A tecnologia aplicada na Educação, em especial, as tecnologias cognitivas inseridas no contexto das Tecnologia da Informação e Comunicação (tic) é um tema emergente que surgiu na sociedade educacional com mais força a partir dos paradigmas suplantados pelas próprias tic. Hoje, de forma mais específica e delimitada com relação às tecnologias do século XXI, isto é, as tic e todas as tecnologias que se evoluiram a partir delas, por exemplo, o computador, Internet se discute a inserção da Informática na Educação.
Na maioria das vezes, quando há referência conceitual sobre Informática na Educação, pensa-se somente do possível amparo que o computador e a Internet podem dar a Educação. Sejam estas entendidas teoricamente como tecnologias inteligentes e/ou como tecnologias do conhecimento. De fato, elas podem gerar para a Educação resultados bastante significativos, ajudando o processo de Ensino-Aprendizagem a se desenvolver cada vez mais e, com isso, amparar os processos educacionais de um dos vieses da Educação a partir dos alicerces da Escola, fazer com que professores e alunos produzam conhecimentos utilizando como ferramentas de apoio as tic.
Considerando, que as tic influenciam, de forma incisiva e direta, tudo e a todos, criando e recriando novas formas de pensar e agir, não cabe mais analisarmos se existem Escolas, professores e alunos que se manifestam contrários às tecnologias ou, simplesmente, à inserção dessas tecnologias na Educação sob o pilar da Informática na Educação. A esse respeito o que podemos dizer é que até as décadas de 70, 80 e 90 as Escolas, professores e alunos ainda não sofriam influências tão diretas das tecnologias, em especial, do computador e da Internet. Lembramos, que oficialmente a Internet se instalou no Brasil no início da década de 90 do século anterior.
Hoje, não se trata mais de estar a favor ou contra as tecnologias: do computador ou da Internet. Isto porque, a repercussão do advento deles tem superado todas as barreiras possíveis, inclusive da própria informática. Nesse sentido, estas ferramentas entendidas como tic assumem uma importância crescente nos diversos seguimentos da sociedade e, mais ainda, para a sociedade atual que está pautada sob o pilar da Sociedade da Informação e, também, do Conhecimento. Entretanto, no Brasil, ainda, não nos sentimos confortavéis para falarmos numa provável Sociedade do Conhecimento, uma vez que, assim, como as tic, o conhecimento também não está universalizado e democratizado para todos.
Não obstante, uma das formas como as tic têm modificado como as pessoas se comportam no mundo, é permitindo o surgimento de novas tecnologias de impactos nunca antes imaginados e, que de certa forma, entram no seio da sociedade como ferramentas inseparáveis. O computador e a Internet são exemplos que parecem ser comuns e simples, mas que juntos têm possibilitado a elaboração de novos processos na produção de conhecimentos.
Tais processos são os que nos interessam dentro da discussão das tic, delimitada nesse trabalho pela discussão da Informática na Educação aliada à Educação da Escola investigada.
Pois, a escola segundo Philippe Perrenoud (2000, p. 125):
não pode ignorar o que se passa no mundo. Ora, as novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC ou NTIC) transformam espetacularmente não só nossas maneiras de comunicação, mas também de trabalhar, de decidir, de pensar [de estudar e de adquirir novos conhecimentos, isto é, de produzir novos conhecimentos também].
É nesse sentido, que este trabalho expõem os resultados da pesquisa realizada no Laboratório de Informática da Escola. Acreditamos que exista uma emergência na Educação de que todos os seus agentes envolvidos com o ato de educar (Escola, professores e alunos) se aliem às novas concepções tecnólogicas. Sendo assim, os resultados expostos nesse trabalho são frutos das observações e dos acolhimentos de dados coletados, após termos investigado a aplicação das tic – computador e Internet – pela a Escola e, principalmente, pelos professores e alunos.
Os caminhos seguidos durante a pesquisa
Para alcançamos o teor acadêmico de acordo com as exigências da academia, optamos pelo caráter qualitativo de pesquisa, compreendido pelos estudos exploratórios que se configurou numa pesquisa de campo. Esta foi metodologicamente alicerçada através dos ensinos da metodologia científica conforme as exigências da academia. Afinal, “método é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido de antemão refletido e deliberado” (HEGENBERG, 2005, p. 115).
É através do(s) método(s) de pesquisa que os resultados serão confiáveis, válidos e, portanto, aceitáveis perante a academia. Embora, não possamos deixar “que prescrições metodológicas aprisionem o pesquisador como uma couraça. O método oferece a orientação de base necessária à garantia de consistência e validade, mas ele não pode virar uma camisa de força”. (GATTI, 1998, p. 17).
Em meio a essa problemática apontada principalmente por Gatti elaboramos o nosso alicerce metodológico de pesquisa de campo: durante os dias 4, 5, 6, 7 e 8 de setembro de 2019 a pesquisa foi realizada no Laboratório de Informática da Escola, o laboratório é conhecido como LTE – Laboratório Tecnológico Educacional. Colhemos dados bastantes consistentes do objeto investigado, isto é, da Informática na Educação. Sendo assim, o método da abordagem exploratória da pesquisa de campo foi importante para chegarmos aos resultados que serão apresentados.
A abordagem exploratória (pesquisa de campo), no caso, refere-se às idas e vindas ao LTE da Escola. Resolvemos aplicar esse método porque em Educação a maioria das pesquisas tem caráter exploratório ou descritivo. Escolhemos o exploratório porque precisávamos conhecer o campo empírico da pesquisa, estabelecer os contatos com os sujeitos da investigação (professor articulador, professores e alunos), fazer as observações necessárias e, por fim, aplicar os questionários. A partir daí, por algumas vezes, como já dissemos anteriormente fomos averiguar o LTE e o seu funciomaneto in locus com os sujeitos envolvidos (professor articulador, professores e alunos).
Especialmente, sobre os questionários, aplicamos dois modelos como principal instrumento de Coleta de Dados. No total foram aplicados 30 questionários. 11 aos alunos do 9º ano “A” – manhã –, e 13 aplicados aos alunos do Ensino Médio – noite –, do 1º ao 3º ano. Por fim, 8 aplicados aos professores. “os professores e alunos envolvidos na pesquisa foram compreendidos como respondentes e nomeados com letras do alfabeto português, já que o caráter da aplicação do questionário tinha como pré-requisito não identificá-los”
Nesse sentido, os questionários juntamente com a observação tiveram o papel de nos fornecer dados importantes da dinâmica do LTE e da relação pedagógica entre o LTE e o processo de Ensino-Aprendizagem adotado pela Escola, consequentemente, aplicado pelos professores e alunos. A utilização da abordagem exploratória não só nos forneceu subsídios necessários para o bom andamento de toda pesquisa, como também, a partir dela, foi possível conhecer a dinâmica do LTE e criar uma relação mútua de respeito e ajuda com a Professora Articuladora que nos atendeu.
Esta nos aproximou dos professores e dos alunos, bem como da direção da Escola. Através da intervenção dela foi possível aplicar os questionários e obter outras informações importantes. Terminada a etapa da pesquisa de campo, partimos para a análise dos dados coletados e observados. Os resultados dessas análises serão apresentados posteriormente. Para completar o quadro metodológico, ressaltamos o emprego da Pesquisa Bibliográfica com a seleção de alguns pesquisadores da área de Educação e da Informática na Educação.
INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO SOB O PILARES DOS “CONTRATEMPOS” DAS TIC
Para a sociedade atual as tic têm sido as ferramentas de maior importância. Certamente, pelo uso delas pode estar a grande alavanca para o processo de adequação da Educação aos novos cenários educacionais exigidos no Brasil, em Sergipe e no mundo. Elas têm alterado o modo de vida das sociedades por serem ferramentas facilitadoras e por serem também indutoras cognitivas das faculdades humanas. Há presença das tic em quase todas as ações do homem-conectado - entendemos que homem-conectado é aquele que faz ou deseja fazer uso das possibilidades tecnológicas existentes em algum momento da vida.
Infelizmente, as possibilidades tecnológicas a que estamos nos referindo ainda não estão totalmente institucionalizadas na Educação Pública brasileira e, em particular, nos cursos do ensino fundamental e médio. Trata-se especificamente do computador e da Internet, tecnologias aparentemente simples e de fácil aquisição para o Estado. Em Sergipe o desamparo tecnológico nas Escolas tem sido notado com maior visibilidade a partir de denúncias de professores e alunos. Diante desse quadro de desamparo algumas Escolas possuem computadores e Internet, porém nem sempre estão em pleno funcionamento.
Aí está a raiz do problema. Daí do interesse de investigar a concepção de Informática na Educação. Finalmente, o que há em questão: Informática na Educação ou Educação com informática quando possível? E, mais ainda, como fica a Educação do século XXI a partir da presença das tic? Não cabe aqui falarmos da reestruturação provável da Educação para as sociedades futuras a partir da presença cada vez mais feroz das tic com o uso de avanços tecnológicos nunca antes imaginados. Essa ferocidade anunciada ainda que não tão avançado como daqui alguns poucos anos com as tecnologias cada vez mais invisíveis, porém cada vez mais presente tem proporcionado formas tecnológicas de grandes impactos na sociedade e para a Educação também, o computador e a Internet são exemplos.
É inegável que as tic podem gerar melhoramentos significativos para a sociedade e, especificamente, para a Educação. Para a Educação, elas podem facilitar o processo de produção de conhecimentos, devido não só à presença delas incorporadas aos processos pedagógicos e educacionais, como, por exemplo, utilizar softwares educacionais, mas devido, principalmente, a presença do computador e da Internet enquanto ferramentas de apoio a produção de conhecimentos de que falamos anteriormente. A Escola, professores e alunos podem se apropriar delas para possibilitar novas formas de produção de conhecimentos.
Infelizmente, a Educação Pública, pontualmente, a Escola, os professores e os alunos dessa modalidade estão à margem de sentirem os reais efeitos das tic em seus “corpos”. Isto porque, as tic ainda não estão incorporadas às novas competências que se exige para a Educação do século XXI – utilizar as tic. Por isso, que o tema Informática na Educação é tão emergente. Além de uma Educação para além do capital é preciso instrumentalizá-la tecnologicamente para transformá-la.
Porém, como instrumentalizá-la para transformá-la se os melhoramentos tecnológicos advindos das tic, ainda são destinados apenas a uma parcela pequena da População Escolar? Um receituário pautado das Políticas Públicas de Educação de pouco alcance social e, por isso, não trazem ganhos significativos para a diminuição das desigualdades sociais, refletidas sem dúvida na Educação Brasileira.
Na Educação sergipana também.
Enquanto os Estados Nacionais globalizados e capitalistas gastam trilhões de dólares para salvar empresas do colapso da crise atual do capitalismo desse século – séc. XXI – inclusive o nosso país faz parte, assistimos a falta de mais investimentos para o combate a Exclusão Digital no Brasil. Um exemplo disso é um percentual enorme da falta de acesso ao computador e à Internet por milhares de Escolas Públicas no Brasil. Porém, é preciso ressaltar que para isto existe o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) que poderia viabilizar a possibilidade do aumento desse acesso no horizonte das Escolas Públicas brasileiras.
Para Fátima Lima (2002, p. 198) “o FUST surge neste cenário podendo ou não aprofundar tal contradição, que nos limites da relação Estado e sociedade se traduz na promoção da inclusão social, ao prover as ações de Formação Tecnológica e de Alfabetização Digital”. Assim, o cenário da Educação brasileira com relação a ter acesso as tic, sobretudo, da aplicação da Informática na Educação nos inquieta cada vez mais. Pois:
os documentos dos programas oficiais do governo, demonstram um certo investimento ao longo do tempo na informatização das escolas nacionais sem, no entanto, alcançá-la. Ocupa-nos neste momento, questionar o papel e a ação do governo, em função da Educação e, em particular, no combate da Exclusão Digital. Isto significa dizer que, em última instância, as diferentes classes sociais e frações de classe continuam a se reproduzir tal qual ocorria nos diferentes padrões de desenvolvimento promovidos pela economia capitalista. O fato é que as diferentes culturas permanecem há anos fora da escola, [e fora do processo de democratização e universalização das tic, sem acesso ao computador e a Internet]. (LIMA, 2002, p. 199).
Um cenário complexo que tem muito haver com as Políticas Públicas do Estado Nacional de pouco alcance, como já apontamos anteriormente. O que prova, que é preciso exigir mais do Estado Nacional, que é preciso transformar os alicerces da Educação atual para que ela possa contribuir com o nível político dos cidadãos, pelo direito de exercer o papel de ter direitos, pelo direito de conduzir suas demandas sociais nos trilhos das Políticas Públicas que se concretiza e que se concretiza para todos igualmente.
O processo profundo de Exclusão Digital na Sociedade da Informação, a nosso ver é uma das maiores privações que o Estado Nacional comete contra o direito dos cidadãos de estarem aliados as tic. A sociedade brasileira é a da informação e, portanto, a Escola, professores e alunos não poderiam está totalmente desprovidos dos privilégios oferecidos por tal sociedade.
Em tese quando da consolidação do programa da Sociedade da Informação do Brasil (Socinfo) - que teve como objetivo estabelecer as diretrizes de ações rumo a Sociedade da Informação do Brasil, era de evitar a Exclusão Social e dar oportunidades aos menos favorecidos. Acessar as informações através de computador e Internet, Telecentros e Infocentros seriam uma das propostas contida na Socinfo. O capítulo III do Livro Verde (Socinfo) faz a seguinte referência: “é papel do Estado dedicar especial atenção à incorporação dos segmentos sociais menos favorecidos e de baixa renda à Sociedade da Informação”. (SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL: livro verde, 2000, p. 28).
Evidentemente, isto não tem acontecido.
O problema maior ainda da Exclusão Digital, social também, além da omissão do Estado, é que os danos causados, são direcionados as classes menos assistidas, os “pobres”. Estas sofrem na pele o preço por não terem o amparo do Estado para reverter o enorme desequilíbrio social. Daí, podemos afirmar que o problema da Exclusão Digital e também social no Brasil só tem aumentado em passos largos. O que há e o que assistimos é a uma enorme discrepância entre a prática e a teoria das Políticas Públicas do governo de forma geral, que ousam combater tanto a Exclusão Digital quanto a social sem sucesso. A prática é a realidade cruel do fosso social existente, a teoria são as discussões, as leis, os Decretos etc., que não funcionam.
RESULTADOS ENCONTRADOS
Nos dias 4, 5, 6, 7 e 8 de setembro de 2019, fomos ao campo empírico da pesquisa, munidos de dúvidas e também de expectativas para conhecer as instalações do Laboratório de Informática da Escola escolhida por nós para a realização da pesquisa, bem como seu funcionamento. O total de alunos matriculados na Escola em 2019 segundo informação da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe – SEED é de 1.490 alunos, 829 no Ensino Fundamental e 661 no Ensino Médio.
A Escola funciona nos três turnos (manhã, tarde e noite) do 6ª ano do Ensino Fundamental Maior até o 3ª ano do Ensino Médio. Para todas as séries e turmas existentes, a Escola conta com 68 professores. São esses professores que devem ser capazes de levar o aluno a produzir conhecimentos por intermédio do uso do computador e da Internet. Esta é a maior discursão em torno da Educação aliada às tic, ou seja, utilizá-las como ferramentas de apoio para elucidar um novo contexto educacional que se faz emergente diante de uma sociedade cada vez mais influenciada pelos os adventos tecnológicos desse século – séc. XXI – trazidas pelos ventos do séc XX.
No entanto, para que isso possa acontecer, os professores da Escola precisam estar capacitados e bem treinados para lidarem com a Informática, haja vista, que na Escola tem um Laborátorio de Informática supostamente à disposição deles. Além disso, o laboratório está cercado de todas as prerrogativas (Decreto, portarias etc.) federais e estaduais que determinam como ele deve funcionar.
Trata-se das atribuições determinadas pelo Ministério da Educação (MEC) através do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo) consolidadas pelos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) e direcionadas para a Escola, para o Professor Articulador, professores e alunos. Por isso, mesmo, esperávamos encontrar os professores capacitados e bem treinados para fazer uso das tic (computador e Internet), bem como uma concepção iniciada de Informática na Educação por parte deles.
Infelizmente, nada disso foi constatado. Embora, saibamos que uma das tentativas de se repensar a Educação do século XXI tem sido feita por intermédio da introdução do computador e da Internet na escola. Assim, qual é pilar teórico-epistêmico que está sendo utilizado para respaldar tal condição? As teórias pedagógico-educacionais estão sendo levadas em consideração?
O que há de certeza é que a discussão ou, semplesmente, o termo Informática na Educação tem assumido diversos significados, mesmo quando se tem visão educacional e condição pedagógica equivalentes. Diante disso, o importante é a continuidade das investigações acerca dos aspectos que permeiam a problemática da introdução das tic na Educação, não apenas como um conjunto de tecnologias (computador, Internet etc.) que se aliam ao educar por modismo, mas, acima de tudo, como uma forma de transformar a Educação e seus processos.
Assim, potencializa a produção de conhecimentos capaz de transformar o sujeito em um ser mais crítico, mais criativo e mais reflexivo e, principalmente, com a capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se autoconhecer como um sujeito transformar do real. Cabe à Educação transformar esse sujeito e para que isso aconteça dentro de uma certa equidade de direitos e deveres a Educação, a Escola, professores e alunos não podem está afastados dos paradigmas tecnológicos que circundam a sociedade do século XXI.
Daí, da nossa inquietude de investigar a concepção de Informática na Educação. Pois, a nosso ver, ter um Laboratório de Informática na Escola e, consequentemente, poder utilizar o computador e/ou a Internet é um diálogo necessário no processo de Ensino-Aprendizagem entre professores/alunos, alunos/professores para a produção de conhecimentos diante do tecnológico. No mais, “as crianças desse tempo nascem em uma cultura em que se clica, e o dever dos professores é inserir-se no universo de seus alunos“ (PERRENOUD, 2000, p. 125).
Parafraseando Perrenoud, partimos da idéia de que é a través da Informática na Educação que o professor tem a possibilidade de inserir-se no universo de seus alunos “High Tech”. Haja vista, que ele poderá megulhar junto com os alunos, ou seja, produzir junto com os alunos conhecimentos pelo viés da sua mediação pedagógica e sugerida.
Se não há mediação pedagógica do professor que oriente o aluno a produzir conhecimentos pelo viés das tecnologias, do computador e da Internet, por exemplo, então, trabalhar com o termo Informática na Educação em qualquer perspectiva pedagógica fica sem sentido. Fica sem sentido porque de fato os professores não têm se envolvido com seus alunos quando o assunto é Informática.
Tampouco os professores têm se envolvido com as tecnologias do computador e da Internet para mediar novas formas de produção de conhecimentos. Encontramos na Escola investigada essa realidade, isto é, um distanciamento dos professores com relação à participação deles com os alunos, quando os alunos estão no LTE da Escola.
Muito embora, quando perguntados a respeito da importância de ter um Laboratório de Informática na Escola, eles foram unânimes, 100% acham importante:
O respondente A “porque nos auxilia facilitando nas atividades, pesquisas, etc.”,
O respondente B “alunos e professores fazem uso como auxílio de aprendizagem”,
O respondente C “para levar os alunos a serem incluídos digitalmente”,
O respondente D “para melhor integrar o aluno e o assunto abordado com a prática diária deles”,
O respondente E “é uma forma do meu aluno ter acesso ao computador e a Internet já que meu aluno na sua maioria não tem condição financeiras”,
O respondente G “para utilizar novas tecnologias que ajudam no desenvolvimento dos alunos e para despertar o interesse nos mesmos”.
Especificamente, segundo o pensamento de Valente (2002, p. 10) o computador pode “[...] ser utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem e auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento”. A Educação a Distância (EAD) é um exemplo, nesse caso de uma maneira geral o computador é recepcionado pelos alunos como máquina de ensinar.
No entanto, o que Valente nos diz, foge da interatividade que se pede entre professor/aluno, aluno/professor na produção de conhecimentos utilizando a concepção de Informática na Educação numa perspectiva progressista de Educação.
Encontramos essa realidade: não há nenhuma concepção de Informática na Educação presente entre os professores e alunos da Escola investigada. Mesmo porque, a Escola não adota qualquer concepção teórico-epistêmico de Informática na Educação, embora seja munida de cartilhas e de orientações do MEC e da Coordenação Estadual do Proinfo.
Sabemos que não há, na maioria das Escolas Públicas brasileiras inserção das tic. Em Sergipe tivemos dificuldades de encontrar Escolas que tivesse Laboratório de Informática. A pesquisa foi finalizada e a resposta que obtivemos é que são raras as vezes que os professores se propõem acompanhar seus alunos no LTE. Todavia, analisamos que quando os professores acompanham seus alunos no LTE não existe nenhuma concepção teórico-epistêmico de Informática na Educação incucada na mente deles.
Na verdade, o que há, é, simplesmente, uma Educação cada vez mais distanciada do acesso às tic, o que há também são ausências de Políticas Públicas efetivas de Educação que capacitem as Escolas e os professores a lidarem com a Informática para que isso de fato possa se materializar em Informática na Educação.
Lamentavelmente, por conta da comprovação da Escuridão Digital existente tanto no Brasil quanto em Sergipe que perpassa pelas Escolas Públicas brasileiras, podemos dizer que os professores da Rede Pública de Ensino Fundamental e Médio, em especial os professores da Escola que investigamos não sabem lidar com Informática e, por isso, de certa forma, a Informática e, mais ainda, a Informática na Educação estão tão distantes da Educação praticada por eles.
Assim, é importante dizermos que o computador e a Internet para as Escolas Públicas de Ensino Fundamental e Médio é a ágora que pode alavancar vantagens educacionais para a Escola, para os professores e para os alunos desde quando democratizadas e universalizadas para todos.
Porém, numa lógica contrária, evidenciamos através das leituras científicas que cada vez mais, o acesso às ferramentas tecnológicas, como por exemplo: computador, Internet tem sido privilégios de poucos, quando se trata de acesso à Internet, a situação piora. Sobre esta questão, Pretto e Pinto (2006) nos chamam atenção, pois ao falarmos em escola conectada, podemos estar a nos referir a um computador que partilha a linha telefônica de uso administrativo da escola.
Isto dificulta mais ainda qualquer intenção de associar a Internet à Educação e, consequentemente, a Informática na Educação. Salientamos que o acesso a rede mundial de computadores é fundamental para a Educação do século XXI. Pois através dela também os professores têm oportunidade de gerar processos cognitivos de produção de saberes com seus alunos.
A Exclusão Digital ou Escuridão Digital de falta de acesso da maioria das Escolas Públicas brasileiras a equipamentos de informática (computador e Internet) é um fato constatado. Segundo pesquisa recente divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br), mais da metade dos brasileiros nunca navegou na Internet, isto é, 54% dos brasileiros nunca usaram computador e 67% a Internet. Este levantamento constata que a Internet ainda é privilégio das camadas da sociedade brasileira com maior poder aquisitivo.
Outra informação preocupante, e que nos interessa é o fato de que num total de 195.041 instituições de Ensino Fundamental e Médio, apenas 32.617 têm computadores ligados à rede mundial de computadores, o que corresponde apenas 16,7% das instituições conforme divulgados pelo Sistema Integrado de Informações Educacionais (SIEd). O registro de tão pouco acesso às tic, por parte da população mais carente e por parte das instituições educativas públicas é visto como um processo retardatário de conquista de direitos.
Em meio a toda essa questão, o Brasil se diz sensibilizado com a problemática da Exclusão Digital, e tem lançado, através de Decretos, programas desarticulados, que não têm resolvido o problema da Escuridão Digital do Brasil e também de Sergipe. Diante desse quadro, os problemas que as Escolas Públicas enfrentam são enormes, inclusive para enfrentarem a problemática da Informática na Educação.
Nesse sentido, é importante colocarmos que defendemos o uso do computador e da Internet como ferramentas que podem oferecer a Escola, aos professores e aos alunos, condição singular na obtenção de novos conteúdos de conhecimentos, que poderá impulsionar paralelamente mais conhecimentos adquiridos e/ou produzidos, obviamente, pelos alunos, porém mediatizados pelo professor.
Esta é uma condição sine qua non para existir de fato a prática da Informática na Educação. Nessa lógica, descartamos que os professores adquirem conhecimento, produzem e constroem conhecimentos e saberes a partir da mediação pedagógica com os alunos e as tic estão aí justamente para exponenciar essas possibilidades.
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