Introdução
A formação inicial do professor que leciona na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental é um tema que gera muitos questionamentos no campo educacional. Várias são as discussões em relação à forma que os conteúdos relacionados ao atendimento dos alunos com necessidades especiais são abordados nos cursos de graduação em Pedagogia.
O processo de formação dos licenciados em Pedagogia que irão ministrar aulas na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental abarca a função de preparar esses futuros docentes em relação ao ensino de alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD).
A importância do atendimento educacional especializado aos estudantes que apresentam necessidades especiais, inclusive os superdotados, foi reconhecida no Brasil desde 1971 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 5. 692. De acordo com esta lei federal, os estudantes com altas habilidades/superdotação são aqueles que demostram alto desempenho ou potencial em uma ou mais das seguintes áreas: habilidade intelectual geral, capacidade acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, habilidade de liderança, habilidades em artes, música ou psicomotoras.
O Ministério da Educação do Brasil cria, em 1973, o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela supervisão da Educação Especial no Brasil. O centro incentivou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com altas habilidades/superdotação, mas ainda configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.
Nesse período não se efetiva uma politica publica de acesso universal à educação. Em relação aos alunos com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um atendimento especializado que considere as suas singularidades de aprendizagem. (BRASIL, 2007).
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da Educação Básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). (BRASIL, 2007).
Em 2001, A resolução n.º 2 do Conselho Nacional de Educação (CNE) revisou a definição de altas habilidades/superdotação com ênfase na aprendizagem mais rápida e domínio de conceitos. Segundo Wechsley e Suarez (2016, p.41), essa resolução federal enfatizou que estes alunos necessitam de mais desafios educacionais do que os estudantes regulares e que deveriam ser atendidos em classes especiais ou em programas que possibilitassem o término mais cedo da escola.
Pensando em uma Educação Inclusiva, a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever, em sua organização curricular, formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. Inclusive doa alunos com altas habilidades/superdotação.
Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, são instituídos centros de referência na área das altas habilidades/superdotação para o atendimento educacional especializado, para a orientação às famílias e a formação continuada dos professores, estabelecendo a organização da política de Educação Inclusiva de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede pública de ensino.
Wechsley e Suarez (2016, p.42), afirmam que a proposta do NAAH/S, além de propiciar aos professores formação de novas estratégias de ensino para motivar estudantes com AH/SD, é de incluir os pais em grupos de atendimento para que possam torna-se mais vigilantes às necessidades especiais de seus filhos.
Em 2007, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos a formação de professores para a Educação Especial, a implantação de salas de recursos multifuncionais. Além disso, houve também a publicação de quatro volumes intitulados“A construção de Práticas Educacionais para alunos com Altas habilidades/Superdotação”. Wechsley e Suarez (2016, p.42) concordam com Freeman e Güenther (2000) quando os autores afirmam que estas e outras publicações demonstram a importância do acompanhamento psicológico e estímulo ao desenvolvimento do talento humano.
Para o bem estar e desempenho do estudante com AH/SD, a formação do professor exerce um importante papel. Wechsley e Suarez (2016, p.42) afirmam que para Delou (2012), enquanto não houver professores capacitados, pouco se progredirá no cumprimento dos direitos educacionais destes estudantes. Além disso, para Güenther (2006) a formação dos professores é o aspecto mais importante para o sucesso de programas para alunos AH/SD. Uma vez que o professor é quem define o ambiente, quem inspira ou devasta a autoconfiança do estudante.
O objetivo deste trabalho é apresentar um panorama dos programas de ensino de cinco disciplinas de quatro cursos diferentes de pedagogia que abarcam conteúdos sobre alunos que precisam de atendimento educacional especializado, visando detectar os tópicos relacionados às AH/SD. As disciplinas em questão são disciplinas Educação Inclusiva, Fundamentos da Educação Inclusiva, Educação Especial, Educação Especial – fundamentos, políticas e práticas escolares e Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial. Além disso, almeja – se contribuir para responder a seguinte pergunta: Como é a formação inicial dos licenciados em Pedagogia que irão ministrar aulas na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental no que diz respeito às AH/SD?
Para realização deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica feita a partir de documentos normativos, artigos e livros que versam sobre o tema estudado e da análise de cinco ementas das disciplinas Educação Inclusiva, Fundamentos da Educação Inclusiva, Educação Especial, Educação Especial – fundamentos, políticas e práticas escolares e Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial para quatro cursos de Pedagogia de universidades públicas paulistas. Cada disciplina é obrigatória e semestral no curso de graduação em Pedagogia que a mesma está inserida. A análise dos resultados foi feita a partir dos objetivos e dos conteúdo programático de cada programa de ensino da disciplina considerada.
Métodos
Para realização deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica feita a partir da análise de cinco ementas das disciplinas Educação Inclusiva, Fundamentos da Educação Inclusiva, Educação Especial, Educação Especial – fundamentos, políticas e práticas escolares e Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial para quatro cursos de Pedagogia de universidades públicas paulistas. Cada disciplina é obrigatória e semestral no curso de graduação em Pedagogia que a mesma está inserida. A análise dos resultados foi feita a partir dos objetivos e dos conteúdo programático de cada programa de ensino da disciplina considerada.
Quadro 1. Disciplinas dos cursos de Pedagogia
Curso |
Disciplina |
Carga horária |
Última atualização do programa de ensino |
A |
Educação Inclusiva |
68 |
2013 |
B |
Fundamentos da Educação Inclusiva |
75 |
2017 |
C |
Educação Especial |
60 |
2017 |
D |
Educação Especial – Fundamentos, Políticas e Práticas escolares |
60 |
2020 |
D |
Projeto Integrado de Estágio em Docência em Educação Especial |
90 |
2020 |
Fonte: autor.
Cabe dizer que as disciplinas Educação Especial – Fundamentos, Políticas e práticas escolares e Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial são realizadas em conjunto no curso D analisado. Nos demais cursos considerados, não há pré e co – requisito para as disciplinas Educação Inclusiva, Fundamentos da Educação Inclusiva e Educação especial. Essas disciplinas também não são realizadas em conjunto com nenhuma outra disciplina associada ao estágio em docência.
Resultados e discussão
A formação de docentes no que se refere à inclusão educacional de alunos com AH/SD é imprescindível. De acordo com Lopes et. al. (2014, p. 41) o docente precisa conhecer as características e necessidades das pessoas com AH/SD, para que consiga identificar alunos com comportamentos superdotados.
Lopes et. al. (2014, p. 41) concordam com Alencar e Fleith (2001), quando os autores afirmam que as propostas educacionais para serem efetivas devem considerar as áreas cognitiva, acadêmica, afetiva e social; a existência de uma parceria entre família e escola e oferta de uma variedade de modalidades de atendimento escolar.
Além disso, Cupertino e Arantes (2012, p. 78) afirmam que o professor de alunos com AH/SD não pode ser autoritário, nem considerar que possui todo o conhecimento e deve permitir a indagação em sala de aula.
As ementas das disciplinas analisadas não contemplam com profundidade os conteúdos desejáveis na formação inicial de docentes que poderão atuar com alunos com altas habilidades/superdotação na Educação Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O Quadro 2, a seguir, apresenta os objetivos e o conteúdo programático da disciplina Educação Inclusiva do curso A, cuja carga horária é de 68 horas semestrais.
Quadro 2. Objetivos e Conteúdo Programático da disciplina Educação Inclusiva
Objetivos |
Conteúdo Programático |
Analisar as questões conceituais (filosóficas –ética-políticas) relativas ao processo de inclusão educacional. |
Aspectos históricos e conceituais do processo de inclusão. |
Propor alternativas pedagógicas (programas e ações) para o atendimento educacional de alunos com a necessidades educacionais especial (NEE) em sala de aula. |
Caracterização de diversos tipos de deficiências, altas habilidades e condutas típicas. |
Debater os pressupostos teóricos e práticos que envolvem a construção de uma educação inclusiva. |
Políticas de atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais. |
- |
Concepções do currículo considerando a diversidade do alunado com NEE na escola. |
- |
Educação Inclusiva e a ação educativa: suportes necessários e estratégias de intervenção. |
Fonte: autor.
Observa-se que no conteúdo programático da disciplina Educação Inclusiva do curso A é citado a caracterização de diversos tipos de altas habilidades. Menciona-se também as políticas de atendimento aos alunos com NEE e concepções do currículo considerando a diversidade do aluno com NEE. Neste caso, há possibilidades de ser abarcado o aluno com AH/SD e o tema ser tratado com mais especificidade, mas quando olhamos a referência bibliográfica proposta não há nenhuma alusão que isso aconteça realmente, uma vez que as referências bibliográficas sugeridas não apresentam nenhuma literatura específica sobre a AH/SD, além dos documentos normativos que versam sobre a temática em questão.
A disciplina Fundamentos da Educação Inclusiva do curso B tem como objetivo geral compreender o conceito de Educação Inclusiva e suas implicações para o contexto escolar.
O Quadro 3, a seguir, apresenta os objetivos específicos e o conteúdo programático da disciplina Fundamentos da Educação Inclusiva, cuja carga horária é de 75 horas semestrais, sendo 60 horas teóricas e 15 horas práticas.
Quadro 3. Objetivos e Conteúdo Programático da disciplina Fundamentos da Educação Inclusiva
Objetivos |
Conteúdo Programático |
Conhecer a história da deficiência. |
Olhares sobre a Educação Inclusiva (a relação normalidade e excepcionalidade; a questão do estigma da rotulação, multiculturalismo/diversidade; inclusão/integração nas instituições escolares ). |
Diferenciar o conceito de integração e inclusão. |
Desmistificando as deficiências ( A história da deficiência no mundo e no Brasil; os tipos de deficiência e suas possíveis causas; as diversidades nas instituições escolares). |
Identificar os princípios e concepções que fundamentam a perspectiva da educação inclusiva/ educação para todos. |
Cotidiano escolar ( Aprendizagem do aluno com necessidades educacionais diferenciadas; formação do professor inclusivo, tecnologias digitais e inclusão escolar). |
Contribuir para uma visão mais ampla do tema e de possíveis estratégias no cotidiano da sala de aula. |
- |
Orientar em relação ao atendimento escolar de alunos com necessidades especiais. |
- |
Possibilitar a reflexão sobre a formação de professores no contexto da Educação Inclusiva. |
- |
Entender e levar as discussões das diversidades na escola, respeitando as diferenças das diversas naturezas. |
- |
Fonte: autor.
O Quadro 4, a seguir, apresenta os objetivos e o conteúdo programático da disciplina Educação Especial do curso C, cuja carga horária é de 60 horas semestrais.
Quadro 4. Objetivos e Conteúdo Programático da disciplina Educação Especial
Objetivos |
Conteúdo Programático |
Analisar o panorama histórico da Educação Especial da antiguidade à atualidade. |
A relação histórica entre a sociedade e a deficiência |
Relacionar tal panorama aos marcos históricos e políticas públicas brasileiras. |
Contextualização Legal e Políticas Públicas: Educação Especial X Educação Inclusiva. |
Discutir o conceito de Educação Inclusiva e sua implicação na escola. |
Inclusão escolar e atendimento educacional especializado - AEE. |
Analisar as políticas públicas referentes à Educação especial e Educação Inclusiva. |
Deficiência auditiva/surdez: abordagem oral e adaptações de acesso ao currículo. |
Conhecer, de forma elementar, as necessidades educacionais especiais quanto à etiologia, prevenção e modalidades de recursos educacionais disponíveis para alunos com Deficiência Auditiva/Surdez, Deficiência Visual/Cegueira, Deficiência Física, Deficiência Intelectual, Transtorno Global do Desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (público alvo da Educação Especial). |
Deficiência auditiva/surdez: abordagem bilíngue e adaptações de acesso ao currículo. |
- |
Deficiência visual/cegueira e adaptações de acesso ao currículo |
- |
Deficiência física e adaptações de acesso ao currículo |
- |
Deficiência intelectual e adaptações de acesso ao currículo |
- |
Altas habilidades/superdotação e adaptações de acesso ao currículo |
- |
TGD – transtorno global do desenvolvimento e adaptações de acesso ao currículo. |
Fonte: autor.
Entre as disciplinas analisadas, Conteúdo e Metodologia do Ensino de Matemática do curso A é a única que especifica o conteúdo de projetos de intervenção pedagógica na área do ensino de Matemática na ementa da disciplina. Segundo Padilha e Maciel (2008, P. 21), o projeto de intervenção deve ser elaborado como uma atividade compartilhada com um coletivo. Abarcar esse conteúdo na formação do professor é importante para despertar o desejo pela pesquisa cientifica no graduando, uma vez que o projeto deve ser visto como uma.
Observa-se que no conteúdo programático da disciplina Educação Inclusiva do curso C é referido a necessidade de se conhecer, de forma elementar, as necessidades educacionais especiais quanto à etiologia, prevenção e modalidades de recursos educacionais disponíveis para alunos do público alvo da Educação Especial, em particular para estudantes com altas habilidades/superdotação. Além disso, versa-se também sobre altas habilidades/superdotação e adaptações de acesso ao currículo.
Vale dizer que entre as disciplinas analisadas, Educação Inclusiva do curso C é uma das disciplinas que mais especifica o conteúdo sobre altas habilidades/superdotação, mas é citado no programa de ensino que isso acontece de forma incipiente. Além disso, na referência bibliográfica proposta não há nenhuma indicação de material didático mais detalhado sobre o tema, além dos documentos normativos que versam sobre a temática em questão.
O Quadro 5, a seguir, apresenta os objetivos e o conteúdo programático da disciplina Educação Especial – Fundamentos, Políticas e Práticas escolares do curso D, cuja carga horária é de 60 horas semestrais, sendo 20 horas consideradas como práticas para componentes curriculares.
Quadro 5. Objetivos e Conteúdo Programático da disciplina Educação Especial– Fundamentos, Políticas e Práticas escolares
Objetivos |
Conteúdos Programáticos |
Propiciar ao aluno conhecimentos sobre os princípios e conceitos que delinearam, historicamente, o campo da educação especial. |
Princípios, conceitos e concepções que compõem o campo da educação especial. |
Apresentar as diretrizes legais da política educacional brasileira direcionada ao atendimento de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, assim como sua análise na perspectiva do direito à educação. |
Políticas educacionais, legislação, recomendações e declarações internacionais que disciplinam e orientam a educação especial brasileira. |
Conhecer programas, ações e alternativas pedagógicas desenvolvidas no processo de escolarização de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. |
Programas e ações de sistemas de ensino brasileiro para o atendimento educacional especializado |
Propiciar ao aluno contextos e subsídios para o aprimoramento de seu pensamento científico e de sua produção escrita, a partir da práxis pedagógica, favorecida pela situação de estágio. |
Práticas pedagógicas e atuação do professor especializado em diferentes serviços e formas de prover atendimento educacional especializado para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. |
- |
Educação especial, educação inclusiva e implicações na formação de professores. |
Fonte: autor.
Observa-se que no conteúdo programático da disciplina Educação Inclusiva– Fundamentos, Políticas e Práticas escolares do curso D é citado o tema referente às práticas escolares e ao atendimento ao aluno com altas habilidades/superdotação. Essa disciplina exibe o conteúdo sobre AH/SD mas na referência bibliográfica recomendada não há nenhum indicativo de material didático que aborde com mais especificidade o tema em questão, além dos documentos normativos.
O Quadro 6, a seguir, apresenta os objetivos e o conteúdo programático da disciplina Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial do curso D, cuja carga horária é de 90 horas semestrais, sendo 60 horas destinadas ao estágio.
Quadro 6. Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial
Objetivos |
Conteúdos Programáticos |
Abordar a parte aplicada da disciplina obrigatória Educação Especial-fundamentos, políticas e práticas escolares que tem como premissa em seu programa o direito de todos à educação escolar, com a garantia de acesso e permanência a um ensino de qualidade que respeite as diferenças. |
Elementos para a identificação dos diferentes espaços educacionais e serviços educativos que atendam ao público-alvo da educação especial. |
Propiciar ao aluno experiências em diferentes espaços formais de educação que atendam ao público-alvo da educação especial, em uma perspectiva inclusiva, preferencialmente em instituições públicas de ensino regular, de maneira a criar articulações entre a legislação, a política, os fundamentos, os aspectos metodológicos e as práticas pedagógicas. |
Referências para o mapeamento dos diferentes espaços educacionais e serviços educativos que atendam ao público-alvo da educação especial, a fim de conhecer seu entorno, a comunidade escolar, os documentos orientadores. |
- |
Construção de indicadores referentes à efetivação do direito à educação por parte do público-alvo da Educação especial em diferentes espaços educacionais. |
- |
Estabelecer projeto de estágio. |
- |
Orientação e acompanhamento do desenvolvimento dos projetos. |
- |
Elaboração de relatório e devolutiva sobre o estágio para a unidade em que foi realizado. |
Fonte: autor.
Dentre os cursos analisados, o curso D é o único curso que apresenta uma disciplina de estágio em conjunto com uma disciplina teórica que abarcar os alunos que são público-alvo da educação especial. É importe dizer que as referências bibliográficas sugeridas não apresentam nenhuma literatura específica sobre a AH/SD, além dos documentos normativos que versam sobre a temática em questão.
Conclusão
Observa-se que o tema de altas habilidades/superdotação é uma área de estudo recente no Brasil. As pesquisas em geral versam sobre a identificação dos estudantes com AH/SD e o atendimento educacional especializado de alunos com AH/SD. Sendo assim, há pouco material que tratam da formação docente inicial e continuada dos professores que irão lecionar na Educação Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
De uma forma geral, as disciplinas direcionadas ao ensino de alunos com AH/SD nos cursos de graduação em Pedagogia analisados não abordam com profundidade os conteúdos desejáveis na formação inicial de docentes que poderão atuar com alunos com AH/SD na Educação Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, as referências bibliográficas sugeridas não apresentam nenhuma literatura específica sobre a AH/SD, além dos documentos normativos que versam sobre a temática em questão.
Cabe ressaltar que os curso analisados, normalmente, não apresentam uma disciplina prática para abarcar os alunos que são público-alvo da educação especial, em particular, os estudantes com AH/SD. A exceção fica com o curso D que possui uma disciplina Projeto integrado de estágio em docência em Educação Especial mas o programa de ensino da disciplina não deixa muito claro que é dada uma atenção específica aos alunos com AH/SD.
Diante da formação do professor da Educação infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, nota-se que são muitos os desafios para identificar um aluno com indicação de altas habilidades/superdotação e para implementar o atendimento educacional especializado para estes estudantes, público alvo da educação especial. Tendo como premissa o direito de todos à educação escolar, com garantia de acesso e permanência a um ensino de qualidade que respeite as diferenças.
Referências
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- BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB n. 5692. Brasília, DF, 1971.
- BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB n. 9394. Brasília, DF, 1996.
- BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 2 do conselho nacional de educação/ câmara de Educação Básica. Brasília, DF, 2001.
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- FREEMAN, J.; GÜENTHER, Z. C. Educando os mais capazes: ideias e ações comprovadas. São Paulo: E. P. U., 2000.
- GÜENTHER, Z. C. Dotação e talento: reconhecimento e identificação. Revista Educação Especial. n. 28, 2006.
- LOPES, J. F.; LENHARO, N. R.; CAPELLINI, V. L. M. F. Formação docente sobre altas habilidades/ superdotação e a construção da escola inclusiva. Interciência e sociedade. v. 3, n. 2, p. 40 – 48 , 2014.
- VIGORLIM, A. M. R. Altas habilidades/superdotação: encorajando potenciais. Brasília: Ministério da Educação. 2007.
- WECHSLER, S. M.; SUAREZ, J. T. Percepção de professores em cursos de formação sobre talentos/superdotação. Revista de Psicologia. v. 34, p. 39 – 60 , 2016.