As exigências contemporâneas à docência, juntamente com o baixo prestígio que esta profissão enfrenta e, consequentemente, a perda de status social demonstrado pela sua baixa procura, interferem na escolha pela profissão docente. Salários e planos de carreira pouco atraentes influenciam nas escolhas profissionais dos jovens e na representação e valorização social da profissão de professor (GATTI; BARRETO, 2009). No que se refere especialmente à formação inicial de professores, tais autoras destacam que é enfrentado vários problemas, dentre eles a falta de conhecimento dos contextos escolares; a pouca formação pedagógica dos professores formadores; e o não acompanhamento da prática pedagógica dos licenciandos, que sentem dificuldade de relacionar teoria e prática no cotidiano escolar.
Nos dias atuais, não se pode separar qualidade de ensino e formação de professores pois são questões que estão intimamente ligadas. A formação teórica e prática do professor poderá contribuir para melhorar a qualidade do ensino se ocorrer de forma continuada. Nesse sentido, há de se convir que o licenciando, para que possa ter uma boa base pedagógica, esteja integrado à realidade das escolas básicas, que é onde atuará.
Por conta destes aspectos, o Estágio Supervisionado vem conquistando espaço privilegiado nas pesquisas que discutem a formação de professores na graduação. Ele tem sido visto como laboratório na formação do graduando, uma oportunidade de aproximação entre o espaço da escola de formação e os contextos reais de exercício profissional, âncora que possibilita a relação teoria-prática docente. O desenvolvimento profissional dos docentes é um processo que envolve a compreensão das situações concretas que se produzem nos contextos escolares onde eles atuarão. Para isso, um dos elementos mais importantes dessa formação é, sem dúvida, o momento do estágio. É nesta etapa que o acadêmico tem a oportunidade de ver aliadas a teoria e a prática, possibilitando-o estabelecer articulações entre estas, construindo, assim, seus saberes docentes e sua formação profissional.
O campo de estágio é um espaço de pesquisa no qual este futuro professor, de forma crítica e reflexiva, descreve, analisa, investiga, observa e avalia todo o contexto escolar na sua forma estrutural. Além das atividades pedagógicas oferecidas pela comunidade escolar, o futuro docente encontra oportunidade de avaliar sua própria prática. Nesse sentido, faz-se necessária a compreensão do futuro professor sobre as relações estabelecidas na escola e de como elas são produzidas em um contexto múltiplo e coletivo, mais amplo, de relações econômicas, políticas e familiares, numa sociedade onde todos devem estar inseridos. É nesse cenário, que o futuro professor busca, em sua fase inicial, apresentar a caracterização da escola e do grupo alvo do Estágio Supervisionado vivenciado, dentro de uma proposta, que será apresentar as experiências vivenciadas no seu objeto de investigação do cotidiano escolar.
O futuro professor precisa sentir-se apoiado, pois o estágio deve ser visto como uma etapa importante no processo de sua formação profissional, a fim de adequar essa formação às práticas e expectativas do universo educacional. Selma Pimenta (2004), destacada estudiosa dessa temática, fala da importância do Estágio Supervisionado para os futuros educadores e graduandos já experientes no magistério.
O Estágio Supervisionado para os alunos que ainda não exercem o magistério pode ser um espaço de convergência das experiências pedagógicas vivenciadas no decorrer do curso e, principalmente, ser uma contingência de aprendizagem da profissão docente, mediada pelas relações historicamente situadas.
[…] O profissional do magistério que se vê diante do estágio supervisionado em um curso de formação docente precisa, em primeiro lugar, compreender o sentido e os princípios dessa disciplina, que, nesse caso, assume o caráter de formação contínua, tendo como base a ideias de emancipação humana (PIMENTA, 2004, p. 102- 126).
A autora ressalta ainda a importância e o papel fundamental do estágio supervisionado na formação docente, visto que possibilita ressignificar os saberes, reflexões sobre a profissão da docência e a construção de sua identidade. Além disso, proporciona a formação contínua não somente do profissional experiente, mas do homem como ser histórico-cultural e eterno aprendiz.
É no exercício da prática que o futuro professor, ao participar de atividades que permeiam o cotidiano educacional, é comtemplado com diferentes situações educativas que contribuirão para o seu processo de formação como docente no qual ele deverá, além de perceber a realidade, assumir uma atitude crítica mediante o contexto cultural, político, social e econômico em que a instituição educacional se insere. E em meio a novos tempos, adquire a percepção necessária de um educador frente à necessidade da concepção de que teoria e prática caminham juntas, e onde a prática pedagógica seja vista como prática de vida, de todos e com todos e permita dar significado às vidas, na tarefa de formar cidadãos que integrem e contribuam com sua comunidade.
O estágio, portanto, é um campo do saber que busca propiciar a construção de uma identidade competente e autônoma na mediação do conhecimento e na formação do professor como docente mediador do conhecimento com eficácia. Porém, apesar de toda a sua importância percebe-se que no curso de licenciatura em Educação Física (EF) da Universidade Federal Sergipe (UFS) este componente curricular obrigatório vem aos poucos fragilizando sua função, pois há uma grande dificuldade de entendimento das partes envolvidas, ou seja, alunos, e comunidade escolar em geral, sobre a real importância do estágio. Ressalta-se que “tais dificuldades podem ser atribuídas tanto à organização e ao planejamento como ao próprio desenvolvimento, o que decorre principalmente da falta de aprofundamento das discussões sobre o estágio no contexto do curso no qual se insere.” (GISI, et al. 2000, p. 3).
Para os alunos, acaba sendo apenas uma tarefa burocrática, um mero cumprimento de horas para obter a aprovação no curso. Já as instituições de ensino, por sua vez, encontram dificuldades em formar parcerias com as universidades, pois muitas ainda não perceberam a oportunidade de desenvolvimento que o estágio proporciona; sofre com a visão distorcida dos alunos e comunidade escolar em geral, em relação ao papel do estágio no processo de ensino e aprendizagem e com os problemas relacionados à carga horária da disciplina e sua supervisão. Além disso, não possui um meio efetivo para avaliação das contribuições do estágio para a formação profissional dos educandos.
Portanto, com esta discussão, levanta-se os seguintes questionamentos: Quais as percepções dos licenciandos em Educação Física da UFS sobre o papel do estágio supervisionado na formação do futuro professor? Quais dificuldades eles enfrentam, os pontos positivos e frágeis no desenvolvimento do Estágio e as possíveis sugestões em busca de melhoria da prática educativa?
A partir destas questões, a presente pesquisa tem como propósito verificar as percepções dos licenciandos em Educação Física da UFS sobre o papel do estágio supervisionado na formação do futuro docente, identificando as dificuldades encontradas, os pontos positivos e negativos no desenvolvimento do Estágio e as possíveis sugestões em busca de melhoria da prática educativa.
Percebe-se que todo licenciando passa, durante o seu processo de formação, por muitas aprendizagens, dilemas e desafios. Isto porque “aprender implica mudar os conhecimentos e os comportamentos anteriores” (POZO, 2002, p, 60). É necessário lidar com os novos conhecimentos de forma reflexiva e crítica, para que se possa obter um estágio rico em vivências que fortaleçam a prática docente e ajude na tomada de decisões mais conscientes.
O estágio é um dos principais contatos com o contexto escolar durante a graduação. Os licenciandos entram cheios de expectativas, inseguranças, ansiedade e questionamentos em mente que, a princípio, não têm respostas. Mas ao longo desse processo, a relação com os alunos e professores mais experientes e com toda comunidade escolar, vão adquirindo autoconfiança, possivelmente saberão lidar com novos dilemas que podem surgir, e vão aprendendo a tomar decisões importantes e, embora algumas só possam ser constatadas com o acúmulo de experiências escolares, ficarão com aquela sensação de terem feito a coisa certa e assim vão desenvolvendo os saberes docentes tão necessários nesse momento.
Diante disso, esta pesquisa objetiva conhecer a respeito das percepções que os/as licenciandos/das têm das atividades realizadas no estágio supervisionado nas escolas e reconhecer quais as dificuldades que eles/elas enfrentam quando assumem o papel de estagiário/a no campo de ensino, quais os pontos fortes e frágeis no desenvolvimento do estágio e quais as possíveis sugestões em busca de melhoria da prática educativa, tendo em vista que o estágio é imprescindível para construção da identidade docente, a qual vezes é frustrada pelas dificuldades que aparecem entre teoria e prática de sua efetivação.
O desenvolvimento de pesquisas que identifiquem as principais dificuldades enfrentadas durante o estágio possibilitará aos cursos de licenciatura atuarem para minimizá-las permitindo com isso, que o estágio apresente, verdadeiramente, um sentido formador para o futuro professor, considerando a complexidade da formação entre teoria e prática da atuação desse estagiário como profissional da educação.
É essencial destacar a relevância de iniciativas de pesquisa como esta, representada pelo projeto “Dificuldades e Percepções dos Acadêmicos da Licenciatura em Educação Física sobre o Estágio Curricular Supervisionado”, tanto pela construção de novos conhecimentos, quanto pelo envolvimento dos pesquisadores. No caso do estudante de graduação, ou iniciante pesquisador, é ainda mais relevante por ter a oportunidade de participar de atividades de pesquisa, permitindo o aprendizado, na medida em que estimula o hábito de questionamento e investigação, assim como a constante busca por novos conhecimentos.
Tendo em vista que o nosso objeto de estudo requer análise de contexto e compreensão do entendimento dos sujeitos acerca do estágio na formação docente, este trabalho é pautado na pesquisa de natureza qualitativa. Esse tipo de pesquisa está centrado ao contexto das ações e relações humanas e seus significados, operando no campo dos “[...] significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.” (MINAYO, 2001, p. 21-22). Junto a isso, esta pesquisa considerar os fatores histórico-sociais que configuraram a formação de conceitos sobre o estágio, ou seja, o processo de construção do objeto investigado que também é fundamental para compreensão do resultado atual sobre ele (TRIVIÑOS, 1987).
Com a intenção de descrever as experiências e as relações estabelecidas através do estágio na formação inicial dos sujeitos colaboradores, esta investigação é do tipo descritiva, pois busca descrever um fenômeno, população ou a descrição da organização entre variáveis (GIL, 2008), sendo que esse processo é feito a partir da análise do contexto em que o fenômeno social se manifesta.
O contexto sociocultural proporciona ao sujeito o desenvolvimento de percepções, crenças e fenômenos, que são subjetivos. Desse modo a pesquisa qualitativa tende a prezar mais pelo aprofundamento da subjetividade do indivíduo, que é construída a partir das variações sociais, do que pela quantificação do fenômeno (TRINIÑOS, 1987). Diante disso, foi feito um percurso histórico sobre a concepção do estágio na docência para compreender, refletir e interpretar quais as suas implicações atualmente, com o intuito de identificar os princípios do objeto de estudo de modo que instigue aos leitores a busca pela reflexão e superação ou amenização do desafio em relação ao estágio na formação inicial de professores.
Para a produção dos dados da presente pesquisa nos valemos do questionário misto. Ele é um instrumento técnico constituído por questões pontuais sobre seu objeto de estudo para que o pesquisador consiga coletar materiais relacionados a sua pesquisa a partir das informações de pessoas (GIL, 2008). No questionário misto é possível elaborar questões abertas, em que há uma maior liberdade nas respostas dos indagados e questões fechadas, em que há uma limitação nas respostas dos questionados a partir de alternativas apresentadas pelo pesquisador. Nesta pesquisa, o questionário misto é composto por dez questões organizadas em blocos temáticos com o propósito de obter informações dos acadêmicos e acadêmicas sobre a experiência com o Estágio Curricular Supervisionado.
O procedimento de coleta foi dividido em quatro momentos: no primeiro momento foi realizado um levantamento de informações sobre os acadêmico/as que estavam matriculados nas disciplinas de Monografia I e Monografia II para identificar os sujeitos que, supostamente, já haviam realizado o Estágio Curricular Supervisionado; no segundo momento foi feito o contato com os acadêmicos para verificar as suas disponibilidades; no terceiro momento foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para que eles assinassem e devolvessem aos pesquisadores. Em seguida foi aplicado o questionário aos colaboradores para respondê-lo. Houve ocasiões em que os sujeitos não podiam responder no momento. Nestes casos, os sujeitos poderiam devolver posteriormente.
Para a compreensão das dificuldades dos acadêmicos do curso de licenciatura em EF acerca do estágio, houve 17 (dezessete) acadêmicos que participaram como sujeitos colaboradores da pesquisa. Vale destacar que os sujeitos pesquisados não foram identificados de forma alguma, respondendo às perguntas de forma individual, sem ajuda do pesquisador, evitando sua contaminação por eventuais receios e/ou medos.
Após a coleta dos dados, foi iniciado um criterioso processo de tabulação das informações coletadas através dos questionários aplicados aos 17 (dezessete) acadêmicos participantes da pesquisa. Com base na tabulação, organizamos os dados a partir dos blocos temáticos que nortearam a composição do questionário misto, a saber: 1) Desafios e dificuldades durante a realização dos estágios; 2) Avalição dos acadêmicos referente organização e preparação pedagógica para o estágio; 3) Contribuições do estágio para sua formação docente. Essa fase da pesquisa foi seguida pela releitura dos referenciais teóricos que nortearam tal estudo para buscar subsídios com propósito de interpretar os dados.
Resultados e discussões
No primeiro bloco de análise referente aos desafios e dificuldades durante a realização do estágio, uma das questões lançadas aos acadêmicos foi: Quais os principais desafios/dificuldades que você enfrentou durante o Estágio?
Baseado nas respostas dos sujeitos colaboradores, os dois principais desafios/dificuldades encontrados durante o exercício do estágio foram: primeiro, as condições de trabalho difíceis (falta de espaço físico e materiais adequados para as aulas) e segundo a insegurança na relação com os alunos.
A primeira dificuldade é uma das mais comuns enfrentadas pelos professores de diversas áreas da Educação Básica que acabam tendo de adaptar e limitar as suas ações para garantir o mínimo de conhecimento aos seus alunos (SCALABRIN; MOLINAR, 2013). Em especial na Educação Física, é evidente que a discussão sobre as condições físicas e materiais didáticos é um aspecto frágil, visto que as dificuldades apontadas pelos professores de Educação Física são, em alguns casos, consequências de uma idealização de aula com uma quadra bem estruturada e materiais oficiais para realizarem suas atividades (BETTI, 1999). Porém, a medida em que não é cumprida essa expectativa, os docentes se limitam a poucos conteúdos para ensinar e acabam não explorando o acervo de possibilidades proporcionados pela Educação Física.
No entanto, essa situação não desconsidera o fato de que há limitações em relação à prática docente por falta de materiais pedagógicos e espaços físicos adequados para se trabalhar. E enquanto não é superada essa dificuldade, os professores podem planejar aulas que explorarem outros espaços disponíveis na escola e materiais alternativos para dar seguimento ao seu trabalho (BETTI, 1999).
Já a insegurança na relação com os alunos, segunda colocação na lista de dificuldades dos sujeitos colaboradores, pode estar relacionada ao contato que o estagiário tem com a nova experiência vivenciada na escola, que pode divergir das suas expectativas iniciais, se deparando com um contexto que é vivo, que se modifica a todo instante, que exige do estagiário reflexões e perspectivas variadas para lidar com as situações, pois o que ele encontra é:
[...] uma sala de aula com muitas crianças, que falam o tempo todo, que correm pela sala, que brigam e que brincam, que faltam porque ficam doentes, que têm fome, que têm dificuldades para aprender, enfim, uma realidade bem diferente da que imaginava encontrar e isso acaba causando um ‘choque’. (SCALABRIN; MOLINARI, 2013. p. 7).
Os desafios e dificuldades que são enfrentados durante a docência estão diretamente ligados ao nível de experiência que os acadêmicos têm antes e durante o estágio. É comum que os estagiários se sintam inseguros com suas práticas e suas relações com a comunidade escolar por ser uma experiência nova. Mas, essas situações podem ser amenizadas a medida em que ele inicie o contato com o cotidiano escolar desde o início da sua formação e assim consiga desenvolver um trabalho docente mais organizado e seguro (SCALABRIN; MOLINARI, 2013).
A próxima questão que contemplou este primeiro bloco, foi: Antes e durante o estágio você teve acesso a relatos de experiências de outros alunos, espaços para discussão, debate e troca de ideias?
Foi constatado que a maioria dos sujeitos colaboradores tiveram acesso aos relatos de experiências com o estágio e os compreendem como subsídios indispensáveis para o processo da sua reflexão, construção e troca de saberes pedagógicos para o desenvolvimento das suas intervenções no estágio. Apesar da promoção de debates sobre as experiências com o estágio, outros alunos informaram que não tiveram essa oportunidade durante sua formação.
Investir em espaços de diálogos para refletir sobre as práticas pedagógicas possibilita a captação de referências teóricas ou as chamadas teorias práticas, que são conhecimentos elaborados a partir da ação pedagógica, reflexão dessa ação e suas implicações formativas, articulação dessa reflexão com outras teorias educacionais e (re)construção da prática pedagógica de acordo com as demandas que vão surgindo (DALLA CORTE, 2010).
As trocas de experiências docentes poderão ser significativas se forem reconhecidas como intercâmbios de saberes quando eles compreenderem que esses saberes são estruturantes colaboradores para a formação de professores. Isso é um desafio que “[...] pode ser melhor realizado em uma estrutura curricular que supõe momentos para reflexão e análise das práticas institucionais e das ações dos professores, à luz dos fundamentos teóricos das disciplinas e das experiências de seus profissionais.” (PIMENTA; LIMA, p. 21, 2005/2006). Por isso é necessário que os docentes das disciplinas incentivem e promovam a troca de debates sobre os conhecimentos desenvolvidos a partir das vivências dos acadêmicos e da experiência dos professores que já atuam na escola.
Outra questão que compôs este bloco temático (desafios e dificuldades durante a realização dos estágios), indagou: O curso de licenciatura ofereceu embasamento teórico e didático satisfatório para o exercício do estágio docente?
A maioria dos acadêmicos indagados informou que houve esse suporte através das disciplinas curriculares que colaboraram com o desenvolvimento teórico, científico, didático e profissional, além da desconstrução de paradigmas sobre a escola e sobre sua área de conhecimento. Ou seja, a articulação entre as disciplinas curriculares com outros campos de conhecimentos demonstrou que o curso busca uma coerência formativa, em que se estabelece nexos entre as disciplinas e os demais campos de aprendizagem profissional (pesquisa, extensão, ensino) para um bom exercício durante o estágio (BIZARRO, 2011).
Os sujeitos colaboradores informaram que o contato com o campo de atuação ajudou a desconstruir paradigmas sobre o campo de atuação e o estágio muito contribui para o alcance desse resultado, pois, de acordo com Anacleto (2017), ele incentiva o acadêmico/estagiário a buscar recursos para resolver conflitos, superar desafios e desnaturalizar e transformar realidades a partir dos conhecimentos teóricos e da didática apreendida durante a formação docente.
A percepção de um dos sujeitos colaboradores pode representar a afirmativa anterior: “O fato de algumas disciplinas do curso solicitarem a ida à escola ajuda profissionalmente nesse aspecto. Além disso os debates acerca das teorias educacionais oferecem o mínimo nesse momento.” (Acadêmico participante da pesquisa – 18 de fevereiro, 2020). Ou seja, ainda que o incentivo a ida a escola seja proporcionado somente por algumas disciplinas, há uma relevância formativa que contribui para uma melhor experiência antes, durante e depois do estágio.
Ainda assim o currículo do curso apresenta fragilidades em sua composição, por exemplo, na falta da disciplina de Didática específica para o curso de Educação Física e pouco contato com o contexto escolar. Tal evidência está diretamente relacionada com a organização curricular, que precisa desenvolver uma coerência entre a oferta de disciplinas com a área de atuação do futuro professor.
A última questão que compôs este primeiro bloco foi: O professor de Educação Física das turmas em que você estagiou, contribuiu de que forma com o exercício do seu estágio?
Os acadêmicos indagados apontaram que os professores ofereceram contribuições referente a organização e relação com os alunos das escolas, partilharam suas experiências, ofereceram feedbacks sobre as intervenções dos estagiários e proporcionaram o acesso aos materiais pedagógicos, administração dos espaços escolares e desenvolvimento de uma postura como docente. Um dos sujeitos colaboradores respondeu à indagação que sintetiza o conjunto de comentários expostos pelos acadêmicos em relação as contribuições proporcionadas pelo professor regente da turma, escreveu:
Contribuiu significativamente pois me ofereceu suporte tanto na minha relação com os alunos e com a própria escola quanto na questão dos conteúdos e materiais. O que me fez perceber o quanto a relação harmoniosa com o professor regente minimiza as dificuldades que podem ser encontradas no estágio (Acadêmico participante da pesquisa – 18 de fevereiro, 2020).
As respostas dadas confirmam que, na formação de professores e, em especial, durante o estágio, o trabalho individual é um meio ineficaz se se pretende formar um professor de qualidade. A inter-relação desenvolvida durante o estágio, através do professor orientador e estagiário, e professor regente e estagiário contribui para uma reflexão coletiva sobre a formação docente. Essa relação proporciona o compartilhamento de experiências entre professores da Educação Básica, do ensino superior e estagiários que atuam no mesmo campo, mas que têm conhecimentos e vivências singulares para contribuir. Além do mais o trabalho colaborativo, que reflete conjuntamente e troca experiências é o modo de se obter uma formação de professores responsáveis e comprometidos com seu papel e seu ambiente de trabalho. (STANGHERLIN; LEITE, 2015)
Para o segundo bloco referente à avaliação dos acadêmicos direcionada à organização e preparação pedagógica para o estágio. A indagação proposta foi: A forma como o estágio curricular está organizado no curso de Licenciatura em Educação Física é satisfatória para formação do docente em Educação Física?
Para a maioria dos acadêmicos indagados, a forma como o estágio curricular está inserido na organização do currículo de Educação Física é satisfatória. Porém, quando o assunto é organização curricular do curso de licenciatura em Educação Física da UFS como um todo, constatamos que os alunos têm necessidade de compreendê-la melhor. Diante disso, é possível organizar um currículo para formação de professores, que seja minimamente fundamentado e articulado com os diversos campos de aprendizagem desde que seja trabalhado coletivamente e ampliada a discussão com a comunidade acadêmica. Nas palavras de Dalla Corte (2010),
[...] é preciso o investimento na coletividade, na construção, articulação e inter-relação de atividades pedagógicas, sob o enfoque teórico-prático, que sejam assumidas pelo grupo de professores formadores, caso contrário o curso será o retrato da fragmentação tanto em nível do que se faz enquanto IES, quanto em nível de qualidade da formação do futuro professor (DALLA CORTE, 2010, p. 133).
Diante disso investir na formação de professores a partir de ações institucionais coletivas, contribui para uma melhor organização curricular que, consequentemente, resulta em uma formação docente mais embasada e coerente.
Além disso, foi pontuado que há uma fragilidade em relação a articulação entre a universidade e a escola, também reflexo da organização do currículo do curso. Com isso, os sujeitos colaboradores sugeriram a ampliação do acesso aos contextos escolares no início da formação. Inserir-se nos contextos escolares exige do futuro professor a compreensão das constantes mudanças sociais que implicam diretamente na comunidade escolar (DALLA CORTE, 2010). Por isso o quanto antes o acadêmico acessar esses contextos e compreendê-los, melhor será a sua atuação pois ele desenvolverá sua prática docente por mais calma, com a possibilidade de uma melhor investigação sobre sua atuação e mais fáceis serão as resoluções de problemas e superações de desafios encontrados.
A partir dessa perspectiva, o contato com o contexto escolar, principalmente durante o estágio deve ser pensado para além dos muros das universidades, considerando também a escola como um espaço de formação e atuação ativa de docentes. Assim, é necessário que se dê importância ao exercício docente durante o estágio, que proporcione o desenvolvimento da autonomia do futuro professor e o incentive a compreender esse processo como campo de investigação constante.
A próxima indagação deste segundo bloco teve o seguinte: Na sua opinião a forma como o estágio é organizado no curso de Licenciatura em Educação Física precisa passar por mudanças? Quais?
Os sujeitos colaboradores sugeriram como mudanças a conciliação entre o calendário acadêmico e o escolar; reorganização da carga horária prevista para o estágio; o tempo de planejamento e aplicação das aulas; antecipação do contato com o ambiente escolar; reformulação e acréscimo de disciplinas curriculares durante o exercício do estágio e inclusão de um professor responsável pela turma de Estágio Curricular Supervisionado.
De acordo com a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), em reunião do Conselho Pleno (CP) em fevereiro de 2015, a carga horária para o Estágio Curricular Supervisionado é de 400h de atuação na Educação Básica (BRASIL, 2015). A sugestão da reorganização do tempo de planejamento e aplicação das aulas dentro dessa carga horária pode ser uma evidência da desordem na administração do tempo de atuação. Essa desordem possivelmente é causada pela incompatibilidade do calendário acadêmico escolar no contexto sergipano. Sendo assim, seria necessário que os gestores da universidade pensassem formas para administrar esse tempo entre o contexto acadêmico e o contexto escolar para um melhor desenvolvimento do estagiário.
Já em relação a reorganização e mais ofertas de disciplinas obrigatórias e optativas no curso de Educação Física, Schmidt (2014) evidencia que o acréscimo de disciplinas não será suficiente para suprir essa demanda. É imprescindível, segundo a autora, que haja profissionais que façam, juntamente com os acadêmicos em formação, questionamentos e críticas que os levem a refletir sobre a realidade que enfrentam no ambiente escolar. Ou seja, exercitar reflexões, estudos, pesquisas e debates entre os atores que integram o curso para identificar quais as dificuldades enfrentadas durante o estágio em relação ao tempo de atuação, que pode acontecer conjuntamente com a proposta de oferta das disciplinas optativas e obrigatórias, podem contribuir com a busca novas estratégias visando a superação de desafios.
As sugestões dos acadêmicos indagados carecem de reflexões que despertem a problematização sobre as políticas educacionais que orientam o desenvolvimento da formação docente e da organização escolar para buscar estratégias que superem esses desafios.
A última indagação deste bloco aos/às acadêmicos/as foi assim apresentada: Na sua percepção, os professores do curso de Licenciatura em Educação Física da UFS dão ênfase e importância para a formação do futuro professor?
A maioria dos acadêmicos informou que os professores valorizam a formação. Essa valorização é dada através de proposições de experiências docentes que aprimoram as habilidades dos futuros professores. As articulações internas do curso e o engajamento das disciplinas permitem pensar uma organização curricular centrada no processo formativo dos acadêmicos, que pode ser investigado ao longo do curso com proposições de trocas de experiências, reflexões, debates e idas a campo (STHAL; SANTOS, 2012).
Apesar disso, segundo as respostas dos indagados, há poucas iniciativas pedagógicas que incentivam a inserção do futuro professor no contexto escolar, o que dificulta seu exercício docente e o impede de desenvolver saberes experienciais e, como consequência, os acadêmicos ficam impossibilitados de desenvolverem os saberes experienciais, que é também um instrumento formador essencial.
Os saberes docentes e as habilidades que devem ser desenvolvidas pelos futuros professores não são apenas voltadas para a dimensão teórica, em que se aprende diversas teorias educacionais e propostas pedagógicas com a intenção de somente reproduzi-las nas escolas, mas também englobam os saberes experienciais que são conteúdos formativos oriundos das vivências e pesquisas de professores e dos próprios alunos como requisito importante na trajetória da formação docente. Em outras palavras, o estágio, quando transformado em ações de extensão, pesquisa e atividades de campo, pode proporcionar a aproximação entre a teoria e prática (ROCHA, 2001).
Sendo assim, um curso de formação de profissionais da educação não pode ser pensado somente a partir da dimensão teórica do conhecimento, com teorias educacionais desconexas das realidades encontradas no ambiente de trabalho, mas enxergar também o estágio como campo de formação de professores e as disciplinas do currículo como um conjunto articulado que incentiva o contato com os contextos escolares, proporcionando a criação de conhecimentos e estratégias de ensino e evidenciando a importância da formação inicial para o magistério.
Neste terceiro e último bloco, referente as contribuições proporcionadas pelo estágio para a formação de professores, foi indagado aos acadêmicos quais foram as contribuições que o estágio proporcionou à sua formação como professor de Educação Física.
De acordo com os sujeitos colaboradores, conhecer o cotidiano escolar foi a contribuição mais significativa. Daí é possível inferir que a vivência nos espaços de trabalho do professor abre oportunidades para o desenvolvimento das percepções dos acadêmicos sobre o universo da docência. É através desse contato que eles têm a possibilidade de aprimorar outros saberes que só são alcançados quando se está inserido no ambiente profissional.
Ao adentrar no ambiente escolar e começar a vivenciá-lo, o futuro professor inicia uma tarefa de busca e compreensão da sua identidade profissional (TARDIF, 2014), conhecendo seus limites e suas habilidades enquanto educador, além de ajudar na decisão de continuar na área ou seguir um caminho diferente.
Conhecer o cotidiano escolar é um dos primeiros passos para a compreensão das habilidades e competências que o docente deve desenvolver durante seu exercício. Ele é a porta de entrada para o universo da prática docente. Além disso, saber como funciona o ambiente de trabalho é fundamental para que o aluno perceba qual a real situação presente nas escolas, desvinculando-se das suposições que ele tem sobre elas e lidando com a realidade, os conflitos e as relações presentes nos contextos escolares para que, a partir disso, possa desenvolver a autoconfiança necessária para sua prática.
Na questão seguinte deste terceiro bloco, foi questionado: Você vê relevância na construção do relatório final do estágio?
Ao investigar a compreensão dos acadêmicos sobre a relevância ou não do relatório, constatamos que a maioria o considera como tarefa essencial de registro das ações docentes, que funcionam como dados para reflexões sobre as ações dos futuros professores, buscando identificar os aspectos fortes e frágeis durante sua atuação. Além disso, serve também como referência para outros acadêmicos e profissionais da área que podem ressignificar suas práticas a partir das vivências de outros docentes ou construir pesquisas acadêmicas baseadas das experiências com o ambiente escolar. Um dos acadêmicos comentou:
Ao construir o relatório constatei se o meu objetivo foi atingido, quais dinâmicas deram certo, como as disciplinas encontradas foram contornadas, assim como o relatório pode servir como material ao ser consultado futuramente.” (Acadêmico participante da pesquisa – 18 de fevereiro, 2020)
O estágio é uma atividade de pesquisa (PIMENTA; LIMA, 2004), sendo assim, é configurado pelo registro, análise de dados e discussões sobre o objeto de estudo investigado e experimentado (CORTE; LEMKE, 2015). O relatório final do estágio:
[...] implica a possibilidade de o aluno documentar a rotina da sala de aula, e, ao fazê-lo de forma reflexiva e investigadora por meio da escrita, trabalha-se na possibilidade do desenvolvimento de um novo saber e, portanto, da construção de conhecimento, que poderá implicar na sua postura como futuro professor (LEMKE; IENKE, 2014, p. 254).
Dessa forma, registrar as experiências é também parte imprescindível durante o estágio visto que, através desse registro, o futuro professor exercita a reflexão sobre sua prática, buscando identificar seus aspectos positivos e suas fragilidades durante o exercício da profissão. Ao fazer essa atividade, articulando suas práticas a outros conhecimentos, o futuro professor tem a possibilidade de ressignificar as suas ações para contribuir com uma formação efetiva dos seus alunos.
Na última questão deste bloco, foi indagado: Como você vê o posicionamento dos acadêmicos do curso de licenciatura em Educação Física com relação ao estágio e a sua relevância para a formação do professor? Eles veem esta etapa da formação como algo imprescindível e necessário?
A partir do posicionamento dos sujeitos colaboradores, constatamos que para alguns é importante, mas outros o consideram somente como a parte prática e complementar da formação que serve somente como requisito burocrático para o curso.
É comum que alguns acadêmicos considerem o estágio apenas como um momento prático do curso em que o aluno vai atuar a partir de um modelo de ensino considerado por ele como eficiente (PIMENTA; LIMA, 2005/2006), visto que, historicamente, esse era o modelo de ensino na formação dos professores a partir da década de 40. “[...] O estágio sempre foi identificado como a parte prática dos cursos de formação de profissionais em geral, em contraposição à teoria.” (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 6)
Mas o processo educativo é amplo e complexo (PIMENTA; LIMA, 2005/2006) e é preciso que o acadêmico esteja ciente de que a sua formação é composta por uma constante busca de desenvolvimento de habilidades e conhecimentos visando utilizá-los de acordo com as demandas que lhe são apresentadas e aprendendo com elas para produzir novos saberes.
Apesar de haver novas concepções sobre a formação de professores no que diz respeito ao estágio curricular, é comum identificar que alguns acadêmicos ainda não compreenderam a sua importância formativa, sendo compreendido ainda como apenas uma atividade para o cumprimento de metas burocráticas, “[...]com preenchimento de fichas e valorização de atividades que envolvem observação participação e regência, desprovidas de uma meta investigativa.” (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 26-27). Porém essa perspectiva é ultrapassada e insuficiente na atualidade. Não se pode mais lidar com a formação de professores através de reproduções de aulas e aplicação de técnicas sem reflexão e sem diálogo, pois as demandas sociais são outras. Por isso, desconstruir a concepção tradicional sobre o estágio é fundamental para que o futuro professor possa desenvolver sua prática com responsabilidade.
Em suma, é importante que os cursos de formação de professores incentivem o debate sobre a organização e importância da formação docente, para que os acadêmicos não associem o estágio somente ao momento prático do curso, mas como um campo formativo rico e complexo, em que o futuro professor constrói e reconstrói saberes fundamentais para sua formação. Esses saberes só podem ser concebidos de acordo com a reflexão sobre sua prática e sobre o seu dia a dia no contexto escolar.
Chegamos nas considerações finais deste trabalho, que também são considerações temporárias de uma pesquisa que precisa ser investigada outras vezes. A discussão sobre o estágio na formação do docente e em especial dos professores de Educação Física, deve ser um estudo constante, visto que por ser uma pesquisa de cunho social, há diversos fatores históricos, sociais, culturais e políticos, que estão em constante transformação, desenvolvendo novas demandas, não cabendo uma conclusão acabada.
O objetivo foi o de compreender quais as percepções dos licenciandos em Educação Física da UFS acerca do Estágio Curricular Supervisionado na formação do futuro professor, pontuando os aspectos fortes e frágeis a partir das vivências durante o estágio, elencando as dificuldades encontradas nesse processo, além das possíveis proposições visando o aprimoramento da prática docente.
Para alcançar os objetivos dessa pesquisa qualitativa do tipo descritiva, o processo investigativo foi baseado em referenciais que dialogam com a formação docente e estágio, além das percepções dos acadêmicos do curso de EF, que pontuaram suas experiencias com o estágio, dando importância às suas visões de mundo e suas subjetividades sobre a vivência.
Para a coleta dos dados participaram como sujeitos colaboradores, 17 (dezessete) acadêmicos do curso de licenciatura Educação Física, que foram submetidos ao questionário misto composto por 10 (dez) questões divididas em três blocos temáticos.
A partir das análises e discussões dos dados colhidos, constatamos que, na percepção dos acadêmicos, os principais desafios e dificuldades foram: as condições de trabalho difíceis (a falta de espaço físico e materiais adequados para as aulas) e insegurança pedagógica na relação com os alunos. A primeira dificuldade é uma das mais comuns enfrentadas pelos professores de diversas áreas da Educação Básica que acabam tendo de adaptar e limitar as suas ações para garantir o mínimo de conhecimento para seus alunos. Já a segunda dificuldade pode estar relacionada com o contato que o estagiário tem com a nova experiência vivenciada na escola, se deparando com um contexto não estático, que se modifica a todo instante, que exige do estagiário reflexões e perspectivas variadas para lidar com as situações.
Em relação as contribuições formativas proporcionadas pelo estágio, os acadêmicos apontaram que conhecer o cotidiano escolar foi a mais significativa. A partir disso, é possível inferir que a vivência nos espaços de trabalho do professor abre oportunidades para o desenvolvimento das percepções dos acadêmicos sobre o universo da docência. É através desse contato que eles têm a possibilidade de aprimorar outros saberes que só são alcançados quando se está inserido no contexto profissional.
Quanto as possíveis sugestões em busca de melhoria, o que se constatou foi que os acadêmicos pesquisados reconhecem que o curso de EF valoriza a formação docente, no entanto apresenta algumas fragilidades em relação a organização curricular que precisam ser superadas. Os acadêmicos apontam como sugestões a necessidade de diálogo com a comunidade acadêmica, especialmente os integrantes que constituem a licenciatura em Educação Física para que os desafios e dificuldades sejam colocados em pauta, com o intuito de melhorar a qualidade da formação docente dos professores de Educação Física.
Conclui-se que o curso de licenciatura em Educação Física da UFS caminha em direção a valorização da formação docente. Ele oferta subsídios para o exercício do estágio, mas apresenta algumas fragilidades em relação a organização curricular que precisam ser superadas para dar suporte aos acadêmicos não só durante o Estágio Supervisionado, como também em todo período de formação.
O currículo do curso precisa ser reorganizado de modo que incentive iniciativas pedagógicas que proporcionem um maior contato com os contextos escolares, amplie o debate sobre o próprio currículo do curso e sobre a importância da formação dos futuros professores para que os acadêmicos não associem o estágio somente ao momento de reprodução de modelos, aplicação de técnicas e métodos, mas como um campo formativo muito rico, reflexivo e complexo.
Vale destacar que essas constatações têm como perspectiva fomentar o debate, a reflexão sobre a formação de professores e, em especial, do curso de licenciatura em Educação Física. De todo modo, a expectativa desta pesquisa é de ter contribuído com a reflexão contínua dessa temática para todos os sujeitos integrados no processo de formação de docente.
Letícia Agripina Batista Santos - Graduanda do curso de licenciatura em Educação Física.
José Américo Santos Menezes - Professor do Departamento de Educação Física.
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