 2020 e observados a partir dos seguintes critérios de inclusão: os textos submetidos no eixo Educação e Saúde e publicação na modalidade de trabalhos completos. Vale ressaltar que nas edições de 2018 e 2019 foi inserido o eixo Educação e Saúde profissional, com publicação de cinco (05) trabalhos em 2018 e dois (02) em 2019 analisados neste estudo.
Para o desenvolvimento desta investigação, partiu-se da seguinte questão norteadora: qual o perfil das publicações submetidas no eixo Educação e Saúde e as lacunas dessas produções científicas? Partindo desse pressuposto, foram elencadas as seguintes problemáticas sobre o eixo Educação e Saúde: a) quais os temas recorrentes apresentados nesses últimos 05 anos? b) quais as principais metodologias desses estudos? c) qual o recorte geográfico/ e institucional dos estudos apresentados?
Após a coleta dos artigos publicados no eixo Educação e Saúde foi realizada uma triagem dos trabalhos para analisar o perfil dos trabalhos, a partir das seguintes categorias de análise: modalidade das publicações; qual o tipo de metodologia utilizada, a localização geográfica e institucional do autor principal e as palavras-chave elencadas nos trabalhos.
Quanto as modalidades das publicações, foram definidas previamente as seguintes categorias: revisão de literatura, trabalho de campo (pesquisa empírica) e relato de experiência. A revisão de literatura foi uma categoria aglutinadora de trabalhos que desenvolviam revisão sistemática de literaturas e ou revisão conceitual, com discussão apenas teórica de um determinado assunto. A categoria trabalho de campo constitui uma categoria onde foram elencados os trabalhos empíricos, com apresentação dos resultados da pesquisa de campo. Geralmente os resultados eram fundamentados em uma metodologia, discussão dos resultados e conclusão. A categoria relato de experiência constitui-se em trabalhos acadêmicos e profissionais que apresentavam reflexões pessoais sobre a atuação em serviço, de práticas ou vivências.
A fim de realizar a sistematização e análise dos trabalhos selecionados foram utilizados os seguintes critérios: a leitura do título, seguido do resumo e das palavras-chave. Quando os resumos eram insuficientes para a categorização, os trabalhos eram lidos na íntegra para identificar o perfil dos trabalhos do eixo em investigação.
Para a análise dos trabalhos selecionados utilizou-se a análise de conteúdo. Desta forma, todos os critérios de análise foram ancorados conforme orientação de Bardin (2011). Assim, o processo de organização e interpretação dos dados de acordo com a técnica da análise de conteúdo, se organiza em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos dados obtidos e interpretação (BARDIN, 2011).
O processo de pré-análise aconteceu no momento de seleção e levantamento dos trabalhos nos bancos de dados dos Anais Eletrônicos do EDUCON. Posteriormente, foi efetivada uma leitura flutuante e exaustiva dos títulos e resumos dos trabalhos, para analisar as características dos trabalhos mapeados frente aos objetivos da pesquisa (BARDIN, 2011).
Para ampliar a confiabilidade da análise, quatro pesquisadores do eixo Educação e Saúde fizeram uma análise sistemática de todos os trabalhos acadêmicos selecionados no Anais Eletrônicos do evento. Quando havia divergência na categorização dos trabalhos, os pesquisadores se reuniram para analisar os pontos divergentes, a fim de ajustar as análises que geraram dúvidas e incongruências frente às categorias analisadas e chegar a um consenso na classificação. No que tange ao delineamento do perfil temático dos trabalhos acadêmicos-científicos, as palavras-chave foram compiladas em uma nuvem de palavras. Para compilamento desses dados utilizou-se um recurso digital gratuito (MentiMeter®)[3].
O QUE APONTAM OS RESULTADOS
No período de 2015 a 2020 foram identificadas 87 publicações acadêmicas no formato de trabalho completo. Para delinear o perfil dos artigos selecionados no Eixo Educação e Saúde, inicialmente foram analisadas todas as palavras-chave dos trabalhos selecionados nesse estudo. A organização das palavras-chave aconteceu através de uma nuvem de palavras, onde as palavras mais referidas aparecem em destaque no núcleo central e com maior evidência. As palavras-chave que estão organizadas nos quadrantes periféricos da nuvem, sinalizam a pluralidade de temas apresentados no eixo Educação e Saúde. Para a categorização das palavras-chave foram apreciados 80 trabalhos, sete trabalhos acadêmicos não apresentaram as palavras-chave no seu escopo[4]. Nesse levantamento computou-se cerca de 240 palavras-chave que foram sendo distribuídas e adicionadas no aplicativo do (MentiMeter®) conforme podemos observar na Figura 01.
Figura 01 – Temáticas abordadas – perfil das palavras-chave
Fonte: Dados coletados na plataforma do Colóquio Internacional EDUCON/UFS.
A partir das palavras-chave foram identificados temas como Educação em saúde, Saúde, Educação, Ludicidade, Exercício físico, entre outros temas relevantes para a promoção do debate e disseminação de conhecimentos na área de Educação e Saúde. Neste trabalho não foram analisados os diferentes entendimentos sobre os conceitos de Educação e Saúde.
Dos trabalhos científicos selecionados, observou-se que ao longo do período de 2015 a 2020 o perfil de publicação no eixo Educação e Saúde apresentou uma tendência linear com média de 14 a 15 trabalhos por edição. Destaca-se uma significativa redução no número de publicações no ano de 2019, com apenas 06 trabalhos apresentados. No Gráfico 01 demonstramos o perfil quantitativo dos trabalhos apresentados no período em análise.
Gráfico 01 – Trabalhos apresentados no Colóquio Internacional EDUCON – 2015 a 2020
Fonte: Dados coletados na plataforma do Colóquio Internacional EDUCON/UFS.
A partir das análises dos trabalhos publicados nas edições do EDUCON, período de 2015 a 2020, eixo Educação e Saúde, do ponto de vista da metodologia utilizada pelos autores foram analisadas as características e abordagens para a classificação nas categorias trabalho de campo, revisão de literatura ou relato de experiência. Para isto, foram utilizadas como parâmetro as definições de revisão de literatura como levantamento de pesquisas anteriores para revisão sistemática de literatura e ou revisão conceitual, com discussão apenas teórica de um determinado assunto. A categoria trabalho de campo foi constituída de trabalhos empíricos, com apresentação dos resultados da pesquisa de campo com suas estruturas fundamentadas em uma metodologia, discussão dos resultados e conclusão, e a categoria relato de experiência constituída por trabalhos acadêmicos e profissionais que apresentavam reflexões pessoais sobre a atuação em serviço, de práticas ou vivências.
Do ponto de vista da metodologia utilizada nos trabalhos publicados, na edição de 2015 observou-se um total de dezoito trabalhos publicados, oito (8) utilizaram a metodologia de Revisão de Literatura e dez (10) foram Trabalho de Campo, não sendo apresentado trabalho de Relato de Experiência. Entre os temas abordados destacam-se a saúde dos docentes e sua qualificação, incluindo questões de adoecimento psíquico e estresse por sobrecarga de trabalho, além de temas relacionados à educação em saúde, prevenção de doenças entre estudantes e em comunidades ou faixas etárias específicas, a exemplo da prevenção de obesidade através de práticas de atividade física e abordagem sobre doença falciforme no contexto familiar.
Na edição de 2016 entre os trabalhos publicados foram observados oito (8) Trabalhos de Campo, três (03) Revisões de Literatura e quatro (04) Trabalhos de Campo com temáticas que variaram sobre cuidados na saúde, educação alimentar e ensino para a saúde como o papel da fonoaudiologia no desenvolvimento da leitura em crianças. Na edição seguinte, 2017, no total de quatorze (14) trabalhos publicados, oito (08) utilizaram a metodologia de trabalho de campo e seis (06) autores abordaram seus temas com a metodologia de revisão de literatura e trataram de temas relacionados à saúde das populações como dengue, saúde dos homens, saúde mental em jovens, entre outros.
No ano de 2018 no EDUCON foram publicados dezoito (18) trabalhos no eixo Educação e Saúde com temas variados e distribuídos nos eixos Educação e Saúde (13 artigos) e Educação Saúde Profissional (05 artigos), com temas como prevenção de doenças e promoção da saúde no primeiro eixo, o papel da dança e de atividades físicas na qualidade de vida, depressão entre adolescentes, estilos de pensamento e desempenho escolar. No eixo Educação Saúde Profissional os trabalhos publicados abordam a precarização e as condições do trabalho docente e seus reflexos na saúde desses profissionais. Em relação a metodologia escolhida pelos autores prevaleceu o trabalho de campo com doze (12) artigos, seguidos de cinco (05) revisões de literatura e um (01) relato de experiência.
Em 2019 foi observada uma redução no número de trabalhos apresentados, com apenas 04 (quatro) artigos no eixo e temas relativos as relações afetivas entre crianças, desenvolvimento psicomotor e programa saúde na escola, e 02 (dois) artigos no eixo Educação saúde Profissional sobre saúde do docente e educação permanente em saúde. Entre os seis (06) artigos no eixo, três (03) foram trabalhos de campo e três (03) revisões de literatura.
Em 2020 foram publicados dezesseis (16) trabalhos abordando temas sobre estratégias da adesão a tratamentos por população de idosos, importância da sala de espera como ambiente de educação em saúde, aconselhamento genético e inclusão de conteúdos curriculares nos cursos de graduação da área de saúde, entre outros temas relevantes nas áreas da educação e da saúde. Do ponto de vista da metodologia utilizada pelos autores, dos dezesseis artigos publicados, cinco (05) foram trabalho de campo, sete (07) revisões de literatura e quatro (04) relatos de experiências.
Dentre as modalidades dos trabalhos publicados no eixo Educação e Saúde, foram identificados quarenta e seis (46) artigos que abordaram seus temas utilizando a metodologia de trabalho de Campo, trinta e dois (32) foram revisões de literatura e apenas nove (09) artigos utilizaram a metodologia de relato de experiência (Gráfico 02).
Gráfico 02 – Categorias dos trabalhos apresentados no Colóquio Internacional EDUCON – 2015 a 2020
Fonte: Os autores.
Em relação às metodologias utilizadas pelos trabalhos levantados nesse período, observa-se que ao longo de 2015 a 2020 os trabalhos qualitativos são mais evidentes nos trabalhos selecionados, contabilizando um total de 80 trabalhos qualitativos, 05 trabalhos quantitativos e 02 na modalidade qualitativo-quantitativo. O Gráfico 03 aborda o resultado dos tipos de pesquisa das publicações, por ano pesquisado.
Gráfico 03 – Modalidade dos trabalhos apresentados no Colóquio Internacional EDUCON – 2015 a 2020
Fonte: Os autores.
Foram 22 instituições participantes nesse eixo, sendo a Universidade Federal de Sergipe a instituição mais prevalente nas submissões com 35 trabalhos. No quadro 02 indicamos as instituições de origem dos trabalhos apresentados.
Quadro 02 – Instituições que submeteram trabalhos no eixo Educação e Saúde
Fonte: Os autores.
Quanto à distribuição institucional observa-se no que tange as instituições de origem dos trabalhos, que as instituições públicas têm maior prevalência (88,7%), em detrimento às instituições privadas (11,3%).
Dentre as regiões que mais se destacam na produção científica do eixo Educação e Saúde, a região Nordeste apresenta maior número de trabalhos submetidos no eixo Educação e Saúde. Destaca-se o estado de Sergipe, com a maior distribuição de trabalho com 63% dos trabalhos apresentados, seguido da Bahia (15%) e Alagoas (7%). Conforme podemos observar no Gráfico 04.
Gráfico 04 – Regiões dos trabalhos apresentados no Colóquio Internacional EDUCON – 2015 a 2020
Fonte: Os autores.
[1] https://coloquioeducon.com/xv/eixos-tematicos/
[2] Colóquio Internacional Educon 2015 - http://www.educonse.com.br/ixcoloquio/publicacao_eixos.asp,
Colóquio Internacional Educon 2016 - http://www.educonse.com.br/xcoloquio/publicacao_eixos.asp,
Colóquio Internacional Educon 2017 - http://www.educonse.com.br/xicoloquio/publicacao_eixos.asp,
Colóquio Internacional Educon 2018 - http://www.educonse.com.br/xiicoloquio/publicacao_eixos.asp,
Colóquio Internacional Educon 2019 - http://www.educonse.com.br/xiiicoloquio/publicacao_eixos.asp,
Colóquio Internacional Educon 2020 - https://ri.ufs.br/handle/riufs/13705.
[3] Endereço eletrônico: https://www.mentimeter.com/
[4] Foi identificado 03 trabalhos sem palavras-chave em 2020 e 2019, respectivamente, e em 2016 foi identificado 01trabalho sem palavras-chave.
PERSPECTIVAS E LACUNAS NAS PESQUISAS SOBRE EDUCAÇÃO E SAÚDE: À GUISA DA CONCLUSÃO
O presente artigo apresenta um panorama geral dos temas publicados no eixo Educação e Saúde dos Anais do Colóquio EDUCON, de 2015-2020, permitindo uma melhor compreensão sobre os interlocutores que estudam e se interessam em publicar nesta área do conhecimento, as particularidades dos trabalhos apresentados, bem como os métodos que foram empregados para o desenvolvimento dos estudos.
No período estudado o número de trabalhos nos Anais apresentou uma tendência linear com média de 14 a 15 trabalhos por edição. Em relação a metodologia dos trabalhos, uma parcela destes utiliza o delineamento qualitativo, e na sua maioria centram-se na modalidade Trabalho de Campo. Demonstrou-se que os autores fizeram busca ativa das respostas às suas perguntas utilizando-se de modelos práticos disponíveis às suas mãos. Chama a atenção quanto a origem dos trabalhos apresentados, em sua maioria são de instituições públicas da região nordeste, em especial no estado de Sergipe. Esse fato demonstrou a importância do EDUCON como ambiente de discussões de problemas objetivos da educação e da saúde.
Os resultados desta pesquisa demonstraram que as temáticas recorrentes são: Educação em Saúde, Saúde, Educação, Ludicidade, Saúde do Trabalhador e Qualidade de Vida. Como compreender isso? Uma possibilidade é que represente a completa aceitação da proposta do EDUCON, sendo relevante que a saúde do trabalhador chama atenção como elemento de estudo frequente, dando-se fora dos bancos convencionais das salas de aula, portanto, há esforço de busca de melhoria do ambiente de trabalho através da educação.
Observamos neste levantamento, um número significativo de palavras-chave que não estavam associadas aos Descritores das Ciências da Saúde (DeCS). Tais descritores são importantes para organizar, descrever e disseminar as informações inseridas nos trabalhos de cunho científico (BRANDAU; MONTEIRO; BRAILE, 2005). Segundo Brandau, Monteiro, Braile (2005) os descritores ou palavras-chave são termos de grande relevância para a indexação da pesquisa e estas devem estar vinculadas aos descritores apontados nos bancos supracitados. Essa ação permite maior visibilidade do material científico desenvolvido, ampliando a chance de ser mais citado, bem como, ampliar a ascendência do fator de impacto e reconhecimento da pesquisa e do resultado.
Na área Educação e Saúde preconiza-se a utilização dos sites dos Descritores em DeCS.
[...] os utilizam na busca de informações para pesquisar sobre doenças, técnicas cirúrgicas, ou mesmo escrever um trabalho. Caso eles não estejam de acordo com a nomenclatura das bases de dados, o artigo corre o risco de não ser encontrado e, portanto nem citado. Assim a informação fica perdida (BRANDAU; MONTEIRO; BRAILE, 2005, p.7).
Os principais bancos de dados que sistematizam os descritores são ferramentas importantes para viabilizar e amplificar o acesso à informação, visto que os termos contidos nesses repositórios tendem melhor refletir sobre o propósito do artigo. Dessa forma, parte-se do princípio de que quando as palavras-chave apresentam adequação com os descritores, propicia maior publicidade e visibilidade do estudo e da área de pesquisa.
Educação e Saúde é um campo do saber e das práticas permeado pela diversidade e em processo de construção, neste sentido os múltiplos trabalhos e temáticas inseridas nesse eixo sinalizam a necessidade de uma maior discussão sobre as especificidades deste, a fim de aprimorar o desempenho científico das produções acadêmicas. Este trabalho tem o papel de fomentar discussões e sistematizações do eixo Educação e Saúde para melhor delineamento e aprofundamento de questões sobre essa temática na contemporaneidade, bem como ampliar e fortalecer o eixo na construção e disseminação de conhecimento na área de Educação e Saúde.
Mesmo ocorrendo a ausência de uso dos descritores oficiais, não há inviabilidade dos trabalhos, ao contrário, demonstra que o EDUCON prioriza o esforço dos autores e a divulgação de suas ideias, ainda que as regras acadêmicas não sejam cumpridas à risca, mas valorizando o esforço e desejo de aprendizado que cada trabalho traz em seu bojo. Sugere-se para o futuro a realização de eventos preparatórios do grupo EDUCON propiciando ambientes de treino para o uso de estratégias acadêmicas para aqueles que assim desejarem se aperfeiçoar.
Agradecimentos à professora Drª Rosa Amélia Andrade Dantas coordenadora da Linha de Pesquisa Educação e Saúde do Grupo de Estudos e Pesquisa Educação e Contemporaneidade - EDUCON/UFS que também colaborou em todas as etapas desse trabalho.
BARDIN, Laurence. Análise do Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BRANDAU, Ricardo; MONTEIRO, Rosangela; BRAILE, Domingo M. Importância do uso correto dos descritores nos artigos científicos. Braz. J. Cardiovasc, 20 (1), Mar., 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbccv/a/YjJ9Hw34dfDTJNcTKMFnKVC/?lang=pt. Acesso em: 15 de Jul. 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html. Acesso em: 15 de Jul. 2021.
BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação. Brasília, 1996.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Constituição. Genebra: OMS, 1948.
TONIOL, Rodrigo. Atas do espírito: a Organização Mundial da Saúde e suas formas de instituir a espiritualidade. Anuário Antropológico, Brasília, v. 42, n. 2, p.267-299, 2017.