Metadados do trabalho

O Uso Do Instagram Nas Aulas Remotas No Ensino Superior: Experiências No Curso De Pedagogia

Jose Batista de Souza; Tainah dos Santos Carvalho; Jailda Evangelista do Nascimento Carvalho

RESUMO

É possível afirmar que diante do momento pandêmico ao qual estamos vivenciando, o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação e das redes sociais digitais foi expandido para  todos os setores da sociedade. Na área da educação, durante o ensino remoto, as redes sociais, a exemplo do Instagram, têm se mostrado úteis para a aproximação entre professor e aluno e na reelaboração das metodologias que destaquem o protagonismo discente. Nesse sentido, este artigo se propõe a analisar o potencial do uso do Instagram nas aulas remotas do curso de Pedagogia da Faculdade do Nordeste da Bahia – FANEB. Para isso, a metodologia adotada foi uma análise documental de cunho qualitativo de postagens realizadas em três perfis na referida rede social, vinculados ao curso de Pedagogia da FANEB durante o tempo em que vigorou o ensino remoto. Os resultados obtidos a partir desta pesquisa deixam evidente que o potencial pedagógico do Instagram se destaca  no estímulo à capacidade criativa por meio das produções audiovisuais, da produção de cards, da interação entre os discentes e da divulgação de conteúdos que outrora permaneceriam no espaço da sala de aula física, contribuindo assim para a difusão do conhecimento científico.

Palavras‑chave:  |  DOI:

Como citar este trabalho

SOUZA, Jose Batista de; CARVALHO, Tainah dos Santos; CARVALHO, Jailda Evangelista do Nascimento. O Uso do Instagram nas Aulas Remotas no Ensino Superior: experiências no curso de Pedagogia. Anais do Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 2021 . ISSN: 1982-3657. Disponível em: https://www.coloquioeducon.com/hub/anais/240-o-uso-do-instagram-nas-aulas-remotas-no-ensino-superior-experi%C3%AAncias-no-curso-de-pedagogia. Acesso em: 16 out. 2025.

O Uso do Instagram nas Aulas Remotas no Ensino Superior: experiências no curso de Pedagogia

 INTRODUÇÃO

 

 

No decorrer do ano de 2020, nossa sociedade buscou formas de se reinventar, a afim de minimizar os danos causados pela pandemia e o isolamento social. Dessa forma, no ano de 2021, apesar das tecnologias digitais já serem dispositivos de uso constante, ressalta-se que a cada dia, as técnicas e recursos são aprimorados e as redes sociais digitais se tornam palco para uma demanda que antes era presencial, a exemplo dos comércios, lojas, supermercados, farmácias, restaurantes e etc.

Atualmente, uma das redes sociais digitais mais acessadas é o Instagram, plataforma que inicialmente previa o compartilhamento de fotos e vídeos, e hoje já conta com diversas ferramentas como reels, stories, igtv e filtros para vídeos e fotos que melhoram a experiência do usuário. Seguindo essa linha de raciocínio, é evidente que, por ser a rede social um local que facilita o compartilhamento de informações, milhões de usuários estão conectados, buscando ou entregando informações, fornecendo infoprodutos, como cursos, mentorias e ebooks, divulgando e influenciando os usuários, o que fez surgir uma nova categoria de profissão denominada de influencer digital.

Nesse sentido, a realização desta pesquisa justifica-se porque, quando partimos para o contexto educacional, muitos alunos, tanto do ensino superior, quanto da educação básica, estão completamente inseridos nessa rede, consumindo diversos tipos de conteúdos que podem ter ou não a ver com a educação. A partir disso, com a permanência do ensino remoto no ano de 2021, diversos professores começaram a utilizar esses espaços, que outrora eram utilizadas para diversão e entretenimento, com um objetivo pedagógico, o que tem se mostrado promissor no sentido de ampliar as formas do protagonismo discente/docente.

A partir dessas informações, desenvolvemos o trabalho a partir da seguinte indagação: Qual a contribuição do Instagram para o desenvolvimento de atividades significativas durante as aulas remotas no ensino superior? Diante disso, o objetivo geral deste artigo é analisar o potencial pedagógico do uso do Instagram nas aulas remotas do curso de Pedagogia da Faculdade do Nordeste da Bahia – FANEB. Para possibilitar tal análise, propomos como tópicos de discussão: a importância das tecnologias de informação e comunicação e da cultura digital no contexto das aulas remotas; o potencial das redes sociais digitais atreladas à formação inicial docente; a análise de algumas atividades realizadas no curso de Pedagogia utilizando o Instagram e a sua efetividade como dispositivo de compartilhamento das itinerâncias educacionais.

Com relação ao percurso metodológico, a abordagem utilizada foi uma pesquisa de cunho qualitativo, através da qual buscamos fazer uma análise por meio de uma pesquisa documental de postagens na plataforma em questão, utilizando como objetos de pesquisa três perfis na rede social: @inovadoresdapedagogiaa; @futuras__pedagogas e @meninasdapedagogia,  que são contas atreladas ao curso de Pedagogia da FANEB[i], criadas por alunos que estão cursando, respectivamente, 4º, 6º e 8º semestres do curso, cuja produção de conteúdo não tem vínculo com as disciplinas, no entanto, torna-se um dispositivo para a realização de atividades solicitadas no decorrer do semestre.

Por conseguinte, o trabalho está estruturado da seguinte forma: a primeira seção, que sucede esta introdução, irá focar em uma discussão sobre a importância das TDIC nas aulas remotas e como a cultura digital permeia o ambiente das salas de aula virtuais; na seção seguinte, apresentamos algumas reflexões sobre o uso das redes sociais como estratégia formativa nos cursos de formação docente e por fim, fazemos uma descrição das experiências com o Instagram no curso de Pedagogia da FANEB, destacando o perfil pedagógico da  referida rede social e analisando algumas experiências.

 

[i] A autorização para realização da pesquisa foi concedida pelo diretor geral da Faculdade do Nordeste da Bahia - FANEB, bem como a divulgação dos seus resultados, atendendo aos  requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa.

AULAS REMOTAS VIA INTERNET: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE E O USO DAS TDIC

 

A partir do pensamento de Castells (1999), entende-se que a revolução tecnológica que tem como base as Tecnologias da Informação e Comunicação, está remodelando a base da sociedade em um ritmo acelerado e, com a pandemia e a necessidade de transpor a maioria das atividades cotidianas para o digital,  percebe-se de forma mais acentuada esse novo paradigma tecnológico e o quanto estamos conectados em rede, compondo o que Santos (2019) destaca como mobilidade ubíqua, uma vez que, nesse contexto, os espaços físicos e virtuais estão imbricados.

Em face da continuidade do cenário pandêmico, as aulas remotas continuaram sendo a alternativa mais viável para manter o isolamento social. Esse modelo educacional, erroneamente confundido com Educação a Distância, consiste em uma alternativa emergencial para dar andamento às aulas que outrora eram presencias, adotando metodologias que utilizam as Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação – TDIC como meios para interação entre professores e alunos, a fim de minimizar os danos causados na educação (SILVA; ALTINO FILHO, 2020).

Nesse sentido, a educação como um todo sofreu esse impacto de uma transição forçada da sala de aula presencial para a sala de aula virtual, o que ocasionou um grande estranhamento, mesmo que hoje o acesso aos dispositivos tecnológicos e à internet seja uma característica social dessa geração. Essa transição desvelou o que muitos pesquisadores vinham alertando, que mesmo com o avanço tecnológico, o modelo educacional adotado no Brasil ainda continua defasado, não apenas em anos, mas em séculos.

 No ensino superior não foi diferente, principalmente nos cursos de formação de professores, pois a experiência de aprender a ser professor e os processos formativos que permeiam os currículos dos cursos de licenciatura, foram completamente afetados, o que obrigou a reformulação das estratégias pedagógicas. Perrenoud (2001) afirmou que, naquele contexto social do início do século XXI, nem o vídeo, nem a multimídia fizeram com que a profissão do professor mudasse, não havendo a renovação das competências técnicas necessárias, no entanto, ele deixa claro que se surgissem novas competências, não seriam para corresponder às novas possibilidades técnicas, mas devido às transformações das condições do exercício da profissão, o que vem acontecendo nos dias atuais, visto que agora, os processos educacionais estão ocorrendo em cenários virtuais.

Conforme argumentam Silva e Altino Filho (2020), os professores, antes mesmo de ensinarem, vivem anos em sala de aula, vivenciam a representação de como é ensinar e aprender, desenvolvendo uma visão que é construída a partir da formação inicial, o que pode contribuir tanto para trazer benefícios, fruto das boas experiências, como também problemas, a exemplo da manutenção das práticas de ensino que não são mais tão eficazes em uma ambiência de continuas transformações, principalmente em tempos atuais, em que estamos inseridos na cultura digital, sendo sujeitos atuantes ou não.

Nesse viés, Lucena, Santos e Mota (2020) afirmam que o desenvolvimento de um pensamento curricular envolvendo momentos de colaboração, interação e compartilhamento, juntamente com o encontro de múltiplas linguagens, contribui para a promoção da constituição de atos de currículo que privilegiem o diálogo com o contexto vivenciado, o que acaba por tornar as experiências mais significativas. Em contrapartida, as autoras explicam ainda que

 

É importante destacar que não se trata de colocar os dispositivos móveis enquanto a salvação para a educação, mas fazer uso de suas possibilidades interativas e colaborativas, as quais permitem aprendizagens múltiplas, a partir dos encaminhamentos direcionados pelos docentes, uma vez que estes têm papel fundamental para que haja uma imersão potencializadora de novos conhecimentos (LUCENA; SANTOS; MOTA, 2020, p. 323).

 

A partir dessa importante reflexão, percebe-se a urgência em  refletir sobre a formação docente atrelada ao uso das TDIC, especialmente no caso dos pedagogos (as), uma vez que, conforme afirmam Silva e Bona (2021), esses são os principais atores na condução das aprendizagens nos anos iniciais do ensino fundamental e, dessa forma, é essencial entender quais as metodologias estão sendo utilizadas nos cursos de formação de professores, e como o uso das tecnologias digitais atravessam os processos formativos, que requerem além de um saber teórico, também um desenvolvimento prático. Nesse viés, Anecleto (2018, p. 297) já destacava que as tecnologias digitais

 

[...] representam, então, um meio para a reestruturação das práticas pedagógicas nos espaços educativos, possibilitando o alinhamento do conhecimento que as novas gerações trazem consigo dos ambientes virtuais com a habilidade de mediação do professor para auxiliá-los e incentivá-los a produzirem, coletivamente, novos saberes nos espaços de sala de aula ou extraescolar.

 

 

No contexto das tecnologias digitais, é evidente que a Cultura Digital é parte da nossa vida social, algo que se tornou inerente à dinâmica das relações sociais, e as redes sociais digitais um meio rápido e eficaz para o compartilhamento das nossas vivências. Diante dessa realidade, os professores formadores têm enfrentado importantes desafios, tais como: a promoção da convergência de saberes, organização de momentos em sala de aula que potencializem as experiências individuais e/ou coletivas e estimulem a aprendizagem interativa e colaborativa, além da autoria em rede, compreendendo a própria dinâmica das redes sociais e associando-as ao contexto educacional (LUCENA; SANTOS, MOTA, 2020).

 

A CULTURA DIGITAL E O FENÔMENO DAS REDES SOCIAIS DIGITAIS

 

Desde a popularização da internet no Brasil e no mundo, passamos a figurar nos espaços virtuais. Atualmente, o que denominamos de ciberespaço tem uma enorme influência nos nossos hábitos do cotidiano, uma vez que os espaços físicos e virtuais se relacionam de forma simultânea, coexistindo na nossa vida social. Santos (2019, p. 30) define o ciberespaço como sendo “a internet habitada por seres humanos, que produzem, se autorizam e constituem comunidades e redes sociais por e com as mediações das tecnologias digitais em rede”.

 Castells (1999) argumenta que a informação representa o principal ingrediente da nossa organização social, pois os fluxos de mensagens, imagens e redes são o encadeamento básico da nossa sociedade. Seguindo essa linha de raciocínio, Santos (2019) define cibercultura como a cultura contemporânea, que emerge a partir de novos arranjos espaçotemporais, revolucionando a comunicação, a produção e a circulação em rede de informações, o que nos proporciona possibilidades de novas práticas educativas.

A partir disso, Santaella (2003) nos chama a atenção quando destaca a convergência entre a cultura das mídias e a cultura digital. Para ela, a cultura das mídias se caracteriza como uma mistura entre linguagens e meios de comunicação, mediante a difusão de diferentes equipamentos e dispositivos, tornando-se a cultura do disponível, enquanto a cultura digital se configura como a cultura do acesso (SANTAELLA, 2003). 

Quando se discute sobre cultura digital, é essencial destacar a natureza humana, que está essencialmente ligada à produção cultural, conforme nos esclarece Santaella (2003, p.30):

 

A cibercultura, tanto quanto quaisquer outros tipos de cultura, são criaturas humanas. Não há uma separação entre uma forma de cultura e o ser humano. Nós somos essas culturas. Elas moldam nossa sensibilidade e nossa mente, muito especialmente as tecnologias digitais, computacionais, que são tecnologias da inteligência [...].  

 

 

Conectados em rede, estamos engendrados em uma composição que se configura como comunicativa e sociotécnica, que se atualiza a partir das relações e conexões que não estabelecidas em qualquer ponto da rede (SANTOS, 2019), principalmente no que diz respeito às redes sociais digitais, que se apresentam como interfaces de compartilhamento de informações, mas que também se tornam uma extensão da vida do usuário, sendo o smartphone um dispositivo mediador.

Nesse sentido, o smartphone tornou-se uma tecnologia que facilita a comunicação, pois a medida que ele vai perdendo sua principal função, que é de efetuar e receber ligações, ele ganha outras funções que são hoje essenciais para a conexão do ser humano com a sociedade. Durante as aulas remotas, o aparelho celular se tornou para muitos estudantes o principal ou único dispositivo de acesso às aulas, e sua maior efetividade se dá por meio dos aplicativos, ou simplesmente apps, que vem do termo em inglês applications. Couto, Porto e Santos (2016, p. 20) afirmam que vivemos a cultura digital por meio dessas inovações tecnológicas, pois

 

Com a presença intensa das tecnologias móveis em nossas vidas, os aplicativos se tornaram populares e ajudam milhares de pessoas que estão conectadas a organizar o seu dia a dia. Já não podemos viver sem uma quantidade, cada vez maior, deles.

 

Nesse artigo, daremos destaque ao aplicativo Instagram, que mais do que um aplicativo comum, atualmente se constitui como uma rede social consolidada em todo o mundo, reunindo milhões de usuários. A referida rede social foi lançada em 2010 e, desde 2012, pertence à empresa Facebook, assim como a rede social de mesmo nome e o Whatsapp, a qual tem como CEO, o norte-americano Mark Zuckerberg. Esses aplicativos podem ser considerados como softwares sociais, pois sua principal função é a comunicação, por intermédio do compartilhamento de fotos, vídeos e mensagens instantâneas.

O sucesso da rede social está na possibilidade de compartilhar e encontrar todo tipo de conteúdo e informação, reunindo diversos assuntos em um único local. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela empresa Statista, em julho de 2021, o Brasil aparece como 3º colocado no ranking de países com mais usuários na plataforma, com 110 milhões de contas ativas, ficando atrás somente da Índia, com 180 milhões e dos Estados Unidos, com 170 milhões de usuários na rede[i].

No contexto educacional, tornou-se comum observar na plataforma do Instagram diversos criadores de conteúdo que atuam no sentido de compartilhar os conhecimentos adquiridos durante sua formação com um maior número de pessoas, e isso se acentuou durante a pandemia. A exemplo disso, existem os chamados Studygrams, ou “instagram de estudos” que é um nicho voltado para o compartilhamento de experiências formativas em diversas áreas do conhecimento de forma espontânea. Fernandes (2018), ao pesquisar sobre essa temática, ressaltou, a partir das narrativas dos criadores de conteúdo, que o compartilhamento do processo de estudos nas redes sociais mantém os usuários desse nicho motivados, bem como os seguidores que passam a interagir com eles.

A partir dessa percepção, é possível que a utilização do Instagram no processo de formação inicial possa se configurar como uma boa estratégia tanto para a extensão das atividades que acontecem no âmbito acadêmico para a comunidade, como para incentivar os discentes – futuros professores – na construção da sua autonomia, revelando aspectos do protagonismo que, mais tarde, podem ser utilizados também como estratégias didático-pedagógicas nas salas de aula em que esses professores irão atuar, pois é perceptível que os alunos da  graduação não aprendem somente os conteúdos, mas também absorvem as estratégias metodológicas utilizadas pelos professores formadores.

 

EXPERIÊNCIAS NO CURSO DE PEDAGOGIA: O POTENCIAL DO INSTAGRAM COMO INTERFACE PEDAGÓGICA

A partir da discussão apresentada, trazemos como sustentáculo alguns teóricos da área (CASTELLS, 1999; PERRENOUD, 2001; SANTAELLA, 2003), além de pesquisas mais recentes pautadas na formação docente e cibercultura (COUTO; PORTO; SANTOS, 2016; ANECLETO, 2018; FERNANDES, 2018; SANTOS, 2019; SILVA; ALTINO FILHO, 2020; LUCENA; SANTOS; MOTA, 2020; SILVA; BONA, 2021).

O contexto dessa pesquisa pauta-se na realidade vigente, em que os alunos estão inseridos no ensino remoto, em um modelo de Educação Online. Diante disso, as redes sociais digitais passaram a ser utilizadas com mais frequência, embora alguns dos perfis mencionados já tenham sido criados antes da pandemia.

Sendo assim, nesta seção pretende-se apresentar alguns dos trabalhos realizados pelos discentes durante algumas disciplinas do curso de Pedagogia que utilizaram o Instagram como meio para o compartilhamento das suas experiências. As contas que serão objeto desse estudo são: @inovadoresdapedagogiaa[ii]; @futuras__pedagogas[iii] e @meninasdapedagogia[iv], que são administradas por alunos do curso de Pedagogia da Faculdade do Nordeste da Bahia – FANEB, instituição de ensino superior privada, localizada na cidade de Coronel João Sá – BA, mas que atende alunos dos munícipios circunvizinhos, inclusive do estado de Sergipe. Na figura 1 pode-se observar a página inicial dos perfis e suas respectivas descrições.

 

Figura 1 — Página inicial e descrição dos perfis

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Inicialmente, destaca-se a organização inerente à docência, que se transporta para o espaço virtual. Pode-se observar que, nos três perfis, as informações na biografia são bastante claras, e também percebe-se que cada um apresenta uma identidade visual característica da turma, revelando a capacidade criativa e autônoma, já que os perfis foram criados de forma espontânea pelos discentes, a fim de compartilhar seus processos formativos no decorrer da graduação. Sobre isso, é importante ressaltar que

 

o contexto educativo está e precisa sofrer constantes mudanças, se apropriando dos artefatos tecnológicos como forma de fomentar a interatividade entre os pares com o mundo. E, agora, com a maior conectividade e mobilidade, os espaços educacionais ultrapassam os muros da sala de aula, partindo para múltiplos ambientes capazes de ensinar de uma maneira mais dinâmica e personalizada (ALVES; CHAGAS; SANTOS, 2020, p. 187).

 

A partir desse direcionamento, percebe-se a relevância do estímulo à construção da autonomia individual e coletiva nas salas de aula, pois questiona-se hoje, com mais intensidade, a centralidade do professor nos processos de formação, uma vez que, no ciberespaço, as informações e conteúdos circulam de forma descentralizada – em rede (ALVES; CHAGAS; SANTOS, 2020). Dessa forma, é essencial que os futuros professores estejam preparados para exercer sua profissão a partir da reconfiguração social, cultural, econômica e política que o contexto da Cibercultura nos impõe, e isso se torna possível mediante atividades formativas que trabalhem de forma hipermidiática e interativa.

Partindo dessa proposição, serão apresentadas e analisadas algumas postagens de cada perfil, seguindo o critério daquelas que estejam envolvidas diretamente com as disciplinas curriculares e foram postadas a partir de março de 2020, mês em que as aulas foram suspensas em decorrência da pandemia. Inicialmente, destacamos as postagens do perfil  @inovadoresdapedagogiaa, que é composto pela turma que está atualmente no  4º semestre do curso, ressalta-se que essa conta teve sua primeira postagem em março de 2020.  

Na figura 2, pode-se observar um dos trabalhos da turma, voltado para o combate ao abuso sexual infantil, temática de bastante relevância social, principalmente no que diz respeito à docência na Educação Infantil, e que deve ser abordada, não somente no meio acadêmico, mas exposta para a sociedade. Em uma série de imagens e produções audiovisuais, utilizando também a musicalização, os alunos divulgaram as produções que foram solicitadas como prática formativa da disciplina de Fundamentos Teórico-Metodológicos da Educação Infantil, ofertada no 2º semestre do curso, e aqui selecionamos duas das postagens sobre o tema.

 

Figura 2 — Trabalho sobre abuso sexual infantil

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Ao combinar diversos elementos como formas, imagens, escrita e sons, a mensagem foi postada dentro de um contexto hipermidiático, característico das redes sociais, que segundo Conceição, Porto e Ralin Neto (2020), são ambientes propulsores para a divulgação de conteúdo científico, uma vez que se apresentam como um universo de possibilidades, além de ser um ambiente de troca de informações e interações com um mundo que vai além do físico. 

Seguindo essa linha de pensamento, na figura 3 pode-se observar outra produção realizada pela mesma turma, que se caracterizou como um projeto de extensão chamado “Repórter pedagogo por um dia”, em que os alunos entrevistaram algumas pessoas, e nesse caso específico, foi uma professora de Atendimento Educacional Especializado (AEE). O projeto de extensão incluiu produções de imagens, e gravação de entrevistas e foi realizado no contexto da disciplina Filosofia da Educação, que compõe a matriz curricular do curso, sendo ofertada no 2º semestre. Ressalta-se que esse tipo de produção estimula a desenvoltura do futuro professor, além da divulgação na rede ser importante para o compartilhamento de informações, destacando-se também a interação nos comentários.

 

Figura 3 — Projeto de extensão “Repórter pedagogo por um dia”

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Por conseguinte, as próximas postagens a serem apresentadas foram postadas no perfil @futuras__pedagogas, administrado pela turma que atualmente cursa o 6º semestre do curso. A primeira publicação do perfil foi realizada em março de 2020, assim como no perfil anterior, o que abre a possibilidade de o isolamento social ter provocado uma motivação para a criação, compartilhamento de memórias, narrativas e produções, já que nesse ínterim, as aulas foram suspensas.

A figura 4 apresenta duas postagens do perfil que estão relacionadas, uma vez que uma delas trata da divulgação da produção de um documentário sobre “A cultura e o saber popular da cidade de Coronel João Sá”, cidade onde fica localizada a instituição; e a outra, do documentário propriamente dito, que foi realizado em parceria com a turma do perfil @meninasdapedagogia, no contexto da disciplina Organização do Trabalho Pedagógico, em que as duas turmas estudaram juntas, revelando a parceria e a capacidade de trabalhar em equipe que a atividade solicitou.

Evidencia-se aqui a produção de vídeos, algo que tem sido de bastante relevância para os processos formativos realizados de forma remota, pois conforme argumentam Proença e Liao (2020, p. 6):

Ao produzir vídeos, por exemplo, outros conhecimentos podem ser conquistados, que vão desde lidar com equipamentos, como câmeras, celulares, tripés, luz, microfones, até produzir coletivamente um roteiro por meio de um editor de textos on-line, manipular aplicativos de gravação e edição de vídeos, como também saberes básicos acerca da linguagem cinematográfica.

 

Corroborando com o pensamento dos autores, destacamos que a produção de um documentário não só foi importante para que esses alunos adquirissem habilidades técnicas e de relação interpessoal, como também teve como produto um conteúdo audiovisual que futuramente poderá ser utilizado como fonte de pesquisa histórica, uma vez que foram reunidas informações relevantes não só sobre a cidade de Coronel João Sá, como também de Jeremoabo, Pedro Alexandre  e  Sítio do Quinto (figura 5), localizadas no interior da Bahia, e Carira, que faz parte do estado de Sergipe, ressaltando que o conteúdo hoje está disposto tanto na rede social Instagram, como no canal do Youtube “Meninas da Pedagogia”.

 

Figura 4 — Documentário sobre a cidade de Coronel João Sá – BA

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Figura 5 — Documentário sobre Sítio do Quinto -BA e anúncio do Blog

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Outra produção das turmas também produzida em parceria, foi a criação de um blog, que foi solicitado pela professora da disciplina Literatura Infantil e Juvenil (figura 5). Nesse contexto, também foi trabalhado com vídeos e postagens com contação de histórias infantis e publicadas no blog, nesse caso, o Instagram foi usado como um veículo de divulgação, proporcionando hiperlink para o blog, outra interface que combina uma gama de multimídias que também foi explorada pelas turmas.

Partindo para o último perfil, o @meninasdapedagogia, administrado por alunas que atualmente cursam o 8º semestre do curso, evidenciamos que dos três, ele é o que tem um maior tempo de existência, uma vez que sua primeira postagem data de agosto de 2018, com o intuito inicial de compartilhar na rede a trajetória de formação da turma, quando nem imaginávamos que o mundo seria acometido por uma pandemia, o que demonstra o protagonismo no uso das redes sociais digitais no curso de Pedagogia da FANEB, já que a referida turma está presente em outras redes além do Instagram como: Youtube; Blog e Padlet. Atualmente, as “Meninas da Pedagogia” além de compartilharem os momentos importantes da sua formação, também usam esse espaço para postar trabalhos produzidos nas disciplinas.

Nesse contexto do ensino remoto,  damos destaque para uma série de vídeos intitulada “Gestão Escolar: café e prosa”, produzida com orientação da professora da disciplina Gestão Escolar, que compõe as disciplinas do 7º semestre do curso (figura 6). Nessa série, a turma dividida em grupos, compartilhou textos embasados nos autores trabalhados na disciplina e vídeos em que cada grupo explicava temas referentes à Gestão Pedagógica, Gestão Administrativa e Gestão Financeira, temática fundamental para o funcionamento das unidades escolares.

 

Figura 6 — Gestão Administrativa, parte da série “Gestão Escolar: Café e Prosa”

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Lacerda, Vital e Lapa (2020), ao pesquisarem sobre o potencial das audiovisualidades na formação crítica do sujeito, salientam que a produção de vídeos, vem se tornando um dos gêneros mais representativos nas práticas comunicativas na internet. Os autores enxergam na educação a possibilidade de formação para interagir dentro da cibercultura, pois essas práticas abrem caminhos para a possibilidade de empoderar sujeitos que são capazes de produzir um mundo mais humano. Diante disso, reiteramos que o trabalho com os vídeos realizados pelas turmas, é capaz de despertar a autonomia individual e coletiva e, sobretudo, proporcionar a democratização do conhecimento produzido na academia, de forma que, conectados em rede, diversas pessoas tenham acesso aos vídeos produzidos com orientação dos professores formadores, atestando a credibilidade do conteúdo compartilhado.

 

Figura 7 — Projeto de estágio “Sala Lúdica”

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

 

Nessa última postagem, elas trazem o projeto de intervenção “Sala Lúdica” (figura 7), exemplo do que foi desenvolvido durante a atuação de uma das duplas durante o Estágio Supervisionado em Administração Escolar. Além do card de divulgação, elas postaram um vídeo em que a professora da escola mostra e fala um pouco sobre o trabalho realizado pelas estagiárias na determinada escola, contando como era antes e como elas transformaram a sala em um espaço lúdico. Essa ação tem o intuito de registrar os processos formativos realizados pela turma, mas também tem o papel de apresentar para a comunidade as transformações que são ocorridas nas escolas do munícipio por meio da atuação dos alunos, sejam em práticas formativas ou estágios supervisionados.

Diante dos exemplos, acreditamos que o Instagram além de ter um potencial de compartilhamento e discussão coletiva, também contribui significativamente para a construção da autonomia discente e docente, uma vez que os alunos que estão hoje em formação inicial serão os professores do  amanhã e, ao desenvolver competências e habilidades para trabalhar e interagir na cibercultura, podem contribuir para a inclusão das TDIC na sala de aula de forma ativa e respeitando o protagonismo discente, não somente com caráter instrumental como é evidente em muitas escolas.

 

 

[i] Cf. https://www.statista.com/statistics/578364/countries-with-most-instagram-users/. Acesso em: 9 ago. 2021.

[ii] Cf. https://www.instagram.com/inovadoresdapedagogiaa/. Acesso em: 10 ago. 2021.

[iii] Cf. https://www.instagram.com/futuras__pedagogas/. Acesso em: 10 ago. 2021.

[iv] Cf. https://www.instagram.com/meninasdapedagogia/. Acesso em: 10 ago. 2021.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao discutir sobre a temática da efetividade do uso do Instagram como meio para a produção de atividades no ensino remoto do nível superior, esbarramos em questões atreladas ao uso das TDIC na formação docente e, evidenciamos o fato de estarmos conectados em rede, produzindo, consumindo e interagindo dentro da Cibercultura. Por isso, ao analisar a potencialidade pedagógica dessa rede social, nos atentamos para a presencialidade exercida no meio virtual pelos alunos do curso de Pedagogia e como os espaços – virtual e físico – estão imbricados à medida que o ciberespaço se constitui a partir da nossa produção e nossa vivência enquanto sujeitos que são e estão no mundo.

Dessa forma, ao fazer a análise de algumas das várias postagens que os três perfis disponibilizam na rede, entendemos que o potencial pedagógico do Instagram se fundamenta no estímulo à capacidade criativa, à discussão, à exposição e à divulgação de conteúdos que outrora ficariam limitados ao ambiente da sala de aula, sendo expostos somente aos colegas de turma e docente. A produção de vídeos, cards e outros conteúdos que alimentam a plataforma, exigem que os alunos planejem roteiros, utilizem ferramentas de edição de vídeos, aprendam a manusear as plataformas, estudem os conteúdos e, principalmente, sintam-se motivados para mostrar às outras pessoas o que tem sido feito no contexto acadêmico.

Portanto, inicialmente buscamos saber qual a contribuição do Instagram para o desenvolvimento de atividades significativas, o que por meio da análise documental, utilizando as capturas de tela das referidas redes, ficou elucidado, pois para que uma atividade se torne significativa, é necessário que os discentes sejam ativos no processo de aprendizagem e tenham autonomia na construção do seu próprio conhecimento, o que pode ser possível a partir da utilização da rede social. Ao decidir por focar a presente pesquisa na descrição das próprias atividades, abre-se margem para uma nova pesquisa relacionada à visão dos estudantes sobre a temática e como isso contribui para sua formação enquanto futuro docente.

 

[1] A autorização para realização da pesquisa foi concedida pelo diretor geral da Faculdade do Nordeste da Bahia - FANEB, bem como a divulgação dos seus resultados, atendendo aos  requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa.

[1] Cf. https://www.statista.com/statistics/578364/countries-with-most-instagram-users/. Acesso em: 9 ago. 2021.

[1] Cf. https://www.instagram.com/inovadoresdapedagogiaa/. Acesso em: 10 ago. 2021.

[1] Cf. https://www.instagram.com/futuras__pedagogas/. Acesso em: 10 ago. 2021.

[1] Cf. https://www.instagram.com/meninasdapedagogia/. Acesso em: 10 ago. 2021.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

ALVES, André Luiz; CHAGAS, Alexandre Meneses; SANTOS, Cynara Maria da Silva. Pedagogias do agora: ensinar e aprender em tempos de app-learning. In: PORTO, Cristiane; SANTOS, Edméa. Processos formativos e aprendizagens na Cibercultura: experiências com dispositivos móveis. Aracaju: EdUnit, 2020.  p. 184-207.

 

ANECLETO, Úrsula Cunha. Formação de professores e ação educativa na era da cultura digital: algumas reflexões. Educitec, Manaus, v. 04, n. 08, p. 295-306, 2018. Disponível em: https://sistemascmc.ifam.edu.br/educitec/index.php/educitec/article/view/477. Acesso em: 7 ago. 2021.

 

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 6º ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

 

CONCEIÇÃO, Verônica Alves dos Santos; PORTO, Cristiane de Magalhães; RALIN NETO, Raimundo. A ciência na palma da mão: o uso de dispositivos no processo de divulgação científica. In: PORTO, Cristiane; SANTOS, Edméa. Processos formativos e aprendizagens na Cibercultura: experiências com dispositivos móveis. Aracaju: EdUnit, 2020. p. 23-39.

 

COUTO, Edvaldo; PORTO, Cristiane; SANTOS, Edméa. Usos de aplicativos na educação. In: COUTO, Edvaldo; PORTO, Cristiane; SANTOS, Edméa. App-Learning: experiências de pesquisa e formação. Salvador: EDUFBA, 2016. p. 11-20. Disponível em: https://docplayer.com.br/171191255-App-learning-experiencias-de-pesquisa-e-formacao.html. Acesso em: 7 ago. 2021.

 

FERNANDES, Raquel M. M. Studygram: Interação e compartilhamento de processos de ensino-aprendizagem através do Instagram. In: Congresso Brasileiro de Informática na Educação, 7., 2018, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: SBIE, 2018. p. 1964-1967. Disponível em: http://br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/8200/5879. Acesso em: 9 ago. 2021.

 

LACERDA, Andreson; VITAL, Tainá; LAPA, Andrea. O potencial das audiovisualidades na formação crítica do sujeito. In: PORTO, Cristiane; SANTOS, Edméa. Processos formativos e aprendizagens na Cibercultura: experiências com dispositivos móveis. Aracaju: EdUnit, 2020. p. 64-79.

 

LUCENA, Simone; SANTOS, Sandra Virgínia Correia de Andrade; MOTA, Gersivalda Mendonça da. Formação continuada de professores com as tecnologias móveis digitais. Educ. foco, v. 25, n.2, p. 317-338, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/edufoco/article/view/30440. Acesso em: 4 ago. 2021.

 

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para uma nova profissão. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, n.17, p. 8-12, 2001. Disponível em http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2001/2001_23.rtf. Acesso em: 4 ago. 2021.

 

PROENÇA, Ana Raquel da Cruz; LIAO, Tarliz. Celular, Sala de Aula e Produção de Vídeos: MOOC para Formação Audiovisual de Professores. EaD em Foco, Rio de Janeiro, v.10, n. 1, e923, p. 1-14, 2020. Disponível em: https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/923/515. Acesso em: 11 ago. 2021.

 

SANTAELLA, Lúcia. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista Famecos, Porto Alegre, v. 10, n. 22, 2003. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/3229. Acesso em: 7 ago. 2021.

 

SANTOS, Edméa. Pesquisa-formação na cibercultura. Teresina: EDUFPI, 2019.

 

SILVA, Cinthia Luiz da; ALTINO FILHO, Humberto Vinício. Ensino remoto e formação de professores: um estudo com os licenciandos de Pedagogia. Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 18, n. 5, p. 909-922, 2020. Disponível em: http://www.pensaracademico.unifacig.edu.br/index.php/pensaracademico/article/view/2438. Acesso em: 3 ago. 2021.

 

SILVA, Virginia Renata Vilar da; BONA, Viviane de. Tecnologias digitais na formação do pedagogo: uma análise das matrizes curriculares vigentes em um curso de pedagogia. In: CASTRO, Paula Almeida de. Educação como (re)Existência: mudanças, conscientização e conhecimentos - Volume 03.  Campina Grande: Realize Editora, 2021. p. 1758-1774. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/74375. Acesso em: 6 ago. 2021. 

Encontrou algo a ajustar?

Ajude-nos a melhorar este registro. Você pode enviar uma correção de metadados, errata ou versão atualizada.